The Hanoi Hilton (1987) - Lionel Chetwynd

Discussão de filmes; a arte pela arte.

Moderators: waltsouza, mansildv

Post Reply
JoséMiguel
DVD Maníaco
DVD Maníaco
Posts: 3076
Joined: August 30th, 2011, 9:33 pm
Location: Lisboa

The Hanoi Hilton (1987) - Lionel Chetwynd

Post by JoséMiguel »

Image

https://en.wikipedia.org/wiki/The_Hanoi_Hilton_(film)
http://www.imdb.com/title/tt0093143/

Sinopse

"The Hanoi Hilton is a 1987 Vietnam War film which focuses on the experiences of American prisoners of war who were held in the infamous Hoa Lo Prison in Hanoi during the 1960s and 1970s and the story is told from their perspectives." - Wikipedia

Trailer criado por mim



Código de conduta das forças armadas norte-americanas

Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Code_of_t ... ting_Force
The Code of the U.S. Fighting Force is a code of conduct that is an ethics guide and a United States Department of Defense directive consisting of six articles to members of the United States Armed Forces, addressing how they should act in combat when they must evade capture, resist while a prisoner or escape from the enemy. It is considered an important part of U.S. military doctrine and tradition, but is not formal military law in the manner of the Uniform Code of Military Justice or public international law, such as the Geneva Conventions.

Image

After the termination of the hostilities in Korea and the subsequent release of American prisoners of war, twenty-one Americans chose to remain in China, refusing repatriation. Many former U.S. prisoners coming back to their homeland were criminally charged and tried for offenses that "amounted to treason, desertion to the enemy, mistreatment of fellow prisoners of war, and similar crimes." The emotions and compassion of the public were aroused, as graphic details of the inhumane treatment of U.S. POWs in communist prison camps surfaced during the trials. Public discussion caused intense arguments over what should have been done about Americans who were "brainwashed" in Korea and what to do about those in future wars who may be the recipients of similar bloody treatment.[1][2]

On August 7, 1954, the United States Secretary of Defense directed that a committee be formed to recommend a suitable approach for conducting a comprehensive study of the problems related to the entire Korean War POW experience. The work of that committee resulted in the May 17, 1955 appointment of the Defense Advisory Committee on Prisoners of War, headed by Carter L. Burgess, assistant secretary of defense for Manpower and Personnel. The committee took heed of the ongoing divisive debate, noting that while all services had regulations governing the conduct of prisoners of war, "the United States armed forces have never had a clearly defined code of conduct applicable to American prisoners after capture."[1][2]

Colonel Franklin Brooke Nihart, USMC, worked at Marine Corps headquarters throughout the summer of 1955, outlined his ideas in longhand and the Code of Conduct was established with the issuance of Executive Order 10631 by President Dwight D. Eisenhower on 17 August 1955 which stated, "Every member of the Armed Forces of the United States are expected to measure up to the standards embodied in the Code of Conduct while in combat or in captivity." It has been modified twice—once in 1977 by President Jimmy Carter in Executive Order 12017, and most recently in President Ronald Reagan's Executive Order 12633 of March 1988, which amended the code to make it gender-neutral.

Notably, the code prohibits surrender except when "all reasonable means of resistance [are] exhausted and...certain death the only alternative," enjoins captured Americans to "resist by all means available" and "make every effort to escape and aid others," and bars the acceptance of parole or special favors from enemy forces. The code also outlines proper conduct for American prisoners of war, reaffirms that under the Geneva Conventions prisoners of war should give "name, rank, service number, and date of birth" and requires that under interrogation captured military personnel should "evade answering further questions to the utmost of my ability."
JoséMiguel
DVD Maníaco
DVD Maníaco
Posts: 3076
Joined: August 30th, 2011, 9:33 pm
Location: Lisboa

Re: The Hanoi Hilton (1987) - Lionel Chetwynd

Post by JoséMiguel »

Introdução

Quero fazer uma chamada de atenção, para um aspecto bastante insólito deste filme. Na minha opinião este é um filme de autor independente, que utiliza a mesma metodologia dos filmes históricos do bloco de leste da era soviética, um exemplo disso é que dei por mim a ler muita informação histórica na Wikipedia, para conseguir entender aspectos do filme, onde aprendi bastante e constatei a veracidade geral da visão apresentada no filme e apreciei o enorme esforço de pesquisa pela equipa do filme.

