Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Discussão de filmes; a arte pela arte.

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Samwise
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by Samwise »

JoséMiguel wrote: April 22nd, 2018, 3:31 am Sam, tu levantas várias questões...

Julgo que estamos de acordo em relação ao meu elogio ao Rui Santos.

Em relação aos críticos profissionais de cinema portugueses, nós nunca iremos chegar a acordo e o nosso debate já tem muitos anos.

Fica a minha dúvida acerca dessa história dos profissionais portugueses receberem dinheiros de fundos europeus comunitários, para depois nem saberem restaurar um filme a 12 ou 18 fps. Ok! Eu não tenho provas nem pretendo meter-me com essa máfia que são sobrinhos de algum ministro. Apenas exijo o direito à liberdade de expressão de dizer que técnicos de cinema portugueses que restauram filmes de 1911 a 24 fps só têm merda na cabeça, são imbecis, palermas e atrasados mentais. :-D

Eu não sou técnico nenhum, mas para mim foi fácil ajustar o frame-rate do filme português de 1911. Qual será a desculpa desse tal técnico da Cinemateca Portuguesa, que se calhar só tem o emprego com uma cunha de merda, à boa maneira portuguesa de corrupção, do nosso triste país, que é tão idiota e otário que não sabe que fez merda em restaurar este filme acelerado para 24 fps? :-)

EDIT: Eu não sou nacionalista nem patriota, o limite do meu dever patriótico será recomendar o queijo amanteigado de Seia a um apreciador estrangeiro ou este filme português de 1911 a um cinéfilo estrangeiro que goste de história do cinema. Esses técnicos portugueses que restauraram este filme com os fotogramas errados, são palhaços, que obtiveram o cargo através de cunhas, que destroem o património português, perante o resto do mundo. Isso eu não aceito e trata-se de mais um caso de alta corrupção política em que algum ministro meteu uma cunha para um sobrinho idiota restaurar filmes portugueses na cinemateca. Por mim tudo bem, pois já tenho a versão com a velocidade correcta para estrangeiro ver, no meu canal do You Tube. Eu não sou idiota nem filho de ministro e sei ajustar um filme mudo para a velocidade correcta.
o-(

Eu acho que percebo o que vai na cabeça da maioria das pessoas que insulta e deita abaixo os críticos de cinema, mas confesso que estou a zeros quanto às tuas motivações. Cada texto que leio teu sobre o assunto mais intrigado me deixa. Também me deixa triste, por outro lado, porque tu és uma pessoa que tem por hábito sustentar devidamente as opiniões, e neste caso é o contrário. Não sabes o que se passa e aparentemente não queres saber.

Nunca iremos estar em sintonia de opinião sobre a importância e a relevância dos críticos (de arte) profissionais na sociedade de hoje, mas não foi essa a minha questão quando abordei, no contexto deste tópico, o assunto. Eram antes duas outras questões: a que propósito são estes profissionais invocados para este debate sobre a problemática das "frames por segundo" nos filmes antigos, e por que razão os deprecias tanto, a ponto de dizeres que se "auto-intitulam" de críticos (quando não é isso que se passa. É uma profissão como outra qualquer, que pode ser exercida no sector privado e no sector público, no caso de instituições como a Cinemateca)?

A estas questões, acrescento agora estas: o que te leva a insultar de forma tão gratuita e generalizada estes profissionais, bem como os "técnicos" que trabalham na Cinemateca? Nas tuas palavras, eles são "malandros", "atrasados mentais", "palhaços", "idiotas", "otários", "corruptos", "mafiosos", "só têm merda na cabeça", "escrevem como robots" (!?), são incompetentes que "não sabem restaurar um filme" e que "destroem o património português", que só lá estão por cunha, ou por serem sobrinhos ou filhos de algum político, e ainda por cima gastam fundos comunitários no processo.

