Censura no Cinema e TV: Antes e agora...

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drakes
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Re: Censura no Cinema e TV: Antes e agora...

Post by drakes »

A apresentação do espetáculo “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu” no Rio de Janeiro periga não acontecer. A organização da Mostra Corpos Visíveis, marcada para os dias 8, 9 e 10 de junho no Parque de Madureira, recebeu uma notificação da Secretaria Municipal de Cultura (SMC) na segunda (4/6) com uma negativa para a realização do evento. O informe da SMC, contrariando todos os e-mails anteriormente trocados, veio dias depois do prefeito Marcelo Crivella, bispo licenciado, tomar ciência da ida do espetáculo para a Arena Carioca Fernando Torres e postar um vídeo no Facebook dizendo que a peça “ofende a consciência dos cristãos (…) Na minha administração, nenhum espetáculo ou exposição vai ofender a religião das pessoas. Eu não vou permitir”. Ele já vetou a ida da exposição Queermuseu para o Museu de Arte do Rio (MAR) no ano passado.

http://teatroemcena.com.br/home/censura ... do-no-rio/

O prefeito do Rio de Janeiro é atacado por querer a cidade ser uma prelazia americana ou fundamentalista por suas ideias.
PanterA
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Re: Censura no Cinema e TV: Antes e agora...

Post by PanterA »

A lei anti-tabaco ainda foi uma das melhores coisinhas que fizeram. E mesmo assim já veio tarde.
JoséMiguel
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Re: Censura no Cinema e TV: Antes e agora...

Post by JoséMiguel »

drakes wrote: June 6th, 2018, 3:30 pm A apresentação do espetáculo “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu” no Rio de Janeiro periga não acontecer. A organização da Mostra Corpos Visíveis, marcada para os dias 8, 9 e 10 de junho no Parque de Madureira, recebeu uma notificação da Secretaria Municipal de Cultura (SMC) na segunda (4/6) com uma negativa para a realização do evento. O informe da SMC, contrariando todos os e-mails anteriormente trocados, veio dias depois do prefeito Marcelo Crivella, bispo licenciado, tomar ciência da ida do espetáculo para a Arena Carioca Fernando Torres e postar um vídeo no Facebook dizendo que a peça “ofende a consciência dos cristãos (…) Na minha administração, nenhum espetáculo ou exposição vai ofender a religião das pessoas. Eu não vou permitir”. Ele já vetou a ida da exposição Queermuseu para o Museu de Arte do Rio (MAR) no ano passado.

http://teatroemcena.com.br/home/censura ... do-no-rio/

O prefeito do Rio de Janeiro é atacado por querer a cidade ser uma prelazia americana ou fundamentalista por suas ideias.
Epá! Estamos perante mais uma excelente chamada de atenção, por parte de um "DVDManíaco" brasileiro, sobre uma situação muito grave que se passa hoje no Brasil, e que se passava também em Portugal, não há muito tempo atrás.

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Na imagem acima podemos ler "O Estado é Laico" (com a palavra "laico" riscada), esta expressão muito portuguesa foi algo que eu ouvia o meu pai dizer, desde que eu era criança.

Antes de abordar esta situação escandalosa e criminosa do Brasil (crime cometido por um membro do governo brasileiro), vou falar um pouco sobre o actual Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, de propósito para o Drakes ler. Esta parte será um diálogo de um português para um brasileiro.

Caro amigo Drakes, em Portugal o cargo de Presidente da República é apenas simbólico como o cargo da Rainha de Inglaterra, ou seja o gajo é um boneco, que não serve para nada e o único poder real que o boneco tem é o poder de veto. Imaginemos que o Parlamento português decide declarar guerra ao Brasil, e por maioria dos deputados (uns comunistas, uns de direita, outros verdes, etc.) essa proposta é passada. Nesse caso o Presidente da República pode vetar a proposta, é a única coisa que ele pode fazer, de resto ele comporta-se como um boneco da monarquia.

O que se passa com o actual detentor do cargo, é que ele é um religioso crente (católico) e assim que tomou posse como Presidente da República Portuguesa, foi logo marcar visitas diplomáticas ao Vaticano e "fortalecer os laços religiosos entre Portugal e o Vaticano". Isto é claramente um abuso de poder escandaloso e vergonhoso para a nação de Portugal, mas na prática eu estou tranquilo e sei bem que não advirá mal nenhum nisso, pois em Portugal a religião está controlada, domesticada e já não voltará a fazer mal a ninguém. É a mesma coisa que o Presidente da República gostar de Golfe e estabelecer e organizar eventos diplomáticos de Golfe em Portugal, o que estaria também mal e seria abuso de poder por parte desse boneco (Presidente).

Image
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Marcelo_R ... C3%BAblica

O estado português é laico! É ou não é!? Que brincadeira vem a ser esta na imagem acima?

Eu só não me chateio com isto, porque o cargo de Presidente da República Portuguesa é apenas uma bonecada estilo Rainha de Inglaterra, que não faz parte do governo português.

Mas no Brasil a religião não foi ainda amansada e domesticada como ocorreu em Portugal, Espanha e grande parte da Europa Ocidental, mas na Europa de Leste passam-se cagadas religiosas como no Brasil, em particular na Rússia, por exemplo o Vladimir Putin criou novas leis religiosas contra os homossexuais, saídas da Idade Média. Para grande agrado meu, o cargo de Presidente da República Portuguesa, não tem poder nenhum, e por isso se o Marcelo Rebelo de Sousa anda a beijar a mão ao Papa, isso não lhe confere os mesmos poderes dictatoriais do Vladimir Putin, e o Marcelo Rebelo de Sousa (fera religiosa amansada e domesticada) nada pode fazer para propor leis de censura religiosa em Portugal.

