Morreu Robin Williams

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p_alucinado
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Re: Morreu Robin Williams

Post by p_alucinado »

Existe também uma frase famosíssima do Robbie Williams (o cantor) que, já sóbrio, afirma: "Nunca fui tão magnificamente feliz como quando estava sob o efeito da cocaína".

Ora bem, o que eu quero aqui fazer não é um apelo ao uso de drogas ou ao suicídio, muito pelo contrário. O que quero dizer é que estamos a ver só o preto e o branco e a vida é muito mais do que isso, meu caro. Quem me diz a mim que o Van Damme era mais feliz antes de Hollywood? Já lhe perguntaram se preferia a vida que tinha antes? O facto de se viver uma vida de "sexo, drogas e rock 'n roll" é menos digno do que viver uma vida de desporto, saúde e "bem-estar"? É que, em muitos casos, isso significa também viver uma vida estável e monótona e se questionarmos grande parte das pessoas que vivem dessa forma, elas fazem-no porque têm medo de correr riscos na vida e de lutarem pelo que realmente as faz felizes.

O Michael Jackson já tinha uma vida miserável antes de se tornar uma estrela. Os seus problemas tinham origem familiar e não vieram com Hollywood e a fama. Talvez estes tenham ajudado a amplificá-la, mas tudo vem da formação pessoal que uma pessoa já traz. Além disso, quem é cada um de nós para julgar moralmente quem quer que seja? Quem nunca pecou, que atire a primeira pedra, já dizia o outro.

Quanto ao explicar a um padre que o suicídio faz parte da vida, não quero ser sarcástico, mas isso fez-me rir. Quem é um padre para saber mais do que eu ou tu? Quantos padres não se suicidam todos os anos? O suicídio é uma opção e só quem a coloca como possível pode saber o estado de desespero em que se encontra realmente. Quem somos nós para julgar essa opção?
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Re: Morreu Robin Williams

Post by p_alucinado »

Já agora, para completar a achega que fiz no post anterior:
Para especialistas, os criativos são mais propensos à depressão e dependência química

AFP - Agence France-Presse
Publicação: 12/08/2014 13:10 Atualização:

Fama e fortuna não fazem muita diferença, a criatividade é que faz com que atores, músicos e escritores sejam mais propensos à depressão e vícios do que a média das pessoas comuns, de acordo com especialistas entrevistados pela AFP.

Foi a depressão que levou o criativo ator Robin Williams a supostamente cometer o suícidio, o mais recente caso de uma significativa e triste lista.
Artistas como Jim Carrey, Catherine Zeta-Jones, Mel Gibson ou Poelvoorde já falaram abertamente sobre sua depressão, associada ou não ao consumo de álcool ou drogas.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de 350 milhões de pessoas de todas as idades sofrem de depressão em todo o mundo. "Na sua forma mais grave, pode levar ao suicídio", ressalta a OMS, que se refere a uma estimativa de "um milhão de mortes a cada ano."

A assessora de imprensa de Robin Williams, Mara Buxbaum, explicou que o herói de "Bom-da, Vietnã", "Uma babá quase perfeita", "Gênio Indomável" e "A Sociedade dos Poetas Mortos" lutava contra uma depressão profunda.

Segundo a polícia, a causa provável de sua morte foi "suicídio por asfixia".

Para o professor Michel Reynaud, chefe do departamento de psiquiatria e dependência no hotel Paul Brousse em Villejuif, Paris, existe uma ligação entre talento criativo, depressão e dependência.

"Os artistas são muitas vezes pessoas mais sensíveis, sentem mais intensamente as emoções. Isso acontece geralmente com escritores, poetas, músicos, atores, de muita qualidade, mas por trás de seres muitas vezes ansiosos, deprimidos, bipolares", observa.

Além disso, produtos com o álcool e as drogas, geralmente disponíveis em seu ambiente - "meio de divertimento, festivo, de dinheiro" - são vistos como facilitadores da expressão artística.

Deve-se ainda acrescentar, segundo ele, a pressão pelo sucesso e atores que vivem "numa espécie de exaltação narcisista". "Eles dizem que representam bem a sua vida e narcisismo em cada filme ou cada peça".
'Sem razão claramente identificável'
"Existem alguns estudos que ligam o talento criativo à saúde mental, embora o mecanismo exato ainda seja um mistério", observa o professor Vikram Patel, diretor do Centro Britânico para a Saúde Mental Mundial (Global Mental Health).
"Os circuitos cerebrais que são a fonte da criatividade são os mesmos que os das doenças mentais, então, ser criativo pode aumentar o risco de doença mental", diz.

A ligação entre depressão, transtorno bipolar e dependência também pode ocorrer, porque, segundo o professor Reynaud, "entre um terço e 50% dos viciados são deprimidos e a metade dos bipolares têm problemas de dependência".
"E o vício por si só provoca síndromes depressivas, muitas vezes graves, durante as quais as pessoas podem cometer suicídio", acrescenta.

