Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

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Samwise
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by Samwise »

O primeiro nota 10 deste ano vem para aqui. Equilíbrio perfeito entre forma e conteúdo, expressão e contenção, sentimentalismo e sobriedade. Do mesmo realizador, já tinha gostado muito do Io sono l'amore, mas este tem uma ponta final mais pedigree.

Pantera, eu também gostava de saber por que foste ébrio para o cin... uh... por que achaste o filme cliché. : :-)))
«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.

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PanterA
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by PanterA »

Porque não tem ponta por onde se lhe pegue. Temos a plot do costume: rapaz com as hormonas ao saltos que anda a descobrir a sua sexualidade, e do nada aparece um galã perfeito que lhe vai fazer duvidar disso tudo. Mas pelo meio salta para cima da namorada para ver se a coisa ainda pega, mas ele quer é mesmo o tal galã e depois é 1h e tal com aquelas tais metáforas de amores e tretas do género para acabar no típico e também cliché final.
Sim, isto pode ser relativizar demasiado um filme, mas neste caso em especial é difícil tirar conteúdo de não conteúdo. Há quem o tenha visto lá, mas no meu caso foi tal e qual como descortinei.

Não há muita paciência para aturar este filmes pretensiosos. Se quiser ver um bom coming-fo-age assim de cabeça lembro de um The Squid and the Whale ou Y Tu Mamá También com as suas diferenças.
Last edited by PanterA on March 17th, 2018, 7:07 pm, edited 2 times in total.
Samwise
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by Samwise »

Boa. Assim já dá para debater/rebater. Mas não agora...
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by nimzabo »

mansildv
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by mansildv »

‘Call Me By Your Name’ Sequel Details Revealed, Actors Apparently Confirmed to Return

http://www.slashfilm.com/call-me-by-you ... l-details/

http://www.slashfilm.com/wp/wp-content/images/Call-Me-By-Your-Name-sequel-details.jpg
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by mansildv »

Armie Hammer Confirms He’s Been Pitched the ‘Call Me By Your Name’ Sequel: ‘We’re All Gung-Ho About It’

http://www.indiewire.com/2018/03/armie- ... 201937455/

http://www.indiewire.com/wp-content/uploads/2018/03/shutterstock_9448795ai.jpg?w=780
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by technicolor »

Chamem-me homofóbico (que até nem sou, embora não tenha que justificar nada) mas achei-o profundamente enjoativo. "Uma afectada e inócua variante homossexual do “coming of age movie” heterossexual clássico." como bem escreve Eurico de Barros, no qual infelizmente não acreditei perante tantos elogios aqui escritos.

P.S.: fui completamente sóbrio para o cinema mas à saída até que me apetecia um whisky duplo para esquecer...
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by Samwise »

technicolor wrote: March 26th, 2018, 2:09 pm P.S.: fui completamente sóbrio para o cinema mas à saída até que me apetecia um whisky duplo para esquecer...
:-)))

O filme parece estar a polarizar bastante as opiniões, concentrando-as nos extremos do gosto um pouco por todo o lado, e aqui no fórum parece que não houve excepção. Eu ainda estou em estado meditativo, e muito agradado, devido ao que nele presencei. O texto do José resume uma série de virtudes e traça uma opinião com as qual me identifico bastante. Não sei se gosto muito da ideia de haver uma sequela, mesmo considerando que a equipa é a mesma...

Faltava-me ver o A Bigger Splash para ficar com a visão completa da trilogia temática a que pertence o Call Me By Your Name e não fiquei desiludido, embora considere que este último filme permanece algo acima dos dois anteriores quanto à homogeneidade do resultado final, sem optar (bem) por introduzir na narrativa factores fortes de desequilibrio. O A Bigger Splash tem um desses "acontecimentos" mais ou menos a meio do filme, e penso que o realizador não explorou a partir daí a fundo a situação. Escondeu-se antes no jogo de silêncios e sugestões, deixando muito por esclarecer/debater, e fazendo terminar o filme de forma algo abrupta e patética (o último minuto era desnecessário e borra um pouco a pintura). Mas até lá, um festim de situações, diálogos e grandes interpretações, com o Ralph Fiennes em destaque.

