Before Midnight (2013) - Richard Linklater

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Helder Fialho
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Re: Before Midnight (2013) - Richard Linklater

Post by Helder Fialho »

p_alucinado wrote: August 20th, 2019, 3:06 am Hoje encontrei isto, e os últimos parágrafos dizem tudo.

https://thespool.net/features/fotm/2019 ... e-trilogy/

I think it’s the ambiguity that makes these movies so infections, why Linklater, Hawke, and Delpy keep coming back to these characters. And yet, these filmmakers resist the urge to clarify the fates of these people. At the end of every movie, you can convince yourself that true love will conquer all, just as you can talk yourself into a cynical, “realist” reading that their differences will win out. I want to believe there’s a person out there as perfect of a match for me as Jesse is to Céline. Or maybe it doesn’t matter; maybe, in the long run, not even Jesse and Céline can make it work.

So often our media boxes itself into extremes of optimism or pessimism, but reality is fluctuating in-between. The Before trilogy dares to operate in the same grey-area. Perhaps that’s why Jesse and Céline don’t decide to get married. If these movies have taught me anything, it’s that you never know. All we can do is take our lives one day at a time.


Recomendo a leitura completa.


Precisamente. Esse é um dos muitos motivos pelos quais, na minha opinião, estes três filmes nunca poderiam ganhar Óscares nem Globos de Ouro. Os finais de cada filme são a antítese total do que é expectável num filme normal de Hollywood que é o final "felizes para sempre". Nem sempre é para sempre. A vida não é sempre assim. "Às vezes melhor mas sempre diferente", como diz o Ega n'Os Maias. Hollywood não gosta de coisas que não sejam "ou isto ou aquilo", tal como não gosta de planos longos. Nem gostam eles nem gosta a esmagadora maioria dos americanos. "São só duas pessoas a falar, isto é uma seca! Não há acção! Onde está a acção?". Para eles tudo tem de ser ou branco ou preto. Não há cinzentos. O Bem e o Mal. Sempre os extremos opostos em tudo. Isto perpassa toda a cultura americana. Tudo o que seja fora disto eles não suportam, passam logo ao insulto e rejeitam logo. Não suportam ambiguidade. Não suportam que não lhes seja feita a papinha toda e dadas todas as respostas num filme. O Linklater, em especial nos Before, é muito influenciado pelo cinema de autor europeu, especialmente pelos franceses. Ele tem a ousadia de fazer cinema independente de autor no país dos blockbusters de fogo-de-artifício e super heróis e dos grandes orçamentos. Sei que os Before têm um guião mas ainda hoje, quando os revejo, não consigo encarar os diálogos como fazendo parte de um guião. São tão genuínos e naturais que não se acredita que foram escritos e que houve ensaios. Isto é a marca também de quem é realmente um excelente actor como são o Ethan Hawke e a Julie Delpy. Eu quando vejo aqueles filmes sinto que estou a ver a vida a desenrolar-se. Sinto que eles estão a falar normalmente como qualquer um de nós. Esqueço que são actores. Vejo duas vidas a desenrolarem-se à minha frente e que eu, de alguma forma, fui convidado a assistir a elas na fila da frente.

I want to believe there’s a person out there as perfect of a match for me as Jesse is to Céline. -> eu também. O romântico em mim torce para que o Jesse e a Céline fiquem juntos mas, lá está, eles podem não ficar. A relação deles pode, afinal, não funcionar mas "Who cares? The answer must be in the attempt", como diz a Céline no Sunrise. E eles tentaram no Sunrise.

Não gosto quando se fala nos Before como uma trilogia como se tivesse acabado. Não se sabe se a história vai ficar pelo Midnight. Eu acho que não acaba aqui... :-)
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