Ludovico wrote:
(...) foi uma DESILUSÃO ENORME...
(---)Scorsese FALHA novamente (...)
nota:7/10
E mesmo assim dás um 7/10?... É capaz de não ter sido assim tão mau...
Ainda não vi o filme, sinceramente não o verei tão cedo.
Gosto de Cinema sobretudo numa vertente de entretenimento, e apesar do Martin ser um dos meus realizadores preferidos, fujo de filmes que sei que me vão fazer sentir mal, pelo que não tenho qualquer intenção de ver este nos tempos mais próximos...
Não tenho pachorra para um texto dessa natureza, acho que uma das virtudes do filme é ser algo mais que uma filme cristão, desses há toda uma corrente, e não me parece que fosse essa a intenção de Scorsese. Aliás, acho que tem algo de biográfico, quando vemos docs em que se refere à convivência na sua juventude entre a igreja (acho que era acólito) e a atração dos gangs que via no seu bairro. Esta dualidade atravessou toda a sua vida e a base desta história passa muito por aí também.
Além de Bergman, parece-me que também há temáticas de Antonioni neste filme, um protagonista alienado da sociedade em que está inserido. Embora separados por vários séculos, existe uma viagem espiritual de auto descoberta e uma aura de isolamento existencial entre os vários protagonistas. Não sei se isto faz sentido, pois estes jesuítas têm um foco na sua missão que é diferente dos meandros em que se perdem as personagens de Antonioni.
Preciso de rever quando puder a versão do Shinoda que tenho ideia de ser uma besta bastante diferente, esta questão da apostasia não me parece tão central.
Ludovico, espero que desenvolvas um pouco o que não te agradou no filme.
O filme é muito bom, tem uma cena que o inquisidor parece uma cobra quando parece recolher os músculos, Issei Ogata deveria estar concorrendo a todos prêmios de ator coadjuvante, afinal não foi apenas o Oscar que esqueceu dele, do que vi até agora no ano foi a maior injustiça, nem ano passado se passou uma atuação tão boa.
Gostei bastante, mas depois de meterem isto como aquele projecto especial que o Scorsese tinha em espera há 30 anos, pensei que iria encontrar uma obra-de-arte como aquelas que já as fez no passado. Este foi bastante bom, sem dúvida, mas não me bateu tanto como esperava.
É certo que é introspectivo, tem um conflito bem gerado entre a religião e aquilo que é realmente acreditar em algo, usa a metáfora do silêncio de uma maneira simples mas muito bem tratada e vai sempre connosco nesta viagem louca, no entanto, faltou ali algo mais. Algo mais profundo, com novas temáticas para explorar sem baterem sempre nas mesmas, onde por vezes dá sensação que nos querem enfiar pela garganta abaixo todo aquele conflito sem dó nem piedade. Contudo, e daquilo que absorvi e interpretei, acaba sempre por ser uma bela experiência sensorial mas que o potencial pela frente era muito mais.
Um aspecto que adorei e aqui já não é propriamente uma novidade vindo de quem vem, é a qualidade técnica do filme onde o seu auge é mesmo a naturalidade da acção. Sente-se uma completa imersão naquela época, toda a beleza paisagística em contraste com os horrores que se iam vivendo foram excelentes.
Vi o filme hoje e amei, é simplesmente uma obra-prima, e eu não uso essa palavra frequentemente em relação a filmes. Não consigo apontar um só defeito ao filme, do inicio ao fim tudo bem, os atores, o guião, o ambiente criado... confesso que me custou a vê-lo por causa das cenas de tortura (e talvez por isso tenha adiado a visualização do filme), são cenas que eu detesto e me fazem muita confusão, mas neste filme elas eram essenciais e o Scorcese não foi gratuito.
O Andrew Garfield esteve muito bem mesmo.
Este sim vai ser um filme que vai marcar o cinema, e quem o vê (independentemente de ter ou não religião, é um filme extremamente humano e vai além dessa questão).
É capaz de não ter sido assim tão mau... 
