Bacalaureat (2016) - Cristian Mungiu

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Bacalaureat (2016) - Cristian Mungiu

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Sinopse:
"ha elaborado una paciente y conmovedora historia sobre los horrores del poder organizado, particularmente cuando son infligidos a mujeres jóvenes. Vlad Ivanov, Maria-Victoria Dragus, Adrian Titieni y Lia Bugnar encabezan el reparto".

Titulo internacional: Graduation
Realizador e Escritor: Cristian Mungiu
País de Origem: Romênia
Gênero: Drama

Título Internacional: Graduation
http://www.imdb.com/title/tt4936450/



Estréia: Festival de Cannes, depois de 20 de maio na Romênia.
Last edited by drakes on May 24th, 2016, 10:24 pm, edited 1 time in total.
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Re: Bacalaureat (2016) - Cristian Mungiu

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"a categoria de melhor direção, os jurados presididos pelo cineasta australiano George Miller optaram por um empate entre dois realizadores de estéticas radicalmente distintas. Ganharam o romeno Cristian Mungiu, pelo drama de timbre sociológico Graduation, e o francês Olivier Assayas, por Personal Shopper, um filme de fantasmas com Kristen Stewart".

https://omelete.uol.com.br/filmes/notic ... encedores/
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Re: Bacalaureat (2016) - Cristian Mungiu

Post by drakes »

t’s interesting to see just how much of a hot topic the subject of social, economic and psychological corruption, and the choices and reactions it stirs in individuals, is in the Official Selection of this year’s 69th Cannes Film Festival. But unlike, for example, Kleber Mendonça Filho or the Dardenne brothers, who broach it through the guise of resistance, or Bruno Dumont who opts for a gallery of distorting mirrors, with Graduation [+], Romanian filmmaker Cristian Mungiu, an expert in analysing reality, brings us a brilliant dissection of the chain of events triggered by an immoral decision made out of parental love in an environment dominated by a culture of returning favours and services rendered. Skilfully slotting together the points of view of a man, a small family unit and a country, the director wraps the entire film in majestic direction with which he demonstrates his multiple skills (in the science of atmosphere and suggestion, his impeccable direction of actors, exceptional framing, nipped with mystery and the sense of an invisible threat, etc.). Having already won a Palme d’Or (in 2007 with 4 Months, 3 Weeks and 2 Days [+]), the director is clearly up to the job of winning a second, which could nonetheless make his heightened awareness of his talent, which bordered on arrogance at the screening, worse. A little flush of pride that is nevertheless understandable given that what came before it is meticulous and takes its cue from the common and ordinary ground of the contemporary individual.

http://cineuropa.org/ff.aspx?t=ffocusar ... did=309702
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Re: Bacalaureat (2016) - Cristian Mungiu

Post by drakes »

Título em Portugal: O Exame.
Estréia em Portugal: 24 de novembro de 2016


Sinopse 2:
Romeo, médico numa pequena aldeia da Transilvânia, sempre fez tudo para que a sua filha Eliza pudesse estudar no estrangeiro quando terminasse o ensino secundário. O seu sonho está prestes a concretizar-se: Eliza ganhou uma bolsa para estudar psicologia numa universidade inglesa. Para isso, só precisa de passar nos exames finais com boas notas.

Um dia antes do primeiro exame, Eliza sofre um ataque que coloca em risco o seu futuro. Romeo tem de resolver a situação, mas nenhuma das soluções passa por usar os princípios que ele, enquanto pai, transmitiu à sua filha.
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Re: Bacalaureat (2016) - Cristian Mungiu

Post by waltsouza »

«Bacalaureat» (O Exame) por Hugo Gomes

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O Exame é indiscutivelmente um filme de Cristian Mungiu, nota-se a "léguas", desde o seu vincando realismo inserido em longos takes até ao gradual desafio em que as suas personagens são submetidas nas mais drásticas situações, passando por uma atmosfera rodeada por fantasmas oriundos dos tempos de Ceauseascu.