Ao mesmo tempo, tu próprio assumes que não sabes nada sobre o assunto ("Eu não tenho provas" , "Eu não sou técnico nenhum", "Qual será a desculpa desse tal técnico da Cinemateca Portuguesa"), mas isso não te impede de os insultares forte e feio ( :-? ), de os chamares de incompetentes, e dos os acusares de corrupção. Ainda mais estranho, tu "exiges o teu direiro à liberdade de expressão" (um direito que não te está a ser negado, e que nunca esteve em causa), mas recusas-te a tentar perceber a causa e a razão das coisas junto dos profissionais que tratam directamente destas matérias. Então para que te serve a liberdade de expressão se não tencionas sequer perceber se estás a ser correcto, verdadeiro e justo em primeiro lugar? Assim é fácil...

---

A título de curiosidade, alguma foste à Cinemateca? Conheces o trabalho que por lá se faz quanto a memória, conservação, restauro, análise e divulgação de tudo o que é cinema nacional e estrangeiro (em intercâmbio com outras cinematecas)? Conheces as instalações, o museu, o arquivo, as pessoas e os processos? Conheces o modelo económico que sustenta o espaço?
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paupau
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by paupau »

O Jose Miguel nao esta assim tao errado quanto isso. Tirando a dificuldade de saber quanto fps de um certo filme pois a informacao perdeu-se, tem sido feita muita bacorada em termos de restauro de filmes, quer em termos de velocidade de projecao, tintagem de intertitulos.

Ja para nao falar do orange teal em filnes mais modernos, outros quinhentos. Chegou ao ponto de nao haver restauro do Eclair ou da Cinemateca Bologna que nao esteja envolvido em polemica. Qualquer filme tem sempre o mesmo esquema de cores.

Nao sei se ha incompetencia, mas revisionismo nao tenho duvidas. E as futuras geracoes nao verao os filmes como foram filmados pelos seus realizadores. E uma verdadeira praga.

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Samwise
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by Samwise »

paupau wrote: April 22nd, 2018, 1:25 pm O Jose Miguel nao esta assim tao errado quanto isso. Tirando a dificuldade de saber quanto fps de um certo filme pois a informacao perdeu-se, tem sido feita muita bacorada em termos de restauro de filmes, quer em termos de velocidade de projecao, tintagem de intertitulos.

Ja para nao falar do orange teal em filnes mais modernos, outros quinhentos. Chegou ao ponto de nao haver restauro do Eclair ou da Cinemateca Bologna que nao esteja envolvido em polemica. Qualquer filme tem sempre o mesmo esquema de cores.

Nao sei se ha incompetencia, mas revisionismo nao tenho duvidas. E as futuras geracoes nao verao os filmes como foram filmados pelos seus realizadores. E uma verdadeira praga.

Nada contra esta ideia ou as hipóteses que apresentas. Mas não da maneira generalizada, insultuosa e sem qualquer vontade de ouvir a outra parte, quem está envolvido no processo e de perceber as razões para essas escolhas. Em suma, de conhecer a verdade e a razão. Vejo também um lamento pela "liberdade de expressão" que ignora os seus princípio básicos mais elementares (a necessidade de ouvir a outra parte, e de não começar logo por lhe faltar ao respeito).

---

EDIT: fui ler o tópico para trás e ainda fico mais perplexo.

Um resumo:

1 - Uma entidade e uma equipa de técnicos qualificados (ambas desconhecidas/não identificadas ***) resolvem fazer um restauro do filme "Os Crimes de Diogo Alves", de 1911. A versão restaurada está disponível no youtube.
2 - Esta equipa tem o cuidado de indicar no início do restauro que procederam a comparações com o negativo original e que mantiveram as tintagens e os interlúdios originais.
3 - O José Miguel, que "não é técnico", não teve acesso à cópia original nem hipótese de contextualizar devidamente o material (para obter conhecimento de causa) resolveu alterar ("corrigir") a frame rate apresentada nessa versão por considerar que não estava correcta.
4 - Para além disso, decidiu musicar a obra utilizando uma série de peças que não têm nada a ver, cultural ou artisticamente, com o filme em questão, ou com a época e local em que foi realizado. O critério que utilizou foi o seu próprio gosto para adequar os temas musicais às imagens.
5 - O José Miguel acusa os responsáveis pelo restauro de serem incompetentes e malandros, de destruirem património cultural português, de terem trabalho por via de cunhas, e de gastarem individamente fundos culturais.
6 - O José Miguel desafia o técnico responsável a vir aqui ao fórum explicar e dar a cara pelos resultados. Desconhece-se se tentou saber quem foi, se tentou entrar em contacto com ele, e se lhe colocou as perguntas e queixas que apresenta.