O realizador Lionel Chetwynd é um homem que se dedica hoje a criar documentários, o estúdio Cannon pagou o filme mas deu liberdade criativa ao realizador, que solicitou apoio das forças armadas norte-americanas, muito bem aproveitadas ao serviço desta obra (estes dois factores eram conceitos-chave no modelo de cinema de leste).

Faço esta introdução, porque o estúdio Cannon é mais conhecido por filmes de acção, o que poderia causar desinteresse por este tópico (o The Hanoi Hilton é um filme dramático com qualidade e realismo). Mas quero que saibam que já localizei uma entrevista recente de 2008 ao comandante vietnamita do campo de prisioneiros que protagoniza este filme, que irei mostrar, e falarei sobre a questão da existência ou não de desaparecidos em combate, não retornados aos EUA, entre outros assuntos relacionados com o filme, que considero interessantes.

Image

JoséMiguel
DVD Maníaco
DVD Maníaco
Posts: 3076
Joined: August 30th, 2011, 9:33 pm
Location: Lisboa

Re: The Hanoi Hilton (1987) - Lionel Chetwynd

Post by JoséMiguel »

As minhas impressões

Image

Tinha este título na minha watch list há quatro anos, mas só o vi ontem pela primeira vez. Não fazia ideia de que a Cannon tinha financiado uma pérola como esta. Na verdade eu tinha colocado este título na minha watch list por duas razões, por um lado, eu gosto muito do género "Survival" e de filmes de prisioneiros, e por outro lado, tenho um interesse pelos P.O.W. (prisioneiros de guerra) americanos da guerra do Vietname, pois cresci a ver filmes de acção sobre o tema, como o "Rambo" e "Desaparecido em Combate".

Não estava à espera de ver um filme de autor, bastante original, que quase parece saído do bloco soviético e que na verdade até supera a maioria dos filmes históricos de leste que tanto tenho elogiado por aqui, em certos factores (mas não em todos). Quando eu vejo um bom filme histórico de leste, fico bastante curioso e dou por mim na Wikipedia a tirar dúvidas acerca da história daquele evento, muitas vezes fico triste por o realizador romeno ou checoslovaco ter desrespeitado a história, mas pelo menos não o fazem para impôr a fórmula/estrutura de enredo estagnado de Hollywood. Neste aspecto o The Hanoi Hilton, além de despertar o meu interesse em consultar a Wikipedia, supera a maioria dos bons filmes históricos de leste, por ser bastante fiel à história.

Image

Um dos muitos exemplos da fidelidade à história, é por exemplo a ceia de Natal (imagem acima) encenada para a comunidade internacional ver, quando os prisioneiros comem como seres humanos. Sobre isto eu consultei e traduzi o site oficial vietnamita da prisão Hỏa Lò (que agora é um museu), onde encontrei o seguinte vídeo.

Mas não tem interesse verem o vídeo, antes de terem visto o filme primeiro, pois estarão fora do contexto e não apreciarão verem a footage original da ceia de Natal. Deixo o vídeo como referência, para espreitarem após terem visto o filme.


Fonte: http://hoalo.vn/

Perante um filme histórico norte-americano de 1987, que se aguenta firme perante o meu (breve) escrutínio com as ferramentas de 2018, que incluem a Wikipedia e tradução de sites do governo vietnamita, é caso para dizer que "é obra". Outro aspecto louvável é a neutralidade política, nacionalista ou ideológica.

O que o filme faz é condensar os eventos de 10 anos (1964-1973) em duas horas de película, e condensa depoimentos recolhidos a vários sobreviventes numa dúzia de personagens fictícias.

"Um aspecto que eu não entendi no filme, por eu ser português."

Image
Jane Fonda. Actriz e activista contra a guerra do Vietname sentada numa bateria anti-aérea norte vietnamita.

Talvez mereça a pena abrir uma garrafa de espumante, para celebrar o primeiro filme histórico norte-americano onde posso utilizar a frase "um aspecto que eu não entendi no filme, por eu ser português", frase muito comum quando comento os filmes históricos de leste.

O filme contém algumas referências ao activismo de pessoas como a Jane Fonda, que eu não captei quando o vi e que mesmo agora tenho algumas dúvidas, por isso não comentarei o assunto neste momento (na verdade nem o saberia fazer, sem antes ler e pensar mais sobre os temas).