Em seguida irei relatar a perseguição religiosa no Brasil, por parte do "presidente da câmara" (Prefeito) do Rio de Janeiro

Image
Marcelo Bezerra Crivella (Rio de Janeiro, 9 de outubro de 1957) é um engenheiro, escritor religioso e político brasileiro, filiado ao Partido Republicano Brasileiro (PRB) e atual prefeito da cidade do Rio de Janeiro.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Marcelo_Crivella

Epá! A minha primeira reacção ao ler o wikipedia deste homem, é que ele é um psicopata fanático religioso cristão, estilo terrorista do Estado Islâmico, um gajo muito perigoso que já fez muito mal no Brasil. Numa foto do protesto que mostrei acima (retirada do artigo partilhado pelo Drakes) está um cartão branco com o texto "Crivella Taliban", até eu pessoalmente concordo com isso e escreveria um cartão igual, se estivesse no Brasil.
Ligação com a IURD

A ligação entre Marcelo Crivella e a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) é alvo frequente de críticas.[44][45][46] Apesar de não ter sido comprovado, a IURD é acusada de fazer propaganda eleitoral pelo senador, o que é um crime eleitoral.[47] Em sua estratégia, Crivella busca a independência política em relação à igreja, para atingir eleitores não fiéis.[48] Durante um culto, Crivella diz:
“ Os Evangélicos ainda vão eleger um presidente da república que vai trabalhar por nossas igrejas para cumprirmos a missão de levar o evangelho a todas as nações da Terra. ”

—Marcelo Crivella[49]

Investigações

Crivella foi investigado pelo Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado, sob suspeita de ter enviado dinheiro ilegalmente a paraísos fiscais por meio das empresas Unimetro e Cremo, ligadas à Igreja Universal e Rede Record.[50] Foi investigado também em processo contra as empresas Investholding e Cableinvest, por supostos crimes contra o sistema financeiro - o caso foi arquivado por falta de provas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2006.[51]

Em junho de 2008, a morte de três jovens por militares do exército, que garantia a execução do projeto numa área dominada pelo tráfico, abalou as estruturas da obra. Crivella foi o senador que patrocinou a ida do Exército ao morro, para supervisionar obras do Projeto Cimento Social, de urbanização da favela, tendo submetido o projeto à análise do então presidente Lula - que o aprovou. O assassinato dos jovens gerou grande polêmica quanto à legalidade da presença das tropas no morro, o que criou um impasse. Por consequência, o exército retirou do morro o seu efetivo. Dez dias depois, o projeto, criticado por ser desenvolvido em ano eleitoral, foi embargado pela Justiça e a verba federal foi suspensa. Em 2009, Crivella entregou as primeiras casas do projeto, sem verba pública, com recursos próprios.[52]
Situação mais grave e dentro do tema do ataque à homossexualidade
Declarações sobre homossexuais, religiões africanas e católicos

Image
Senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) durante discurso no plenário do Congresso Nacional durante sessão solene

Em seu livro Evangelizando a África, onde relata os dez anos em que viveu no continente, Crivella faz críticas a praticamente todas as religiões, apresentadas como "diabólicas" e classifica a homossexualidade como "conduta maligna", "terrível mal" e "condição lamentável". Na publicação, afirma que a Igreja Católica e outras religiões que se denominam cristãs "pregam doutrinas demoníacas." Segundo ele, a Igreja Católica "tem pregado para seus inocentes seguidores a adoração aos ídolos e a veneração a Maria como sendo uma deusa protetora". Crivella dispara também contra o espiritismo, o hinduísmo, o qual ele afirma que "a ênfase é sempre no derramamento de sangue seguido da ingestão do sangue quente de uma criança inocente", e religiões africanas, que, segundo o livro, abrigam "espíritos imundos" e "permitem toda sorte de comportamento imoral, até mesmo com crianças de colo". O livro foi publicado em inglês em 1999 sob o título de Mutis, Sangomas and Nyangas: Tradition or Witchcraft? (Mutis, sangomas e nyangas: Tradição ou feitiçaria?). A edição brasileira foi lançada pela Editora Gráfica Universal, que pertence à Igreja Universal, em 2002.[55] A obra Evangelizando a África responsabiliza práticas religiosas pelas dificuldades do continente ao dizer que "na miséria e na pobreza, vemos o ódio do diabo e seus demônios que trabalham descaradamente através de tantas seitas e religiões". Ao tratar das religiões orientais, o Crivella afirma: "No mundo amarelo, os espíritos imundos vêm disfarçados de forças e energias da natureza". Situação parecida, afirma, com a verificada no "mundo vermelho", onde vivem os indianos, "escravos de uma falsa religião".[55]
Eu sinceramente tenho muito orgulho no meu país de Portugal, em que na prática o Estado Português é mesmo Laico, como deve ser. Nem sempre foi assim, e antes do 25 de Abril tínhamos a aliança "salazarenta" do Clero com o Regime Fascista. Eu sei dar muito valor à sociedade e governo do meu país, onde não anda nenhum malandro fanático religioso, dentro do governo a fazer perseguição religiosa contra minorias (sejam gays, ateus, comunistas, etc.), como acontece hoje no Brasil e na Rússia.

Pelo menos eu constato (em comentários nas redes sociais) que o povo brasileiro tem noção da estupidez, maldade e corrupção dos seus políticos, e não se deixa enganar. Os comentários das redes sociais brasileiras são honestos ao contrário das redes sociais portuguesas, onde num artigo de jornal português surgem logo os trolls (de extrema-direita e paus-mandados e pagos) a chamar de "comunada" a qualquer cidadão português que critique um governo português corrupto de direita.

Termino com esta citação acerca do credo de um fanático religioso, aplicável ao Prefeito do Rio de Janeiro. :evil:

The main doctrine of a fanatic's creed is that his enemies are the enemies of God

- Citação por Andrew White -
JoséMiguel
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Re: Censura no Cinema e TV: Antes e agora...

Post by JoséMiguel »

Em seguimento da mensagem anterior escrevi a barbaridade que o prefeito do Rio de Janeiro diz no seu vídeo do facebook.

31 de Maio de 2018

Vídeo:

"Na minha administração nenhum espectáculo, nenhuma exposição, vai ofender a religião das pessoas. Eu não vou permitir. Enquanto eu for prefeito nós vamos respeitar a consciência... a religião das pessoas."

Texto:

"Boa tarde, pessoal. Hoje, saiu uma nota no jornal divulgando a apresentação de uma peça no Parque Madureira. Isso não é verdade, pois essa arena está fechada por ordem judicial. E mesmo que estivesse funcionando, não permitiríamos que equipamentos públicos fossem utilizados para ofender qualquer religião. Notas sem compromisso com a verdade não merecem a atenção da população. Seguimos firmes no nosso propósito de construir um Rio melhor. #CrivellaPrefeito"

Fonte: https://www.facebook.com/marcelocrivell ... 730594735/

É assim que o presidente da câmara (prefeito) do Rio de Janeiro justifica a sua perseguição religiosa aos homossexuais.