O Guadagnino tem alguns traços autorais comuns nestes três filmes, para lá da temática espiritual que os liga: o mais importante é talvez o forte sentido artístico, de recorte clássico, "europeu", quase "mediterrânico" (italiano ?), que liga os contextos situacionais à geografia do meio, às paisagens, à natureza, à terra, rochas e vegetação, e que vai alternando entre os grandes planos que predispõem, a traço grosso, um conjunto de possibilidades emocionais, e depois os planos fechados, que vão definindo com mais clareza os estados das personagens. Outro traço autoral é a forte ligação à arte e aos objectos e obras que já ganharam esse estatuto. Uma ligação intra e extra narrativa. Há nas personagens um amor vincado pela arte e pela cultura - seja a música, a escultura, a fotografia, a língua/linguagem e a história. Uma parte do foco narrativo, da atenção da câmara e das próprias acções das personagens está orientado nesse sentido. E em Off passam frequentes peças de música que sublinham esse pendor, sejam elas eruditas, clássicas, ou "simples" rock'n'roll, sempre ajustadas às situações e emoções que se estão a viver no ecrã. Por último, e não distante deste sentido de presença muito físico com obras de arte, temos a questão da palpabilidade, do toque e da experimentação corporal como forma de interiorização imediata. São três filmes intensamente físicos, que transmitem uma imensidação de sensações e sentimentos, mostrando o prazer que as personagens sentem através do "toque". A culinária, os momentos das refeições e o gosto pela comida, por exemplo, desempenham um papel central na definição do prazer e no impulsionar do desejo. Um peixe, uma peça de fruta, uma garafa de tinto...

Todos estes traços autorais distanciam logo à partida a formulação das relações humanas no cinema de Guadagnino dos clichês e lugares comuns mais habituais, ainda que não possamos dizer que as situações vividas pelas personagens são novas. Até porque não deve haver nada nesse que não tenha já sido filmado, de muitas e variadas maneiras. Não são as situações nem os contextos que definem clichês, são antes a forma como nos são mostrados.

No Call Me By Your Name, não vislumbro particulares traços de lugares comuns (excepção feita às cartacterísticas autorais acima descritas, e que o realizador utilizou nos filmes anteriores - de resto coisa comum e frequente em qualquer "autor").

Os queixosos em relação a este filme terão a disponibilidade de desenvolver um pouco mais as razões de insatisfação? :mrgreen:
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by mansildv »

Luca Guadagnino Says Elio & Oliver Will Meet Again In Paris In Potential ‘Call Me By Your Name’ Sequel

https://theplaylist.net/luca-guadagnino ... -20181231/
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by No Angel »

mansildv wrote: January 1st, 2019, 5:49 pm Luca Guadagnino Says Elio & Oliver Will Meet Again In Paris In Potential ‘Call Me By Your Name’ Sequel

https://theplaylist.net/luca-guadagnino ... -20181231/
Nem percebi sequer porque não acabaram juntos no final, nem houve motivo nenhum que os separasse... enfim, agora vão fazer sequelas pra lucrarem mais, típico.
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by mansildv »

No Angel wrote: January 1st, 2019, 6:23 pm
mansildv wrote: January 1st, 2019, 5:49 pm Luca Guadagnino Says Elio & Oliver Will Meet Again In Paris In Potential ‘Call Me By Your Name’ Sequel

https://theplaylist.net/luca-guadagnino ... -20181231/
Nem percebi sequer porque não acabaram juntos no final, nem houve motivo nenhum que os separasse... enfim, agora vão fazer sequelas pra lucrarem mais, típico.
Não sei se é por aí! Talvez nem estivesse planeada uma sequela e aproveitaram o sucesso do filme.
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by Samwise »

No Angel wrote: January 1st, 2019, 6:23 pm
mansildv wrote: January 1st, 2019, 5:49 pm Luca Guadagnino Says Elio & Oliver Will Meet Again In Paris In Potential ‘Call Me By Your Name’ Sequel

https://theplaylist.net/luca-guadagnino ... -20181231/
Nem percebi sequer porque não acabaram juntos no final, nem houve motivo nenhum que os separasse... enfim, agora vão fazer sequelas pra lucrarem mais, típico.
Como assim?

Um jovem (menor de idade) vem da américa passar umas férias a uma casa num país europeu onde conhece outro jovem (menor de idade) e quando acabam as férias "não havia motivo nenhum que os separasse"?

Pode parecer-te estranho, mas durante a minha vida toda nunca vi um caso em que uma "paixão de verão" entre jovens de férias acabasse com os visitantes a permaneceram nos locais que visitam, e casos desses vejo praticamente todos os verões...
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by No Angel »

Samwise wrote: January 2nd, 2019, 12:04 pm
No Angel wrote: January 1st, 2019, 6:23 pm
mansildv wrote: January 1st, 2019, 5:49 pm Luca Guadagnino Says Elio & Oliver Will Meet Again In Paris In Potential ‘Call Me By Your Name’ Sequel

https://theplaylist.net/luca-guadagnino ... -20181231/
Nem percebi sequer porque não acabaram juntos no final, nem houve motivo nenhum que os separasse... enfim, agora vão fazer sequelas pra lucrarem mais, típico.
Como assim?

Um jovem (menor de idade) vem da américa passar umas férias a uma casa num país europeu onde conhece outro jovem (menor de idade) e quando acabam as férias "não havia motivo nenhum que os separasse"?

