Antes de fazer um post com os mapas, que ficam para outra ocasião, queria dar o seguinte lamiré:
Se estou a ter este "trabalho" neste tópico (mas quem corre por gosto não se cansa), se calhar já estão a desconfiar, que para mim, a nível de gostos pessoais no cinema, esta Trilogia é uma bomba, superior ao Senhor dos Anéis, Ben-Hur, etc.
O que posso adiantar acerca duma trilogia feita em 30 anos, pelo mesmo realizador, com os 2 primeiros filmes em co-produção URSS-Polónia, e o 3º filme após o colapso da URSS, numa Polónia a entrar na NATO e na altura ainda candidata à U.E., é que o 3º filme (1999) é o que tem a cinematografia mais "soviética"/imersiva da trilogia, com um duelo de sabres filmado em 1ª pessoa, estilo jogo de computador. Naturalmente que fiquei muito contente com isto, não houve contaminação por Hollywood, e existiu progresso e avanço do estilo de cinema que eu gosto.
Imagem do capítulo I (1999). Enquanto não temos em casa, um perímetro de monitores 360º, para filmes 360º a serem filmados no futuro, a Polónia continua a desenvolver a cinematografia imersiva, com um cheirinho do futuro. São apenas poucos segundos de 1st person view nesta cena, mas já é qualquer coisa.
Por outro lado esse não é o melhor filme da trilogia, embora seja o mais bonito de se ver.
Eu gosto muito da trilogia do Senhor dos Anéis, mas tenho pena que seja do género animação, com desenhos animados CGI, e não 100% filme, com actores. Quanto estava a ver o cerco aos castelos, na fronteira sudeste do império polaco, pelos janissários otomanos, lembrava-me do 2º filme do Senhor do Aneis, que tinha aqueles desenhos animados dos ogres a cercar a fortaleza. A escala é a mesma, mas em vez de ogres e bichos, aqui temos actores, canhões, granadeiros, estratégias militares, etc., baseados em factos históricos importantes para saber se hoje a Europa seria cristã/ateia/livre ou muçulmana, se existiria vinho do Porto, proíbido pelo Islamismo, champagne de Fança, etc.
Imagem do capítulo III (1969), actores em vez de desenhos animados CGI do Senhor dos Anéis.
O que não quer dizer que eu não adore os filmes do Senhor dos Anéis, porque adoro! Mas estas batalhas histórico-épicas da trilogia polaca, mexem comigo.
A Trilogia de Henryk Sienkiewicz
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Re: A Trilogia de Henryk Sienkiewicz
Torre de assalto, com canhão
Esta é uma das batalhas do 1º capítulo (1999)...
No 1º conjunto de imagens, vários ângulos do cerco à fortaleza polaco-lituana.
No 2º conjunto de imagens, torre de assalto de três pisos, com canhão no piso intermédio, operada pelos cossacos ucranianos rebeldes (o filme faz um take contínuo com a câmara a elevar-se ao longo dos três pisos da torre, bem coreografado).
Se eu criar excertos no You Tube, esta batalha será um deles.
Quem anda a acompanhar este tópico, agora já identifica os cossacos ucranianos, pela cabeça rapada e madeixa, eu não avisei que este tópico era um guia?
Esta é uma das batalhas do 1º capítulo (1999)...
No 1º conjunto de imagens, vários ângulos do cerco à fortaleza polaco-lituana.
No 2º conjunto de imagens, torre de assalto de três pisos, com canhão no piso intermédio, operada pelos cossacos ucranianos rebeldes (o filme faz um take contínuo com a câmara a elevar-se ao longo dos três pisos da torre, bem coreografado).
Se eu criar excertos no You Tube, esta batalha será um deles.
Quem anda a acompanhar este tópico, agora já identifica os cossacos ucranianos, pela cabeça rapada e madeixa, eu não avisei que este tópico era um guia?