-stop-

*** Umas luzes sobre o "quem":

https://www.publico.pt/2002/05/16/cultu ... 143282/amp

http://www.apaladewalsh.com/2017/11/os- ... inemateca/
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by rui sousa »

Samwise wrote: April 22nd, 2018, 11:18 am A título de curiosidade, alguma foste à Cinemateca? Conheces o trabalho que por lá se faz quanto a memória, conservação, restauro, análise e divulgação de tudo o que é cinema nacional e estrangeiro (em intercâmbio com outras cinematecas)? Conheces as instalações, o museu, o arquivo, as pessoas e os processos? Conheces o modelo económico que sustenta o espaço?
Não me tenho intrometido nestas threads mais longas do fórum não por falta de vontade, mas mesmo por falta de tempo para escrever textos com algum fundamento ou interesse sobre os assuntos abordados.

No entanto, aproveito só para acrescentar ao que o Samwise disse sobre a cinemateca:

- Estão a ser restaurados variadíssimos filmes de várias épocas, sendo que um deles, que só estará pronto em 2019/2020, será "O Crime da Aldeia Velha", pelo que pude saber - numa reconstrução da versão original do filme, que o realizador Manuel Guimarães teve de remontar a "pedido" da Pide
- A Cinemateca não tem feito pouco pela divulgação do cinema português e pela disponibilização do seu catálogo de restauros de arquivo. No seu site podem encontrar pequenos filmes documentais de várias épocas, por exemplo.
- Ciclos e sessões especiais não têm faltado, em Lisboa e outras cidades, dedicadas a filmes menos vistos do nosso cinema.
- A Cinemateca lançou (e vai lançar mais) edições em DVD de qualidade insuperável, dedicadas ao documentário ou à ficção (como os filmes de Rino Lupo ou "Lisboa Crónica Anedótica") em restauros 4k
- foi hoje noticiado que o restauro 4k de "A Ilha dos Amores" de Paulo Rocha será lançado em Portugal em DVD, depois de ser apresentado em Cannes: https://www.publico.pt/2018/04/23/cultu ... 811380/amp

dito tudo isto, acho que o José não tem razão nenhuma nos defeitos que aponta a esta instituição. Poderia ser feito melhor? Claro, mas não estamos nos states ou em Itália, e para o pequeno país que temos, a Cinemateca tem feito muito pelo espólio do nosso cinema. Qual o problema, então? É difícil captar a atenção do público português para estes filmes - e por isso, também não há financiamento para recuperar todos os filmes importantes de uma vez...
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by Samwise »

rui sousa wrote: April 23rd, 2018, 6:21 pm
dito tudo isto, acho que o José não tem razão nenhuma nos defeitos que aponta a esta instituição. Poderia ser feito melhor? Claro, mas não estamos nos states ou em Itália, e para o pequeno país que temos, a Cinemateca tem feito muito pelo espólio do nosso cinema. Qual o problema, então? É difícil captar a atenção do público português para estes filmes - e por isso, também não há financiamento para recuperar todos os filmes importantes de uma vez...
O que me incomoda na abordagem do José Miguel é a agressividade e a irracionalidade que utiliza perante quem trata destes trabalhos, sem sequer se preocupar em saber como decorreu o processo - uma forma de tratamento que por vezes se aproxima a pura difamação.

