Um dos exemplos maximos de um filme que cada pessoa que o vir vai retirar uma conclusao diferente... um enigma absoluto, sob o poder da memoria e as deturpacoes da mesma.
A minha interpretacao - sera a mais vulgar talvez- torna-o um filme perturbador e de dificil digestao. Alem da que ja vem da propria estrutura da narrativa, do decor barroco, da musica, dos desempenhos pouco naturalistas, etc, etc.
Um filme a ver com a disposicao certa, portanto e contudo um filmaco.
Ah e tem a Delphine Seyrig no pico da beleza.
É dos exemplos mais cristalinos de rigor a nível de mise-en-scène que me surgem automaticamente na cabeça. A história pode parecer um desafio titânico ao início, mas logo, com calma e predisposição, conseguimos ir juntando as peças de tão sofisticado enigma romântico.
Também é certo que cada espectador irá retirar uma conclusão muito particular - o filme é tão singular nesse ponto que contra mim falo: acrescentei "ilações" ao longo dos visionamentos, fui eliminando tantas outras "hipóteses" também, etc.
É um bailado conceptual esdrúxulo, de puro delírio onírico e evocativo, bastante ousado para a sua época - não é à toa que é um dos títulos fundadores da Nova Vaga do cinema Francês. E que continua absolutamente fascinante. É, quanto a mim, uma tragédia romanesca ímpar.