Um estudo do Journal of Phenomenological Psychology em 2009 garantia que, ao mesmo tempo em que a celebridade pode trazer riqueza, privilégio e "imortalidade simbólica", há um preço a pagar para o estado mental que isola as pessoas, os torna desconfiados em relação a outros, e que pode levar a uma divisão entre "celebridade" e "pessoa privada".

Para Jeffrey Borenstein, presidente da Brain and Behaviour Research de Nova York, "as pessoas estão lutando para entender por que alguém que parece ter tudo pode estar deprimido".
"Muitas vezes pensamos que a depressão ocorre durante uma vida difícil, e às vezes isso acontece, mas muitas vezes a depressão ocorre sem causa claramente identificada", diz ele.

Os meios artísticos não são os únicos suscetíveis, revela ainda Reynaud, citando os comerciantes.
"Algumas profissões são mais vulneráveis que outras quando o modo de vida é desregrado, a pressão é grande e o acesso à produtos químicos é fácil", resume.
fonte: http://www.em.com.br/app/noticia/intern ... mica.shtml
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Cabeças
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Re: Morreu Robin Williams

Post by Cabeças »

Por acaso, e numa primeira análise, penso sinceramente também que o suicídio, enquanto opção voluntária de morte, não faz parte da vida e sim da morte. A opção é tomada em vida (geralmente e infelizmente em estados alterados de consciência), mas o acto em si é de morte. Portanto, do âmbito da morte.
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THX
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Re: Morreu Robin Williams

Post by THX »

p_alucinado,
acredita que eu compreendo tudo o que dizes e que apresentas, mas também sabes muito bem que o que por vezes achamos ser melhor para nós pode na realidade não o ser. São opções de vida que se tomam, sejamos artistas ou não, e mais ou menos sensíveis/criativos.

Quantos já não se mataram por terem perdido fortunas na bolsa??
Achas mesmo que foi por causa da sua criatividade?

Mas isso não faz parte da vida como apregoas, aí estás totalmente errado.
Se fosse assim então se um dia um amigo meu me disser que está a pensar em suicidar-se eu só tenho de olhar para ele e dizer :

- "OK, estás à vontade. Quem sou eu para te julgar?...Afinal isso também faz parte da vida.
Queres que te empreste o meu cinto?"

Nascer, viver e morrer É a Vida.
As doenças e os acidentes fazem parte da vida, porque são incontroláveis
O assassinato, as guerras, a eutanásia, o crime e o suicídio, não fazem parte de coisa alguma - são provocadas pelo homem, e parece que é isto que não queres compreender.
"Algumas profissões são mais vulneráveis que outras quando o modo de vida é desregrado, a pressão é grande e o acesso à produtos químicos é fácil", resume.
Quanto a isso Hollywood é um gigantesco bar/farmácia aberto 24h durante todo o ano, por isso quem escreveu este artigo até acaba por me dar razão.
Os meus 200 filmes inesquecíveis :
http://www.imdb.com/list/ls077088728/?s ... s077088728
No Angel
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Re: Morreu Robin Williams

Post by No Angel »

THX wrote:p_alucinado,
acredita que eu compreendo tudo o que dizes e que apresentas, mas também sabes muito bem que o que por vezes achamos ser melhor para nós pode na realidade não o ser. São opções de vida que se tomam, sejamos artistas ou não, e mais ou menos sensíveis/criativos.

Quantos já não se mataram por terem perdido fortunas na bolsa??
Achas mesmo que foi por causa da sua criatividade?

Mas isso não faz parte da vida como apregoas, aí estás totalmente errado.
Se fosse assim então se um dia um amigo meu me disser que está a pensar em suicidar-se eu só tenho de olhar para ele e dizer :

- "OK, estás à vontade. Quem sou eu para te julgar?...Afinal isso também faz parte da vida.
Queres que te empreste o meu cinto?"

Nascer, viver e morrer É a Vida.
As doenças e os acidentes fazem parte da vida, porque são incontroláveis
O assassinato, as guerras, a eutanásia, o crime e o suicídio, não fazem parte de coisa alguma - são provocadas pelo homem, e parece que é isto que não queres compreender.
"Algumas profissões são mais vulneráveis que outras quando o modo de vida é desregrado, a pressão é grande e o acesso à produtos químicos é fácil", resume.
Quanto a isso Hollywood é um gigantesco bar/farmácia aberto 24h durante todo o ano, por isso quem escreveu este artigo até acaba por me dar razão.
Se e da vida ou da morte e irrelevante, sinceramente. O que que isso interessa?

Eu nao acho que se deva encorajar o suicidio, mas tambem nao acho que uma atitude do genero "Vais para o inferno, es um monstro" tipo a Igreja Crista e outras religioes seja correta. Como disseram, e uma decisao pessoal, nao acho que se deva encorajar, mas nao acho bem que se critique quem o fez. Acho que se deve ajudar as pessoas que passam por isso, mas se nao se conseguir fazer nada, temos que aceitar e compreender. Para mim e uma especie de açao neutra, nem e moralmente boa nem ma; nao e como um homicidio, que e uma atrocidade. E trazes a eutanasia pra conversa, mas isso e outra historia... nao acho que seja moralmente ma, muito pelo contrario, especialmente se a pessoa estiver com dores e nao houver nada a fazer; nesses casos e um ato de compaixao e misericordia.

