Sorcerer (1977) - 9/10
É mesmo um grande filme, quase perfeito em todos os aspectos!
Uma experiência memorável!
Sorcerer (1977) - William Friedkin
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Re: Sorcerer (1977) - William Friedkin
Vi-o antes de ontem. Filmaço. E tirando um documentário sobre o Fritz Lang lá pelo meio (que quero muito ver) este foi o terceiro de uma série de obras primas do Fredkin. French Connection, Exorcist e depois este. Imparável. Fui ter ao Sorcerer quando andava a cobiçar Blurays na Amazon. Nunca tinha visto. Fui espreitar o trailer (https://www.youtube.com/watch?v=3BDbIzovuos) e fiquei a babar. Só a malha dos Tangerine Dream é incrível.
Excelente post do José Miguel mas quero só acrescentar uma coisa. Eu percebo o que queres dizer (e o quão revoltante é) quando falas das narrativas formulaicas de Hollywood, mas vamos esclarecer uma coisa. O Sorcerer e muitos outros grandes clássicos (desde o Lawrence da Arábia ao Blade Runner, passando pelo Padrinho e Tubarão) são exemplos maiores dos paradigmas dos gurus do argumento de Hollywood, desde o Syd Field ao Christopher Vogler e ao Robert Mckee. São filmes com estruturas de 3 actos (ou 8 sequências ou 12 etapas, consoante a doutrina) com set up, conflito e resolução e com objectivos e problemas dramáticos das personagens muito bem definidos. Não cronometrei mas o Sorcerer terá um primeiro acto mais longo do que o habitual que em vez de meia hora tem uns 40 ou até 50 minutos. No entanto, todos os elementos estruturais estão lá. A questão não é tanto a fórmula, que tanto serve para um bom como para um mau filme.
A diferença é que o Sorcerer tem:
a) Boas ideias. Por exemplo, o set-up todo das personagens que é original deste filme. As personagens não têm o mesmo background que os seus equivalentes tanto no filme no Cluzout como no livro do Arnaud. A backstory das personagens é contemporânea ao que se passava no mundo na altura (e até hoje em dia) o que lhe dá outra carga.
b) Uma narrativa maioritariamente visual. Não há cenas expositivas de diálogo em que as personagens explicam verbalmente coisas que o espectador poderá não perceber. Não há urgência em fazer a papinha a quem vê o filme. O que não se percebe imediatamente, percebe-se uma ou duas cenas depois (o efeito causa-consequência) e o que não se percebe inteiramente... bom, é porquê também não interessa.
Ainda bem que há filmes destes que ainda não vi. O que nos safa são os clássicos!
Excelente post do José Miguel mas quero só acrescentar uma coisa. Eu percebo o que queres dizer (e o quão revoltante é) quando falas das narrativas formulaicas de Hollywood, mas vamos esclarecer uma coisa. O Sorcerer e muitos outros grandes clássicos (desde o Lawrence da Arábia ao Blade Runner, passando pelo Padrinho e Tubarão) são exemplos maiores dos paradigmas dos gurus do argumento de Hollywood, desde o Syd Field ao Christopher Vogler e ao Robert Mckee. São filmes com estruturas de 3 actos (ou 8 sequências ou 12 etapas, consoante a doutrina) com set up, conflito e resolução e com objectivos e problemas dramáticos das personagens muito bem definidos. Não cronometrei mas o Sorcerer terá um primeiro acto mais longo do que o habitual que em vez de meia hora tem uns 40 ou até 50 minutos. No entanto, todos os elementos estruturais estão lá. A questão não é tanto a fórmula, que tanto serve para um bom como para um mau filme.
A diferença é que o Sorcerer tem:
a) Boas ideias. Por exemplo, o set-up todo das personagens que é original deste filme. As personagens não têm o mesmo background que os seus equivalentes tanto no filme no Cluzout como no livro do Arnaud. A backstory das personagens é contemporânea ao que se passava no mundo na altura (e até hoje em dia) o que lhe dá outra carga.
b) Uma narrativa maioritariamente visual. Não há cenas expositivas de diálogo em que as personagens explicam verbalmente coisas que o espectador poderá não perceber. Não há urgência em fazer a papinha a quem vê o filme. O que não se percebe imediatamente, percebe-se uma ou duas cenas depois (o efeito causa-consequência) e o que não se percebe inteiramente... bom, é porquê também não interessa.
Ainda bem que há filmes destes que ainda não vi. O que nos safa são os clássicos!
Re: Sorcerer (1977) - William Friedkin
Bom post, Ricardo.
Já tiveste a oportunidade de ver o último do Friedkin, o Killer Joe?
