Nestes tempos de politicamente correcto e diversidade forçada, em que se escolhem actores e realizadores não pelo seu talento e sim pela sua cor de pele, género ou sexualidade só para se demonstrar que se é progressivo, parece-me que este filme será um dos exemplos da hipocrisia de Hollywood que critica pela frente os comportamentos que adopta por detrás.
É certamente irónico que tenha existido tanta escandaleira com o "whitewashing" do papel de Scarlett Johansson em "Ghost in the Shell" que condenou um filme interessante ao fracasso comercial, mas que não se ouça nem um pio sobre o "blackwashing" deste filme, que alterou a raça da jovem protagonista de branca no livro para negra no filme, por razão nenhuma para além de ser essa a etnia da realizadora.
Devo dizer que nada tenho contra a existência de diversidade, o que não tolero é o preenchimento de "quotas" só por conformidade a uma determinada corrente cultural e social que, levada ás últimas consequências, causará ainda mais discriminação, nomeadamente de quem não se conformar ás normas que essa corrente estabelecer.
Li noutro dia uma entrevista com Christopher Priest, (
http://comicbook.com/comics/2018/02/23/ ... ck-comics/)um escritor de comics de raça negra que refere, a propósito de só lhe proporem escrever personagens negros, algo que ilustra na perfeição a minha posição:
"
(...)quando é que me tornei num escritor negro? Eu costumava escrever Homem-Aranha, Deadpool e Batman. Porque é que já não tenho qualificações para escrever esses personagens?(...)Isso magoou-me.Posso escrever qualquer coisa.(...)Só tens de te tornar mestre no teu universo particular.(através de trabalho de pesquisa)(...)Não me digam que não posso escrever uma superheroina chinesa e lésbica.Isso é treta.Posso escrever sobre tudo.(...)"
Enfim, dispenso bem o visionamento deste filme, nem que seja pela presença da insuportável Oprah Winfrey, cuja ideologia politica e social, em que não me revejo, parece permear um projecto que, á partida, já não tinha grande interesse para mim.