Esta senhora, que me parece ser uma pessoa admirável, escreveu o seguinte artigo em 2011, muito pertinente para entender este filme de 1987:

https://www.janefonda.com/the-truth-abo ... -to-hanoi/

Na verdade o filme possui vários aspectos, que eu não entendi por eu ser português, alguns deles muito desagradáveis e ofensivos para os meus valores pessoais, como o nacionalismo, imperialismo, patriotismo e fanatismo religioso, mas acima de tudo eu admiro e respeito a verdade deste filme. O único patriotismo e nacionalismo que eu sinto, será pelo vinho moscatel português (bastante melhor que o espanhol), o queijo amanteigado de Seia, o bacalhau à Brás e alguma perícia em navegação e cartografia dos marinheiros dos Descobrimentos (mas sinto vergonha do governo português ter feito mal aos índios Tupi do Brasil e aos africanos), mais do que isso é perigoso, ofensivo para os outros povos, e culmina nos extremismos do fascismo, nazismo, colonialismo ou imperialismo.

Image

Reparem que os prisioneiros deste campo eram quase todos oficiais de carreira voluntários, que até me atrevo a achar que apoiavam a antiga doutrina fascista americana "Manifest Destiny" (mais tarde utilizada pela Alemanha Nazi, com o nome "Lebensraum" como justificação para exterminar o povo eslavo). Na prática eram quase todos aviadores da força aérea, que largavam bombas em civis vietnamitas que nunca fizeram mal nenhum ao povo americano, e que achavam que estavam a defender a pátria.

Atenção que os prisioneiros deste campo em Hanoi não são os desgraçados dos soldados americanos comuns, vítimas do seu próprio governo, que foram recrutados à força. Os prisioneiros de Hanoi eram o grupinho dos fanáticos ideológicos que se voluntariaram para largar Napalm e armas químicas sobre um povo que nunca lhes fez mal e que só queria ser independente dos franceses.
So far, the Vietnam War still holds the record of the war with the highest number of bombs ever thrown in the history of the world . The total number of bombs that the United States has thrown at Vietnam is 7.85 million tons, [28] roughly three times the total number of bombs used by all countries in World War II and the equivalent of 250 bombs. atomic bomb that the United States thrown down Hiroshima . On average, every Vietnamese in the United States suffered at least 250 kg of US bombs. [29] [30]
- Tradução automática do vietnamita para inglês índio. Fonte: https://vi.wikipedia.org/wiki/Chi%E1%BA ... BB%87t_Nam
Notei esta diferença no idioma vietnamita na wikipedia, esta informação não consta dos idiomas portugueses e ingleses na Wikipedia. Basicamente os vietnamitas dizem que os americanos largaram 3 vezes mais bombas, do que o total de todas as nações durante a 2ª Guerra Mundial, o que corresponde a 250 kg de bombas por cada homem, mulher e criança vietnamita. Embora a informação não me pareça descabida, dada a duração de 10 anos dos bombardeamentos, e o aumento da capacidade bélica dos EUA, desde 1945, acho estranho esta informação não surgir na versão inglesa ou portuguesa da Wikipedia. Mas também não acredito em tudo o que o governo do Vietname diz e escreve e mais à frente explicarei porquê.

Image

Um breve apanhado do filme enquanto filme

Vou ter de dividir este tópico em várias mensagens, pois o assunto é muito vasto. Antes de terminar esta primeira impressão, irei fazer uma rápida descrição de como é o filme.

A nível cinematográfico, técnico e artístico tem uma qualidade um bocadinho acima de um tele-filme da HBO, não possui nenhuma anomalia ou defeito associado a "série B", no entanto não é comparável a uma produção de primeira linha como "O Último Imperador" ou "O Império do Sol".

A nível de entretenimento, este filme não funciona no modo "survival", não estejam à espera de um "Papillon" pois não encontrarão essa modalidade aqui, o que é uma verdadeira pena. Também não existe qualquer impacto dramático emocional ao estilo "O Pianista", o que também é pena. O factor de entretenimento aqui é mais ao estilo do "J.F.K." do Oliver Stone, ou seja um entretenimento mais virado para a lógica, intelecto e conhecimento histórico, a comparação não é muito boa, mas não me ocorre nada melhor de momento. Apesar de não ser muito emocionante, o filme manteve o meu interesse e atenção, o tempo todo. Eu não teria gostado deste filme, quando era mais jovem.