Quanto a dizerem que isto acontece em todos os lados, e verdade, mas eu nao falei so se suicidios, falei de um lado negro, que envolve muitas outras coisas: drogas, influencias, prostituiçao e sei la mais o que. E nao e so Hollywood, e o estrelado no geral, ser muito famoso... ha tantos artistas a morrerem de drogas/comprimidos/suicidio, nao pode ser coincidencia, nao e. Claro que pode ser ja uma disposiçao interior, uma inclinaçao do artista para estas coisas, mas sera que o exterior nao ajuda nisso? Se Hollywood nao fosse um antro de drogas sera que havia tantos atores a morrerem disso, ou a irem pra clinicas de desintoxicaçao?
nimzabo
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Re: Morreu Robin Williams

Post by nimzabo »

Ao que parece tinha Parkinson..
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Re: Morreu Robin Williams

Post by p_alucinado »

Acho que o No Angel percebeu bem o que quis dizer. Nem sequer vou estar a aprofundar mais o meu raciocínio, porque já e estão a interpretar coisas que disse como incentivo ao suicídio.

E THX, é lógico que se um amigo meu estiver numa situação dessas vou tentar dissuadí-lo. Mas não através da teoria de que suicidar-se é errado, porque de certo na vida só mesmo a morte, o resto é tudo grey zone. Tentarei, isso sim, mostrar-lhe que a vida ainda lhe pode dar muitas alegrias, trazer-lhe muitas surpresas. Farei de tudo para lhe dar esperança, por que entendo que a vida é um dom que não merece ser desperdiçado. Se ele, no final, decidir pôr fim à vida, quem sou eu para julgar a sua atitude como errada ou contra-natura?
Um clássico por semana, visto pela primeira vez, em UMA PARAGEM NO DRIVE-IN (http://umaparagem.blogspot.pt)
THX
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Re: Morreu Robin Williams

Post by THX »

...quem sou eu para julgar a sua atitude como errada ou contra-natura?
Um amigo :| .
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Re: Morreu Robin Williams

Post by rui sousa »

Robin Williams: 10 grandes personagens
Ator multifacetado e original, Robin Williams começou na comédia (e com um grande êxito na TV, com a série Mork & Mindy, spin-off do popular Happy Days), mas a pouco e pouco, a sua carreira demonstrou que o ator não tinha apenas talento para fazer rir, com os seus improvisos explosivos e a sua enorme capacidade de inventar e desconstruir personagens e situações bizarras do quotidiano. No cinema, Williams foi mais longe e brindou-nos com óptimas prestações humorísticas, dramáticas, sombrias e duvidosas.
Deixou este mundo aos 63 anos, e um legado que inspirou e divertiu várias gerações, no pequeno e no grande ecrã, e em vários palcos de todo o mundo. Em sua memória, selecionámos aqueles que consideramos serem os dez melhores desempenhos do ator no cinema, e que mostram a variedade de personagens que Robin Williams conseguiu tornar eternas. Entre papéis mais e menos conhecidos, partimos à descoberta de um artista complexo e por vezes desajustado à cena de Hollywood – mas que conseguiu triunfar nos momentos mais inesperados.

1. – Um Russo em Nova Iorque (Moscow on the Hudson) – Paul Mazursky [1984]
É um dos papéis mais injustamente esquecidos de Robin Williams, e um dos que melhor justificam a versatilidade tantas vezes associada ao seu talento, que lhe permitiu assumir tantas e tão distintas “máscaras” físicas e psicológicas. Foi um dos desafios mais difíceis da carreira do ator, mas conseguiu criar, a partir dele, uma personagem notável, que lhe valeu uma nomeação para os Globos de Ouro. Ele é Vladimir Ivanoff, um músico russo que consegue escapar à dura vida que levava na URSS quando ele e os outros artistas vão numa excursão até Nova Iorque.
Lá, Vladimir recebe proteção das autoridades e começa a habituar-se a uma nova vida, totalmente diferente dos hábitos cinzentos do seu país. E a transformação de Williams é impressionante: nas primeiras cenas, filmadas com atores russos, ele assume o papel na íntegra, tendo aprendido a falar realmente a língua para atribuir mais credibilidade ao papel e aos sentimentos da personagem, que provoca tristeza e gargalhadas, à medida que vai conhecendo melhor o novo mundo que tem de enfrentar.

