The Girl in the Spider's Web (2018) - Fede Alvarez

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neotheone
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The Girl in the Spider's Web (2018) - Fede Alvarez

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- Data de estreia: 8 de Novembro de 2018

- Titulo em Português: A Rapariga Apanhada na Teia de Aranha
Mikael Blomkvist (Sverrir Gudnason) recebe um telefonema de uma fonte fiável com uma informação vital para os Estados Unidos. A fonte tinha estado em contacto com uma super-hacker que lhe lembrava alguém que Blomkvist conhecia bem! É assim que, à procura de um furo jornalístico para a revista Millennium, Blomkvist pede ajuda a Lisbeth, que, como de costume, tem a sua agenda própria. O resultado é uma aventura repleta de acção e suspense.

Lisbeth Salander, a figura de culto e protagonista da aclamada série de livros “Millennium” criada por Stieg Larsson, volta ao cinema com A Rapariga Apanhada na Teia de Aranha, do recente best-seller mundial escrito por David Lagercrantz.
A vencedora do Globo de Ouro Claire Foy, atriz em "The Crown", interpreta Lisbeth Salander sob a realização de Fede Alvarez, realizador do thriller “Nem Respires”, de 2016.
Last edited by neotheone on October 20th, 2021, 3:42 pm, edited 2 times in total.
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Re: The Girl in the Spider's Web (2018) - Fede Alvarez

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Samwise
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Re: The Girl in the Spider's Web (2018) - Fede Alvarez

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Muito mau. A meio do filme já estava sem qualquer vontade de continuar a ver, mas fiz um esforço para "apreciar" até onde ia esta desgraça.

O filme é tudo aquilo que a obra do Fincher não é: rotineiro, previsível, cheio de lugares comuns e inverosimilhanças, e com uma galeria de personagens cada uma pior que a outra (no sentido de estarem mal construídas e desenvolvidas). Coitada da Claire Foy - imagino que a Lisbeth Salander se lhe afigurasse como uma aposta interessante (com algum risco à mistura), mas neste filme não há texturas, não há uma "criatura diferente" ou supreeendente, nem sequer pelo lado do interesse em ver como a actriz lhe pegava. O que há é um aproveitamento descarado da personagem para criar uma espécie de Batman feminino da era #MeToo (culpa do argumento).

Mais ou menos a meio do filme, e sem qualquer tipo de preparação prévia contextual, somos presenteados com uma sequência de meticuloso terrorismo fisiológico que faria Hannibal Lecter corar de inveja. Não se percebe é o seu propósito neste filme - ou melhor, não se percebe a sua relevância para a narrativa, já que o seu propósito é bem fácil de adivinhar: arrepiar o espectador de forma gratuita e fácil, sem que do lado da realização tenha de haver o respectivo esforço para gerar tal reacção.

O filme é baseado no quarto livro da série, um que não foi escrito pelo romancista da trilogia original (que entretanto morreu), e o facto é que a narrativa não tem metade da substância ou complexidade do primeiro (não conheço os tomos II e III). E se o David Fincher é um cineasta cerebral e obsessivo, capaz de "inventar" todo um espaço visual para acrescentar e projectar o que de cerebral já existia no livro, o Fede Alvarez limita-se a filmar seguindo um qualquer manual de boas práticas - sem meter o pé na argola, mas sem um rasgo de criatividade, sem qualquer valor acrescentado, sem uma marca distintiva. O resultado assemelha-se a um telefilme com valores de produção ligeiramente acima da média.

Um dos piores thrillers que vi na vida. 2/10
Last edited by Samwise on January 31st, 2019, 10:45 am, edited 1 time in total.
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Re: The Girl in the Spider's Web (2018) - Fede Alvarez

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Samwise wrote: January 30th, 2019, 12:16 am Muito mau. A meio do filme já estava sem qualquer vontade de continuar a ver, mas fiz um esforço para "apreciar" até onde ia esta desgraça.

O filme é tudo aquilo que a obra do Fincher não é: rotineiro, previsível, cheio de lugares comuns e inverosimilhanças, e com uma galeria de personagens cada uma pior que a outra (no sentido de estarem mal construídas e desenvolvidas). Coitada da Claire Foy - imagino que a Lizbeth Salander se lhe afigurasse como uma aposta interessante (com algum risco à mistura), mas neste filme não há texturas, não há uma "criatura diferente" ou supreeendente, nem sequer pelo lado do interesse em ver como a actriz lhe pegava. O que há é um aproveitamento descarado da personagem para criar uma espécie de Batman feminino da era #MeToo (culpa do argumento).

Mais ou menos a meio do filme, e sem qualquer tipo de preparação prévia contextual, somos presenteados com uma sequência de meticuloso terrorismo fisiológico que faria Hannibal Lecter corar de inveja. Não se percebe é o seu propósito neste filme - ou melhor, não se percebe a sua relevância para a narrativa, já que o seu propósito é bem fácil de adivinhar: arrepiar o espectador de forma gratuita e fácil, sem que do lado da realização tenha de haver o respectivo esforço para gerar tal reacção.

