Merry Christmas, Mr. Lawrence (br: Furyo, Em Nome da Honra, pt: Feliz Natal, Mr. Lawrence), também conhecido como Furyo em muitas edições europeias, é um filme de 1983 dirigido por Nagisa Ōshima, produzido por Jeremy Thomas e estrelado Jack Thompson, David Bowie, Tom Conti, Ryuichi Sakamoto, Yuya Uchida, e Takeshi Kitano.
Foi escrito por Oshima e Paul Mayersberg e baseado nas vivências de Laurens van der Post durante a Segunda Guerra Mundial como um prisioneiro de guerra, como retratado em sua obra The Seed and the Sower (1963) and The Night of the New Moon (1970). Sakamoto também compôs a trilha musical e vocal "Forbidden Colours", com David Sylvian, do Japan, e que foi hit em muitos territórios. O filme foi lançado no Festival de Cannes 1983. (Wikipedia)
Não sabia que tinhas criado um tópico para o filme!
Revi-o esta noite, na bela edição DVD da colecção Vintage que saiu há uma década por estas terras lusas.
Vi o filme pela primeira vez em 2016 e fiquei destroçado emocionalmente. Que viagem, tão surpreendente e poética, ao mundo bélico da perspectiva dos prisioneiros e dos seus "donos", cheia de detalhes que nunca iríamos encontrar, de certeza, se a mesma história fosse filmada por um cineasta ocidental. Durante estes dois anos que se passaram, muitas imagens e frases do filme perseguiram-me constantemente.
À segunda visita ao filme renovou-se esse efeito e fiquei atento a outros pormenores muito interessantes. Gosto da intenção de Nagisa Oshima fixar a câmara nas personagens, sem contracampos desnecessários (mesmo se estão a falar com outra personagem), o que intensifica o poder de alguns momentos, como na cena em que Tom Conti e David Bowie recordam as mágoas do passado.
Na época de estreia acredito que muitos críticos americanos tenham torcido o nariz a este filme tão "estranho" por juntar mundos tão distintos. Eu acho que funciona muito bem, e acredito que não há filme que iguale a sensação que este me deixou em ambos os visionamentos.
E se não houvesse coisas boas neste magnífico filme, já valia a pena só por se ver David Bowie a dizer: "I wish I could sing".
rui sousa wrote: ↑December 19th, 2018, 1:24 am
Não sabia que tinhas criado um tópico para o filme!
Revi-o esta noite, na bela edição DVD da colecção Vintage que saiu há uma década por estas terras lusas.
Vi o filme pela primeira vez em 2016 e fiquei destroçado emocionalmente. Que viagem, tão surpreendente e poética, ao mundo bélico da perspectiva dos prisioneiros e dos seus "donos", cheia de detalhes que nunca iríamos encontrar, de certeza, se a mesma história fosse filmada por um cineasta ocidental. Durante estes dois anos que se passaram, muitas imagens e frases do filme perseguiram-me constantemente.
À segunda visita ao filme renovou-se esse efeito e fiquei atento a outros pormenores muito interessantes. Gosto da intenção de Nagisa Oshima fixar a câmara nas personagens, sem contracampos desnecessários (mesmo se estão a falar com outra personagem), o que intensifica o poder de alguns momentos, como na cena em que Tom Conti e David Bowie recordam as mágoas do passado.
Na época de estreia acredito que muitos críticos americanos tenham torcido o nariz a este filme tão "estranho" por juntar mundos tão distintos. Eu acho que funciona muito bem, e acredito que não há filme que iguale a sensação que este me deixou em ambos os visionamentos.
E se não houvesse coisas boas neste magnífico filme, já valia a pena só por se ver David Bowie a dizer: "I wish I could sing".
Aconselho-te o filme "King Rat", já discutido no forum:
Épico intimista em contexto de guerra, sem ter que recorrer a cenas de acção grandiloquentes ou aos inúmeros clichés que por vezes inquinam este tipo de história. Adorei tudo e deixou-me muito sensibilizado (a fotografia, os enquadramentos, a já mítica banda-sonora, as interpretações, tudo), principalmente no segmento das evocações nostálgicas.
Apetece-me dizer, simbolicamente, que é um "teatro de guerra", no sentido em que se nota uma respiração teatral na mise-en-scène, nas interações e nos diálogos. Um filme sobre a irredutibilidade do factor humano mesmo em cenário adverso, sobre o ultrapassar das barreiras que nos separam. Objecto cinematográfico lindo, tocante, de envolvente sensibilidade.
José, já viste o "King Rat" que eu linkei no final da mensagem anterior à tua?
É da mesma onda, mas bastante superior a este, como facada na alma. Por causa do "King Rat", ainda hoje penso sempre no filme de cada vez que frito ovos estrelados, e dou imenso valor a um ovo estrelado.
É um efeito parecido com a batata cozida do "Pianista" de Polansky, a que passei a dar valor sempre que como.
JoséMiguel wrote: ↑April 2nd, 2020, 9:22 am
José, já viste o "King Rat" que eu linkei no final da mensagem anterior à tua?
É da mesma onda, mas bastante superior a este, como facada na alma. Por causa do "King Rat", ainda hoje penso sempre no filme de cada vez que frito ovos estrelados, e dou imenso valor a um ovo estrelado.
É um efeito parecido com a batata cozida do "Pianista" de Polansky, a que passei a dar valor sempre que como.
JoséMiguel, obrigado pela sugestão e chamada de atenção. Ainda não vi, não...