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Re: A Trilogia de Henryk Sienkiewicz
Mapa geral de 1648
Só agora ganhei coragem de pegar na questão dos mapas, e este que encontrei é crítico, para entender os três filmes da trilogia, cada filme passado num período diferente do século XVII. Este mapa não serve de nada para o 1º capítulo da trilogia, que lida com o estado vassalo da Ucrânia, mas permite uma visão geral estratégica.
Por exemplo, na altura do filme II da trilogia, numa altura (ou próxima) em que o Kremlin em Moscovo estava sob administração polaca, a Suécia, aliado do reino moscovita, ataca a commonwealth polaco-lituana, para libertar a pressão na frente russa, e em simultâneo a Polónia estava sob ataque, quer a sul, pelo Império Otomano, quer a sudeste pelo kanato da Criméia.
Em consequência, o Rei da Polónia exila-se no "Holy Roman Empire", a sudoeste.
Curiosamente (nada a ver com o filme), nesta mesma altura, temos um português alentejano governador da Sicília e Holanda do sul, e desembarques navais na Suécia, pelas tropas luso-espanholas, que grande confusãoooooo!!!!!
Nos livros de história portugueses, "Portugal estava sob domínio de espanhol, ponto!", não fazia ideia destas campanhas militares luso-espanholas na Europa, o capitão alentejano de Estremoz é este:
http://en.wikipedia.org/wiki/Francisco_de_Melo
Destaque ainda para a extensão da penetração otomana na Europa, e os 3 reinos da Transilvânia, Valáquia e Moldávia. Escrevi um texto acerca do filme romeno Vlad Tepes (Drácula), vale a pena ver esse filme. Basicamente o Drácula fez um acordo com os otomanos, para os deixar passar pela Roménia, para conquistar a Europa Central, mas traíu-os pelas costas.
A invasão polaca da "Rússia", não é tratada nos filmes da trilogia, mas é o tema base do filme (pouco sério, contaminado pelo estilo de cinema de Hollywood) "1612", que já aqui escrevi uma crítica.
Não é necessário saber nada disto, para apreciar os 3 filmes da Trilogia, mas eu gostei tanto deles, que quis aprender mais sobre a História autêntica que encenam. Só farei uma crítica a cada um dos filmes, depois de os rever uma 2ª vez, e só os irei rever, quando fechar este tópico-guia histórico. Talvez com este contexto histórico os leitores fiquem mais motivados e curiosos em ver os filmes, não faço ideia... mas este tópico serve também para mim, para eu organizar as ideias. E é o mínimo que eu posso fazer quando o cinema da América, Europa Ocidental e Ásia falham por completo nos meus gostos pessoais, e é preciso filmes do Cinema de Leste, como estes para eu voltar a sentir encanto no cinema.
Só agora ganhei coragem de pegar na questão dos mapas, e este que encontrei é crítico, para entender os três filmes da trilogia, cada filme passado num período diferente do século XVII. Este mapa não serve de nada para o 1º capítulo da trilogia, que lida com o estado vassalo da Ucrânia, mas permite uma visão geral estratégica.
Por exemplo, na altura do filme II da trilogia, numa altura (ou próxima) em que o Kremlin em Moscovo estava sob administração polaca, a Suécia, aliado do reino moscovita, ataca a commonwealth polaco-lituana, para libertar a pressão na frente russa, e em simultâneo a Polónia estava sob ataque, quer a sul, pelo Império Otomano, quer a sudeste pelo kanato da Criméia.
Em consequência, o Rei da Polónia exila-se no "Holy Roman Empire", a sudoeste.
Curiosamente (nada a ver com o filme), nesta mesma altura, temos um português alentejano governador da Sicília e Holanda do sul, e desembarques navais na Suécia, pelas tropas luso-espanholas, que grande confusãoooooo!!!!!