2. – Bom Dia, Vietname (Good Morning, Vietnam) – Barry Levinson [1987]
O desempenho que lhe valeu a primeira de quatro nomeações aos Prémios da Academia permanece como uma das mais celebradas. Williams é Adrian Cronauer, um locutor irreverente da Rádio do exército americano que, com o seu humor cáustico e anárquico, se torna num enorme sucesso entre os soldados, em plena guerra do Vietname – e um alvo a abater pelos que querem manter as tropas concentradas na sua principal função (e que é demasiado importante para ser vítima das piadas imprevisíveis de Cronauer).
A loucura é total, nas cenas em que assistimos às emissões em direto do seu programa, adorado por muitos e desprezado por alguns membros específicos e poderosos da elite militar, que tentam calar esta voz a todo o custo, e impedem a alegria de entrar no ambiente cada vez mais duro que se vive no Vietname. Porque entre a comédia e o drama da hierarquia do exército, Bom Dia, Vietname fala também da tragédia da guerra e da forma como o protagonista faz com que o humor ridicularize esses temas sérios, que muito facilmente podem ser abatidos com o poder da gargalhada.

3. - O Clube dos Poetas Mortos (Dead Poet Society) – Peter Weir [1989]
Mentes jovens serão sempre as mais recetivas a qualquer tipo de revolução: e este filme de Peter Weir aponta o dedo à educação. Quando o professor de inglês John Keating, propagandeia um estilo de aprendizagem espontâneo e que desafia convenções há muito estabelecidas, os seus alunos embarcam numa viagem de auto-descoberta e insurreição contra o status quo.
Polarizador, principalmente no que respeita à maneira como aborda o ensino escolar, este filme é, não obstante, mais uma das provas da enorme versatilidade de Williams. Consta que a personagem o agradou uma vez que representava o professor que, enquanto estudante, sempre tinha sonhado ter. Fazendo uso dos seus dotes de comediante e imitador, emprega tanta paixão nos seus discursos utópicos que nunca as ações dos jovens e os seus destinos são postos em causa. Porque o ator não se tornou apenas no seu tutor de sonho, mas no de todo e qualquer estudante.

4. - Despertares (Awakenings) - Penny Marshall [1990]
Adaptação do poderoso relato homónimo do Dr. Oliver Sacks, Awakenings não ficará para a história como uma brilhante recriação de um extraordinário acontecimento. O filme segue o despertar de vários doentes afetados pela epidemia de Encefalite letárgica dos anos 20. A então revolucionária L-DOPA permitiu a recuperação destes pacientes, que despertam de 40 anos de estado catatónico. A abordagem da realizadora à obra de Sacks é no mínimo criticável, no entanto, miraculosamente, as performances de dois atores salvam este filme, e dão à história a envolvência emocional possível tendo em conta a realização limitada de Marshall.
Robin Williams é Dr. Malcolm Sayer, o quase patologicamente tímido neurologista que investiga estes pacientes, e consegue iniciar um tratamento faseado com L-DOPA. Williams, juntamente com DeNiro, que dá vida a Leonard Lowe, o primeiro paciente a despertar, fazem emergir de um pobre argumento adaptado cenas poderosas e carregadas sentimentalmente como só dois grandes atores poderiam conseguir.

5. - O Rei Pescador (The Fisher King) – Terry Gilliam [1991]
The Fisher King é uma história de redenção firmemente ancorada nas performances de Jeff Bridges e Robin Williams. O primeiro é Jack Lucas, um locutor caído em desgraça após conhecer as devastadoras consequências de uma das suas emissões que resultam em várias mortes. A sua espiral autodestrutiva é parada inesperadamente por Parry (Robin Williams), “líder” de um bando de sem abrigos.
Jack interessa-se pela vida de Parry quando percebe que o seu estado se deve à morte da mulher deste, provocada pelo mesmo evento que precipitou a sua “queda”. À medida que Jack conhece melhor Parry, transforma a recuperação deste estranho marginalizado na sua própria cruzada de redenção.
As interpretações de ambos são irrepreensíveis. Robin Williams é notável no papel de sem abrigo convalescente com igual dose de humor e drama. É igualmente notável Mercedes Ruehl, na pele de Anne, companheira de Jack, num papel que lhe valeu um Oscar.

6. - Aladdin – Ron Clements e John Musker [1992]
Numa altura em que as princesas da Disney reinavam os anos 90, surgiu uma das mais vibrantes e coloridas aventuras dos mesmos estúdios de animação. Aladdin conta a história de um simpático ladrão que se apaixona pela princesa do seu reino. Esta paixão leva-o numa jornada repleta de perigos e personagens obscuras: mas também de um novo amigo!
O Génio, interpretado por Williams, que terá gravado cerca de 16 horas de diálogo improvisado para a personagem, é uma das mais icónicas e divertidas personagens do universo Disney. Carregado de energia e boa disposição este será, sem dúvida, um dos papéis mais icónicos da carreira do ator. Robin Williams sempre foi apologista da chamada “loucura humana”, e este é um papel que, sem as barreiras da realidade, expandiu a sua criatividade a um nível ilimitado. O resultado é uma personagem que, embora secundária, eleva e mitifica o filme em que se insurge.