O argumento deste fanático religioso é que a homossexualidade é ofensiva para um cidadão do credo cristão, e que por isso deverá ser proibida por lei. Ainda há pouco falei da ditadura espanhola, no tópico do "Cuénta-me como Passo", em que um homem por ser gay era condenado a 4 anos de prisão, em nome de Deus, em 1970. Este Prefeito Marcelo deve ser sobrinho do ditador Franco, pelo menos fascista ele já é.

Um pensamento: Normalmente os países "do primeiro mundo" que são mais atrasados mentais e fundamentalistas religiosos, são as ex-colónias britânicas como a Austrália, EUA, Canadá e afins, a justificação histórica comprovada foi que os fanáticos religiosos da Europa do séc. XVII foram todos para lá, para praticar puritanismo religioso, comportamento já na época do séc. XVII não aceite em nenhum país europeu do séc. XVII. O Brasil foi colonizado muito antes pelos portugueses e não tem nada a ver com essas cagadas religiosas dos anglo-saxónicos e esses movimentos puritanos do Protestantismo que nunca existiram em Portugal. Não percebo porque raios aparecem estes fanáticos religiosos brasileiros a desempenharem cargos públicos, mas ao menos nem o povo brasileiro, nem a imprensa brasileira se deixa intrujar por eles. :lol:

PS:

O vídeo abaixo é da série espanhola "Cuéntame cómo pasó", com um vocalista homossexual que causou bronca no estúdio da TVE, por cantar ao vivo "En Simago yo me cago", a cadeia espanhola de supermercados Simago foi comprada pelo Continente (o hipermercado português) em 1997, e passou a operar com o nome "Champion". Eu já tinha referido isto no tópico de música. Mas a bronca na TVE dos anos 80 não foi por o vocalista ser gay, e apenas por dizer mal dos supermercados Simago. Este Marcelo Crivella brasileiro, se fosse o Alcaide de Madrid nos anos 80, proibia logo a banda por ter um vocalista gay, mas o que vale é que o PSOE ganhou as eleições em Espanha em 1982 e os fascistas como o brasileiro Marcelo Crivella, foram todos corridos, como se fossem lixo varrido com a vassoura.

No Angel
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Re: Censura no Cinema e TV: Antes e agora...

Post by No Angel »

JoséMiguel wrote: June 9th, 2018, 5:47 am Em seguimento da mensagem anterior escrevi a barbaridade que o prefeito do Rio de Janeiro diz no seu vídeo do facebook.

31 de Maio de 2018

Vídeo:

"Na minha administração nenhum espectáculo, nenhuma exposição, vai ofender a religião das pessoas. Eu não vou permitir. Enquanto eu for prefeito nós vamos respeitar a consciência... a religião das pessoas."

Texto:

"Boa tarde, pessoal. Hoje, saiu uma nota no jornal divulgando a apresentação de uma peça no Parque Madureira. Isso não é verdade, pois essa arena está fechada por ordem judicial. E mesmo que estivesse funcionando, não permitiríamos que equipamentos públicos fossem utilizados para ofender qualquer religião. Notas sem compromisso com a verdade não merecem a atenção da população. Seguimos firmes no nosso propósito de construir um Rio melhor. #CrivellaPrefeito"

Fonte: https://www.facebook.com/marcelocrivell ... 730594735/

É assim que o presidente da câmara (prefeito) do Rio de Janeiro justifica a sua perseguição religiosa aos homossexuais.

O argumento deste fanático religioso é que a homossexualidade é ofensiva para um cidadão do credo cristão, e que por isso deverá ser proibida por lei. Ainda há pouco falei da ditadura espanhola, no tópico do "Cuénta-me como Passo", em que um homem por ser gay era condenado a 4 anos de prisão, em nome de Deus, em 1970. Este Prefeito Marcelo deve ser sobrinho do ditador Franco, pelo menos fascista ele já é.

Um pensamento: Normalmente os países "do primeiro mundo" que são mais atrasados mentais e fundamentalistas religiosos, são as ex-colónias britânicas como a Austrália, EUA, Canadá e afins, a justificação histórica comprovada foi que os fanáticos religiosos da Europa do séc. XVII foram todos para lá, para praticar puritanismo religioso, comportamento já na época do séc. XVII não aceite em nenhum país europeu do séc. XVII. O Brasil foi colonizado muito antes pelos portugueses e não tem nada a ver com essas cagadas religiosas dos anglo-saxónicos e esses movimentos puritanos do Protestantismo que nunca existiram em Portugal. Não percebo porque raios aparecem estes fanáticos religiosos brasileiros a desempenharem cargos públicos, mas ao menos nem o povo brasileiro, nem a imprensa brasileira se deixa intrujar por eles. :lol:

PS:

O vídeo abaixo é da série espanhola "Cuéntame cómo pasó", com um vocalista homossexual que causou bronca no estúdio da TVE, por cantar ao vivo "En Simago yo me cago", a cadeia espanhola de supermercados Simago foi comprada pelo Continente (o hipermercado português) em 1997, e passou a operar com o nome "Champion". Eu já tinha referido isto no tópico de música. Mas a bronca na TVE dos anos 80 não foi por o vocalista ser gay, e apenas por dizer mal dos supermercados Simago. Este Marcelo Crivella brasileiro, se fosse o Alcaide de Madrid nos anos 80, proibia logo a banda por ter um vocalista gay, mas o que vale é que o PSOE ganhou as eleições em Espanha em 1982 e os fascistas como o brasileiro Marcelo Crivella, foram todos corridos, como se fossem lixo varrido com a vassoura.


Na verdade os brasileiros são muito mais religiosos que os portugueses, de longe... os portugueses são os famosos católicos não praticantes, a maioria dos portugueses esta-se lixando pro que a Igreja diz ou deixa de dizer, é isso o que eu vejo. A Igreja é contra o divorcio, o aborto, a masturbação, etc, é contra tudo, e os portugueses não estão nem aí. Os portugueses são mais cristãos do que católicos, no sentido que tem sim uma espiritualidade e um respeito por Deus, Jesus, Nossa Senhora, etc, mas não tanto à instituição em si. No Brasil vemos fenómenos como a IURD, que é uma autentica seita, que comanda o segundo canal brasileiro mais visto (a Record). No Brasil a religião tem muito mais poder, nem se compara... o Edir Macedo é dos homens mais ricos do Brasil porque as pessoas são cegas e depositam dinheiro pra IURD.

