Sicario: Day of the Soldado (2018) - Stefano Sollima

[Samwise]

Apesar de considerar que a Emily foi a peça central no primeiro filme (pelo menos porque faz a união entre as parte envolvidas - pessoas e "instituições"), não dei pela falta dela neste segundo volume. Considero que o argumento contorna muito bem essa eventual "saudade".

Acho que é um filme violento como poucos hoje em dia, capaz de incomodar numa vertente que se diria que já nos anestesiou a todos através da regularidade e vulgarização a que somos expostos a certo tipo de acontecimentos, não só no cinema, como na comunicação social em geral. Apesar de achar que certas opções no argumento são bastante esticadas em termos de credibilidade, não é todos os dias que vemos terroristas a explodir "ao vivo" em sequências de cinema, só para dar um exemplo.

A violência já era bastante incomodativa no primeiro, diria, não só a física, mais "directa" que se observava nas sequências de acção, mas também a psicológica: o clima instalado de constante perigo e ameaça generalizada. Este segundo capítulo, a meu ver, consegue amentar essa sensação de incómodo até um nível quase insuportável. E declaradamente todas as "componentes técnicas" foram apuradas para gerar esse resultado - a música com algum destaque.

São filmes algo diferentes e não sei qual prefiro.

[Rui Santos]

Ando a ficar curioso de o ver sem dúvida depois de ler estas vossas opiniões.

A violência, desde que não gratuita não me incomoda... Antes isso que o dourar da pílula tão típico dos dias de hoje.

[drakes]

Assisti agora em tela pequena, é mais fraco que o primeiro por que falta aquela violência psicológica, esse é um filme mais de ação que funciona melhor no cinema até pelas as cenas de tiroteio serem ótimas, daria a nota do imdb 7,1.

[Rui Santos]

O primeiro faz uma gestão que o Villeneuve pelos poucos filmes que vi dele faz... gerem o silencio... e deixa o espectador pensar e concluir sem que nada seja dito, isso é válido no Arrival, Blade Runner e Sicário que vi dele.

É raro os realizadores/argumentistas de hoje em dia se darem a esse luxo... muito menos num filme tipo Sicário.

Ainda assim, irei possivelmente comprar.

[Samwise]

O argumentista é o mesmo nos dois, o Taylor Sheridan, que começa a firmar a sua marca através de uma série de obras que têm tido reconhecimento crítico. Já fez (escrita e realização) uma série e tudo...

Ainda não estou completamente rendido ao seu trabalho (que tem obedecido a determinados padrões de "estudo social") por conta principalmente de algumas sequências de tiroteio. Independentemente de estarem "bem" realizadas, e de serem tensas e violentíssimas, parecem-se por vezes muito inverosímeis. Há uma neste segundo Sicario, e há uma no Wind River (que acho completamente ridícula). Também acho que em determinados momentos, as histórias que escreve tratam com alguma ligeireza as questões raciais (porque se passam em regiões fronteiriças, ou perto de reservas "indígenas"). Ela aparenta querer ter uma voz activa de denúncia perante os estragos e as imposições forçadas que os americanos provocam sobre índios e mexicanos, mas não me agrada a forma como o faz. Introduz os problemas, e vai "falando sobre eles", mas não os aprofunda e não vai mesmo aos pontos de ruptura.

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Este segundo Sicario é mais "barulhento" do que o primeiro e de facto não tem essa "delicadeza" com a gestão do(s) silêncio(s) como tem o primeiro. É um filme diferente...

[PanterA]

Parece-me que quiseram forçar mesmo bastante a sequela em algo que não conseguiram tirar o partido daquilo que tinham criado. Principalmente da personagem do Del Tolo que houve ali um retrocesso e pouco aproveitamento de alguém que podia carregar o filme ás costas se fosse necessário. E depois claro, nem todos são Roger Deakins e isso notou-se claramente na fotografia onde tentaram replicar alguns shots e vertentes técnicas mas sem aquela pincelada de quem sabe. De qualquer das maneiras e no fundo acaba por ser um filme competente, ainda de realçar a banda sonora muito boa, e não se dá o tempo por perdido.

7/10