7. – As Faces de Harry (Deconstructing Harry) – Woody Allen [1997]
A presença de Robin Williams nesta comédia de Woody Allen (uma das mais originais da sua extensa filmografia) pode ser curta, mas não deixa de ser marcante na carreira do ator. Isto porque ele dá vida a uma ideia extremamente divertida do cómico, num filme que parte de Harry Block, uma personagem altamente neurótica (ingrediente fundamental na mitologia Alleniana), que sofre um bloqueio criativo, e na fita, vemos várias ideias do protagonistas para histórias mais ou menos baseadas na sua própria vida a tornarem-se em minúsculas narrativas de carne e osso, misturando-se com a própria realidade e os problemas que Block tem de enfrentar.
Uma delas é a pequena situação que o ator protagoniza, uma espécie de sketch com menos de 3 minutos de duração em que ele é um ator de cinema que, de repente, fica… desfocado. Sim, no mais literal sentido do termo: de um pequeno jogo de palavras, a ideia surreal ganha vida graças a Williams e àquilo que consegue desenvolver através do ridículo desta sua pequena personagem. E mesmo que tenha uma participação tão reduzida (tal como outros atores muito conhecidos que reencarnam outras loucuras da imaginação de Block), ninguém consegue ficar indiferente ao momento “out of focus” de Robin Williams, e a todas as hilariantes consequências que irão acontecer ao seu desgraçado personagem.

8. - O Bom Rebelde (Good Will Hunting) – Gus Van Sant [1997]
Algures nos anos 90, uma dupla de jovens atores escrevem uma história sobre um génio com mau feitio. Nas mãos do realizador Gus Van Sant, O Bom Rebelde teve uma considerável aclamação por parte do público e críticos. Recebendo 9 nomeações para os prémios da Academia, venceu apenas em duas categorias: melhor argumento original e melhor ator secundário.
Robin Williams ganhou o seu único Oscar por uma performance vivamente humana: aliás, grande parte do fascínio que este filme ainda suscita é devido à sua monumental prestação. Reverberando com emoção, seja ela positiva ou negativa, Williams leva a personagem Sean Maguire muito para lá da folha de papel onde as suas falas estavam escritas. Muito do seu diálogo foi improvisado, mostrando a profundidade e naturalidade da conexão com o excêntrico psicólogo que retrata. Enternecedor e, contudo, hilariante, esta é sem dúvida uma das melhores e mais cativantes performances do final do século XX.

9. - Câmara Indiscreta (One Hour Photo) – Mark Romanek [2002]
Quando referimos a versatilidade de Robin Williams, facilmente exemplificamos com Insomnia ou talvez até Good Will Hunting. No entanto, o seu retrato de um revelador fotográfico obsessivo e desconcertante em One Hour Photo, constitui provavelmente a maior transformação de sempre de Williams. Uma transformação que nas mãos de Romanek vai até ao mais ínfimo detalhe, ao mais pequeno maniqueísmo com que este personagem se apresenta.
Sy fica obcecado com a vida do que considera a família ideal, Nina, Will e o seu filho Jake, colecionando fotografias deles que preenchem a sua casa. Ao mesmo tempo que a sua vida é abalada ao ser despedido pelas consequências da sua prática voyeurista, Sy é destroçado pela revelação de que a família perfeita não é tão perfeita assim, e a sua obsessão transborda decisivamente, levando-o a antagonizar Will, que vê como o responsável pela destruição de algo que considerava perfeito.
Williams resiste notavelmente a apelar à simpatia do público, algo que invariavelmente caracterizou grande parte do seu trabalho, tornando Sy críptico e consequentemente o filme muito mais interessante.

10. – Insomnia - Christopher Nolan [2002]
Um dos filmes mais subvalorizados do adorado realizador Christopher Nolan tem uma das performances mais estranhas e obscuras de Robin Williams. Neste envolvente thriller, o protagonista (Al Pacino) é um detetive que está a investigar a morte de uma mulher, e o ator é o assassino que faz uma proposta ao polícia para ambos conseguirem escapar dos demónios e dos crimes que cometeram. Além de formar uma dupla impecável com Pacino, patente na tensão que encontramos nas variadas cenas em que ambas as personagens e os seus segredos se cruzam, Williams proporcionou uma nova amplitude à sua carreira, conseguindo, em Insomnia, mais uma excepcional vitória como ator dramático.
Invulgar, negro e revelador, Insomnia é uma sólida história de culpa, traição e vingança, onde Robin Williams brilha num papel inesperado, mas que lhe assenta como uma luva, e que mostra como ele também conseguia dissecar o lado mais maquiavélico e perturbador da alma humana.
Texto com fotos em http://www.espalhafactos.com/2014/08/15 ... rsonagens/
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Re: Morreu Robin Williams

Post by PanterA »

THX wrote:Gostava de te ver a afirmar isso à frente de um padre...
Não percebi o quê que um padre tem haver para o assunto.
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Re: Morreu Robin Williams

Post by THX »

Não percebi o quê que um padre tem haver para o assunto.
É fácil Pantera, se não percebeste fala com Padre um sobre isso.

