Bem, estou ciente de que provavelmente serei convidado a abandonar este fórum por esta minha "heresia".
Já aqui me referi a este filme, numa comparação entre ele e o
Titanic, relativamente à sua tendência, o seu pézinho a dar para o romancezinho de água com açúcar.
Mas tenho mesmo que ser sincero, o filme é mais do que isso. E não, não me vou escudar nem legitimar a minha posição nas opiniões do Eurico de Barros nem do João Lopes, que, na altura, lhe atribuíram 4 estrelas nos seus textos - embora, de certa forma, já o esteja a fazer.
Mas isto para dizer que concordo com eles. Para além de alguns (poucos) momentos de "vergonha alheia",
Twilight é, de facto, uma espécie de romance
pop-rock à moda antiga. Ao contrário das comédias românticas ligeiras e juvenis dos anos 80 e até mesmo da actualidade, em que o que conta é a difícil gestão das hormonas aos pulos e a acumulação numérica de diversos parceiros sexuais, este filme de 2008 baseia-se na crença que o prazer da coisa está na temporária estagnação da concretização sexual.
Sejamos honestos: não tem uma certa beleza ver dois adolescentes com miolos a falar na cama, a conhecerem-se, quando decidem não dar o passo em frente em termos da efectivação do acto sexual? Deitados num prado, em silêncio, olhos nos olhos, a contemplarem-se um ao outro? Ou na mesa de um restaurante, numa conversa franca de revelações e exposição emocional? Já nem falo de ambos apreciarem Debussy, que me deixa logo derretido.
Não posso dizer que gosto da saga no seu todo - à excepção de
New Moon, bela variação sobre
Romeu e Julieta, com fiadas de depressão e medo do envelhecimento à mistura, os outros títulos parecem-me esquemáticos e olvidáveis.
Mas em particular, este
Twilight acho-o
low profile, delicado e harmonioso, na contra-corrente da ideia da juventude histérica, aos berros e com as hormonas a comandar o destino individual.
Em suma, e no que li algures aqui no fórum, não, Cabeças, não és o único a gostar disto.