O realizador romeno, um dos braços fortes da sua Vaga Cinematográfica que tido cada vez mais presença nos festivais mundiais, é um homem sob um constante olhar para a condição humana, o encarando como um entusiasmante retrato da vida mundana. Os seus "heróis" não são mais que meros mortais, prevalecidos por seus atos involuntários e pela natureza que os rodeia e que os obriga a camuflar. Neste mesmo Cinema, não existe maniqueísmo, somente personagens sem passado definido e muito mais, sem futuro à vista do espectador.

Em O Exame, o retrato segue ao encontro dos limites da paternidade, da educação que damos aos nossos "rebentos", o mundo idealizado que queremos os inserir. Porém, a realidade é mais violenta e "suja" que essa mesma idealização, e a inadaptação é o que espera a esta geração iludida. A jornada de um pai para preservar o futuro pretendido para a sua filha, o leva para os cantos mais obscuros e psicanalistas da consciência moral. Aliás, não existe o certo nem o errado, somente escolhas, aquelas decisões que agimos sem pensar em um momento que seja.

Será a corrupção uma característica mais que natural do ser humano do que a imagem que o moralismo social nos quer fazer acreditar? Cristian Mungiu consegue um forte drama ambíguo, envolvido numa melancolia cautelosa, até porque esta Roménia ainda é conduzida por espetros, as vivências de tempos negros, aquela "prometida" Idade do Ouro. Como veiculo emocional (ou não) deste O Exame, está Adrian Titieni, uma das caras mais reconhecidas do cinema romeno recente, o qual tem vindo a provar estofo para exercer o papel de anti-herói em sociedades replicadas à nossa.

Não sendo a melhor obra da Cristian Mungiu, este é um filme certamente para ver e refletir, sem a imperatividade do sentimento manipulado.

Nota: *** 1/2 em *****

http://www.c7nema.net/critica/item/4581 ... gomes.html
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Re: Bacalaureat (2016) - Cristian Mungiu

Post by drakes »

O filme é retrato de um homem comum em um país onde existe a corrupção sistêmica e tudo pode ser resolvido por "jeitinho", além dos limites da paternidade, da educação que damos aos filhos, existe o desencanto que um país, a falta de perceptiva que aparece também em "mil e uma noites" do Miguel Gomes que muitas vezes levam a pessoas a tomar ações contra as suas convicções.

As atuações de Maria-Victoria Dragus (filha) e Adrian Titieni são marcantes. A diferença marcante de cultura é que lá (Romênia) parece que eles sentem incomodados com o "jeitinho" quando é para lhes ajudar.
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Re: Bacalaureat (2016) - Cristian Mungiu

Post by Samwise »

drakes wrote:O filme é retrato de um homem comum em um país onde existe a corrupção sistêmica e tudo pode ser resolvido por "jeitinho", além dos limites da paternidade, da educação que damos aos filhos, existe o desencanto que um país, a falta de perceptiva que aparece também em "mil e uma noites" do Miguel Gomes que muitas vezes levam a pessoas a tomar ações contra as suas convicções.

As atuações de Maria-Victoria Dragus (filha) e Adrian Titieni são marcantes. A diferença marcante de cultura é que lá (Romênia) parece que eles sentem incomodados com o "jeitinho" quando é para lhes ajudar.
Drakes, como assim? Diferença marcante em que situação em concreto, e entre que países/culturas?
«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.

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Re: Bacalaureat (2016) - Cristian Mungiu

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Samwise wrote:
drakes wrote:O filme é retrato de um homem comum em um país onde existe a corrupção sistêmica e tudo pode ser resolvido por "jeitinho", além dos limites da paternidade, da educação que damos aos filhos, existe o desencanto que um país, a falta de perceptiva que aparece também em "mil e uma noites" do Miguel Gomes que muitas vezes levam a pessoas a tomar ações contra as suas convicções.