Enfim, não sei se articulei isto da melhor forma, mas pronto.

Quanto à homossexualidade, Portugal não era diferente de Espanha, esta só foi legalizada em 1982, antes disso era ilegal.
drakes
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Re: Censura no Cinema e TV: Antes e agora...

Post by drakes »

Iurd não consegue comprar uma concessão de tv, sem o beneplácito do Estado, boa parte da censura é realizada em Estados que tem a mesma característica e a ascensão de fundamentalista no Estado ocorreu em governos corruptos e ineficientes mas que tiveram a seu favor a onda de bonança criada pelo ciclo de commodities.

Esse tópico nos próximos anos será ao meu inundado por notícias de Brasil, Rússia, Índia,e Turquia, e em outras editorias mais frágeis em prender criminosos sexuais ou corruptos ligados ao Estado, só pararam de ocorrer quando corroer finalmente toda a noção de Estado de Direito como é Coréia do Norte, Cuba, Venezuela, Somália etc.

Só de nota,a maior democracia formal, a Índia, é a que mais bloqueia sites no mundo:
https://www.bloombergquint.com/technolo ... n-pakistan

Sobre religiosos e cargos públicos como colocado pelo José Miguel, também vemos a cada dia mais, mas isso deve-se também a estrutura dos Estados que tem muitos cargos de livre provimento, só no Brasil existem mais indicados pelo "Rei" que funcionários públicos Portugueses, e ainda existem consultorias e ONGs ligadas que recebem $$$ sem qualquer controle ou índices de efetividade.
JoséMiguel
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Re: Censura no Cinema e TV: Antes e agora...

Post by JoséMiguel »

Citação com vídeo do Carl Sagan, acerca da supressão de ideias desconfortáveis na política e Religião
The suppression of uncomfortable ideas may be common in religion or in politics, but it is not the path to knowledge, and there's no place for it in the endeavor of science. - Carl Sagan em "Cosmos"


Para quem ainda não viu a série original "Cosmos", aqui o Carl Sagan está a "defender" um fanático religioso, um pseudo-cientista que propôs um falso e absurdo modelo de origem do Sistema Solar, que estivesse de acordo com as Escrituras do Antigo Testamento. Na verdade o Carl Sagan não está a defender a estupidez da teoria científica do fanático religioso, mas sim a atacar os cientistas de renome que utilizaram técnicas fascistas da Esfera da Religião e Política, para tentar suprimir as ideias do pseudo-cientista tosco.

O assunto presente, é a perseguição política e religiosa (desta vez calhou ser contra os homossexuais, amanhã poderá ser contra os ateus ou contra as mulheres, pois a doutrina e credo de um fanático religioso é a de que os inimigos dele são inimigos de Deus), por parte do actual Prefeito (Presidente da Câmara) Marcelo Bezerra Crivella do Rio de Janeiro, referida nas mensagens anteriores.

Image
Marcelo Bezerra Crivella

Mais à frente irei mostrar um vídeo deste Jesus Cristo travesti, que foi vítima de perseguição política e religiosa, mas primeiro quero dizer algo de muito importante.

Eu sou um heterossexual ateu, e não tenho qualquer interesse num espectáculo de teatro religioso criado por um homossexual. Não tenho interesse, mas defendo ferozmente o direito à liberdade do espectáculo existir, e critico quem se atreva a censurar a peça teatral, nem que seja o próprio Presidente da República. Neste caso é um político brasileiro, fanático religioso e corrupto da IURD.

Eu sou ateu mas defendo um religioso, sou heterossexual mas defendo um homossexual, sou homem mas defendo a igualdade da Mulher

O povo do século XXI tem o acesso à educação e cultura na ponta dos dedos (Wikipedia), e nada pode justificar que as massas se voltem a comportar como o povo alemão de 1930.
Image

First they came for the Socialists, and I did not speak out—

Because I was not a Socialist.

Then they came for the Trade Unionists, and I did not speak out—

Because I was not a Trade Unionist.

Then they came for the Jews, and I did not speak out—

Because I was not a Jew.

Then they came for me—and there was no one left to speak for me.

Martin Niemöller - Padre alemão enviado para um campo de concentração da Alemanha Nazi

Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/First_they_came_...
Antes de mostrar a excelente entrevista à equipa do “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu”, queria mostrar dois retratos do Terreiro do Paço em Lisboa.

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Na fotografia acima do Terreiro do Paço, está um homem a andar de skate. Será ateu? Será Judeu? Será Muçulmano? Não sabemos qual o credo religioso do homem que anda de skate na fotografia acima...

Agora vou mostrar um retrato do Terreiro do Paço, desenhado durante a Inquisição portuguesa:

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Entre 1536 e 1821, cerca de mil e quinhentas pessoas foram queimadas e outras 25.000 foram condenadas a diversas penas. Ignora-se quantos morreram nos cárceres e daqueles que foram julgados depois de mortos, os quais, quando condenados, eram exumados e queimados nos autos-de-fé

O povo lisboeta do século XVI comportou-se da mesma forma que o povo alemão da década de 1930.

Primeiro vieram pelos mouros, como eu não era mouro fiquei calado, depois vieram pelos judeus, como eu não era judeu fiquei calado, em seguida vieram pelos não-crentes, como eu era crente fiquei calado, por último vieram por mim e já não restava ninguém para falar em minha defesa e fui queimado na fogueira pelo regime religioso fascista português da época dos Descobrimentos.

Zé da Adega (adaptação portuga)





Observação 1: No Angel, gostei bastante do texto que escreveste, em particular pela explicação e descrição de Portugal ao membro Drakes, que é do Brasil e foi quem nos alertou para este caso. Tu deixaste claro que do ponto de vista europeu de Portugal, o Brasil é um país muito religioso (e quase de certeza o mesmo também pode ser dito de quase toda a América do Sul Hispânica, se calhar Cuba não tanto :wink: :lol: )

Essa informação da homossexualidade ser legalizada em Portugal em 1982, eu não conhecia e irei pedir a tua colaboração no tópico da secção de TV da série Cuenta-me como passo (não sei escrever os acentos de cabeça), quando eu acabar de comentar a perseguição jurídica e religiosa aos gays em Espanha.

