Passada a euforia, parece ser agora um bom momento para reflectir no impacto do
Roma no universo cinematográfico. (Oopps!)
Sim, pessoalmente considero o
Roma uma obra notável em termos artísticos mas não só, é também um marco no que refere ao litígio entre os que o veêm com algum "desprezo" por ter sido financiado por uma plataforma de
streaming e não por um grande estúdio tradicional (já não existem tradições
) ou por ser falado em espanhol, por ser a PB ...e os que o aceitam tal qual nos foi apresentado (via VOD/streaming principalmente). Ou seja, o triunfo (uma lista impressionante de prémios e nomeações
https://www.imdb.com/title/tt6155172/awards e excelente aceitação por parte de uma significativa "plateia" desejosa de mais cinema de autor com "projecção" global atesta-o bem) da aposta de Cuarón ao apoiar(-se) (n)a Netflix confrontando o clã do prestigiado festival de Cannes marca uma viragem definitiva (perfeitamente válida) na forma de "consumir" conteúdos cinematográficos (ver cinema)... Claro que irá continuar a haver cinema de sala mas tudo está mudar e com a chegada do standard HD aos "lares" será cada vez mais o número de clientes de
streaming (eu ainda resisto) e isso, a meu ver, não retira qualquer valor a essa forma de expressão artística... como acharão os senhores de Cannes. Com nomes de prestigio a apoia-lo o
streaming veio para ficar... goste-se ou não.
Retomando o Cinema de Sala (e como disse acima) acho que poderá coexistir com esta nova forma de distribuição por só nas salas ser possível a implantação de tecnologias envolventes tipo 4dx, IMAX, etc bastante apelativas para as novas gerações; (é giro mas não lhes atribuo grande valor) e nessa perspectiva penso que continuará haver público disposto a pagar para experimentar essas emoções. Mas também certamente que continuarão a existir projecções de filmes em película quanto mais não seja em meios mais dedicados à preservação do património (cultural) cinematográfico... um pouco à margem do lucro, espero eu. É certo que o cinema em sala já viu melhores dias (e sofreu grandes abanões: a televisão o Home vídeo os Multiplex) no entanto continua a atrair bastante gente ( vão a uma sessão das 23h ao Corte Inglês, Colombo, Cascais Shopping ao fim de semana sem antes terem garantido os vossos bilhetinhos e logo verão...
)
As edições
Home em formato físico, apesar do crescimento do VOD/Streaming também continuarão, possivelmente mais "globalizadas" para sobreviverem (é possível e desejável o desaparecimento dessa aberração da "regiões /zona" ou lá o que é essa merd@ e isso parece-me essencial) mas a sua implantação acontece de uma forma mais lenta do que a mudança anterior (do VHS para o DVD) o Blu Ray vai-se impondo... o BD4K chegou talvez cedo demais ...
O grande tropeção aqui (Home Cinema) foi que as previsões de crescimento/massificação do primeiro formato HD falharam... não só em Portugal mas num número significativo de países não houve adesão ao
upgrade do DVD para o BD e o crescimento da pirataria (a velocidade da rede permite sacar um Remux num par de horas e os gravadores
Blu ray estão à distância de uns
cliks) também poderá ter contribuído...
Afinal os livros em papel também tiveram a sua morte anunciada (primeiro pelos
audio books e depois pelos
e-books) e todavia... continuam a "mover-se"
já não com a pujança de outros tempos, infelizmente
mas adaptaram-se (tal com a rádio...)
Para fechar este desabafo uma previsão sobre a evolução e o futuro do cinema feita por mestre Spielberg
https://www.pirelli.com/global/en-ww/li ... -spielberg
Pronto, já desabafei e agora vou tomar o comprimido.