Network (1976) - Sydney Lumet
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Network (1976) - Sydney Lumet

A television network cynically exploits a deranged former anchor's ravings and revelations about the news media for its own profit.
Mais um tópico aberto para desenvolver em breve
"Sempre as horas,as horas,as horas......"
Re: Network (1976) - Sydney Lumet
Um filme verdadeiramente demolidor!!!.
Um dos mais magistrais ensaios jornalísticos feitos em cinema até hoje.
Arrisco-me a dizer que tem dos melhores desempenhos de sempre dos respetivos atores. Peter Finch,Robert Duvall,William Holden e Feye Danaway fazem um quarteto incrível de tão extraordinários que são!!! de tão assombrosos. É um filme ácido e verdadeiramente acutilante na abordagem do jornalismo que era na década de 70 e que continua a ser!!!pasme-se tão ou mais atual do que era na época em que foi feito.Esse é talvez o maior elogio que se deve fazer a este filme.A História de um jornalista veterano que se vai se envolvendo com mais colegas de oficio e que entra em colapso pessoal e profissional num declínio em direção ao abismo.É um filme com diálogos demolidores,com uma coragem em denunciar os podres que há no jornalismo seja ele qual for e de que época for a análise.Sidney Lumet guia os respetivos atores para o Mundo da Comunicação Social.As Invejas,as maldades,os ódios são expostos com savoir faire rigoroso e com a noção clara que é para provocar o espetador e para o alertar de como são feitas as Estrelas das estações televisivas.É um filme rico nos diálogos,sobretudo e também nos desempenhos.Tem uma realização competente e segura que podia ser mais corajosa no sentido de sair mais vezes do espaço físico onde decorre a ação.Também o guião podia explorar mais coisas diferentes.Narrativamente podia sair da sua zona de conforto e é pena que isso não tivesse acontecido.Lumet apostou tudo nos desempenhos e nos diálogos e descurou o guião e o aspeto mais técnico da obra.Mas ainda assim é um prazer assistira a um filme com uma denuncia tão bem feita.
Nota:8 em 10
Um dos mais magistrais ensaios jornalísticos feitos em cinema até hoje.
Arrisco-me a dizer que tem dos melhores desempenhos de sempre dos respetivos atores. Peter Finch,Robert Duvall,William Holden e Feye Danaway fazem um quarteto incrível de tão extraordinários que são!!! de tão assombrosos. É um filme ácido e verdadeiramente acutilante na abordagem do jornalismo que era na década de 70 e que continua a ser!!!pasme-se tão ou mais atual do que era na época em que foi feito.Esse é talvez o maior elogio que se deve fazer a este filme.A História de um jornalista veterano que se vai se envolvendo com mais colegas de oficio e que entra em colapso pessoal e profissional num declínio em direção ao abismo.É um filme com diálogos demolidores,com uma coragem em denunciar os podres que há no jornalismo seja ele qual for e de que época for a análise.Sidney Lumet guia os respetivos atores para o Mundo da Comunicação Social.As Invejas,as maldades,os ódios são expostos com savoir faire rigoroso e com a noção clara que é para provocar o espetador e para o alertar de como são feitas as Estrelas das estações televisivas.É um filme rico nos diálogos,sobretudo e também nos desempenhos.Tem uma realização competente e segura que podia ser mais corajosa no sentido de sair mais vezes do espaço físico onde decorre a ação.Também o guião podia explorar mais coisas diferentes.Narrativamente podia sair da sua zona de conforto e é pena que isso não tivesse acontecido.Lumet apostou tudo nos desempenhos e nos diálogos e descurou o guião e o aspeto mais técnico da obra.Mas ainda assim é um prazer assistira a um filme com uma denuncia tão bem feita.
Nota:8 em 10
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- Rui Santos
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Re: Network (1976) - Sydney Lumet
Já viste o Edição Especial / Broadcast News do James L. Brooks, é um filme que pelo que contas muito parecido e também apaixonante.
https://www.imdb.com/title/tt0092699/?ref_=nv_sr_2
Broadcast News (1987) - James L. Brooks
Fiquei curioso com este... que nunca vi.
https://www.imdb.com/title/tt0092699/?ref_=nv_sr_2
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Fiquei curioso com este... que nunca vi.