As atuações de Maria-Victoria Dragus (filha) e Adrian Titieni são marcantes. A diferença marcante de cultura é que lá (Romênia) parece que eles sentem incomodados com o "jeitinho" quando é para lhes ajudar.
Drakes, como assim? Diferença marcante em que situação em concreto, e entre que países/culturas?
Samwise, cansei de ver coisa bem pior que aumentar um ponto para uma menina ganhar uma bolsa e ninguém se sente envergonhado, telefonar e pedir para "ver o que pode fazer com carinho", bem tem duas notícias dessa "cultura" aka:

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016 ... obra.shtml
http://viatrolebus.com.br/2015/09/ciclo ... iz-jornal/

Antes de assistir o filme tinha me deparado com o texto abaixo, se eu não tive problemas de interpretação de texto, acredito que o texto demostra que "jeitinho" é mais importante que a punição:

- Como a tragédia se repete como farsa (Karl Marx), preciso voltar no tempo, para ilustrar uma farsa atual. Recebi de um superintendente da Polícia Federal a missão de investigar um servidor do extinto INPS (Instituto Nacional de Previdência Social), que estaria furtando gasolina da instituição. Esqueci a pessoa e segui o manual da PF: investigar fatos e, se verdadeiros, buscar provas e autoria (se possível). Bem diferente do que fazem com Lula, pois primeiro acusam, difamam, insuflam o ódio popular e depois saem correndo à procura de pedalinhos, tríplex, pixulex, denorex, jontex, iodex...

Iniciei o trabalho solicitando planilhas com entrada e saída de viaturas, volume de abastecimento, registros de hodômetros. Se a quilometragem percorrida não fosse compatível com o consumo de gasolina, certamente alguém dela se apropriara. Passo seguinte seria descobrir esse alguém. Mas, logo de início vi que até a cúpula do INSS furtava gasolina. Então, o superintendente da PF me chamou para conversar. Disse-me que não era “pra fazer carnaval, pois era só pra dar um susto”. Criado o mal estar me colocaram numa salinha com uma placa “Adido ao Gabinete” – local conhecido na PF como corredor (na Polícia Civil chamam NASA)...

Não sei se avisaram o juiz Sérgio Moro que “era só pra dar uma susto” cont. mas, não tem importância.
http://jornalggn.com.br/noticia/moro-um ... oelho-neto

Samwise, ele faz a investigação descobre vários furtando a Previdência Social (INSS é o instituto que cuida das pensões e aposentadorias), dá um "susto" em um deles, e com seu exemplo de cumpridor do dever em site aberto ataca um juiz e promotores que estão prendendo quem rouba, e não dá susto, os romenos do filme mesmo o que nitidamente usa o cargo não chega nem perto disso,
tanto que no Brasil não é crime o que ele fez, por que só ocorreram os atos preparatórios e não foi consumado, já que a menina prefere não usar o código
A presidente deposta do Brasil saiu no Braço literalmente quando era Ministra com outra companheira que aceitou o parecer técnico negando a construção de Belo Monte, quando retiraram a desafeta, colocaram um superintendente que liberou a obra, é um cara competente como a notícia demostra:

http://dc.clicrbs.com.br/sc/noticias/no ... 78705.html

È de cultura ou país, eu vejo como país, por que é o medo de ser punido que leva as pessoas a temerem comportamentos fora da lei, mesmo se pego e nada ocorre por causa das instituições fracas, acontece como na Itália diz que é perseguição política ou cruzada moralista.
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Re: Bacalaureat (2016) - Cristian Mungiu

Post by Samwise »

Ok, mesmo considerando a questão cultural, estamos a falar de escalas diferentes de delitos, e também de operadores com poder em cargos públicos bem diferentes em termos de importância/abrangência social.

A minha questão era perceber se do ponto de vista moral haveria diferença cultural/social entre o Brasil de a Romênia (em termos pessoais, isso variará sempre de pessoa para pessoa: há quem se sinta mal por tentar subverter o sistema através da corrupção, e há quem durma que nem um bebé), a ponto de um processo como o apresentado no filme, e relativamente light na "ofensa", ser "bem aceite" enquanto prática social aí no Brasil (independentemente se o processo é levado a cabo até ou fim ou não.