Nos livros de história portugueses, "Portugal estava sob domínio de espanhol, ponto!", não fazia ideia destas campanhas militares luso-espanholas na Europa, o capitão alentejano de Estremoz é este:
http://en.wikipedia.org/wiki/Francisco_de_Melo
Destaque ainda para a extensão da penetração otomana na Europa, e os 3 reinos da Transilvânia, Valáquia e Moldávia. Escrevi um texto acerca do filme romeno Vlad Tepes (Drácula), vale a pena ver esse filme. Basicamente o Drácula fez um acordo com os otomanos, para os deixar passar pela Roménia, para conquistar a Europa Central, mas traíu-os pelas costas.
A invasão polaca da "Rússia", não é tratada nos filmes da trilogia, mas é o tema base do filme (pouco sério, contaminado pelo estilo de cinema de Hollywood) "1612", que já aqui escrevi uma crítica.
Não é necessário saber nada disto, para apreciar os 3 filmes da Trilogia, mas eu gostei tanto deles, que quis aprender mais sobre a História autêntica que encenam. Só farei uma crítica a cada um dos filmes, depois de os rever uma 2ª vez, e só os irei rever, quando fechar este tópico-guia histórico. Talvez com este contexto histórico os leitores fiquem mais motivados e curiosos em ver os filmes, não faço ideia... mas este tópico serve também para mim, para eu organizar as ideias. E é o mínimo que eu posso fazer quando o cinema da América, Europa Ocidental e Ásia falham por completo nos meus gostos pessoais, e é preciso filmes do Cinema de Leste, como estes para eu voltar a sentir encanto no cinema.
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Re: A Trilogia de Henryk Sienkiewicz
Depois da seca aborrecida do mapa e texto anterior, deixo 2 clips de batalhas dos capítulos III e II.
Destaque para os Espingardeiros Suecos, e a sua "dança" de troca de soldados, antes de serem massacrados pela Cavalaria Husaria, na 2ª parte. Podem também ver na 1ª parte os arqueiros a cavalo da Mongólia (Khanato da Criméia):
Capítulo II
Janissários Otomanos e Granadeiros (os granadeiros são a minha preferência pessoal, embora apareçam pouco ) :
Capítulo III
A qualidade dos videos não é boa, mas talvez se tiverem presente o mapa da mensagem anterior, vejas as batalhas com outros olhos.
De qualquer modo o capítulo III (1º filme), para mim é o mais romântico, enquanto o capítulo I (3º filme) é o mais bonito visualmente (mostrei um video desse filme, quando falei da cavalaria "Husaria"). Cada um dos filmes tem as suas forças e qualidades, e nenhum se esconde atrás do outro, apesar dos 30 anos de intervalo. O capítulo II (2º filme) tem a duração mais longa, quase que a soma das durações dos filmes I e III.
Estes clips não são as melhores sequências dos filmes, mas têm batalhas grandes e foi o que encontrei.
Destaque para os Espingardeiros Suecos, e a sua "dança" de troca de soldados, antes de serem massacrados pela Cavalaria Husaria, na 2ª parte. Podem também ver na 1ª parte os arqueiros a cavalo da Mongólia (Khanato da Criméia):
Capítulo II
Janissários Otomanos e Granadeiros (os granadeiros são a minha preferência pessoal, embora apareçam pouco ) :
Capítulo III
A qualidade dos videos não é boa, mas talvez se tiverem presente o mapa da mensagem anterior, vejas as batalhas com outros olhos.
De qualquer modo o capítulo III (1º filme), para mim é o mais romântico, enquanto o capítulo I (3º filme) é o mais bonito visualmente (mostrei um video desse filme, quando falei da cavalaria "Husaria"). Cada um dos filmes tem as suas forças e qualidades, e nenhum se esconde atrás do outro, apesar dos 30 anos de intervalo. O capítulo II (2º filme) tem a duração mais longa, quase que a soma das durações dos filmes I e III.
