Naquele que é o seu 11º filme ("What's Up Tiger Lily" para mim não conta, pois Woody trabalhou sobre material já feito), Woody Allen apresenta-nos novamente uma comédia bastante original e interessante, sobre Leonard Zelig (Woody), o "camaleão humano". Na sua tentativa constante de se integrar, Leonard começa a conseguir alterar o aspecto físico de modo a parecer-se com as pessoas com quem está. Mais do que isso, assume mesmo perante ele próprio as personalidades necessárias ao contexto (músico, médico, etc) em que se encontra.
Acompanhamos as peripécias por que passa em todo este processo, num filme a preto-e-branco onde é notório o trabalho de edição de vídeo de modo a poder colocar Woody Allen em diversos contextos históricos. Curiosamente, o filme foi todo rodado mesmo com equipamento de 1920, de modo a tornar o processo final mais verosímil e foram contratados técnicos já idosos, familiarizados com os processos antigos.
A questão das "máscaras" que me parece que todos, inconscientemente ou não temos por vezes que colocar em contextos diferenciados de modo a poder tornar mais suportável a vida em sociedade nas suas várias dimensões, consubstancia-se neste filme de um modo original, engraçado e muito interessante de ver. "Zelig" ("palavra que significa "abençoado" em Yiddish) é uma obra divertida e muito interessante, que gostei muito de rever.
No filme aparecem imensas pessoas famosas, como Max Amann, Josephine Baker, Clara Bow, Fanny Brice, Wilhelm Brückner, James Cagney, Al Capone, Charlie Chaplin, Calvin Coolidge, Marion Davies, Sepp Dietrich, Joe DiMaggio, Marie Dressler, F. Scott Fitzgerald, Lou Gehrig, Joseph Goebbels, Hermann Göring, Harold 'Red' Grange, William Randolph Hearst, Rudolf Hess, Adolf Hitler, Bobby Jones, Robert Ley, Charles Lindbergh, Carole Lombard, Adolphe Menjou, Tom Mix, Pope Pius XI, Dolores del Río, Billy Rose, Babe Ruth, Julius Schaub, Gregor Strasser, Julius Streicher, Franz von Epp, Franz Pfeffer von Salomon, Jimmy Walker, e Claire Windsor. A curta cena em que aparece F. Scott Fitzgerald é o seu único registo em vídeo conhecido.
Entra Mia Farrow, na sua segunda das treze colaborações com Woody Allen que viria a fazer. Gostei do papel dela, embora tivesse preferido que Woody tivesse continuado mais tempo a colaboração com Diane Keaton, que acho fantástica e de que gosto muito mais. Entra também neste filme Stephanie Farrow, a irmã mais nova de Mia, que viria também posteriormente a integrar em 1985 o filme "The Purple Rose of Cairo".
Umas últimas curiosidades: a casa que aparece no final é a mesma do filme "A Midsummer Night's Sex Comedy". e este é o filme mais curto (79 minutos) alguma vez realizado por Woody Allen.
Uma crítica mais elaborada, escrita pelo José Carlos Maltez no blog "A Janela Encantada":
https://ajanelaencantada.wordpress.com/ ... elig-1983/
Trailer:
imdb:
http://www.imdb.com/title/tt0086637/?ref_=nv_sr_1
e acho o argumento genial! - 9.5/10