Eu considero que é sempre moralmente errado usar factores externos à lei de modo a favorecer alguém que à partida não mereceria esse favorecimento, colocando assim de fora quem em primeiro lugar estaria considerado.

E claro que há diferentes níveis de gravidade, de abuso e de aproveitamento.
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Re: Bacalaureat (2016) - Cristian Mungiu

Post by drakes »

Samwise wrote:Ok, mesmo considerando a questão cultural, estamos a falar de escalas diferentes de delitos, e também de operadores com poder em cargos públicos bem diferentes em termos de importância/abrangência social.

A minha questão era perceber se do ponto de vista moral haveria diferença cultural/social entre o Brasil de a Romênia (em termos pessoais, isso variará sempre de pessoa para pessoa: há quem se sinta mal por tentar subverter o sistema através da corrupção, e há quem durma que nem um bebé), a ponto de um processo como o apresentado no filme, e relativamente light na "ofensa", ser "bem aceite" enquanto prática social aí no Brasil (independentemente se o processo é levado a cabo até ou fim ou não.

Eu considero que é sempre moralmente errado usar factores externos à lei de modo a favorecer alguém que à partida não mereceria esse favorecimento, colocando assim de fora quem em primeiro lugar estaria considerado.

E claro que há diferentes níveis de gravidade, de abuso e de aproveitamento.
A abrangência eu preferi maior, por que são casos públicos, mas na minha vida privada vi coisas bem pior que o filme, em um bate papo com um colega e seu amigo, e do nada o japonês falou que cobrou tanto para engessar um paciente sendo que isso era em hospital público e o rapaz era estagiário, infelizmente só foi daí para baixo.

Colocando as pessoas do filme no Brasil, socialmente um médico como ele seria um cara que ganha bem, o funcionário da receita/ alfandega idem, e os professores uma miséria, já que aqui se paga bem apenas nas Universidades Públicas, atualmente com os vários problemas que existe muito se arrependem no passado de serem honestos, e aí entra o filme, vice-prefeito com muitos contatos como no filme, tem mais de 3 milhões de euros brincando (só procurar o n. de prefeitos, vice e vereadores presos via google e os valores)...e ele nunca iria dar dinheiro, ele ia exigir internação e ponto, normalmente são arrogantes quando precisam de algo, é como as autoridades russas em Leviatã (só que sem a violência).

Diferente de Angola/Moçambique, lá existe a ideia de subverter através da corrupção por causa da luta colonial recente tem até um filme do Lazaro Ramos sobre isso (O Grande Kilapy), no Brasil quem faz ou prevalece o direito natural ou as coisas são assim ou não vejo problema ou faz parte do meu cargo, o que se vê que a áreas técnicas normalmente negam, mas no fim se dá jeito.

O que eu vejo e nisso dá para identificar com o filme, o Cristian Mungiu que é o cansaço de ver tanta coisa errada e chega em determinado momento que sucumbe, o pai não é um moralista, ele trilha um caminho dentro da ética pessoal, mas com tudo desmoronando, inclusive o casamento, ele começa a se perder até ficar agressivo, no filme resta-lhe apenas o sonho da filha ir para Inglaterra aka deve ser para Miami.

No fim, eu concordo inteiramente, Samwise:
"Eu considero que é sempre moralmente errado usar factores externos à lei de modo a favorecer alguém que à partida não mereceria esse favorecimento, colocando assim de fora quem em primeiro lugar estaria considerado.

E claro que há diferentes níveis de gravidade, de abuso e de aproveitamento".

Olhando dois filmes do leste europeu, eu enxergo o Brasil como uma versão intermediária entre Durak e Bacalaureat.
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Re: Bacalaureat (2016) - Cristian Mungiu

Post by nimzabo »

Acabei de ver. Belo filme.
Filmes sobre corrupção é no leste europeu.
https://www.rottentomatoes.com/m/graduation_2017
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