Cheguei ao filme e o que sabia dele é que: O livro era melhor e mais variado, tinha referências a video jogos e aos anos 80/90 e era do Spielberg.... Tinha evitado spoilers etc por isso cheguei um pouco às cegas.
Vi o filme com as minhas filhas que são mesmo pouco ou nada dedicadas ao mundo dos video jogos, conquanto o gosto musical seja muito variado e conhecem muito cinema e musica dessa era.
E chego ao fim, e vejo com surpresa que um filme que eu diria que elas iriam detestar... gostaram as duas e bastante. Ou seja toda esta capa é apenas um cenário, é um simples filme de aventura, com o clássico romance entre os protagonistas.
Seja no mundo virtual ou no mundo real o filme será sempre o mesmo... um filme de aventuras.
A concepção do imaginário do OASIS apenas me parece possível na mão de alguém como Spielberg que o faz de forma magistral, com momentos meio dummy para percebermos bem o que é a simulação e o que é a realidade.
Tratando-se de um mundo virtual em que se entra e sai (a comparação com Matrix seria óbvia), tudo aqui se passa de uma forma mais simples, com um simples capacete onde deixamos de ser quem somos e passamos a ser o nosso Avatar. (conceito esse também bem explicado).
Depois há toda uma linguagem própria dos videojogos que só perceberá quem jogue desde sempre, a começar pela icónica frase dos salões de videojogos "ready player one", passando por termos como Respawn, extra life, Easter Egg. Tudo isto que acredito será originário do livro transporta-nos para esse universo tão proprio dos videojogos de forma imediata.
O que o filme trás é um consubstanciar disso em imagens, misturando personagens de videojogos (e são tantos que aparecem que quase podia ser um jogo extra enumerar todos), filmes e música. A cena homenagem a Saturday Night Fever é um must que para quem não conhece com uma explicação fica maravilhosa.
Tudo isto se passa num filme de aventuras, divido em três grandes fases (como se fossem níveis, algo tão giro como um videojogo), e que lembra em muitas partes pela rapidez da narrativa, filmes como Salteadores da Arca Perdida, que ficam conhecidos pela falta de pausas para respirar.
Há ali umas personagens que queríamos mais e menos aventura... mas isso também é mestria do mestre... aprendemos a gostar deles, e sentir que os mesmos personagens tem dimensão com o pouco que vemos deles... isso não está ao alcance de todos.
Para o fim, a homenagem a Steve Jobs deixa qualquer um
é qualquer coisa de muito bonito. (pelo menos para mim).
Um filme ligeiro, que passa à velocidade da luz, cheio de pequenas coisas que gostarei de rever, lembrando muitos dos conceitos de Matrix, ilustrando um pouco um futuro que nos parece mais real e assustador que o presente.
Não vejo outro que pudesse ter feito melhor, e gostaria que tivesse mais pausas narrativas para conhecer os pais adoptivos, e os pais de outras personagens, tentando perceber o que os levou ali...
Algumas frases soltas que me deixaram a pensar:
- Preciso de ver o livro pois estou convencido que a personagem do Sho é um alter ego do Short Round do Indiana Jones.
- Vi Spartans do Halo na batalha final ou sonhei?
- O Delorean usado tinha a data programada correta (que momento quando surge o mesmo)
- O amor por Godzilla, e King kong...
Sem dúvida que o livro deve ser delicioso, mas o filme é fantástico.
Melhor filme de aventuras dos últimos anos para mim.
E voltarei aqui a passar para ler com atenção o que escreveram