O filme é baseado no quarto livro da série, um que não foi escrito pelo romancista da trilogia original (que entretanto morreu), e o facto é que a narrativa não tem metade da substância ou complexidade do primeiro (não conheço os tomos II e III). E se o David Fincher é um cineasta cerebral e obsessivo, capaz de "inventar" todo um espaço visual para acrescentar e projectar o que de cerebral já existia no livro, o Fede Alvarez limita-se a filmar seguindo um qualquer manual de boas práticas - sem meter o pé na argola, mas sem um rasgo de criatividade, sem qualquer valor acrescentado, sem uma marca distintiva. O resultado assemelha-se a um telefilme com valores de produção ligeiramente acima da média.

Um dos piores thrillers que vi na vida. 2/10
Eu li a trilogia e vi os filmes suecos (e também o remake americano) e não pretendo ver este filme, pela simples razão de que a trilogia encerra a história bem e não é necessário mais continuação. Ainda pra mais o livro não foi escrito por quem de facto criou as personagens e as conhece, só isso afasta-me logo.
Samwise
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Re: The Girl in the Spider's Web (2018) - Fede Alvarez

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Entendo os teus pontos. Indo para além deles, para quem não leu os livros nem conhece o desfecho da trilogia original (como é o meu caso), podia ao menos ter a consolação de estar na presença de um thriller de acção que proporcionasse duas boas "horas pipoca". ARGHHH!!!

Quem se lembra razoavelmente bem do Silence of the Lambs? Há uma sequência em que o FBI está a cercar a casa do Bill e prepara-se para entrar "à força". Paralelamente, em sequência alternada, podemos ver o que se vai passando com o Bill a partir de dentro de casa. Um agente do FBI disfarçado aproxima-se da porta e toca à campainha, e na sequência seguinte vemos o Bill a dirigir-se calmamente para a porta... só que os planos alternados são um truque de edição para esconder que o FBI está numa casa que não é a mesma da do Bill, e vemos depois que quem está a tocar à porta dele é a Clarice. Isto foi quase há 30 anos. :evil: Não dá para perceber como é que copiam esse modelo de geração de suspense num filme supostamente moderno... e quem diz isto, diz muitas outros pormenores que afectam este filme quase a cada minuto.
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Re: The Girl in the Spider's Web (2018) - Fede Alvarez

Post by No Angel »

Samwise wrote: January 30th, 2019, 6:50 pm Entendo os teus pontos. Indo para além deles, para quem não leu os livros nem conhece o desfecho da trilogia original (como é o meu caso), podia ao menos ter a consolação de estar na presença de um thriller de acção que proporcionasse duas boas "horas pipoca". ARGHHH!!!

Quem se lembra razoavelmente bem do Silence of the Lambs? Há uma sequência em que o FBI está a cercar a casa do Bill e prepara-se para entrar "à força". Paralelamente, em sequência alternada, podemos ver o que se vai passando com o Bill a partir de dentro de casa. Um agente do FBI disfarçado aproxima-se da porta e toca à campainha, e na sequência seguinte vemos o Bill a dirigir-se calmamente para a porta... só que os planos alternados são um truque de edição para esconder que o FBI está numa casa que não é a mesma da do Bill, e vemos depois que quem está a tocar à porta dele é a Clarice. Isto foi quase há 30 anos. :evil: Não dá para perceber como é que copiam esse modelo de geração de suspense num filme supostamente moderno... e quem diz isto, diz muitas outros pormenores que afectam este filme quase a cada minuto.
Eu recomendo muito a leitura dos livros e dos filmes suecos, acho que ficavas muito melhor servido quer com os livros quer com os filmes suecos. A Lisbeth Salander sueca é bem melhor que a americana, é mais fiel ao livro (a americana é mais suave e delicada, não acho que capture tão bem a personagem).
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Re: The Girl in the Spider's Web (2018) - Fede Alvarez

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No Angel wrote: January 30th, 2019, 8:05 pm Eu recomendo muito a leitura dos livros e dos filmes suecos, acho que ficavas muito melhor servido quer com os livros quer com os filmes suecos. A Lisbeth Salander sueca é bem melhor que a americana, é mais fiel ao livro (a americana é mais suave e delicada, não acho que capture tão bem a personagem).
Comprei na altura o primeiro livro da trilogia, mas ainda está na estante à espera de oportunidade.

Eu vi o primeiro filme da adaptação sueca, e embora tenha achado bom, considero o filme do Fincher um bom bocado mais cativante e sofisticado - visualmente e "intensamente", mesmo que a Salander (a)pareça mais frágil :mrgreen: .
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Re: The Girl in the Spider's Web (2018) - Fede Alvarez

Post by Gaspar Garção »

Foi um pouco mais interessante do que estava á espera, também pela Claire Foy, mas não li o livro, e percebi que o filme, além de simplificar muito o livro, também se afasta bastante da trama principal.
Na baliza Jackson, defesa com Scorsese, Coppola, Spielberg e Eastwood. No meio campo, Ridley Scott, Wes Anderson, Pollack e Carpenter. Avançados, Woody, e solto nas alas Tarkovsky. Suplentes: Bunuel, Fellini, Kurosawa, Visconti, Antonioni, Lynch e Burton.
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Re: The Girl in the Spider's Web (2018) - Fede Alvarez

Post by No Angel »

Samwise wrote: January 31st, 2019, 10:39 am
No Angel wrote: January 30th, 2019, 8:05 pm Eu recomendo muito a leitura dos livros e dos filmes suecos, acho que ficavas muito melhor servido quer com os livros quer com os filmes suecos. A Lisbeth Salander sueca é bem melhor que a americana, é mais fiel ao livro (a americana é mais suave e delicada, não acho que capture tão bem a personagem).
Comprei na altura o primeiro livro da trilogia, mas ainda está na estante à espera de oportunidade.