Temos um processo de recuperação e divulgação de obras históricas esquecidas, que é levado a cabo com um enorme grau de profissionalismo e dedicação, que atinge resultados concretos ao nos permitir ver, em condições muito aproximadas às originais, essas obras, e o José Miguel, por causa de uma alegada incorrecção no frame-rate, chama todos os nomes do mundo à equipa, entre outras coisas que considero mais gravosas. Não dá para perceber.
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drakes
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by drakes »

Pulo a discussão da cinemateca já que a mim é impossível discutir sobre qualquer principio seja economicidade ou da efetividade para dizer os dois que balizam o julgamento hoje em dia a política pública em qualquer país.

Quanta a colocação da novo acordo ortográfico, o Brasil entrou de vez em 2016 depois de outros medidas que afetam o dia a dia e ninguém sabe o motivo, eu se votasse em um plebiscito seria contrário, afinal gastar milhões não me parece uma atitude correta, existem outras prioridades até mais simples para integrar os países.
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by JoséMiguel »

Esclarecimento

Qualquer criancinha de 6 anos de idade, ao ver um filme antigo de 12 ou 18 fps acelerado com uma máquina a 24 fps, se apercebe de que existe um erro técnico e uma anomalia, pois os personagens estão a mover-se de forma mais rápida do que é o natural num ser humano.

Quando uma empresa privada faz isso deliberadamente a gozar na cara do espectador, por motivos de ganância de dinheiro, é equiparado àquele famoso cinema de lixo italiano dos anos 80, feito em má fé, como "A Fuga da Galáxia 3". Mais grave ainda foi quando a União Soviética, com os seus estúdios nacionalizados fez o mesmo (eu já corrigi o framerate de um filme sci-fi soviético, num trailer que fiz). Mas o que eu não posso aceitar é que dinheiros públicos de Portugal ou de fundos da UE, sejam utilizados por indivíduos ignorantes que não têm o bom senso de ver que estão a restaurar filmes à velocidade errada.

E para mim é grave ver o Samwise a defendê-los. Mas pronto, o homem gosta de ser o advogado do diabo :twisted: , o que irei eu fazer... :o
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by rui sousa »

JoséMiguel wrote: April 27th, 2018, 6:40 amE para mim é grave ver o Samwise a defendê-los. Mas pronto, o homem gosta de ser o advogado do diabo :twisted: , o que irei eu fazer... :o
Epá Zé, a sério... a única razão para que o Samwise ou eu percamos tempo a responder aos teus comentários é porque, acho, não és um daqueles trolls como os que já andaram pelo fórum há tempos... tens textos fundamentados sobre vários assuntos e acrescentas sabedoria cinéfila a este fórum. Já aprendi muito contigo e agradeço-te por isso. Levaste-me a conhecer filmes que, de outra forma, nunca teria ouvido falar.

Mas sinceramente começo a perder a paciência nestes teus outros posts, em que falas do que não sabes, e ainda por cima não te dás ao trabalho de ler opiniões contrárias e reconhecer onde erraste (algo que eu acho que "qualquer criancinha de 6 anos" sabe reconhecer!). Já li outros absolutos disparates (desde as "macacadas" do Chaplin até aos sucesivos ataques aos realizadores "atrasados mentais" - que, coincidentalmente, são todos os que tu não gostas), mas isto é um bocado a gota de água, para mim. Não é este tipo de opiniões que me fazem continuar a vir a este fórum. Sempre fui ensinado a não falar daquilo que não sei ou que desconheço total ou parcialmente. Tu fazes exactamente o contrário aqui. E tanto eu como o Sam escrevemos literalmente para o boneco - pelo menos é a ideia que dá ao ler este teu último post e a última frase.

Já te dei MONTES de exemplos de como esses dinheiros públicos são melhor geridos do que tu pensas. Tu não quiseste saber deles, literalmente, por isso talvez esta mensagem te desperte mais a atenção. E entretanto vai ver o quão importantes são casas como a Cinemateca de Bolonha, o BFI, a National Film Registry, que andam a SALVAR dezenas ou centenas de filmes todos os anos... e não é com este tipo de comentários agressivos, incoerentes ou despropositados que essas empresas públicas chegam a algum lado.