Eu aconselho o filme às pessoas que viveram a era VHS portuguesa dos anos 1980, e que tinham aquela imagem do Vietname dos filmes da época. Já se passaram muitos anos desde então e estamos todos muito mais velhos, eu diria que este filme foi sempre vocacionado para pessoas com bastante idade e com mais interesse em filmes históricos realísticos, onde possam aprender coisas novas. O realizador teve muito trabalho em entrevistar sobreviventes e fazer pesquisa, muito antes da estreia de cinema em 1987 (fracasso de bilheteira).

O filme completo está no You Tube aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=2KU3nX47ljU

Existem bastantes curiosidades, que envolvem directamente os presidentes George W. Bush, Barrack Obama e Donald Trump, relacionados com o 1º lançamento em DVD deste filme obscuro (mas muito acarinhado pelos veteranos de guerra) em 2008, de que falarei mais tarde.
JoséMiguel
DVD Maníaco
DVD Maníaco
Posts: 3076
Joined: August 30th, 2011, 9:33 pm
Location: Lisboa

Re: The Hanoi Hilton (1987) - Lionel Chetwynd

Post by JoséMiguel »

Entrevista de 2008 ao comandante vietnamita do campo de prisioneiros de guerra em Hanói

Antes de podermos ver a entrevista ao ex-comandante vietnamita Tran Trong Duyet, é necessário familiarizar-nos com a expressão brasileira cara de pau:
[Brasil, Informal] Falta de vergonha. = ATREVIMENTO, DESCARAMENTO

"cara-de-pau", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/cara-de-pau [consultado em 15-02-2018].


Conheço a expressão brasileira cara de pau das revistas do Tio Patinhas dos anos 70 e 80, no português europeu não temos nenhuma expressão equivalente. O exemplo mais mediático que conheço de um cara de pau português é o comportamento do Ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas, durante a crise norte-americana de espionagem.

Image
Paulo Portas

Esse ex-ministro não só foi cara de pau, como também tornou o país inteiro de Portugal num país cara de pau aos olhos do mundo, quando o piloto boliviano do avião presidencial de Evo Morales, ouviu nos seus headphones a voz portuguesa de um controlador aéreo a proibir a aterragem do avião presidencial em Portugal, sob imunidade diplomática e protegido por leis internacionais, alegando uma "avaria técnica".

O Wikipedia explica que já antes do Paulo Portas envergonhar o povo português, "Em 2005 foi distinguido pelo secretário da Defesa dos Estados Unidos da América, Donald H. Rumsfeld, com a medalha ‘Distinguished Public Service Award'.[13]"

Felizmente Portugal não é a ditadura bi-partidária americana e "Bernardino Soares, líder da bancada do PCP, que pediu a audição do ministro sobre este incidente, não se mostrou convencido com as explicações." https://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Portas

Mais informação: https://www.publico.pt/2013/07/09/polit ... la-1599742

Ainda me lembro de ver o Paulo Portas no telejornal a dizer o dito por não dito, a rir-se armado em malandro a gozar com a cara dos portugueses, a assumir que a avaria técnica era uma mentira, no fundo ele fez um favor pessoal entre ele próprio (que recebeu uma medalha do regime americano) e o governo americano. Nessa declaração do telejornal vi o maior cara de pau de todos os tempos e senti vergonha de ser português.

Este exemplo político do maior cara de pau português, está muito relacionado com este filme, pois o senador John McCain, que em 1987 colaborou com a equipa deste filme, foi no ano 2000 candidato à liderança ao partido "Republicano" e perdeu para o George W. Bush, que foi presidente em vez dele. Mais tarde o John McCain lá conseguiu ser líder do partido e foi o opositor do Barrack Obama em 2008. Por duas vezes este homem quase foi presidente dos EUA, e por causa disso é que existe muito material multimedia relacionado com este filme e com a prisão dele em Hanói. O Donald Trump, por exemplo, diverte-se a chamar de cobarde ao John McCain (rival político de Trump) a propósito da sua vivência enquanto prisioneiro da guerra do Vietname em Hanói.

Image
John McCain

República Socialista do Vietname

Voltando à entrevista de 2008 ao ex-comandante vietnamita Tran Trong Duyet, parece-me que o gajo é um malandro que não tem vergonha na cara, quando diz que não havia torturas na prisão de Hanói. O problema actual no Vietname é que aquilo é o único país do modelo soviético que ainda existe (atenção que a China, Cuba e Coreia do Norte nunca foram países do modelo soviético). O Vietname é um caso engraçado e insólito do ponto de vista da ficção científica, por mostrar como teriam sido os países europeus do bloco de leste futuro adentro, 27 anos após a desintegração da URSS, num universo paralelo em que não tivesse ocorrido o colapso da União Soviética.