Eu vi o primeiro filme da adaptação sueca, e embora tenha achado bom, considero o filme do Fincher um bom bocado mais cativante e sofisticado - visualmente e "intensamente", mesmo que a Salander (a)pareça mais frágil :mrgreen: .
Eu gosto das duas adaptações, mas visto que o que eu mais gostei da trilogia foi mesmo a Lisbeth Salender, e ainda para mais tendo em conta que a versão americana não teve conclusão, eu acabo por preferir a versão sueca. Porque a história da Lisbeth não pode acabar daquela maneira no primeiro filme, sinceramente, se não queriam fazer a história toda mais valia nem terem feito o remake, mas é só a minha opinião.
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Re: The Girl in the Spider's Web (2018) - Fede Alvarez

Post by Samwise »

Gaspar Garção wrote: January 31st, 2019, 11:18 am Foi um pouco mais interessante do que estava á espera, também pela Claire Foy, mas não li o livro, e percebi que o filme, além de simplificar muito o livro, também se afasta bastante da trama principal.
Gaspar, eu comecei logo a "avariar" na cena inicial com a...
... queda da miúda para a neve a partir de uma altura "mortal" - não com a intenção de se atirar (e com a necessidade de fuga), mas com o desfecho de tal acto - nem um arranhão, e fuga a correr para a floresta. Mas pronto, deixei passar, é uma premissa pelo menos com uma probabilidade de acontecer, mesmo que ínfima.

Mas logo a seguir vem uma daquelas que não dá mesmo para ignorar: quanto a Lisbeth acede aos servidores na NSA, o que aparece do outro lado é um aviso gigante, no meio de um ecrã gigante, de que determinado ficheiro está a ser descarregado sem autorização. Quando o operacional chega à sala - onde ninguém está -, o ficheiro já vai em 60% ou 70% da cópia. E o que é que ele faz? Vai a correr até ao outro lado do open space - aí uns 50 metros - , e carrega no botão de shutdown geral da energia - manda abaixo a electricidade da sala toda, para ver se vai a tempo de cortar a operação de cópia.

Isto tudo é de morrer a rir - é uma encenação tão estúpida e irrealista da realidade, que nem dá para acreditar - a começar pelo aviso GIGANTE de cópia do ficheiro, mas que é apenas visual, ou seja, nessa realidade encenada tinha de haver alguém a olhar constantemente para aquele ecrã para monitorizar se alguma acesso não autorizado ao sistema acontecia. Então mas não há mais avisos ou procedimentos de segurança de nenhuma espécie? Estamos a falar da NSA. :lol: Não há mecanismos que, uma vez detectado um aceso, tentem cortar a tentativa, e informem logo, de forma eficaz, uma série de pessoas autorizadas? Ainda para mais tendo em conta a "delicadeza" do ficheiro em questão, que era "apenas" um meio de controlar de forma simplificada todo um arsenal de armas nucleares espalhadas pelo mundo? (essa é outra grande piada, para juntar à pilha de idiotices).

E a lista de parvoíces mal começa aqui a preencher-se...
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Re: The Girl in the Spider's Web (2018) - Fede Alvarez

Post by Gaspar Garção »

Concordo com tudo o que dizes, também pensei nisso quando estava a ver o filme (volto a dizer que gostei da Claire Foy, mas a Noomi Rapace continua para mim a ser a melhor Lisbeth, mais empática).

Imagino que o livro deve ser mais coerente...e lógico. :wink:
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Re: The Girl in the Spider's Web (2018) - Fede Alvarez

Post by Samwise »

Gaspar Garção wrote: February 1st, 2019, 11:26 am Imagino que o livro deve ser mais coerente...e lógico. :wink:
Parece haver uma série de pormenores que não são bem aproveitados (ou não são aproveitados de todo) no filme, e que suspeito provirem do livro - com a ideia mais interessante a decorrer do paralelo entre a batalha na vida real entre as rainhas (preta, a Lisbeth, e branca/vermelha, a irmã) e os jogos de xadrez que as personagens vão jogando, e mais a ideia de que os reis estão ambos mortos (sendo, no plano imaginário, o pai da raparigas, e o pai do miúdo). Mas no filme não há nada que desenvolva esta ligação e, para agravar, a personagem da irmã da Lisbeth tem menos espessura que uma folha de papel vegetal, sendo que a interacção entre ambas se resume a meia-dúzia de frases cliché e zero tentativas de estabelecer qualquer porta de comunicação emocional. Enfim...
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