Avatar (2009) - James Cameron

Discussão de filmes; a arte pela arte.

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Bladder
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Re: Avatar (2009) - James Cameron

Post by Bladder »

Os unicos bons filmes do Cameron sao o Terminator original, o Aliens e para ai metade do Abismo, antes dos xaroposos ETs aparecerem.

O melhor filme do Lucas e o American Grafitti.

O resto sao tretas de encher o olho.
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gladiator37
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Re: Avatar (2009) - James Cameron

Post by gladiator37 »

terminator 1? e o 2?
Bladder
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Re: Avatar (2009) - James Cameron

Post by Bladder »

Lamento, nao engulo o shwarzie como Terminator no 2, claro que ele ja nao era o desconhecido do 1o filme tinham de criar uma faceta boazinha, nao convence e estraga um bocado o filme.

O puto parece janado.

O filme tecnicamente e a nivel de historia e bom mas os erros de casting sao graves.
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Bladder
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Re: Avatar (2009) - James Cameron

Post by Bladder »

O Cameron amoleceu por volta de 1990, nao sei porque, comecou a exagerar na sensibilidade e isso estragou em parte o T2 criando cenas anticlimaticas. Isto e um Terminator ou o homem de lata do feiticeiro de Oz? As razoes para ele ser como e sao de encomenda.
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Victor Melo
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Re: Avatar (2009) - James Cameron

Post by Victor Melo »

Ainda me lembro, como se fosse hoje. Estava a sair hipnotizado da sala de cinema e fui desperto pelo estalar de dedos de uma crítica sagaz: “ O filme é fraco, os efeitos especiais não valem nada”.

Expliquei, calmamente, que o filme de facto não exibia de forma muito exuberante os efeitos 3D, mas optava por dosear muito bem a sua utilização essencialmente em termos de envolvência. Continuei:

“Penso que o Cameron não quis que a excessiva maquilhagem dos efeitos especiais se sobrepusesse ao verdadeiro rosto do filme, que a meu ver é o planeta Pandora e todo o seu ambiente. Torna-se mágico explorar e desvendar cada centímetro daquele “admirável mundo novo” e o 3D contribui para que o façamos através dos olhos do personagem. A contribuição é discreta, não dá muito nas vistas, mas acho que é essa discrição (cirúrgica) que a torna verosímil e nos faz sentir lá, na pele do gajo com cauda, em vez de estarmos meramente a ver um filme de ficção científica. Se os efeitos fossem demasiado vincados (como no Beowulf ou outros), a overdose dava mais emoção e loucura na moca desta viagem em 3D, mas tirava-nos os pés da terra durante a mesma. Assim foi apenas um charrito, que visa obter alguma transcendência mas sem perder a lucidez…“

O olhar desconfiado do gajo foi-se atenuando ao logo da minha conversa, transformando-se, por fim, num enorme sorriso de conivência. Uau, a analogia deve ter sido catalisadora - pensei.

E logo à minha esquerda é desferido um argumento feminino.

“Olha, isto a mim cheirou a plágio. Geralmente temos ‘boy meets gil', aqui é ‘blue boy meets blue girl', porque de resto tudo assenta numa fórmula repetida. Olha para o enredo do «Pocahontas» e vê lá se não encontras semelhanças na maioria dos aspectos”

Como ela continuou a olhar para mim com olhar inquisitivo após a minha expressão facial que denotava um “talvez”, lá tive de opinar:

“Sim, se calhar o relacionamento não é original e podem-se fazer vários paralelismos com outros filmes e contextos semelhantes, e o teu exemplo demonstra-o bem. Mas acho que a relação de amor é um mero acessório do filme. Visa apenas dar um bocado de cor à história. E, mais importante de tudo, servir de “despertador” para ajudar o Jakesully a despertar do sono e abrir os olhos para a realidade, relativamente à verdadeira agenda da facção que representa. Relativamente ao seu sistema de crenças sobre o exército, sobre as suas pretensas intenções nobres e códigos de honra. Acordou e fez-se luz: Afinal o exército é apenas um veículo para atingir fins económicos e usurpar recursos naturais de países (continentes, planetas) mais vulneráveis. Afinal o exército não defende uma pátria, nem essa pátria defende os interesses dos patriotas. Apenas os interesses das corporações. É esse despertar que é pertinente na personagem e a paixoneta apenas serve de… triiimmmmm.”