Já agora, eu não acho bem que tu cites os meus textos inteiros, de rajada (podias apenas citar um dois parágrafos que te interessam). Por acaso vou ter de editar o meu texto para corrigir uma ou duas gralhas e fazer um esclarecimento acerca daquele vídeo ilustrativo, quanto tiver tempo.

Observação 2: Quando eu chamei de "boneco" ao cargo português de Presidente da República, foi no sentido de explicar a um leitor brasileiro (o Brasil usa o sistema de senado norte-americano, onde o Presidente tem poderes supremos de ditador/imperador) como funciona o Parlamento e Constituição portuguesa. Não chamei "boneco" ao Marcelo Rebelo de Sousa em nenhum tom depreciativo (eu gostava de o ouvir falar aos domingos à noite, porque ele tem a mesma aptidão que o falecido Carl Sagan, para explicar coisas). :lol:
No Angel
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Re: Censura no Cinema e TV: Antes e agora...

Post by No Angel »

JoséMiguel wrote: June 11th, 2018, 7:35 am [
Observação 1: No Angel, gostei bastante do texto que escreveste, em particular pela explicação e descrição de Portugal ao membro Drakes, que é do Brasil e foi quem nos alertou para este caso. Tu deixaste claro que do ponto de vista europeu de Portugal, o Brasil é um país muito religioso (e quase de certeza o mesmo também pode ser dito de quase toda a América do Sul Hispânica, se calhar Cuba não tanto :wink: :lol: )

Essa informação da homossexualidade ser legalizada em Portugal em 1982, eu não conhecia e irei pedir a tua colaboração no tópico da secção de TV da série Cuenta-me como passo (não sei escrever os acentos de cabeça), quando eu acabar de comentar a perseguição jurídica e religiosa aos gays em Espanha.

Já agora, eu não acho bem que tu cites os meus textos inteiros, de rajada (podias apenas citar um dois parágrafos que te interessam). Por acaso vou ter de editar o meu texto para corrigir uma ou duas gralhas e fazer um esclarecimento acerca daquele vídeo ilustrativo, quanto tiver tempo.
Para acrescentar um pouco a informação:

"A partir do século XVI a Inquisição encarregou-se mesmo de investigar, julgar e condenar à fogueira a sodomia. Esta visão moralista da sexualidade manteve-se até finais do século XX, apesar da descriminalização que entretanto ocorreu, época em que a grande maioria dos homo e bissexuais ainda preferia esconder-se aos olhos da sociedade."


Uma curiosidade que eu não sei explicar, é que no Al-Andalus a homossexualidade era mais tolerade que nos tempos da cristandade, uma coisa que parece muito estranha para quem conheça o Corão:

"A civilização do Alandalus foi muito tolerante no que respeita à sexualidade, à excepção dos períodos almorávida e almóada, ao contrário dos reinos cristãos seus vizinhos a Norte. Paradoxalmente, o Corão proíbe a homossexualidade, chegando mesmo a puni-la com a morte. No entanto, as sociedades muçulmanas da época, tanto na Península Ibérica como no restante mundo muçulmano, não seguiam esta regra. No Risala fi-l-Fiqh, um compêndio de direito islâmico elaborado por Ibne Abi Zaide, um alfaqui da escola Maliki, é indicado que o homem que consentir dormir com um varão de maior idade, provocaria a lapidação dos dois"

Recentemente eu li um livro português passado nesta época que eu recomendo, chamado "A escrava de Córdova", de Alberto Santos, que eu achei fascinante por retratar um período histórico que raramente é abordado na ficção portuguesa. Muito se fala dos romanos, mas pouco dos muçulmanos do Al-Andalus, que deixaram várias marcas no nosso país. E curiosamente os muçulmanos da altura eram mais tolerantes das outras religiões que os cristãos, então as coisas parece que inverteram com os tempos....


"Pela reforma de 1954 do Código Penal, os artigos 70º e 71º passaram a prever várias "medidas de segurança" para "os que se entreguem habitualmente à prática de vícios contra a natureza", o que se entendia serem os homossexuais. Essas "medidas de segurança" iam do internamento em manicómio criminal, casa de trabalho ou colónia agrícola até à interdição de exercício de uma profissão, passando por outras modalidades de privação ou limitação da liberdade individual (Decreto-Lei nº 39.688, de 5 de Junho de 1954. O crime da "prática de vícios contra a natureza" só desapareceu do Código Penal português em 1982. "

https://pt.wikipedia.org/wiki/Diversida ... stado_Novo

Claro que se formos recuar mais no tempo (anterior ao Estado Novo) as coisas eram iguais ou piores. A Inquisição queimava as pessoas, incluindo os chamados "sodomitas".

No geral, as liberdades que as mulheres, os não-crentes, as minories tem são bastante recentes, nalguns casos até chocantemente recentes. Mesmo após o o 25 de Abril as coisas não mudaram do dia pra noite, os dogmas do estado novo e da igreja católica demoraram a ser abolidos. O aborto só foi legalziado em 2007 por exemplo, quando nos EUA era legal desde os anos 70.
JoséMiguel
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Re: Censura no Cinema e TV: Antes e agora...

Post by JoséMiguel »

Adorei o texto do NoAngel, mas antes de o comentar, quero mostrar um vídeo brasileiro de 2016, onde o então já presidente Marcelo Rebelo de Sousa, foi filmado tranquilamente na praia, com 6 ou 7 adolescentes portugueses de volta dele a tirarem fotos. O vídeo é bonito e não tem nada de mal.



Este vídeo é muito interessante e vem a propósito dos meus comentários anteriores, que envolvem o Brasil e Portugal.

NoAngel, depois de ler o que escreveste fui procurar um antigo vídeo meu (para o DVD Mania) que criei em 2013, e estive agora a recarregá-lo:



Tenho pena que o documentário completo não esteja no You Tube, mas destaco certas coisas explicadas acerca da Península Ibérica, durante a ocupação moura:

A) Tanto os governadores mouros, como a população moura, bebiam vinho tinto e comiam o belo do presunto e chouriço (de porco!). Era um governo mouro aportuguesado, que se estava completamente cagando para a religião, onde a malta moura apenas queria ter boa comida, boa vida e bom vinho, e estar sossegada em paz.