Estes clips não são as melhores sequências dos filmes, mas têm batalhas grandes e foi o que encontrei.
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Re: A Trilogia de Henryk Sienkiewicz
Para fazer uma interrupção nesta onda bélica de estratégias militares, mapas e armamento...
Eu já tinha referido que o capítulo III (filme I, 1969) é o filme mais romântico da trilogia.
O Cinema de Leste tem por hábito combinar vários géneros, no mesmo filme. Neste caso, do capítulo III, a personagem feminina principal mexeu comigo. Existe aqui um toque de naturalidade e realismo qualquer, que é muito raro no cinema. Só sei que fiquei encantado com esta personagem:
Uma mulher fascinante e muito inteligente, com personalidade forte, mas ao mesmo tempo com uma doçura e encanto feminino tremendo. Só mesmo no Cinema de Leste!
Embora seja uma opinião puramente pessoal, não serei o único, a julgar por este video do You Tube, e outros tantos parecidos...
Além de ser uma grande mulher, existe o bónus da cena em que ela insiste em observar uma batalha, e o coronel explica-lhe as estratégias e planos militares. Ela questiona a lógica de certas tácticas, e ele tem de justificá-las. O Coronel conhece bem a mulher que tem e não "há pão para malucos", ela é acima de tudo uma amiga, com quem ele pode ter conversas inteligentes e ouvir a opinião.
Nada mau para um filme de 1969!
Eu já tinha referido que o capítulo III (filme I, 1969) é o filme mais romântico da trilogia.
O Cinema de Leste tem por hábito combinar vários géneros, no mesmo filme. Neste caso, do capítulo III, a personagem feminina principal mexeu comigo. Existe aqui um toque de naturalidade e realismo qualquer, que é muito raro no cinema. Só sei que fiquei encantado com esta personagem:
Uma mulher fascinante e muito inteligente, com personalidade forte, mas ao mesmo tempo com uma doçura e encanto feminino tremendo. Só mesmo no Cinema de Leste!
Embora seja uma opinião puramente pessoal, não serei o único, a julgar por este video do You Tube, e outros tantos parecidos...
Além de ser uma grande mulher, existe o bónus da cena em que ela insiste em observar uma batalha, e o coronel explica-lhe as estratégias e planos militares. Ela questiona a lógica de certas tácticas, e ele tem de justificá-las. O Coronel conhece bem a mulher que tem e não "há pão para malucos", ela é acima de tudo uma amiga, com quem ele pode ter conversas inteligentes e ouvir a opinião.
Nada mau para um filme de 1969!
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Re: A Trilogia de Henryk Sienkiewicz
Ainda dentro do tema do romance da mensagem anterior, relembro que no cabeçalho do tópico, disse que cada um dos três filmes são obras-primas. Quando eu uso o conceito de obra-prima, implica excelência a todos os níveis. Do meu ponto de vista, pelo menos.
Portanto estes filmes não são apenas batalhas épicas e reconstituições históricas, com torres de assalto e canhões.
Gostaria de mostrar um video fan-made do capítulo III, que de guerra não tem nada, e que se apresenta enquanto romance medieval. A qualidade do video é muito fraca, mas captura a essência dos géneros não-militares do filme, ao som de uma bonita melodia.
Apesar de eu adorar estas estratégias militares e eventos históricos, isso por si só não chega para fazer um bom filme, este é o outro lado da história.
Portanto estes filmes não são apenas batalhas épicas e reconstituições históricas, com torres de assalto e canhões.
Gostaria de mostrar um video fan-made do capítulo III, que de guerra não tem nada, e que se apresenta enquanto romance medieval. A qualidade do video é muito fraca, mas captura a essência dos géneros não-militares do filme, ao som de uma bonita melodia.
Apesar de eu adorar estas estratégias militares e eventos históricos, isso por si só não chega para fazer um bom filme, este é o outro lado da história.