O que se passa é que o governo do Vietname seguia de perto (imitava) tudo o que a URSS fazia, e quando o "Gorby" introduz a Perestroika, o Vietname também o faz. "Đổi Mới (pronounced [ɗo᷉i mə̌ːi]; English: Renovation) is the name given to the economic reforms initiated in Vietnam in 1986 with the goal of creating a "socialist-oriented market economy"."

Até no Cinema (importante para o nosso fórum) podemos constatar esta similaridade, pois o cinema vietnamita é tecnicamente cinema soviético (tal como o Cinema da Mongólia), e o que é dito também se aplica ao declínio do cinema europeu de leste, a partir de 1986 (por exemplo eu escrevi umas bocas no tópico de cinema de leste onde mostrei lixo de cinema soviético e dei-lhe um título como "Ovos podres da Perestroika" ou algo parecido):
Reunification

After Reunification of North Vietnam and South Vietnam, studios in the former South Vietnam turned to making Socialist Realism films. Vietnamese feature film output increased and by 1978 the number of feature films made each year was boosted from around three annually during the war years to 20.

Films from the years following the war focused on heroic efforts in the revolution, human suffering created by the war and social problems of post-war reconstruction. Films from this time include Mùa gió chướng (Season of the Whirlwind) in 1978 and Cánh đồng hoang (The Wild Field) in 1979.
Contemporary cinema

The shift to a market economy in 1986 dealt a blow to Vietnamese filmmaking, which struggled to compete with video and television. The number of films produced in Vietnam has dropped off sharply since 1987.

Still, a number of filmmakers continued to produce film that would be seen on the arthouse circuit. These include Trần Văn Thủy's Hà Nội trong mắt ai? (Hanoi Through Whose Eyes?, 1983) and Chuyện tử tế (Story of Good Behavior, 1987) and Trần Anh Trà's Người công giáo huyện Thống Nhất (A Catholic in Thống Nhất District, 1985), Trần Vũ's Anh và em (Siblings, 1986), Ðặng Nhật Minh's Cô gái trên sông (Girl on the River, 1987), Nguyển Khắc Lợi's Tướng về hưu (The Retired General) and Ðặng Nhật Minh's Mùa ổi (Guava Season, 2001).

Tony Bui's Ba mùa (Three Seasons, 1998) won prizes at the Sundance Film Festival in 1998. Trần Văn Thủy's Tiếng vĩ cầm ở Mỹ Lai (The Sound of the Violin at My Lai) won Best Short Film prize at the 43rd Asia Pacific Film Festival in 1999. Đời cát (Sandy Life) by Nguyễn Thanh won best picture at the same festival the following year. Bùi Thạc Chuyên's Cuốc xe đêm (Night Cyclo Trip) won third prize in the short film category at the Cannes Film Festival in 2000.

Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Cinema_of ... nification
Todos nós assistimos àquela quantidade enorme de países do Pacto de Varsóvia, como a Polónia e Checoslováquia, todos contentes em verem-se livres dos presidentes-fantoche do Kremlin, a implementarem democracias entre 1989-1993, bem como a separação de todas as repúblicas socialistas soviéticas, todos estes países deixaram de ser "comunistas" ou "socialistas".

Por exemplo existe um país europeu que está banido do Conselho da Europa (entidade que está acima da UE, e pela qual eu tenho respeito) e que permanece o único país do mundo onde ainda existe mesmo a K.G.B. a funcionar com o nome original, "Felix Edmundovich Dzerzhinsky, who founded the Cheka – the original Bolshevik intelligence police – was born in what is now Belarus and remains an important figure in the state ideology of Belarus under president Alexander Lukashenko as well as a patron of the KGB of Belarus."