B) Numa fase final da ocupação moura, chegam a Espanha e Portugal, uns muçulmanos fanáticos e puritanos religiosos do norte de África, que ficaram chocados com a rebaldaria dos mouros ibéricos beberem vinho e comerem presunto, e acabaram com a festa.

C) A ocupação muçulmana da nossa península, ocorreu durante a "Golden Age" islâmica, e nessa altura (atenção! apenas nessa altura) o povo português tinha uma vida melhor antes de surgir um gajo francês a reinar sobre o povo português e impôr fanatismo religioso cristão mais severo do que durante a ocupação moura.

Gajo francês que fundou a primeira dinastia portuguesa:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Henrique_ ... _Portucale

"Ahh e tal... Quero ser dono de um país! Deixa lá ver... vou até Portugal fundar uma dinastia e quem sabe se alguns miúdos portugueses na escola, 800 anos depois, não serão engrupidos à força toda pelo professor e livro escolar, a julgar que o seu primeiro rei era português... :badgrin: "

Os califas mouros eram mais portugueses do que o Afonso Henriques, que era filho de um francês, armado em puto a jogar ao "Game of Thrones".

Ainda na semana passada estava a guiar, quando oiço na rádio uma entrevista a uma professora portuguesa de História, que explicava que os manuais escolares dos anos 80, por onde eu aprendi, eram uma versão fascista da História de Portugal, manipulada pelo Salazar, para incutir sentimento de patriotismo e nacionalismo às crianças portuguesas (algo de muito perigoso saído do Hitlerismo), onde não era ainda explicado aos alunos portugueses as atrocidades cometidas durante a Reconquista e os Descobrimentos.

Que fique claro que o povo português ficou muito pior após a Reconquista do "francês" Afonso Henriques, ficou pior na altura. Hoje sabemos que isso foi um mal que veio por bem, porque os islâmicos tornaram-se fanáticos religiosos e regrediram para a sua actual Idade das Trevas, ao passo que no "clube" cristão deu-se o Renascimento e o Iluminismo. (No Angel, aconselho-te o filme búlgaro 1987 "Time of Violence", que trata o mesmo assunto, mas mais tarde, no século XVII, onde então o povo europeu já vivia pior sob o islamismo, do que sob o cristianismo).



Lamento algum off-topic, mas tem de ser para eu poder trocar ideias com o No Angel. Julgo que o assunto tem interesse, para os demais. Tecnicamente o Afonso Henriques nasceu na Península Ibérica, mas para mim ele era francês, leiam a wikipedia do pai dele, como sabem, eu gosto de mandar bocas e escrever em tom provocatório. Isto haverá de ter utilidade como "background" para a censura religiosa.

Não tenho mais tempo por agora, quero apenas frisar que aquela lenga-lenga com a gravura da Inquisição a queimar pessoas no Terreiro do Paço, foi para ilustrar a passividade das massas perante uma perseguição a qualquer grupo (podem ser mulheres, gays, mouros, judeus, cientistas, etc.), onde as massas pensam "Ahh, não é nada comigo, fico calado!".
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Re: Censura no Cinema e TV: Antes e agora...

Post by No Angel »

JoséMiguel wrote: June 15th, 2018, 11:49 am

A) Tanto os governadores mouros, como a população moura, bebiam vinho tinto e comiam o belo do presunto e chouriço (de porco!). Era um governo mouro aportuguesado, que se estava completamente cagando para a religião, onde a malta moura apenas queria ter boa comida, boa vida e bom vinho, e estar sossegada em paz.

B) Numa fase final da ocupação moura, chegam a Espanha e Portugal, uns muçulmanos fanáticos e puritanos religiosos do norte de África, que ficaram chocados com a rebaldaria dos mouros ibéricos beberem vinho e comerem presunto, e acabaram com a festa.

C) A ocupação muçulmana da nossa península, ocorreu durante a "Golden Age" islâmica, e nessa altura (atenção! apenas nessa altura) o povo português tinha uma vida melhor antes de surgir um gajo francês a reinar sobre o povo português e impôr fanatismo religioso cristão mais severo do que durante a ocupação moura.

Gajo francês que fundou a primeira dinastia portuguesa:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Henrique_ ... _Portucale

"Ahh e tal... Quero ser dono de um país! Deixa lá ver... vou até Portugal fundar uma dinastia e quem sabe se alguns miúdos portugueses na escola, 800 anos depois, não serão engrupidos à força toda pelo professor e livro escolar, a julgar que o seu primeiro rei era português... :badgrin: "

Os califas mouros eram mais portugueses do que o Afonso Henriques, que era filho de um francês, armado em puto a jogar ao "Game of Thrones".

Ainda na semana passada estava a guiar, quando oiço na rádio uma entrevista a uma professora portuguesa de História, que explicava que os manuais escolares dos anos 80, por onde eu aprendi, eram uma versão fascista da História de Portugal, manipulada pelo Salazar, para incutir sentimento de patriotismo e nacionalismo às crianças portuguesas (algo de muito perigoso saído do Hitlerismo), onde não era ainda explicado aos alunos portugueses as atrocidades cometidas durante a Reconquista e os Descobrimentos.

Que fique claro que o povo português ficou muito pior após a Reconquista do "francês" Afonso Henriques, ficou pior na altura. Hoje sabemos que isso foi um mal que veio por bem, porque os islâmicos tornaram-se fanáticos religiosos e regrediram para a sua actual Idade das Trevas, ao passo que no "clube" cristão deu-se o Renascimento e o Iluminismo. (No Angel, aconselho-te o filme búlgaro 1987 "Time of Violence", que trata o mesmo assunto, mas mais tarde, no século XVII, onde então o povo europeu já vivia pior sob o islamismo, do que sob o cristianismo).



Lamento algum off-topic, mas tem de ser para eu poder trocar ideias com o No Angel. Julgo que o assunto tem interesse, para os demais. Tecnicamente o Afonso Henriques nasceu na Península Ibérica, mas para mim ele era francês, leiam a wikipedia do pai dele, como sabem, eu gosto de mandar bocas e escrever em tom provocatório. Isto haverá de ter utilidade como "background" para a censura religiosa.