Pode parecer-te estranho, mas durante a minha vida toda nunca vi um caso em que uma "paixão de verão" entre jovens de férias acabasse com os visitantes a permaneceram nos locais que visitam, e casos desses vejo praticamente todos os verões...
Era menor mas a idade de consentimento na Itália é diferente penso eu... de resto, no filme nunca ninguém se opos a relação deles, por nenhum motivo. O pai dele soube e até o apoiou!

Que raio de história de amor acaba assim de forma tão parva? Aquilo foi só sexo?

Além de que ele tinha 17 anos, nem faltava muito para os 18.
Samwise
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by Samwise »

Por acaso estava a falar de memória e o facto é que o visitante é maior de idade (24 anos). Mas isto não altera o raciocínio.

Não era "só sexo" - parece-me que o filme torna bem explícito que a relação, apesar da brevidade, ia muito para além disso.

Concordo e discordo ao mesmo tempo quando dizes "que raio de história de amor acaba assim de forma tão parva?".

Concordo que termina de forma "parva" (embora não escolhesse esta palavra para categorizar a situação), e discordo da ideia que está subjacente ao teu pensamento (e da formatação em geral de "happy-ending" que obriga muitos filmes a mandar o público para casa a sentir-se bem com a vida :-) ), porque a realidade diz-nos que as "histórias de amor" acabam de todas as formas e feitios, muitas de forma trágica e dorida, e bastantes delas de forma "parva", infelizmente, em casos em que há amor para lá do sexo só que as circunstâncias e contrariedades da vida ditam que os amantes tenham de se separar (às vezes por vontade de um deles, às vezes por vontade dos dois). E foi o que sucedeu nesta situação - o rapaz mais velho, mas experiente e sapiente, "teve" de voltar para casa, para a sua vida, para os seus "planos de vida já idealizados", e esse chamamento foi mais forte do que o "largar tudo" para tentar uma relação que seria certamente muito complicada a nível social e sem provas de que sobrevivesse o teste do tempo. Não vejo nada de irrealista neste final.

-- EDIT -

Viste o "Before Sunrise"? Por que é que eles tinham de se separar no final?
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by No Angel »

Samwise wrote: January 2nd, 2019, 1:15 pm Por acaso estava a falar de memória e o facto é que o visitante é maior de idade (24 anos). Mas isto não altera o raciocínio.

Não era "só sexo" - parece-me que o filme torna bem explícito que a relação, apesar da brevidade, ia muito para além disso.

Concordo e discordo ao mesmo tempo quando dizer "que raio de história de amor acaba assim de forma tão parva?".

Concordo que termina de forma "parva" (embora não escolhesse esta palavra para categorizar a situação), e discordo da ideia que está subjacente ao teu pensamento (e da formatação em geral de "happy-ending" que obriga muitos filmes a mandar o público para casa a sentir-se bem com a vida :-) ), porque a realidade diz-nos que as "histórias de amor" acabam de todas as formas e feitios, muitas de forma trágica e dorida, e bastantes delas de forma "parva", infelizmente, em casos em que há amor para lá do sexo só que as circunstâncias e contrariedades da vida ditam que os amantes tenham de se separar (às vezes por vontade de um deles, às vezes por vontade dos dois). E foi o que sucedeu nesta situação - o rapaz mais velho, mas experiente e sapiente, "teve" de voltar para casa, para a sua vida, para os seus "planos de vida já idealizados", e esse chamamento foi mais forte do que o "largar tudo" para tentar uma relação que seria certamente muito complicada a nível social e sem provas de que sobrevivesse o teste do tempo. Não vejo nada de irrealista neste final.
Na wikipedia diz que a idade de consentimento na Itália é aos 14 anos, então esse problema nem se punha.

https://en.wikipedia.org/wiki/Ages_of_c ... rope#Italy

Para mim aquilo não foi uma história de amor, a questão é essa. Foi um caso de uns meses, uma paixãozita fugaz e pronto. Eu gosto de filmes de romance e o filme é fraco, fica muito aquém de uma história de amor. Normalmente os casais nestes filmes são separados por um forte motivo, normalmente por preconceito, quer seja por preconceito de classe (o Notebook é o exemplo clássico disso), por racismo, diferenças religiosas, homofobia... ora, neste caso, a família do protagonista não mostra nenhum preconceito para com o outro (pelo contrário, o pai dele aprova), então qual é o motivo deles se separarem? Só por ele morar fora? Que ridículo, que amor fraco é esse? Ele podia dar aulas em Itália facilmente. No "Maurice" por exemplo eles ficam juntos no final no inicio do século XX, quando a homossexualidade era crime, e aqui não ficam juntos porque o outro trabalha fora :lol:

Não digo que seja irrealista, simplesmente para mim não é uma história de amor, nem é uma história interessante. Respeito quem gosta, mas para mim o filme é muito fraco e chato e não entra para os filmes que retratam as grandes histórias de amor.
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