Mas convido-te a abrires então uma empresa de restauro de filmes, já que sabes tanto do assunto. Até porque se resume tudo a alterar os fps em uploads do YouTube, não é?
Last edited by rui sousa on April 28th, 2018, 12:37 pm, edited 3 times in total.
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by Samwise »

Rui, agradeço-te a paciência para teres escrito o texto a que me preparava para furtar, precisamente por falta de paciência e algum esgotamento relativo à noção de estar a escrever para o boneco (no sentido de apresentar argumentos que depois são completamente ignorados pelo José Miguel).


Eu vou fazer mais uma tentativa, para ver se me consigo ao menos fazer entender:
JoséMiguel wrote: April 27th, 2018, 6:40 am Esclarecimento
Qualquer criancinha de 6 anos de idade, ao ver um filme antigo de 12 ou 18 fps acelerado com uma máquina a 24 fps, se apercebe de que existe um erro técnico e uma anomalia, pois os personagens estão a mover-se de forma mais rápida do que é o natural num ser humano.
O seguinte excerto pertence ao filme Bram Stoker's Dracula, de FF Coppola:



José Miguel, pegando no argumento que suporta a tua teoria, qualquer criancinha de 6 anos de idade consegue perceber que, durante os primeiros 30 segundos do exemplo, "as personagens estão a mover-se de uma forma mais rápida do que é o natural num ser humano", e que depois, logo a seguir, há uma transição entre a película antiga e a película moderna que provoca uma desaceleração nesses movimentos, fazendo regressar a velocidade "natural" a que um ser humano se move.

Tudo bem até aqui?

As perguntas que faço são as seguintes (e não espero respostas, pois nunca respondes a nenhuma questão que coloco, considera-as simples retórica):

Achas que o Coppola e mais a sua equipa técnica erraram tecnicamente (foram atrasados mentais, malandros, otários, idiotas, etc., etc...) ao terem colocado aquele trecho de 30 segundos àquela velocidade irrealista e acelerada?

Porque é que achas que escolheram aquela velocidade?

Será que a equipa que tratou do restauro de Os Crimes de Diogo Alves não terá feito também uma escolha deliberada?
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by JoséMiguel »

Gostei imenso de ler os dois últimos comentários pelo Rui Sousa e Samwise.

Vocês os dois são ambos pessoas de quem eu gosto muito de ler o que escrevem aqui no fórum, desde sempre.

O exemplo do Samwise do excerto do Dracula de Coppola foi muito bem escolhido, pois até eu próprio usaria esse mesmo exemplo para "puxar a brasa para a minha sardinha", como evidência dos danos mentais causados na população cinéfila em geral, por culpa de uns malandros que enganaram o povo, durante mais de 50 anos, com filmes acelerados a 24 fps. "Ai que giro! O Coppola está a emular/simular o cinema mudo de quando os operadores de câmara não conseguiam dar à manivela da câmera com a velocidade certa, e por isso as películas foram filmadas mal nos anos 1920." Tretas! Grr:-) Os operadores de câmera de 1920 filmarem bem os filmes! Isto mais parece a estupidificação e propagação de erros do "Play it again Sam!" do filme Casablanca.

A boca do Rui Sousa também "puxa a brasa à minha sardinha", quando ele escreve "Mas convido-te a abrires então uma empresa de restauro de filmes, já que sabes tanto do assunto. Até porque se resume tudo a alterar os fps em uploads do YouTube, não é?" Aqui está o gato! :badgrin: É que qualquer miúdo consegue corrigir os frames per second do mais antigo (e sobrevivente) filme português de ficção, tal como eu o fiz, mas se calhar algum malandro (ou idiota com merda na cabeça) em Portugal recebeu algum subsídio do governo português ou de fundos da União Europeia, para fazer asneira e meter o filme acelerado.

