Apesar de tê-lo visto com baixas expectativas, mesmo assim fiquei bastante decepcionado.
Para mim o que lhe falta, acima de tudo é
plausibilidade!
Não tenho problemas em aceitar que num qualquer filme, haja dragões voadores, sabres de luz, viagens no tempo para o passado, etc. Ou seja situações que, segundo a ciência, serão, impossíveis. Isto porque no "universo" do filme, na realidade alternativa em que ele se desenvolve, tal é possível.
Mas não aceito que, por mera preguiça / inépcia do argumentista e/ou realizador, os personagens se comportem de forma incredível e uma série de situações sejam deixadas sem explicação, apenas porque, para que a história prossiga certo rumo, ou suceram certas cenas, é necessário que tal aconteça...
Neste Elysium abundam situações como essas... Nem vontade nem memória tenho para as enumerar todas, mas apercebi-me de várias ao longo do filme. Cenas mal escritas como esta:
Comportamentos implausíveis como este abundam...
O que impediu que eu me tivesse envolvido com a história e preocupado com os personagens e com o seu destino...
Mas ainda notei uma outra deficiência, tão grave quanto risível. A premissa do filme baseia-se na assimetria entre os muito ricos (umas centenas de pessoas que habitam a estação espacial) e os muito pobres (os que habitam uma terra supostamente superpovoada e com os recursos exauridos, ou seja, necessariamente muito mais do que os 7 mil milhões de pessoas que vivem actualmente no nosso planeta).
Ora, além de não ter pés nem cabeça,
Ora, este aspecto devia ter sido muito melhor trabalhado e as soluções preconizadas diferentes.
Basta lembrarmo-nos do clássico Soylent Green, um filme que, sem o orçamento do Elysium, conseguiu ilustrar de forma mais convincente como seria a vivência numa sociedade com carência de alimentos.
Parece-me que toda a premissa do filme está mal concebida e desenvolvida. Na verdade, a impressão com que fiquei, depois de ter visto parte de um dos documentários, foi que o Neill Blomkamp queria fazer um filme com uma estação espacial com forma de aro, já que tal aparência o apaixonava desde a juventude... E para conseguir meter isso num filme, arranjou uma premissa esfarrapada e um enredo escrito à pressão...
Todavia, com um realizador com espírito crítico, muitas das deficiências poderiam ter sido supridas. Como se costuma dizer, "duas cabeças pensam melhor do que uma..." Só que neste caso, o realizador e o argumentista são as mesma pessoa...
A mesma sensação com que fiquei após o visionamento deste filme, também já fiquei com alguns dos filmes do Andrew Niccol que também tem por hábito escrever e realizar os seus próprios filmes... Não será casualidade que o seu melhor filme, na minha opinião, ("The Truman Show - A Vida em Directo") tenha sido escrito por ele, mas realizado por outro, o qual, segundo vi num documentário, alterou muitos dos aspectos da história para a fazer funcionar.
Quanto às interpretações, não gostei do Mat Damon, mas também confesso que não sou fã deste actor. A Jodie Foster prestou serviços mínimos, mas também mais não lhe era exigido pela personagem unifacetada que lhe coube. Deve-lhe ter sabido bem receber um cheque (provavelmente chorudo) por tão pouco trabalho...
Meramente pelos aspectos técnicos, dou a este filme:
6/10!