É um bom filme de acção, mas nada de transcendente e não acho que mereça ser considerado "um dos melhores filmes de acção de sempre", como vi algures antes de o ver e que me fez ter vontade de o ver.
Este filme, e a saga como um todo, continua a ter defeitos que consigo apontar que na minha opinião precisam ser corrigidos. Mas sei que não serão...
Uma coisa que não me agrada é o culto Ethan Hunt. Acho que está a chegar a exageros ridículos. Não tenho nada contra o Hunt ser o personagem principal da saga embora preferisse que fosse uma equipa mais coesa (mais sobre isso daqui a pouco), mas tenho algo contra quando fazem dele uma figura praticamente infalível que todos os outros veneram e respeitam como se de uma divindade se tratasse. Ethan Hunt chegou a estatuto Jack Bauer, no sentido em que tudo o que faz é justificável dentro da cabeça dele e quem quer que seja que não concorde com ele está errado por definição. Alguns dos conflitos com o personagem de Jeremy Renner (Brandt) em Ghost Protocol e Rogue Nation já mostravam isso. O Renner também é um field agent e também sabe o que faz, mas se discorda do plano de Hunt está automaticamente errado.
Essa aura de infalibilidade e divindade está presente em Fallout em full force na ridícula cena (e noutras, no filme todo na verdade) em que Luther conta o passado de Hunt a Ilsa. A forma como ele fala de Hunt, e a histórica da sua tentativa de reforma é absolutamente ridícula, a forma como Hunt enquanto esteve inactivo imaginava sempre ser a solução das desgraças que via nas notícias e por isso teve de voltar ao activo. Please...
O 1º M:I continua a ser o meu preferido, por várias razões. Uma delas é por ser um filme de Brian de Palma. Outra é por ser o único filme M:I que até agora teve uma boa dinâmica da equipa IMF. Só durou meia hora, mas a dinâmica está lá. Refiro-me ao facto de serem uma verdadeira equipa, em que todos são valiosos e essenciais cada um na sua especialidade. Como num filme de Michael Mann. Basta aquela cena no quarto de hotel em que falam do café que a mulher de Jim Phelps faz para criar uma espectacular dinâmica e camaradagem num grupo de agentes que claramente trabalham juntos há vários anos e com isso criaram aquele bonding natural.
Voltando a estes novos filmes M:I, vejamos a (falta de) evolução de Benji. Este é mesmo um factor WTF grande de mais, e que tantos filmes são culpados... Opá, o Benji foi introduzido no M:I 3 em 2006. Nesse filme era o gajo dos computadores, no background, etc. Um geek. A partir de Ghost Protocol Benji passou a ser um field agent. Portanto, nesse filme, o seu período de rookie como field agent, era normal e aceitável ele ser o comic relief como um gajo que não está ainda à vontade no terreno. Mas foda-se, no Fallout, depois de 7 anos como field agent, já não é aceitável continuar a ser o idiota com que Luther e Ethan gozam por ter medo de estar num beco! Estamos a falar de um agente que anda no terreno há 7 anos. Podem ser menos na timeline do filme, mas mesmo que fossem 3 já não seria normal. 3 anos no terreno é mais que suficiente para se tornar um agente competente ou então ser enviado de volta para os computadores. Se não foi enviado para os computadores assume-se que é adequado para estar no terreno. Logo, não pode ter aquelas cenas ridículas em que parece um "bumbling idiot", qual Hugh Grant numa comédia romântica. Consistência interna, coisa que aqui não há.
O próprio Luther já não é o mesmo que era no 1º filme, o tal do Brian de Palma que tratava todos os personagens com respeito e consistência interna. Mesmo a forma como Luther aparece vestido e se comporta na sua cena introdutória:
https://c8.alamy.com/comp/BPFCY8/ving-r ... BPFCY8.jpg
Nada a ver com o que é hoje:
http://wednesdaysheroes.com/wp-content/ ... cruise.jpg
Este último não é o Luther Stickell, é simplesmente o Ving Rhames, como se vê aqui:
https://img.youtube.com/vi/YMYSsFrTyog/hqdefault.jpg
Naturalmente, uma pessoa muda, não somos o mesmo a vida inteira. Mas não tanto, há aqui mudanças que não são plausíveis. E outras que não têm mudanças quando deviam ter (Benji).
Este tipo de coisas faz-me não conseguir apreciar estes filmes como se calhar outras pessoas os apreciam.