Rui Sousa, eu por acaso sei cozinhar, mas podia não saber fazê-lo. No caso de eu não saber cozinhar, imagina que eu ia jantar a um restaurante fino e que o cozinheiro tinha ido à rua raspar caca de cão com uma espátula, que me servia no prato. Eu enquanto cliente que nada sabe sobre culinária, teria direito a protestar e a acusar o cozinheiro de me ter servido uma refeição (literalmente) de merda, por isso desce lá do teu cavalinho e não voltes a usar comigo esse argumento imbecil de quem não for cineasta ter de ficar amordaçado e não poder criticar o óbvio (cozinheiro que foi raspar cocó de cão à rua, para servir no prato ao cliente do restaurante).

É que vocês os dois (Rui Sousa e Samwise) parecem uns fanboys com algum fetiche pessoal por realizadores ou técnicos de cinema, que me fazem lembrar a fim próprio quando eu era adolescente e fanático pela banda Metallica e pelo actor Arnold Schwarzenegger, que não são capazes de reconhecer objectivamente que os realizadores ou técnicos fizeram asneira. Na questão dos filmes mudos acelerados para 24 fps, os realizadores e técnicos de 1920 filmaram os filmes bem às velocidades correctas de 12 ou 18 fps. Não aceito que venha alguém defender o erro deliberado de passarem esses filmes a 24 fps mais tarde, com uma falsa desculpa "artística", porque o motivo nunca foi artístico e sim de mau carácter, vigarice e ganância de ganhar dinheiro, pois os tais 24 fps eram a velocidade do equipamento de projecção existente. Não há nada de artístico aí! Grr:-)
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by Samwise »

Admito, sou fanboy incondicional de realizadores e técnicos de cinema. :badgrin:

José Miguel, por que não vais protestar com quem de direito? Gostaria muito de te ver vociferar e injuriar em pessoa os responsáveis e os técnicos que trataram do restauro deste filme, nos mesmo moldes em que o fazes aqui.
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by JoséMiguel »

Samwise wrote: April 29th, 2018, 9:55 pm Admito, sou fanboy incondicional de realizadores e técnicos de cinema. :badgrin:

José Miguel, por que não vais protestar com quem de direito? Gostaria muito de te ver vociferar e injuriar em pessoa os responsáveis e os técnicos que trataram do restauro deste filme, nos mesmo moldes em que o fazes aqui.
Sam,

Em primeiro lugar, eu sei perfeitamente que tu sabes distinguir entre conversas sobre temas sérios, como no tópico de política (acabei agora mesmo de escrever lá uma resposta onde te mencionei no agradecimento), e estas cagadas, que por nós termos a mesma idade (acho que sou um ano mais novo que tu), falo contigo como se fôssemos miúdos a jogar ao berlinde ou a fazer corridas com carrinhos.

Em segundo lugar, a maioria das pessoas ligadas ao Cinema português, são malta esquisita que vive de cunhas e favores, o cinema português, além de ser muito mau, é uma grande vergonha, que vive de elitismo, preferências e corrupção. Essa malta está-se a cagar para o nosso fórum e para o cinema em geral, eles se quiserem que se inscrevam no DVD Mania e venham aqui responder às minhas bocas.

Em terceiro lugar, tenho todo o gosto em ir a uma taberna falar cara-a-cara com os idiotas que restauraram este filme português (deste tópico) com a velocidade errada e ouvir a explicação deles, explicação essa que seria possivelmente algo do género "Ahh e tal! Deram-nos pouco dinheiro e a gente não queria saber do filme, de modo a que nos estávamos a cagar e criamos o restauro à pressa. Ninguém da equipa teve inteligência para verificar o frame-rate do filme original e por isso ficou uma merda. Temos pena!" Mas para quê eu ir a uma taberna falar com esses gajos incompetentes? Eu não quero perder o meu tempo a debater ideias com idiotas... :lol:
Samwise
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by Samwise »