Na Europa, a Bielorússia permanece uma ditadura, mas não se trata de nenhuma continuidade da ditadura ou ideologia comunista, como no Vietname de hoje.

https://en.wikipedia.org/wiki/Human_rights_in_Belarus
https://en.wikipedia.org/wiki/State_Sec ... _or_the_US

Hoje em dia o Vietname está em 15º lugar na lista de países com maior censura da liberdade na Internet, sob o pretexto de uma lei (que o Reino Unido tentou implementar nesta década, mas foi barrado pela UE ou no parlamento britânico, não me recordo) que censura a Internet para impedir o acesso generalizado de nudez ou pornografia a menores de idade. Com o mecanismo da censura moral-religiosa medieval engrenado, o governo do Vietname utiliza-o também para censurar qualquer oposição política ou ideológica.

Eu sinceramente não entendo, como uma ditadura de ideologia comunista que é contra a religião, se possa refugiar no pudor moral (que não é mais do que o pudor introduzido à força pelo Cristianismo, onde ele antes não existia no mundo clássico greco-romano) para proibir a nudez por decreto-lei.

Essa lei vietnamita para proteger as criancinhas de verem umas maminhas ao léu (Ai! Que pecado o menino ver umas maminhas! Vai já para o Inferno! :lol: ), serve apenas para manter a censura política, por exemplo o site Pornhub tem livre acesso por toda a gente vietnamita:
Hạnh-Minh Nguyễn, I am Vietnamese
Answered Apr 7, 2016 · Author has 616 answers and 953.3k answer views

Ahh it's fun to talk about this stuff.

Porn is "illegal" in Vietnam. Notice I put it in quote mark? Meaning no, it's not. Porn is all over the Internet and there's no difficulty in accessing Pornhub or the likes, so don't worry you won't be lonely here. Porn DVDs are not allowed though. Vietnamese websites that promotes porn are illegal. They are tracked down by the police. But it's the ones that built the website who take the responsibility, not users.

On the side note, I will tell you about a man that has the dream job of many men: watching porn. Apparently the police often confiscate porn (DVDs or photos) from shops, and bring back to their office. There's this man whose job is to watch all the porn and classify into categories. This job must be soooooooo tiring, if you know what I mean. Well of course you do.

Sex and violence is censored to some degree in cinema and TVs. That's why for movies like 50 shades of grey people prefer to download online (it's illegal, I know, but copyright is another world in VN), or find DVDs. Funny is that sex seems to be censored more strictly than violence.

Dark plot and ending where bad guys win finally, why problem with that? But if it involves Vietnamese government and police, then no. Issues like corruption or other social problems can be discussed, but generally it's not wise to trash talk the government in cinemas. Facebook is where those kinds of trash talk happen. Any art works that involve Vietnamese government are not fun anymore anyway.
1.3k Views · View Upvoters

Fonte: https://www.quora.com/What-is-drama-fil ... etnam-like
Moral da história

Eu não acredito neste cara de pau, ex-comandante vietnamita do campo de prisioneiros, da mesma forma que se não tivesse ocorrido o 25 de Abril em Portugal, e tivesse existido uma continuidade do Salazarismo até aos dias de hoje, sem actual liberdade política de expressão, eu não acreditaria num ex-director de uma prisão da PIDE a dizer à BBC que nunca bateu em nenhum preso político.

Além de não acreditar nele, ainda acharia que ele era cara de pau, assim se diz... em bom brasileiro.

É que a Bielorússia pode ser a "última ditadura europeia", termo cunhado pela imprensa, onde ainda existe o KGB, mas ocorreu uma descontinuidade ideológica e de governo. Ao passo que o Vietname é mesmo o último país de modelo soviético, com uma continuidade de regime ininterrupta desde a década de 1960 até hoje, onde o povo vietnamita não pode contrariar a entrevista do ex-comandante da prisão de Hanói, pois senão irá preso.

Este filme é uma mina de ouro em temas e assuntos, e continuarei a falar sobre ele, à medida que tenha tempo. Peço desculpa pelas minhas politiquices, mas os eventos do filme assim o justificam. :oops:

Ainda não falei acerca da comissão dos anos 1990, para averiguação de desaparecidos em combate, liderada por este senador John McCain. :o :-D

Artigo escrito na BBC, pelo jornalista Andrew Harding que foi ao Vietname entrevistar o ex-comandante