O olhar de Torquemada, embora ligeiramente adocicado, subsistia. A onomatopeia não surtiu o efeito conclusivo que eu esperava. Tive de continuar…

“A mensagem que o filme passa nesse sentido é bastante pertinente, em termos de política externa contemporânea de algumas nações e algumas das guerras por estas perpetradas, também camufladas com honra e valores, quando na realidade são meramente orquestradas por consórcios privados na indústria do armamento e da energia.
Até mesmo em termos espirituais o filme passa uma mensagem muito interessante. Mas isso daria pano para mangas e é um outro assunto.
Concluindo, é esse despertar e toda a mágica (e surpreendentemente detalhada) concepção do mundo Pandora é que são os verdadeiros pilares do filme, na minha opinião. Tudo o resto é argamassa”.

Abandonei a conversa quando um amigo benfiquista me perguntou porque raio é que os gajos tinham de ser azuis…


P.S. Relativamente a uma generalização efectuada há alguns posts atrás, informo que adoro "Avatar", o único jogo de computador que jogo é o Pro Evolution Soccer e gosto de acreditar que não emborco apenas os nutrientes mais básicos do cinema. pato-)
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Re: Avatar (2009) - James Cameron

Post by Bladder »

E o Senhor dos Aneis e uma estopada pegada, um dia espero que haja alguem com tomates para pegar nos 3 filmes e numa tesoura e fazer algo porreiro de cerca de 2 horas.

Quanto aos gajos serem azuis isto foi influencia do Pinto da Costa que mandou o Boby e o Tareco fazerem uma proposta irrecusavel ao Cameron.
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DarkPhoenix
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Re: Avatar (2009) - James Cameron

Post by DarkPhoenix »

Do.not.feed.the.troll.
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Cabeças
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Re: Avatar (2009) - James Cameron

Post by Cabeças »

Victor Melo wrote:Ainda me lembro, como se fosse hoje. Estava a sair hipnotizado da sala de cinema e fui desperto pelo estalar de dedos de uma crítica sagaz: “ O filme é fraco, os efeitos especiais não valem nada”.

Expliquei, calmamente, que o filme de facto não exibia de forma muito exuberante os efeitos 3D, mas optava por dosear muito bem a sua utilização essencialmente em termos de envolvência. Continuei:

“Penso que o Cameron não quis que a excessiva maquilhagem dos efeitos especiais se sobrepusesse ao verdadeiro rosto do filme, que a meu ver é o planeta Pandora e todo o seu ambiente. Torna-se mágico explorar e desvendar cada centímetro daquele “admirável mundo novo” e o 3D contribui para que o façamos através dos olhos do personagem. A contribuição é discreta, não dá muito nas vistas, mas acho que é essa discrição (cirúrgica) que a torna verosímil e nos faz sentir lá, na pele do gajo com cauda, em vez de estarmos meramente a ver um filme de ficção científica. Se os efeitos fossem demasiado vincados (como no Beowulf ou outros), a overdose dava mais emoção e loucura na moca desta viagem em 3D, mas tirava-nos os pés da terra durante a mesma. Assim foi apenas um charrito, que visa obter alguma transcendência mas sem perder a lucidez…“

O olhar desconfiado do gajo foi-se atenuando ao logo da minha conversa, transformando-se, por fim, num enorme sorriso de conivência. Uau, a analogia deve ter sido catalisadora - pensei.

E logo à minha esquerda é desferido um argumento feminino.

“Olha, isto a mim cheirou a plágio. Geralmente temos ‘boy meets gil', aqui é ‘blue boy meets blue girl', porque de resto tudo assenta numa fórmula repetida. Olha para o enredo do «Pocahontas» e vê lá se não encontras semelhanças na maioria dos aspectos”

Como ela continuou a olhar para mim com olhar inquisitivo após a minha expressão facial que denotava um “talvez”, lá tive de opinar:

“Sim, se calhar o relacionamento não é original e podem-se fazer vários paralelismos com outros filmes e contextos semelhantes, e o teu exemplo demonstra-o bem. Mas acho que a relação de amor é um mero acessório do filme. Visa apenas dar um bocado de cor à história. E, mais importante de tudo, servir de “despertador” para ajudar o Jakesully a despertar do sono e abrir os olhos para a realidade, relativamente à verdadeira agenda da facção que representa. Relativamente ao seu sistema de crenças sobre o exército, sobre as suas pretensas intenções nobres e códigos de honra. Acordou e fez-se luz: Afinal o exército é apenas um veículo para atingir fins económicos e usurpar recursos naturais de países (continentes, planetas) mais vulneráveis. Afinal o exército não defende uma pátria, nem essa pátria defende os interesses dos patriotas. Apenas os interesses das corporações. É esse despertar que é pertinente na personagem e a paixoneta apenas serve de… triiimmmmm.”

O olhar de Torquemada, embora ligeiramente adocicado, subsistia. A onomatopeia não surtiu o efeito conclusivo que eu esperava. Tive de continuar…

“A mensagem que o filme passa nesse sentido é bastante pertinente, em termos de política externa contemporânea de algumas nações e algumas das guerras por estas perpetradas, também camufladas com honra e valores, quando na realidade são meramente orquestradas por consórcios privados na indústria do armamento e da energia.
Até mesmo em termos espirituais o filme passa uma mensagem muito interessante. Mas isso daria pano para mangas e é um outro assunto.
Concluindo, é esse despertar e toda a mágica (e surpreendentemente detalhada) concepção do mundo Pandora é que são os verdadeiros pilares do filme, na minha opinião. Tudo o resto é argamassa”.

Abandonei a conversa quando um amigo benfiquista me perguntou porque raio é que os gajos tinham de ser azuis…
:-))) :-))) :-))) :-))) :-))) :-)))

Concordo plenamente com tudo o que referiste! salut-)

É necessário cada vez mais tentar aplicar o "princípio do interlocutor válido", não perdendo tempo com pessoas que não entendem ou não querem entender, não querem conversar, apenas querem falar (e na maior parte das vezes muito alto) para fazerem valer a sua opinião limitada e na maioria das vezes redutora, que não estão no mesmo patamar de discussão (conversa), nem se apercebem dele, nem o entendem, adulterando-o para as suas perspectivas redutoras e limitadas. Eu tento não perder tempo e aplicar esse princípio, mas nem sempre o consigo... :-(

Também se costuma dizer "não dar pérolas a porcos". :-)))

Ou "não tentar ensinar um porco a cantar. Porquê? Perde-se tempo e chateia-se o porco!" :-)))

Isto, claro, com todo o respeito pelos "porcos" (os humanos e os outros), é apenas uma analogia que tenta ter alguma graça.

E sei bem que com pessoas amigas vale sempre a pena falar e tentar conversar. Às vezes na maioria das vezes, pelo menos comigo, fica uma sensação de tristeza apenas, primeiro porque alguns não entendem, outros não querem entender, mas sobretudo porque quase todos não percebem que no fundo é da grandiosidade do Cinema e da Arte que se está a conversar, e só isso, independentemente das críticas mais ou menos elaboradas vale por si só o prazer da conversa.

Mas não... a maioria das pessoas só quer mesmo dizer, de preferência muito alto, para se fazer ouvir, o que "acha", sem o consubstanciar com argumentos e sem ouvir sequer de modo receptivo e inteligente o que os outros têm para dizer, percebendo que todas as críticas construtivas contribuem para o elevar da conversa e acabam por contribuir para o engrandecimento do acto de visionamento do filme.
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DarkPhoenix
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Re: Avatar (2009) - James Cameron

Post by DarkPhoenix »

Caríssimo Cabeças, parabéns pela eloquência e graça.
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Re: Avatar (2009) - James Cameron

Post by Bladder »

Eu compreendo, aceito e até me identifico com o porco, as pérolas ficam-me mal, o máximo que uso é um piercing na orelha.