JoséMiguel wrote: April 29th, 2018, 10:31 pm
Samwise wrote: April 29th, 2018, 9:55 pm Admito, sou fanboy incondicional de realizadores e técnicos de cinema. :badgrin:

José Miguel, por que não vais protestar com quem de direito? Gostaria muito de te ver vociferar e injuriar em pessoa os responsáveis e os técnicos que trataram do restauro deste filme, nos mesmo moldes em que o fazes aqui.
Sam,

Em primeiro lugar, eu sei perfeitamente que tu sabes distinguir entre conversas sobre temas sérios, como no tópico de política (acabei agora mesmo de escrever lá uma resposta onde te mencionei no agradecimento), e estas cagadas, que por nós termos a mesma idade (acho que sou um ano mais novo que tu), falo contigo como se fôssemos miúdos a jogar ao berlinde ou a fazer corridas com carrinhos.
Sim, verdade, sei distinguir entre uma abordagem séria e fundamentada a um assunto e outra que tem credibilidade zero, que a partir de uma premissa fundamentalmente ignorante e desinformada constrói um castelo de cartas, que faz uso recorrente de generalizações grosseiras para espalhar falsidades, e que insulta tudo e todos de forma leviana. Estas são as particularidades mais evidentes da tua participação ao longo deste tópico. Quase que se consegue tocar no ódio cego que tens por estas pessoas.

No limite, José Miguel, tu até podes ter razão (não sei, porque não estou informado), mas não é com esta abordagem lacrimal que convences alguém, e muito menos a mim. A maneira como (não) argumentas só me afasta mais das tuas "conclusões".
Em segundo lugar, a maioria das pessoas ligadas ao Cinema português, são malta esquisita que vive de cunhas e favores, o cinema português, além de ser muito mau, é uma grande vergonha, que vive de elitismo, preferências e corrupção. Essa malta está-se a cagar para o nosso fórum e para o cinema em geral, eles se quiserem que se inscrevam no DVD Mania e venham aqui responder às minhas bocas.
Mais generalizações grosseiras com credibilidade zero.
Em terceiro lugar, tenho todo o gosto em ir a uma taberna falar cara-a-cara com os idiotas que restauraram este filme português (deste tópico) com a velocidade errada e ouvir a explicação deles, explicação essa que seria possivelmente algo do género "Ahh e tal! Deram-nos pouco dinheiro e a gente não queria saber do filme, de modo a que nos estávamos a cagar e criamos o restauro à pressa. Ninguém da equipa teve inteligência para verificar o frame-rate do filme original e por isso ficou uma merda. Temos pena!" Mas para quê eu ir a uma taberna falar com esses gajos incompetentes? Eu não quero perder o meu tempo a debater ideias com idiotas... :lol:
Taberna? Qual taberna? Isso é conversa da treta.

Vai mas é à Cinemateca ver se te instruís um pouco que seja, para não se notar tanto os momento em que não sabes de que é que estás a falar.

Faço-te uma sugestão bem a propósito desta discussão, e poderás aí falar directamente com o pessoal qualificado que entende realmente destas coisas e que está em contacto directo com as fontes originais.

Estão aí filmes dos primórdios do cinema, inclusivamente um exemplo português de 1896.
10/05/2018, 18h30 | Sala Luís de Pina

Ciclo "24 Imagens – Cinema e Fotografia (I)"
Saída do Pessoal Operário da Fábrica Confiança | Filmes do Catálogo Lumière | Das Kino und der Wind und die Photographie – Sieben Kapitel Über Dokumentarische Filme
duração total da projeção: 69 min (aprox.) | M/12

Vestígios do real

SAÍDA DO PESSOAL OPERÁRIO DA FÁBRICA CONFIANÇA
de Aurélio da Paz dos Reis
Portugal, 1896 – 1 min / mudo, sem intertítulos

FILMES DO CATÁLOGO LUMIÈRE
de Louis Lumière, catálogo Lumière
França, 1895-1899 – 13 min (aprox.) / mudos, sem intertítulos