Image
Senador John McCain a ser "capturado" (resgatado) no mar pelos vietnamitas, com os dois braços partidos e uma perna partida, em seguida os vietnamitas espetaram baionetas no corpo dele e deslocaram-lhe um dos ombros, só mais tarde foi sabido que ele era filho de uma alta patente militar e por isso foi enviado para a prisão de Hanói, caso contrário ele teria sido um daqueles desgraçados estilo filme do Chuck Norris, preso num campo da selva onde morria logo. O Donald Trump goza com ele, dizendo que partiu os braços porque foi imbecil no momento em que se ejectou do cockpit do avião. Após a dissolução da União Soviética, o governo da Federação Russa desclassificou e divulgou documentos que mostravam que os sites de mísseis anti-aéreos que abatiam os aviõezinhos americanos, eram todos operados por militares soviéticos, que não deixavam os vietnamitas os usarem, por não terem formação técnica-militar. Os vietnamitas salvaram a vida ao senador americano, porque um piloto abatido não sobrevive no mar com dois braços e uma perna partida.

http://news.bbc.co.uk/2/hi/asia-pacific/7459946.stm
Samwise
DVD Maníaco
DVD Maníaco
Posts: 6267
Joined: February 19th, 2009, 9:07 pm
Contact:

Re: The Hanoi Hilton (1987) - Lionel Chetwynd

Post by Samwise »

Este é um dos próximos na lista.

Praticamente tudo o que abordas neste tópico acerca dos prisioneiros de guerra, José Miguel, é matéria que aparece no tal doc. sobre o Vietname (este aqui), mas mais desenvolvido, e com comentários recentes feitos por intervenientes dos dois lados da guerra.

O caso do John McCain tem direito a alguns minutos de atenção especial (com detalhe para o momento em que o avião foi abatido, e uma entrevista que lhe fizeram uns dias depois no hospital, em que ele deixa uma mensagem à mulher), bem como a visita da Jane Fonda ao Vietname do Norte, em que foi recebida de braços abertos pelas tropas Vietcongs, e utilizada na imprensa para deitar ainda mais abaixo a moral das tropas norte-americas, numa altura em que a América sofria dentro de fronteiras com fortes convulsões sociais devidas ao conflito, com movimentos pró e contra a batalharem com alguma frequência nas ruas das grandes cidades.
Ken Burns anticipated politically-motivated criticisms of the film from both the left and the right: “After ‘The Vietnam War,’ I’ll have to lie low. A lot of people will think I’m a Commie pinko, and a lot of people will think I’m a right-wing nutcase, and that’s sort of the way it goes.
«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.

«One is starved for Technicolor up there.» - Conductor 71 in A Matter of Life and Death

Câmara Subjectiva
JoséMiguel
DVD Maníaco
DVD Maníaco
Posts: 3076
Joined: August 30th, 2011, 9:33 pm
Location: Lisboa

Re: The Hanoi Hilton (1987) - Lionel Chetwynd

Post by JoséMiguel »

Samwise wrote: May 10th, 2018, 11:43 am Este é um dos próximos na lista.

Praticamente tudo o que abordas neste tópico acerca dos prisioneiros de guerra, José Miguel, é matéria que aparece no tal doc. sobre o Vietname (este aqui), mas mais desenvolvido, e com comentários recentes feitos por intervenientes dos dois lados da guerra.

O caso do John McCain tem direito a alguns minutos de atenção especial (com detalhe para o momento em que o avião foi abatido, e uma entrevista que lhe fizeram uns dias depois no hospital, em que ele deixa uma mensagem à mulher), bem como a visita da Jane Fonda ao Vietname do Norte, em que foi recebida de braços abertos pelas tropas Vietcongs, e utilizada na imprensa para deitar ainda mais abaixo a moral das tropas norte-americas, numa altura em que a América sofria dentro de fronteiras com fortes convulsões sociais devidas ao conflito, com movimentos pró e contra a batalharem com alguma frequência nas ruas das grandes cidades.
Ken Burns anticipated politically-motivated criticisms of the film from both the left and the right: “After ‘The Vietnam War,’ I’ll have to lie low. A lot of people will think I’m a Commie pinko, and a lot of people will think I’m a right-wing nutcase, and that’s sort of the way it goes.
Samwise, muito obrigado por este comentário que escreveste! :-D

Nem sempre eu escrevo cretinices e asneiradas a refilar com o estilo de cinema que odeio, como se eu fosse um velhote a refilar na taberna da aldeia (ou do bairro da cidade, vai dar ao mesmo), armado em velho do Restelo do Luís Vaz de Camões. :-D

Eu tive bastante cuidado com este tópico, que ainda não está concluído, e por exemplo tenho estas fontes, que deixei abertas no Google Chrome, para uso imediato neste tópico:

http://www.pownetwork.org/bios/c/c107.htm

Lá está o Zé armado em barão ou caramelo a ir buscar um artigo de jornal de 1973, :lol: do New York Times:

https://www.nytimes.com/1973/07/04/arch ... smiss.html

http://en.nhandan.com.vn/culture/item/5 ... rison.html

Ao menos o Zé tem interesse em ler as fontes oficiais do governo vietnamita, :p traduzidas com o Google:

http://hoalo.vn/FAQ

http://hoalo.vn/Articles/30/23543/Phi-c ... oa-Lo.html

Essas fontes contêm elementos que eu planeio citar, caso tenha tempo de avançar com este tópico.