Uma dica...
Se te suicidares não tens sequer direito a missa.
O porquê...pergunta ao Padre.
Fico por aqui.
Os meus 200 filmes inesquecíveis :
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Re: Morreu Robin Williams

Post by Psico_Mind »

Não lhe respondeste nada. O padre não é para aqui chamado para nada. São crenças pessoais que em nada contribuem.
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Re: Morreu Robin Williams

Post by PanterA »

Exacto. São crenças e mais crenças. Se queres ir por aí, de certeza que deve haver alguma religião, ou neste caso alguma filosofia, que o suicídio não é mau visto. Da mesma maneira que de certeza se eu falar com os meus avôs sobre a homossexualidade e dizer não tenho problema nenhuma em quem o seja, desde que respeitem o mesmo espaço, para mim é-me igual ao litro, mas no caso deles iam logo buscar a caçadeira á dispensa se dissesse algo do género. Neste caso são tabus, mas é a mesma coisa para a cena do Padre.

Cada um vai-te responder consoante aquilo que acredita. Simples.
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Re: Morreu Robin Williams

Post by p_alucinado »

rui sousa wrote:
Robin Williams: 10 grandes personagens
Ator multifacetado e original, Robin Williams começou na comédia (e com um grande êxito na TV, com a série Mork & Mindy, spin-off do popular Happy Days), mas a pouco e pouco, a sua carreira demonstrou que o ator não tinha apenas talento para fazer rir, com os seus improvisos explosivos e a sua enorme capacidade de inventar e desconstruir personagens e situações bizarras do quotidiano. No cinema, Williams foi mais longe e brindou-nos com óptimas prestações humorísticas, dramáticas, sombrias e duvidosas.
Deixou este mundo aos 63 anos, e um legado que inspirou e divertiu várias gerações, no pequeno e no grande ecrã, e em vários palcos de todo o mundo. Em sua memória, selecionámos aqueles que consideramos serem os dez melhores desempenhos do ator no cinema, e que mostram a variedade de personagens que Robin Williams conseguiu tornar eternas. Entre papéis mais e menos conhecidos, partimos à descoberta de um artista complexo e por vezes desajustado à cena de Hollywood – mas que conseguiu triunfar nos momentos mais inesperados.

1. – Um Russo em Nova Iorque (Moscow on the Hudson) – Paul Mazursky [1984]
É um dos papéis mais injustamente esquecidos de Robin Williams, e um dos que melhor justificam a versatilidade tantas vezes associada ao seu talento, que lhe permitiu assumir tantas e tão distintas “máscaras” físicas e psicológicas. Foi um dos desafios mais difíceis da carreira do ator, mas conseguiu criar, a partir dele, uma personagem notável, que lhe valeu uma nomeação para os Globos de Ouro. Ele é Vladimir Ivanoff, um músico russo que consegue escapar à dura vida que levava na URSS quando ele e os outros artistas vão numa excursão até Nova Iorque.
Lá, Vladimir recebe proteção das autoridades e começa a habituar-se a uma nova vida, totalmente diferente dos hábitos cinzentos do seu país. E a transformação de Williams é impressionante: nas primeiras cenas, filmadas com atores russos, ele assume o papel na íntegra, tendo aprendido a falar realmente a língua para atribuir mais credibilidade ao papel e aos sentimentos da personagem, que provoca tristeza e gargalhadas, à medida que vai conhecendo melhor o novo mundo que tem de enfrentar.

2. – Bom Dia, Vietname (Good Morning, Vietnam) – Barry Levinson [1987]
O desempenho que lhe valeu a primeira de quatro nomeações aos Prémios da Academia permanece como uma das mais celebradas. Williams é Adrian Cronauer, um locutor irreverente da Rádio do exército americano que, com o seu humor cáustico e anárquico, se torna num enorme sucesso entre os soldados, em plena guerra do Vietname – e um alvo a abater pelos que querem manter as tropas concentradas na sua principal função (e que é demasiado importante para ser vítima das piadas imprevisíveis de Cronauer).
A loucura é total, nas cenas em que assistimos às emissões em direto do seu programa, adorado por muitos e desprezado por alguns membros específicos e poderosos da elite militar, que tentam calar esta voz a todo o custo, e impedem a alegria de entrar no ambiente cada vez mais duro que se vive no Vietname. Porque entre a comédia e o drama da hierarquia do exército, Bom Dia, Vietname fala também da tragédia da guerra e da forma como o protagonista faz com que o humor ridicularize esses temas sérios, que muito facilmente podem ser abatidos com o poder da gargalhada.