Não tenho mais tempo por agora, quero apenas frisar que aquela lenga-lenga com a gravura da Inquisição a queimar pessoas no Terreiro do Paço, foi para ilustrar a passividade das massas perante uma perseguição a qualquer grupo (podem ser mulheres, gays, mouros, judeus, cientistas, etc.), onde as massas pensam "Ahh, não é nada comigo, fico calado!".
O livro que eu referi, escrito por um português, acaba por retratar os dois lados de forma igual, não glorificando nenhum dos lados. Nenhum dos lados era um paraíso, pelo contrário, comparado com os dias de hoje era um inferno (uma das coisas que mais me chocou no livro foi referirem que o Almançor, personagem verídica e que aparece no livro, matou o próprio filho só porque suspeitava que ele conspirava contra si, e achei até estranho não darem ênfase a isso no livro, é apenas algo referido).

Mas o livro tem várias perspectivas, por um lado a cristã Ouroana que se torna escrava em terras muçulmanas à força, depois também temos pontos de vista de um judeu, de um muçulmano, enfim, existem diversos pontos de vista, então fica-se com uma imagem abrangente de como era aquela época, dos dois lados. Eu pelo menos recomendo o livro "A escrava de Córdova", é muito bom mesmo.

Até o paganismo é abordado no livro através da ama da Ouroana, que faz invocações à Deusa (e sabemos que o culto da deusa mãe é muito antigo e precede as três religiões monoteistas).
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Re: Censura no Cinema e TV: Antes e agora...

Post by JoséMiguel »

Algumas notas acerca da censura religiosa na Arábia Saudita

- Todos os screenshots que mostrarei foram proibidos na Arábia Saudita, por motivos religiosos -

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Eu já tinha falado deste assunto antes, mas tentarei agora analisar esta censura, colocando-me dentro da mente distorcida de um fanático religioso, neste caso em concreto um fanático religioso muçulmano, censor televisivo oficial do Reino da Arábia Saudita.

Atenção que em 1982 não existia censura de cinema na Arábia Saudita e apenas censura televisiva!

Epá! Porque raios existia censura na televisão da Arábia Saudita em 1982, mas não existia qualquer tipo de censura religiosa no cinema!?

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A resposta a esta pergunta inteligente é tristemente similar ao ovo de Colombo... :-(

A resposta é que o cinema era um crime religioso contra o profeta Maomé e o Al-Corão, criminalizado e punível por lei em 1982. Portanto se o Cinema não existia não faria sentido existir qualquer censura contra algo que não existe.

Este será porventura o decreto-lei mais ofensivo para os membros do fórum DVD Mania.

O Rui Santos, por ser dono do DVD Mania seria primeiro preso pela muṭawwi, e posteriormente degolado com espada a cortar a sua cabeça (os árabes nunca implementaram a guilhotina francesa).
The Islamic religious police (Arabic: مطوع‎ muṭawwiʿ, plural مطوعون muṭawwiʿūn – derived from classical Arabic: mutaṭawwiʿa/muṭṭawwiʿa)[1] is the official vice squad of some Islamic states, who on behalf of the state, enforces Sharia law in respect to religious behavior (morality),[2][3] or the precepts of Wahhabism.[3] The establishment of a religious police is considered justified with the Quran doctrine, enjoining what is right and forbidding what is wrong or promotion of virtue and prevention of vice.[2][3] Some controversy, though, exists and opinions are divided on the function or purpose of religious police;[2][3] for example, in Iran and Saudi Arabia some see them as limiting secularization, while some foreign Islamic imams see them as an outdated over-conservative annoyance.[3]
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In the 1970s, there were many movie theaters in Saudi Arabia and they were not considered un-Islamic, though they were seen as contrary to Arab cultural norms.

In the 1980s, there were some improvised movie halls in Saudi Arabia, most of which were in Jeddah and Mecca, where Egyptian, Indian, and Turkish films were screened without government intervention. However, all these halls were closed due to the growing objections of religious conservatives during the Islamic revival movement in the 1980s. As a political response to an increase in Islamist activism, including the 1979 seizure of the Grand Mosque in Mecca, the government closed all cinemas and theaters.[12]

During the cinema ban, the only public theater in Saudi Arabia was a single IMAX cinema located in Khobar at the Sultan Bin Abdulaziz Science and Technology Center.[13] The IMAX cinema, in operation since 2005,[14] shows only educational films. The documentaries are mostly productions from the United States shown in Arabic, with English audio headphones available.

Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Cinema_of_Saudi_Arabia
Quando eu tinha 5 anos de idade, o meu pai gravou isto na Arábia Saudita, e por acaso eu vivia na cidade de Al-Khobar, referenciada no wikipedia (citação acima) como a única cidade saudita com uma sala de cinema, mas essa sala é uma modernice do século XXI com tecnologia IMAX, que obviamente não existia em 1982 quanto todo o cinema era proibido por lei, por uma sala de cinema ser um crime religioso e jurídico contra o deus Alá!



Versão britânica sem censura religiosa árabe:



A censura religiosa muçulmana é ainda mais malévola, eficaz e inteligente do que foi a porcaria da Inquisição Católica, por não apenas censurarem o que é proibido no Al-Corão, mas por fazerem perseguição a outras religiões, como por exemplo ao catolicismo português ou ao budismo tibetano, utilizando tecnologias não acessíveis ao Santo Ofício espanhol e aos padres genocidas dos autos da fé de Lisboa.

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Um exemplo da maldade e perversidade do governo ditatorial-religiosa do Reino da Arábia Saudita, é o bloqueio e intolerância por completo, a qualquer outra religião, como na imagem proibida acima, com um diabo cornudo associado às crenças do inimigo cristão.

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Este episódio até foi realizando pelo grande cineasta austríaco Herbert Wise: https://en.wikipedia.org/wiki/Herbert_Wise
drakes
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Re: Censura no Cinema e TV: Antes e agora...

Post by drakes »

As inquisições tem caráter diferentes e alcances, a da Espanha e Portugal tem mais caráter de perseguição política do que religiosa e cultural, tem alguns historiadores que trabalharam com isso, se não errei os nomes, Francisco Bethencourt, Tinhorão, já a censura pós revolução industrial é uma forma sistemática de moldar as maiorias por isso qualquer uma delas em regimes de exceção tem alcance muito maior que em qualquer período histórico.
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Re: Censura no Cinema e TV: Antes e agora...

