O "regresso do cinema à moda antiga" ou...
A rodagem "infernal" de
The Revenant / O Renascido
Das queixas dos que participaram nesta produção iniciada com um orçamento de 84,4 milhões de euros e que segundo se diz terá
derrapado para os 120 milhões. Os que abandonaram esse inferno por vontade própria ou que foram despedidos antes do final da rodagem.
Historias que falam de hipotermia e sacrifícios desnecessários que fizeram com que Iñárritu tenha saído da sala de montagem, onde gosta
de estar "entretido", para se defender.
O jornal espanhol
"El País" faz agora eco dessa resposta aos tais "rumores" sobre as condições difíceis (extremas) vividas pela
equipa e pelo elenco especialmente durante a rodagem dos exteriores nas montanhas geladas de Calgary-Canadá
e na Patagónia-Argentina sob a direção inflexível do exigente realizador mexicano conhecido como "el negro".
"Sabíamos que estávamos a embarcar numa aventura que nos poria à prova até quase ao limite e assim foi. Houve momentos em que o clima estava tão agreste que chegamos a perder o controlo. O tempo castigou-nos duramente posso garantir que não teve mesmo nada a ver com uma rodagem em estúdio" afirmou ironicamente Alejandro. "Porque esta não é apenas uma história de sobrevivência ou de vingança, é principalmente sobre a luta interior de um homem e o seu desejo de continuar a viver mesmo depois de já ter perdido tudo", explica aquele que é uma das maiores "estrelas" da actualidade em Hollywood.
E é ainda nessa linha que Iñárritu prossegue quando justifica o seu interesse por uma historia que grande parte dos americanos
desconhecerá: “Não é um western porque o oeste ainda não tinha sido colonizado, nem tão pouco se procurava ouro, foi bem antes. Corria o ano de 1823, uma altura em que no território americano "convivia" uma estranha amalgama de espanhóis, mexicanos que tinham acabado de se tornarem independentes e índios, e onde as peles eram a moeda de troca”.
O início de uma América que se quer afirmar como potência comercial e onde o capitalismo tal como o conhecemos hoje em dia se começa a
implantar numa sociedade que consome mais do que necessita e onde uma maioria trabalha como escravo sem todavia o ser.
Conversando um pouco com Alejandro González Iñárritu comprovamos facilmente que lhe agradam os grandes desafios, ou "odisseias" como lhe
chama. Até onde pode chegar um ser humano e o seu desejo de sobreviver ou até onde pode chegar um realizador em Hollywood.
“Pensem num hibrido entre John Ford e Tarkovsky”, brinca novamente DiCaprio para "provocar" o seu novo "irmão".
Gosto de quebrar regras afirma o mexicano.
Tudo isto vem ao encontro do que relata o director de fotografia Emmanuel Chivo Lubezki, quando teve que rodar quase exclusivamente com luz
natural. “Como poderia utilizar luz artificial em locais tão remotos e de difícil acesso? "Estava decidido a por em prática o que tinha
aprendido com
Birdman, uma fluidez que tentei concretizar fazendo poucas tomas e às horas mais favoráveis, sob temperaturas extremas (por vezes a 30 graus negativos), fortes ventos e escasso tempo de luz de dia, quase sempre no limite do fracasso!
"E que me dizes desta barba de ano e meio? Hoje deu-me finalmente o ok para me poder barbear", brinca DiCaprio acerca da sua própria
odisseia enquanto ele e Iñárritu dão "passas", alternadamente, nos seus cigarros "eletrónicos", cúmplices até na forma de satisfazerem o vício
por nicotina...
Hummm... isto promete!