3. - O Clube dos Poetas Mortos (Dead Poet Society) – Peter Weir [1989]
Mentes jovens serão sempre as mais recetivas a qualquer tipo de revolução: e este filme de Peter Weir aponta o dedo à educação. Quando o professor de inglês John Keating, propagandeia um estilo de aprendizagem espontâneo e que desafia convenções há muito estabelecidas, os seus alunos embarcam numa viagem de auto-descoberta e insurreição contra o status quo.
Polarizador, principalmente no que respeita à maneira como aborda o ensino escolar, este filme é, não obstante, mais uma das provas da enorme versatilidade de Williams. Consta que a personagem o agradou uma vez que representava o professor que, enquanto estudante, sempre tinha sonhado ter. Fazendo uso dos seus dotes de comediante e imitador, emprega tanta paixão nos seus discursos utópicos que nunca as ações dos jovens e os seus destinos são postos em causa. Porque o ator não se tornou apenas no seu tutor de sonho, mas no de todo e qualquer estudante.

4. - Despertares (Awakenings) - Penny Marshall [1990]
Adaptação do poderoso relato homónimo do Dr. Oliver Sacks, Awakenings não ficará para a história como uma brilhante recriação de um extraordinário acontecimento. O filme segue o despertar de vários doentes afetados pela epidemia de Encefalite letárgica dos anos 20. A então revolucionária L-DOPA permitiu a recuperação destes pacientes, que despertam de 40 anos de estado catatónico. A abordagem da realizadora à obra de Sacks é no mínimo criticável, no entanto, miraculosamente, as performances de dois atores salvam este filme, e dão à história a envolvência emocional possível tendo em conta a realização limitada de Marshall.
Robin Williams é Dr. Malcolm Sayer, o quase patologicamente tímido neurologista que investiga estes pacientes, e consegue iniciar um tratamento faseado com L-DOPA. Williams, juntamente com DeNiro, que dá vida a Leonard Lowe, o primeiro paciente a despertar, fazem emergir de um pobre argumento adaptado cenas poderosas e carregadas sentimentalmente como só dois grandes atores poderiam conseguir.

5. - O Rei Pescador (The Fisher King) – Terry Gilliam [1991]
The Fisher King é uma história de redenção firmemente ancorada nas performances de Jeff Bridges e Robin Williams. O primeiro é Jack Lucas, um locutor caído em desgraça após conhecer as devastadoras consequências de uma das suas emissões que resultam em várias mortes. A sua espiral autodestrutiva é parada inesperadamente por Parry (Robin Williams), “líder” de um bando de sem abrigos.
Jack interessa-se pela vida de Parry quando percebe que o seu estado se deve à morte da mulher deste, provocada pelo mesmo evento que precipitou a sua “queda”. À medida que Jack conhece melhor Parry, transforma a recuperação deste estranho marginalizado na sua própria cruzada de redenção.
As interpretações de ambos são irrepreensíveis. Robin Williams é notável no papel de sem abrigo convalescente com igual dose de humor e drama. É igualmente notável Mercedes Ruehl, na pele de Anne, companheira de Jack, num papel que lhe valeu um Oscar.

6. - Aladdin – Ron Clements e John Musker [1992]
Numa altura em que as princesas da Disney reinavam os anos 90, surgiu uma das mais vibrantes e coloridas aventuras dos mesmos estúdios de animação. Aladdin conta a história de um simpático ladrão que se apaixona pela princesa do seu reino. Esta paixão leva-o numa jornada repleta de perigos e personagens obscuras: mas também de um novo amigo!
O Génio, interpretado por Williams, que terá gravado cerca de 16 horas de diálogo improvisado para a personagem, é uma das mais icónicas e divertidas personagens do universo Disney. Carregado de energia e boa disposição este será, sem dúvida, um dos papéis mais icónicos da carreira do ator. Robin Williams sempre foi apologista da chamada “loucura humana”, e este é um papel que, sem as barreiras da realidade, expandiu a sua criatividade a um nível ilimitado. O resultado é uma personagem que, embora secundária, eleva e mitifica o filme em que se insurge.

7. – As Faces de Harry (Deconstructing Harry) – Woody Allen [1997]
A presença de Robin Williams nesta comédia de Woody Allen (uma das mais originais da sua extensa filmografia) pode ser curta, mas não deixa de ser marcante na carreira do ator. Isto porque ele dá vida a uma ideia extremamente divertida do cómico, num filme que parte de Harry Block, uma personagem altamente neurótica (ingrediente fundamental na mitologia Alleniana), que sofre um bloqueio criativo, e na fita, vemos várias ideias do protagonistas para histórias mais ou menos baseadas na sua própria vida a tornarem-se em minúsculas narrativas de carne e osso, misturando-se com a própria realidade e os problemas que Block tem de enfrentar.
Uma delas é a pequena situação que o ator protagoniza, uma espécie de sketch com menos de 3 minutos de duração em que ele é um ator de cinema que, de repente, fica… desfocado. Sim, no mais literal sentido do termo: de um pequeno jogo de palavras, a ideia surreal ganha vida graças a Williams e àquilo que consegue desenvolver através do ridículo desta sua pequena personagem. E mesmo que tenha uma participação tão reduzida (tal como outros atores muito conhecidos que reencarnam outras loucuras da imaginação de Block), ninguém consegue ficar indiferente ao momento “out of focus” de Robin Williams, e a todas as hilariantes consequências que irão acontecer ao seu desgraçado personagem.