Rui Santos - 54 Anos | 23 Anos DVDMania
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Re: Network (1976) - Sydney Lumet
Rui, nada a ver.
São dois filmes muito bons, mas são completamente diferentes, embora a temática possa dar a entender que têm em comum mais do que meros pontos de contacto.
São dois filmes muito bons, mas são completamente diferentes, embora a temática possa dar a entender que têm em comum mais do que meros pontos de contacto.
«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.
«One is starved for Technicolor up there.» - Conductor 71 in A Matter of Life and Death
Câmara Subjectiva
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Re: Network (1976) - Sydney Lumet
Magistral sátira/saga dantesca que disseca, ponto por ponto, algumas "imposturas" dos órgãos de comunicação social, bem como as dinâmicas intrínsecas da lógica mediática do "pão e circo". Elenco fabuloso da mais elaborada colheita, diálogos da mais pura sofisticação artística e uma realização de mestre cheia de nervo fazem deste "Network" um clássico absoluto (e tão relevante agora como já o era na altura em que foi lançado).
Re: Network (1976) - Sydney Lumet
Vou puxar este para cima na view-list. Devia tê-lo revisto ao mesmo tempo do que o Broadcast News, mas ainda vou a tempo.
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Re: Network (1976) - Sydney Lumet
Tal como sucedeu com o Broadcast News, não via este filme há muito tempo (não sei contabilizar, mas aí uns 20 anos), e, também de modo semelhante, a minha leitura foi muito mais atenta e rica - vi texturas que me escaparam completamente da primeira vez.
Isto é material de primeira água - pelo menos em duas ou três vertentes: argumento+diálogos, interpretações, e representatividade alegórica. Alegórica, fortemente satírica, mas muito próxima da realidade, uma realidade que o futuro - o pós-filme - se encarregaria de demonstrar: o "profeta" do filme teve depois um quase paralelo na vida real.
Considero o argumento, da autoria de Paddy Chayefsky (3 vezes vencedor de um Oscar neste departamento), um dos melhores que já foi filmado no cinema, um antepassado lógico e espiritual daquilo que é actualmente feito pelo Aaron Sorkin. O filme propriamente dito - o desafio de transpor esse argumento para imagens - revela por seu lado os limites da capacidade do Lumet atrás das câmaras. Aparentemente (acho, acho) ele terá tido essa leitura também e o que lhe ocorreu foi não se colocar no caminho avassalador do argumento. A realização é muito discreta e estritamente funcional - não se dá por ela, e isto é até um elogio - mas fica-se a pensar no que teria sido esta história na mãos de um virtuoso como sucedeu por exemplo com vários argumentos do Sorkin (David Fincher e Danny Boyle, em concreto).
As personagens são parte estereótipos simbólicos representativos, e parte carne e osso de gente que imaginamos encontrar nas em variadas funções numa redacção de TV de um grande estúdio (o Director de Informação experimentado que tem uma ética profissional inabalável, a produtora ambiciosa e sem escrúpulos que apenas vê o share à frente, o CEO que tem por estrita missão valorizar o capital accionista, e o anchor-man "has-been" que passou há muito do seu "prime" e que vai ser posto na prateleira) . O filme, contudo, vai algo para além da sátira ao modelo de exploração de um canal de TV pelo lado do share, e pelo lado do departamento de notícias. O seu escopo alarga-se ao modelo capitalista (vertente selvagem) e ao modo como a sociedade "civil" é "escravizada" pela teta de vidro em função de apenas uma coisa: lucro, lucro, lucro. A personagem interpretada pelo Ned Beatty é, neste contexto, e atendendo à alegoria que suporta toda a narrativa, bastante esclarecedora e sugestiva no momento em que finalmente entra em cena (e o contraponto maniqueísta à "voz" que colocou a epifania na cabeça do anchor/Peter Finch).
Pelo meio, espaço para uma tiradas humorísticas paralelas, para não se julgar que é todo o modelo social ocidental que está na parede a servir de alvo, porque há um grupo de "camaradas" da causa revolucionária que se dedica a filmar assaltos a bancos e que aparece, a certa altura, a comer à mão de um balde KFC e a negociar as regras do seu contrato com o canal de TV...