Já não se fazem filmes (tão bons) como antigamente?
Não coloco em causa que "antigamente" se faziam e fizeram filmes "enormes", e que temos clássicos suficientes para nos sustentar as necessidade cinéfiles por muitos e bons anos, mesmo que os "gastemos" a um ritmo acelerado, mas será que hoje em dia não há obras que estejam a esse nível?
Já tiveste a oportunidade de ver o último do Friedkin, o Killer Joe?
Isto é umj debate que se calhar vale a pena recuperar (acho que volta e meia vem à baila por aqui).Ainda bem que há filmes destes que ainda não vi. O que nos safa são os clássicos!
Já não se fazem filmes (tão bons) como antigamente?
Não coloco em causa que "antigamente" se faziam e fizeram filmes "enormes", e que temos clássicos suficientes para nos sustentar as necessidade cinéfiles por muitos e bons anos, mesmo que os "gastemos" a um ritmo acelerado, mas será que hoje em dia não há obras que estejam a esse nível?
«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.
«One is starved for Technicolor up there.» - Conductor 71 in A Matter of Life and Death
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Re: Sorcerer (1977) - William Friedkin
Um filme excepcional, com uma intensidade e uma energia contagiantes.
Há muito tempo que não o revejo, mas lembro-me da emoção.
Há muito tempo que não o revejo, mas lembro-me da emoção.
"I WAS fire and life incarnate!"
https://www.youtube.com/user/darkphoenixPT
http://ultrawideangle.blogspot.com/
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Re: Sorcerer (1977) - William Friedkin
Nunca vi, mas há muitos anos que está na minha wishlist, dado já ter lido muitas coisas positivas sobre ele. Recentemente comprei a edição espanhola em bluray com legendas em português, pelo que o visionamento está para breve!
Walk on the Sun! Dream on the Dark Side of the Moon!
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Re: Sorcerer (1977) - William Friedkin
Há qualquer coisa no cinema do Friedkin, um desespero palpável que corre ao longo dos seus filmes...
Adoro o "To Live And Die In LA", e nem sei bem porquê.
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Re: Sorcerer (1977) - William Friedkin
Depois de ter andado a ouvir uma série de entrevistas com o Friedkin no youtube (eu já gostava da conversa dele, e fiquei a gostar ainda mais), resolvi rever o Sorcerer, o filme que ele considerava a sua obra mais perfeita - e a que mais conseguiu aproximar as ideias e as respectivas concretizações, segundo o próprio.
Vi o filme uma vez há uns anos e gostei - agora tornei a gostar, talvez um bocadito mais. O meu filme favorito dele continua a ser o To Live and Die in LA, mas este não fica muito atrás. Foi um flop na altura da estreia, diz-se que por conta do timing de lançamento, que coincidiu com o Star Wars, e por conta de uma recepção predominantemente negativa por parte da crítica, mas olhando para as personagens e para o look&feel absolutamente miserável e repugnante daquele buraco na terra onde eles se foram enfiar (uns de propósito, outros sem saber), não me espanta que tenha feito correr um word-of-mouth desfavorável a partir das primeiras sessões. É daqueles casos em que pode ser complicado separar aquilo que é o tema (e as personagens, e o cenário, e as situações...) do filme daquilo que é a "qualidade" com que se filma esse tema.
Cru, intenso, desesperante, explosivo (nalgumas cenas, literalmente ), e com uma BSO electrónica uns anos à frente do seu tempo, que tudo coloca em cenários marcianos (que é mesmo o que aquela selva é), eis uma proposta irrecusável de um cineasta irrecusável.
Vi o filme uma vez há uns anos e gostei - agora tornei a gostar, talvez um bocadito mais. O meu filme favorito dele continua a ser o To Live and Die in LA, mas este não fica muito atrás. Foi um flop na altura da estreia, diz-se que por conta do timing de lançamento, que coincidiu com o Star Wars, e por conta de uma recepção predominantemente negativa por parte da crítica, mas olhando para as personagens e para o look&feel absolutamente miserável e repugnante daquele buraco na terra onde eles se foram enfiar (uns de propósito, outros sem saber), não me espanta que tenha feito correr um word-of-mouth desfavorável a partir das primeiras sessões. É daqueles casos em que pode ser complicado separar aquilo que é o tema (e as personagens, e o cenário, e as situações...) do filme daquilo que é a "qualidade" com que se filma esse tema.
Cru, intenso, desesperante, explosivo (nalgumas cenas, literalmente ), e com uma BSO electrónica uns anos à frente do seu tempo, que tudo coloca em cenários marcianos (que é mesmo o que aquela selva é), eis uma proposta irrecusável de um cineasta irrecusável.
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