Continuando com o enfianço de carapuça já ando por aqui há um bocado de posts para que se perceba que ando um bocado saturado com tanta oferta, a produção de filmes é inesgotável e passados quase 40 anos e ter revisitado via DVD ou arquivos muitas décadas de filmes aceito que há filmes para todos e que até o pior filme tem os seus admiradores, isto é perfeitamente subjectivo. Mas com tanto visionamento vem também o cansaço, sem dúvida que me tornei crítico sobre aquilo de que gosto mas (para mim) descobri que aquilo me impele e me faz apreciar um filme é menos o seu portento técnico e mais a sua componente emocional temperados por certo realismo, quer tenham uma lógica própria impingida ou não, as coisas têm de bater certo em qualquer universo pois as bases são baseados no nosso mesmo que reformuladas.

Digo que em tempos poderia ter gostado do Avatar, agora sabe-me a pouco, equiparo-o aos filmes do Final Fantasy, muito bonitinhos mas sem alma e desgastantes para o olho humano, já gostei mais do T2 mas depois de o rever nem sei quantas vezes descubro que é demasiado fabricado e forçado por oposição ao 1º filme que achei mais puro. Para mim o Shwarzenneger do T2 é ilógico, por mais que seja uma máquina "que aprende" nesse universo ainda estão anos luz da empatia que foi explorada no T2, isto percebe-se vendo a saga toda, incluindo a série de TV.

Quanto ao Senhor dos Anéis, li os livros quando era puto e já nessa altura já os achava pouco estimulantes e absolutamente chatos, perdem imenso para por exemplo um Robert E. Howard, Clark Ashton Martin, Lovecraft, etc... Tolkien era um escolástico de uma moral rígida e impregnava as obras de "ensinamentos" óbvios para educação moral da juventude. O trabalho de Peter Jackson ressente-se disso mas mesmo assim é superior ao original, a meu ver podia era ter dado um ritmo mais interessante e ter cortado cenas que não trazem nada de novo à trama como por exemplo o cerco no 2º filme que foi criada porque dava apenas umas imagens bestiais e já se tinha o pretexto de ver o Orlandinho a deslizar feito efebo efeminado por ameias, trombas e cordas para gáudio das pitas atestadas de hormonas à la Eclipse.

Quanto às prequelas do Star Wars, nem deviam ter sido paridas, os originais nem era muito melhores, salva-se apenas o Empire Strikes Back no conjunto.

Consigo apreciar muitos destes filmes apesar de uma outra tentativa de manipulação da minha atenção mas sou aberto e nunca critico ou sou ofensivo para com aqueles que dedicam a vida a esta nobre arte ao contrário de alguns por aqui (vocês sabem que eles são).

Tento apenas descrever em suma os meus visionamentos segundo o meu gosto pessoal, não sou crítico profissional e não me pagam para isso.

No final são só filmes, se ás vezes me entusiasmo ou tomo um tom mais agressivo é apenas devido a atitudes para com a minha pessoa.

Dark Phoenix: É mesmo digno de um trolha inculto e altamente primitivo chamar-me de troll, não gostei, aqui sou tudo menos troll, essa tua pose de proletário-chique pseudo-intelectual com lâmpadas no rabo já começa a enjoar, se quiseres discutimos isto em privado mas da próxima vez que me faltares ao respeito juro-te que arranjo uma discussão contigo que fará com que sejamos ambos expulsos.
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Re: Avatar (2009) - James Cameron

Post by Cabeças »

Bladder wrote:Eu compreendo, aceito e até me identifico com o porco, as pérolas ficam-me mal, o máximo que uso é um piercing na orelha.
Bladder, a "piada" não era para ti. Eu li na altura apenas o post ao qual respondi e achei piada porque o que aconteceu ao Vitor acontece-me também a mim muitas vezes. Ou acontecia, quando eu ia ao cinema com grupos de amigos.
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Re: Avatar (2009) - James Cameron

Post by Bladder »

Eu entendi, Cabeças, apanhei apenas o comboio porque me revi em certas coisas.

O meu post é no seguimento dos assuntos levantados antes do teu e do Victor Melo e que retomei hoje.
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Re: Avatar (2009) - James Cameron

Post by Argaroth01 »

Bladder wrote:Continuando com o enfianço de carapuça já ando por aqui há um bocado de posts para que se perceba que ando um bocado saturado com tanta oferta, a produção de filmes é inesgotável e passados quase 40 anos e ter revisitado via DVD ou arquivos muitas décadas de filmes aceito que há filmes para todos e que até o pior filme tem os seus admiradores, isto é perfeitamente subjectivo. Mas com tanto visionamento vem também o cansaço, sem dúvida que me tornei crítico sobre aquilo de que gosto mas (para mim) descobri que aquilo me impele e me faz apreciar um filme é menos o seu portento técnico e mais a sua componente emocional temperados por certo realismo, quer tenham uma lógica própria impingida ou não, as coisas têm de bater certo em qualquer universo pois as bases são baseados no nosso mesmo que reformuladas.