Post by No Angel »

drakes wrote: June 26th, 2018, 5:58 pm As inquisições tem caráter diferentes e alcances, a da Espanha e Portugal tem mais caráter de perseguição política do que religiosa e cultural, tem alguns historiadores que trabalharam com isso, se não errei os nomes, Francisco Bethencourt, Tinhorão, já a censura pós revolução industrial é uma forma sistemática de moldar as maiorias por isso qualquer uma delas em regimes de exceção tem alcance muito maior que em qualquer período histórico.
Não concordo, a Inquisição também perseguia ferozmente a cultura, nomeadamente a Literatura, a Igreja tinha listas de livros proibidos e queimava-os. Claro que não havia tv nem cinema nos séculos XV-XIX portanto nem poderiam censurar essas Artes.
JoséMiguel
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Re: Censura no Cinema e TV: Antes e agora...

Post by JoséMiguel »

Segundo o que eu pude depreender entre a troca de palavras entre o Drakes e o No Angel, o Drakes primeiro sugere que a religião no tempo da Inquisição ibérica foi feita por motivos políticos, o que não sendo imediatamente óbvio para um cidadão português da minha idade, que levou com livros e professoras de História do tempo do Salazarismo, está comprovado na wikipedia como verdade histórica.

Quando eu era criança não existia Internet, nem Wikipedia e fui endoutrinado pelas minhas professoras e livros escolares fascistas do Antigo Regime. Esse endoutrinamento fascista às crianças portuguesas está prestes a acabar, e hoje já se fala finalmente em revisão aos actuais livros escolares de História do Antigo Regime.

Esse vestígio nazi só será erradicado da escolaridade portuguesa, quando as criancinhas portuguesas foram educadas pelos professores a sentirem vergonha e remorso pelo que os antepassados portugueses fizeram aos outros povos. O povo alemão da minha idade, nascido na antiga RFA aprendeu bem essa lição e tem vergonha pelo que os antepassados alemães fizeram, da mesma forma os manuais escolares portugueses têm de ensinar às crianças que os nossos antepassados quinhentistas foram assassinos e genocidas hipócritas que mataram outros povos em nome de deus, mas na prática em nome da ganância do lucro, "Portugal Uber Alles"... evil-)

Em seguida o Drakes separa a perseguição religiosa quinhentista (https://pt.wikipedia.org/wiki/Inquisi%C ... portuguesa) da manipulação das massas após a Revolução Industrial, que é outro bicho que na Península Ibérica corresponde ao Salazarismo e Franquismo.

Parece ser um belo comentário pelo amigo Drakes. :-D yes-)

Existem certas coisas que apenas um português pode dizer ou escrever, já o meu falecido pai me dizia "Olha filho! Se emigrares para outro país, não poderás mandar ninguém à merda, tu em Portugal vais a guiar e podes mandar o outro condutor à merda, mas apenas podes fazê-lo porque és português, se tu emigrares para Inglaterra ou França e mandares à merda um gajo desses países, levas um tareão que nem sequer sobrevives".

O meu pai trabalhou nesses dois países e conheceu bem a xenofobia contra estrangeiros (portugueses ou não).

Moral da história: Para dizer mal de Portugal, é melhor ser um português a fazê-lo. :lol: :roll: (não vá o Drakes ser apedrejado ou algo parecido).
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Re: Censura no Cinema e TV: Antes e agora...

Post by No Angel »

JoséMiguel wrote: June 26th, 2018, 7:08 pm Segundo o que eu pude depreender entre a troca de palavras entre o Drakes e o No Angel, o Drakes primeiro sugere que a religião no tempo da Inquisição ibérica foi feita por motivos políticos, o que não sendo imediatamente óbvio para um cidadão português da minha idade, que levou com livros e professoras de História do tempo do Salazarismo, está comprovado na wikipedia como verdade histórica.

Quando eu era criança não existia Internet, nem Wikipedia e fui endoutrinado pelas minhas professoras e livros escolares fascistas do Antigo Regime. Esse endoutrinamento fascista às crianças portuguesas está prestes a acabar, e hoje já se fala finalmente em revisão aos actuais livros escolares de História do Antigo Regime.

Esse vestígio nazi só será erradicado da escolaridade portuguesa, quando as criancinhas portuguesas foram educadas pelos professores a sentirem vergonha e remorso pelo que os antepassados portugueses fizeram aos outros povos. O povo alemão da minha idade, nascido na antiga RFA aprendeu bem essa lição e tem vergonha pelo que os antepassados alemães fizeram, da mesma forma os manuais escolares portugueses têm de ensinar às crianças que os nossos antepassados quinhentistas foram assassinos e genocidas hipócritas que mataram outros povos em nome de deus, mas na prática em nome da ganância do lucro, "Portugal Uber Alles"... evil-)

Em seguida o Drakes separa a perseguição religiosa quinhentista (https://pt.wikipedia.org/wiki/Inquisi%C ... portuguesa) da manipulação das massas após a Revolução Industrial, que é outro bicho que na Península Ibérica corresponde ao Salazarismo e Franquismo.

Parece ser um belo comentário pelo amigo Drakes. :-D yes-)

Existem certas coisas que apenas um português pode dizer ou escrever, já o meu falecido pai me dizia "Olha filho! Se emigrares para outro país, não poderás mandar ninguém à merda, tu em Portugal vais a guiar e podes mandar o outro condutor à merda, mas apenas podes fazê-lo porque és português, se tu emigrares para Inglaterra ou França e mandares à merda um gajo desses países, levas um tareão que nem sequer sobrevives".

O meu pai trabalhou nesses dois países e conheceu bem a xenofobia contra estrangeiros (portugueses ou não).

Moral da história: Para dizer mal de Portugal, é melhor ser um português a fazê-lo. :lol: :roll: (não vá o Drakes ser apedrejado ou algo parecido).
O que me opus foi dizerem que a Inquisição não perseguia a cultura, isso é mentira. E sim, tinha caráter politico e religioso, nunca disse o contrário, só afirmei que a Igreja perseguia sim a cultura, tanto em Portugal como em Espanha. Aliás, não só a cultura como a ciencia.
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