8. - O Bom Rebelde (Good Will Hunting) – Gus Van Sant [1997]
Algures nos anos 90, uma dupla de jovens atores escrevem uma história sobre um génio com mau feitio. Nas mãos do realizador Gus Van Sant, O Bom Rebelde teve uma considerável aclamação por parte do público e críticos. Recebendo 9 nomeações para os prémios da Academia, venceu apenas em duas categorias: melhor argumento original e melhor ator secundário.
Robin Williams ganhou o seu único Oscar por uma performance vivamente humana: aliás, grande parte do fascínio que este filme ainda suscita é devido à sua monumental prestação. Reverberando com emoção, seja ela positiva ou negativa, Williams leva a personagem Sean Maguire muito para lá da folha de papel onde as suas falas estavam escritas. Muito do seu diálogo foi improvisado, mostrando a profundidade e naturalidade da conexão com o excêntrico psicólogo que retrata. Enternecedor e, contudo, hilariante, esta é sem dúvida uma das melhores e mais cativantes performances do final do século XX.

9. - Câmara Indiscreta (One Hour Photo) – Mark Romanek [2002]
Quando referimos a versatilidade de Robin Williams, facilmente exemplificamos com Insomnia ou talvez até Good Will Hunting. No entanto, o seu retrato de um revelador fotográfico obsessivo e desconcertante em One Hour Photo, constitui provavelmente a maior transformação de sempre de Williams. Uma transformação que nas mãos de Romanek vai até ao mais ínfimo detalhe, ao mais pequeno maniqueísmo com que este personagem se apresenta.
Sy fica obcecado com a vida do que considera a família ideal, Nina, Will e o seu filho Jake, colecionando fotografias deles que preenchem a sua casa. Ao mesmo tempo que a sua vida é abalada ao ser despedido pelas consequências da sua prática voyeurista, Sy é destroçado pela revelação de que a família perfeita não é tão perfeita assim, e a sua obsessão transborda decisivamente, levando-o a antagonizar Will, que vê como o responsável pela destruição de algo que considerava perfeito.
Williams resiste notavelmente a apelar à simpatia do público, algo que invariavelmente caracterizou grande parte do seu trabalho, tornando Sy críptico e consequentemente o filme muito mais interessante.

10. – Insomnia - Christopher Nolan [2002]
Um dos filmes mais subvalorizados do adorado realizador Christopher Nolan tem uma das performances mais estranhas e obscuras de Robin Williams. Neste envolvente thriller, o protagonista (Al Pacino) é um detetive que está a investigar a morte de uma mulher, e o ator é o assassino que faz uma proposta ao polícia para ambos conseguirem escapar dos demónios e dos crimes que cometeram. Além de formar uma dupla impecável com Pacino, patente na tensão que encontramos nas variadas cenas em que ambas as personagens e os seus segredos se cruzam, Williams proporcionou uma nova amplitude à sua carreira, conseguindo, em Insomnia, mais uma excepcional vitória como ator dramático.
Invulgar, negro e revelador, Insomnia é uma sólida história de culpa, traição e vingança, onde Robin Williams brilha num papel inesperado, mas que lhe assenta como uma luva, e que mostra como ele também conseguia dissecar o lado mais maquiavélico e perturbador da alma humana.
Texto com fotos em http://www.espalhafactos.com/2014/08/15 ... rsonagens/
Texto muito bom e muito demonstrador da multifacetada carreira de Robin Williams. Discordo apenas da inclusão do seu personagem em "O Bom Rebelde". Sim, eu sei que ganhou o Oscar, mas o homem tem ali um dos mais pastelões personagens da carreira, limitadíssimo pelo argumento, é verdade, mas quase sem qualquer tipo de chama ou vigor. Em tudo o resto, nota 5! yes-)
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Re: Morreu Robin Williams

Post by rui sousa »

p_alucinado wrote:Texto muito bom e muito demonstrador da multifacetada carreira de Robin Williams. Discordo apenas da inclusão do seu personagem em "O Bom Rebelde". Sim, eu sei que ganhou o Oscar, mas o homem tem ali um dos mais pastelões personagens da carreira, limitadíssimo pelo argumento, é verdade, mas quase sem qualquer tipo de chama ou vigor. Em tudo o resto, nota 5! yes-)
Obrigado p_alucinado! salut-)
Só fui responsável pela introdução e por quatro filmes desta seleção: Um Russo em Nova Iorque, Bom Dia Vietname, As Faces de Harry e Insomnia. Os restantes ficaram ao critério dos meus dois colegas. Talvez teria alterado algumas coisas na lista, mas penso que representa bem a diversidade de personagens que o Robin soube representar.
Diabo, há pouco ainda estive a pensar nele. Ainda não consigo acreditar que isto aconteceu.
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