10/10
Isto é material de primeira água - pelo menos em duas ou três vertentes: argumento+diálogos, interpretações, e representatividade alegórica. Alegórica, fortemente satírica, mas muito próxima da realidade, uma realidade que o futuro - o pós-filme - se encarregaria de demonstrar: o "profeta" do filme teve depois um quase paralelo na vida real.
Considero o argumento, da autoria de Paddy Chayefsky (3 vezes vencedor de um Oscar neste departamento), um dos melhores que já foi filmado no cinema, um antepassado lógico e espiritual daquilo que é actualmente feito pelo Aaron Sorkin. O filme propriamente dito - o desafio de transpor esse argumento para imagens - revela por seu lado os limites da capacidade do Lumet atrás das câmaras. Aparentemente (acho, acho) ele terá tido essa leitura também e o que lhe ocorreu foi não se colocar no caminho avassalador do argumento. A realização é muito discreta e estritamente funcional - não se dá por ela, e isto é até um elogio - mas fica-se a pensar no que teria sido esta história na mãos de um virtuoso como sucedeu por exemplo com vários argumentos do Sorkin (David Fincher e Danny Boyle, em concreto).
As personagens são parte estereótipos simbólicos representativos, e parte carne e osso de gente que imaginamos encontrar nas em variadas funções numa redacção de TV de um grande estúdio (o Director de Informação experimentado que tem uma ética profissional inabalável, a produtora ambiciosa e sem escrúpulos que apenas vê o share à frente, o CEO que tem por estrita missão valorizar o capital accionista, e o anchor-man "has-been" que passou há muito do seu "prime" e que vai ser posto na prateleira) . O filme, contudo, vai algo para além da sátira ao modelo de exploração de um canal de TV pelo lado do share, e pelo lado do departamento de notícias. O seu escopo alarga-se ao modelo capitalista (vertente selvagem) e ao modo como a sociedade "civil" é "escravizada" pela teta de vidro em função de apenas uma coisa: lucro, lucro, lucro. A personagem interpretada pelo Ned Beatty é, neste contexto, e atendendo à alegoria que suporta toda a narrativa, bastante esclarecedora e sugestiva no momento em que finalmente entra em cena (e o contraponto maniqueísta à "voz" que colocou a epifania na cabeça do anchor/Peter Finch).
Pelo meio, espaço para uma tiradas humorísticas paralelas, para não se julgar que é todo o modelo social ocidental que está na parede a servir de alvo, porque há um grupo de "camaradas" da causa revolucionária que se dedica a filmar assaltos a bancos e que aparece, a certa altura, a comer à mão de um balde KFC e a negociar as regras do seu contrato com o canal de TV...
10/10
«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.
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Câmara Subjectiva
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Re: Network (1976) - Sydney Lumet
Concordo com toda a tua análise, uma vez mais excelente. Só no caso específico da realização de Lumet, na questão que levantas acerca dos limites da capacidade dele, é que tenho de prestar aqui alguma vassalagem ao homem: como dizes mais à frente na tua exposição, e bem, eu creio que ele realmente percebeu desde cedo que não seria necessário tanto "fogo de artifício" no modo de contar a história, já que o material humano e artístico que tinha em mãos era sumo mais do que suficiente para brilhar. Não acredito mesmo que se trate de limites em termos de talento/ capacidade de realização... Aprecio muito isto num verdadeiro artista: saber, na hora certa, quando é que menos é mais e como deixar a arte respirar sem sufocos estilísticos desnecessários e/ou redundantes. Para além disso, caso dúvidas houvesse, bastaria o mítico e assombroso "Dog Day Afternoon - Um Dia de Cão" para revelar toda a tessitura virtuosa deste grande (e saudoso) senhor.Samwise wrote: March 10th, 2020, 12:38 pm Tal como sucedeu com o Broadcast News, não via este filme há muito tempo (não sei contabilizar, mas aí uns 20 anos), e, também de modo semelhante, a minha leitura foi muito mais atenta e rica - vi texturas que me escaparam completamente da primeira vez.
Isto é material de primeira água - pelo menos em duas ou três vertentes: argumento+diálogos, interpretações, e representatividade alegórica. Alegórica, fortemente satírica, mas muito próxima da realidade, uma realidade que o futuro - o pós-filme - se encarregaria de demonstrar: o "profeta" do filme teve depois um quase paralelo na vida real.
