Samwise wrote: ↑April 17th, 2020, 9:47 am
Na vertente religiosa, o percurso do Paul até chegar a messias (com toda a questão das profecias e da substsância sagrada que só o escolhido poderia beber) está bem presente na obra do Herbert - e sei que boa uma parte de outra faceta religiosa tem muito pouco peso no filme - a ver com a contextualização de tudo o que vem do passado, de século e séculos de história, mais para o lado do culto Bene Gesserit. Alías, o segundo capítulo da saga em livro tem mesmo por título
Dune Messiah.
Não me recordo já bem de como compara livro e filme, mas na altura vi o filme logo a seguir a ter lido o primeiro livro e as lacunas eram imensas - só na parte visual é que encontrei algum "inovação" do Lynch em relação ao livro - tudo o resto foi a subtrair.
Mas tenho de ir fazer uma "revisão à matéria" para poder ser concreto.
E eu tenho de ir fazer uma revisão aos livros!
Sinceramente, na minha primeira visualização, o Dune do David Lynch, não me "caiu no goto" como posteriormente, quando o revi. Atribuí-lhe muitos dos defeitos que lhe vejo serem apontados... A confusão na narrativa, com muitos personagens e pouco desenvolvimento, aliado a uma fugaz descrição do universo em que a história se desenvolve... partes do filme muito apressadas, principalmente a central em que o Paul encontra os Fremen e os lidera a sucessivas vitórias em batalhas...
Já não me recordo se a segunda visualização do filme foi antes ou depois de ter lido os livros, mas seja como for, já não me senti perdido como na primeira vez e pude desfrutar de muitos aspectos que ainda hoje adoro e estão bem presentes na minha memória, como a interpretação dos personagens, os visuais "barrocos" como bem aqui foram descritos, a banda sonora que entretanto comprei em CD e ouvi inúmeras vezes...
Se vires a compilação de cenas que publiquei acima e que está muito bem conseguida, verás que são mesmo muitas as cenas que tem uma força que leva a que fiquem bem presentes na nossa memória.
E os actores que vestiram a pele aos personagens, entraram tão bem no seu papel, que as duas mini séries televisivas que vi posteriormente me pareceram muito insípidas, não tendo os desempenhos o carisma do dos actores do filme.
Desculpa-me o exagero, mas é quase como se agora víssemos um remake do Godfather e, qualidade artística dos filmes à parte, nos deparássemos com um outro actor a desempenhar o papel do Don Corleone... Já está tão presente no nosso imaginário a figura e a voz do Marlon Brando que qualquer actor, por muito bom que fosse, iria sempre perder em comparação...
Aliás, com o Dune e o Godfather aconteceu-me o mesmo, ou seja, eu vi primeiro os filmes e depois li o(s) livro(s) e quando os li, já não imaginei visuais nem personagens, mas decalquei os que já me eram familiares... Por esse motivo também, os filmes e os livros ficaram indissociáveis na minha memória, constituindo os livros quase que uma edição estendida dos filmes.
Se revires o Dune do David Lynch (acho que é a altura certa para o fazeres!
) e uma vez que já vais para o visionamento com a consciência das suas falhas, vem aqui depois dizer se a tua impressão sobre ele melhorou!