DAS KINO UND DER WIND UND DIE PHOTOGRAPHIE – Sieben Kapitel über dokumentarische Filme
“Cinema e Vento e Fotografia – Sete Capítulos sobre o Documentário”
de Hartmut Bitomsky
Alemanha, 1991 – 55 min / legendado eletronicamente em português

Com SAÍDA DO PESSOAL OPERÁRIO DA FÁBRICA CONFIANÇA, filmado defronte do número 181 da Rua de Santa Catarina no Porto, como réplica de LA SORTIE DE L’ USINE LUMIÈRE À LYON, a sessão parte de imagens pioneiras do cinema português de Aurélio da Paz dos Reis, republicano e fotógrafo. Seguem-se treze vistas cinematográficas do catálogo Lumière filmadas entre 1896 e 1899 e reveladoras da original qualidade do cinema dos irmãos Louis e Auguste Lumière. Hartmut Bitomsky começa “CINEMA E VENTO E FOTOGRAFIA – SETE CAPÍTULOS SOBRE O DOCUMENTÁRIO”, um dos seus filmes-ensaio dos anos noventa que interrogam a História do cinema, com as imagens “da rua do primeiro filme”, nos arredores de Lyon, onde ficava a fábrica de material fotográfico dos irmãos Lumière. O filme percorre matéria visual e sonora cinematográfica em sete capítulos – O Rio; A Vida; A Verdade do Cinema; O Bloco de Mármore; A Torre das Objetivas; Espelhos e Imagens; A Terra. Os filmes Lumière são apresentados em cópias digitais.
http://www.cinemateca.pt/Programacao.as ... 973&page=2
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paupau
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by paupau »

Este e um assunto que faz correr muita tinta em sites como o nitrateville e outros, o framerate de filmes mudos.
Ja comentei um pouco o assunto julgo que no topico do Big Parade, que e um exemplo de um filme que varia o framerate de cena para cena.
O problema nao sao os 12 ou 18 fps, mas casos como os 16fps, que obrigam a duplicacao de frames que causam saltos na imagem que sao impossiveis de contornar.

Atencao: tenho discos na minha colecao con este problema, eu pessoalmente nao consigo notar nada, ha malta que diz que nao consegue ver esses discos aos solucos...

Isto e falhanco da norma BD que nao permite framerates alem dos 24fps. O 4k permite, mas ainda nao saiu nenhum fikne mudo, vamos a ver se elimina este problema.

Nao estou a ver de que restauros se queixa o Jose, todos os discos que tenho nao apresentam esse problema, alguns ate tem mais que uma versao a escolha. Os unicos casos sao o metodo do undercranking para efeito comedico como Chaplin ou Keaton. Cenas filmadas assim originalmente. Havera casos que ja nao existe a informacao do framerate.

Tambem nao compreendo tanta critica a Cinemateca. A prova e o facto do dvd Rino Lupo estar nos nomeados para lancamento do ano pelo Ritrovato, o festival mais importante do mudo, junto com o de S. Francisco. Os discos do Paulo Rocha sao brilhantes, etc, etc.

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rui sousa
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by rui sousa »

JoséMiguel wrote: April 29th, 2018, 9:41 pm Gostei imenso de ler os dois últimos comentários pelo Rui Sousa e Samwise.
Pois, mas não parece que prestaste atenção ao que nós escrevemos, de qualquer maneira...
Em primeiro lugar, eu sei perfeitamente que tu sabes distinguir entre conversas sobre temas sérios, como no tópico de política (acabei agora mesmo de escrever lá uma resposta onde te mencionei no agradecimento), e estas cagadas, que por nós termos a mesma idade (acho que sou um ano mais novo que tu), falo contigo como se fôssemos miúdos a jogar ao berlinde ou a fazer corridas com carrinhos.
"Ok, vamos lá desviar o assunto, que apesar de todos os insultos que eu mandei a entidades cujo trabalho desconheço totalmente, isto afinal é tão importante para mim como os berlindes". Ou já agora, as macacadas!
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