Considero o argumento, da autoria de Paddy Chayefsky (3 vezes vencedor de um Oscar neste departamento), um dos melhores que já foi filmado no cinema, um antepassado lógico e espiritual daquilo que é actualmente feito pelo Aaron Sorkin. O filme propriamente dito - o desafio de transpor esse argumento para imagens - revela por seu lado os limites da capacidade do Lumet atrás das câmaras. Aparentemente (acho, acho) ele terá tido essa leitura também e o que lhe ocorreu foi não se colocar no caminho avassalador do argumento. A realização é muito discreta e estritamente funcional - não se dá por ela, e isto é até um elogio - mas fica-se a pensar no que teria sido esta história na mãos de um virtuoso como sucedeu por exemplo com vários argumentos do Sorkin (David Fincher e Danny Boyle, em concreto).
As personagens são parte estereótipos simbólicos representativos, e parte carne e osso de gente que imaginamos encontrar nas em variadas funções numa redacção de TV de um grande estúdio (o Director de Informação experimentado que tem uma ética profissional inabalável, a produtora ambiciosa e sem escrúpulos que apenas vê o share à frente, o CEO que tem por estrita missão valorizar o capital accionista, e o anchor-man "has-been" que passou há muito do seu "prime" e que vai ser posto na prateleira) . O filme, contudo, vai algo para além da sátira ao modelo de exploração de um canal de TV pelo lado do share, e pelo lado do departamento de notícias. O seu escopo alarga-se ao modelo capitalista (vertente selvagem) e ao modo como a sociedade "civil" é "escravizada" pela teta de vidro em função de apenas uma coisa: lucro, lucro, lucro. A personagem interpretada pelo Ned Beatty é, neste contexto, e atendendo à alegoria que suporta toda a narrativa, bastante esclarecedora e sugestiva no momento em que finalmente entra em cena (e o contraponto maniqueísta à "voz" que colocou a epifania na cabeça do anchor/Peter Finch).
Pelo meio, espaço para uma tiradas humorísticas paralelas, para não se julgar que é todo o modelo social ocidental que está na parede a servir de alvo, porque há um grupo de "camaradas" da causa revolucionária que se dedica a filmar assaltos a bancos e que aparece, a certa altura, a comer à mão de um balde KFC e a negociar as regras do seu contrato com o canal de TV...
10/10
Re: Network (1976) - Sydney Lumet
Tens razão, José - estou a supor em demasia quanto afirmo que estão à mostra os limites do Lumet. É uma coisa um bocado descabida para se imaginar a partir de um filme.José wrote: March 10th, 2020, 1:30 pm Concordo com toda a tua análise, uma vez mais excelente. Só no caso específico da realização de Lumet, na questão que levantas acerca dos limites da capacidade dele, é que tenho de prestar aqui alguma vassalagem ao homem: como dizes mais à frente na tua exposição, e bem, eu creio que ele realmente percebeu desde cedo que não seria necessário tanto "fogo de artifício" no modo de contar a história, já que o material humano e artístico que tinha em mãos era sumo mais do que suficiente para brilhar. Não acredito mesmo que se trate de limites em termos de talento/ capacidade de realização... Aprecio muito isto num verdadeiro artista: saber, na hora certa, quando é que menos é mais e como deixar a arte respirar sem sufocos estilísticos desnecessários e/ou redundantes. Para além disso, caso dúvidas houvesse, bastaria o mítico e assombroso "Dog Day Afternoon - Um Dia de Cão" para revelar toda a tessitura virtuosa deste grande (e saudoso) senhor.

Em todo o caso, creio que o contexto situacional do Dog Day Afternoon, dentro e fora do ecrã, é diferente do do Network, sendo que é um produto talvez mais ajustado às suas características enquanto cineasta, também por aquilo que vês de mais relevante na sua obra. Mas estou em concordância que ele aí brilha na realização - dos filme que vi, e mesmo não sendo o meu favorito (situação agora repartida entre o Network, o 12 Angry Men e o Serpico), é a melhor montra para o seu talento.
«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.
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Câmara Subjectiva
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