Samwise, por sermos portugueses da mesma idade, eu sei perfeitamente o que nós as crianças, e mais tarde adolescentes, achávamos dos filmes americanos acerca do Vietname. Só agora décadas mais tarde, com a evolução da tecnologia que permite a um curioso português traduzir um site do governo vietnamita com o Google, e aceder a relatórios do senado norte-americano, é que podemos (em velhotes) perceber o que se passou sem sermos vítimas da propagada política norte-americana em Portugal, através do Cinema deles.

O comandante da prisão de Hanoi, que torturou os presos americanos, recusa-se a assumir o que fez e dá a cara às câmaras a mentir sobre isso em velhote. A explicação geo-política disto é a de que o Vietname sempre seguiu de perto o modelo soviético do Kremlin para tudo e mais um par de botas (ao contrário da China ou Cuba), quando na Europa de Leste se implementa a Perestroika e a Glasnost, na década de 1980, por decisão do Soviete Supremo, o governo vietnamita foi logo a correr seguir as novas normas de preparação para Comunismo Capitalista à escala planetária. quando em Dezembro de 1991 ocorre a dissolução da URSS, o governo Vietnamita não seguiu o curso dos países da Europa de Leste (eu entendo o porquê e poderei explicar isso caso algum leitor queira saber) e tornou-se o único país comunista do mundo a continuar a política da Glasnost e Perestroika do Gorbatchev, mesmo depois de já não existir nenhum país comunista na Europa.

Essa situação que eu descrevo acima, coloca em causa o depoimento do velhote ex-comandante de prisão de Hanói pois o Vietname está hoje muito melhor do que foi o Portugal e Espanha no tempo dos meus pais, mas continua sendo uma ditadura sem liberdade de expressão. O Vietname é um país que não faz mal a ninguém, e vão lá os turistas passear na boa, tal como no tempo do Salazar e do Franco, onde vinham os turistas ingleses e alemães ao Algarve e à Costa do Sol em Espanha, na década de 1960. O actual governo vietnamita é equiparado a uma ficção científica cyberpunk ou dieselpunk que nos mostra a realidade alternativa da Europa de Leste onde não ocorreu o colapso da URSS, o Vietname foi o único país que prosseguiu com a Perestroika até ao resultado final, o que é muito interessante de se ver a nível sócio-político.
Samwise
DVD Maníaco
DVD Maníaco
Posts: 6267
Joined: February 19th, 2009, 9:07 pm
Contact:

Re: The Hanoi Hilton (1987) - Lionel Chetwynd

Post by Samwise »

Estive a ler a carta da Jane Fonda que mencionas "lá para cima" (esta aqui) e depois fui ver se havia alguma novidade sobre os assuntos abordados, tendo em conta o mediatismo crescente que o documentário do Ken Burns tem estado a obter... e de facto há mesmo!

Encontrei um artigo que se debruça especificamente sobre o assunto (aqui), e fiquei contente por saber que responde uma dúvida que me assaltou quando estava a ver o documentário: por que razão não tinham entrevistado a Fonda, nem o McCain, nem o John Kerry, uma vez que são todos motivo de abordagem no dito, estão todos vivos e lúcidos, e são ainda personalidades de relevo nas respectivas áreas.

----

Num assunto à parte, que apenas toca de raspão no caso da visita a Hanoi, lembro-me de ver o Michael Cimino bastante irritado com a Jane Fonda por ela alegadamente não ter compreendido a mensagem no The Deer Hunter, num momento em que estava a fazer campanha anti-guerra, e ao mesmo tempo promoção de um "filme concorrente" em que participa (o Coming Home)...
«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.

«One is starved for Technicolor up there.» - Conductor 71 in A Matter of Life and Death

Câmara Subjectiva
Post Reply