Digo que em tempos poderia ter gostado do Avatar, agora sabe-me a pouco, equiparo-o aos filmes do Final Fantasy, muito bonitinhos mas sem alma e desgastantes para o olho humano, já gostei mais do T2 mas depois de o rever nem sei quantas vezes descubro que é demasiado fabricado e forçado por oposição ao 1º filme que achei mais puro. Para mim o Shwarzenneger do T2 é ilógico, por mais que seja uma máquina "que aprende" nesse universo ainda estão anos luz da empatia que foi explorada no T2, isto percebe-se vendo a saga toda, incluindo a série de TV.
Nisto concordo em parte contigo. Acho que o principal problema é, sobretudo, da quantidade de filmes com que somos bombardeados anualmente. Junte-se a isso o limite de plots possíveis (os especialistas não se entendem sobre um número) e é natural que o cansaço se instale no espectador. Por vezes também dou por mim a sentir-me assim. Mas é aí que a parte técnica faz a diferença. Sejam os efeitos especiais, a montagem, os actores ou outros, tudo isso visa, de certo modo, dar um elemento de "novidade" a histórias já gastas e nas quais é preciso investir. O "Memento", por exemplo, tem um grande trabalho de actores e alicerça-se num truque de montagem que é contar o filme de trás para a frente. Correndo o filme por ordem cronológica, não há ali realmente nada de especial sobre a história mas da forma como foi concebido, permite possivelmente aos espectadores terem uma maior empatia pela situação em que se encontra o personagem principal. E apesar de todas as promessas que o fotorealismo do "Final Fantasy" fez, em termos de história, gostei bastante.
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Re: Avatar (2009) - James Cameron

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Exactamente.

Por esta ordem de idéias os filmes do Tarantino não valiam a pena mas ele teve o talento de reinventar géneros. Apesar dos filmes dele serem parcos em FX não se pode dizer que sejam chatos, pois não? Agarram. Ainda me lembro da cena inicial da "pila da Madonna" no Reservoir Dogs, ninguém está a matar ninguém, não há tiros, explosões mas a cena é incrivelmente dinâmica e interessante, ajuda a apresentar os personagens e os seus feitios via uma história da treta e tem humor! Vi no cinema há quase 20 anos e continuo a gostar tanto como antes.

Quando falo em parte técnica refiro-me ao uso indescriminado dos efeitos especiais que podem tomar conta de uma história, no Avatar podiam ter trocado uma boa parte do tempo dedicado às imagens de encher o olho para dar algum tempo de antena ao desenvolvimento e histórias dos personagens. O antigo Cameron na versão extended dos Aliens introduziu cenas que ajudam a entender melhor como um todo o que se passou no filme e estas cenas referem-se a uma dimensão mais humana, pessoalmente prefiro a Extended dos Aliens à original, ficou perfeito e ajuda a entender e criar empatia com o destino dos colonos no planeta. Está aqui à porta a Extended Cut do Avatar e menciona-se uma abertura diferente no filme mostrando a Terra na altura dos eventos e que vai ajudar a meu ver a melhorar e fornecer uma idéia mais alargada do todo. Não apreciariamos mais Pandora se vissemos uma Terra desolada com os mesmos FX? O negativo antes do positivo? Certo que isso estava ímplicito na versão original mas seria inteligente visionar desta maneira, daria uma nova dimensão.

Para mim a dimensão humana é a verdadeira acção, os dilemas, as alegrias, as conquistas, etc... bem interpretadas com o complemento dos FX que podem ou não ser xpto mas que não devem ofuscar, muitos podem não achar isto mas para mim é mesmo aborrecido, como vir tinta a secar, só é giro da primeira vez.

Não sou contra os FX e novas técnicas mas haja bom gosto e domínio no seu uso, o Cameron cada vez se sente mais tentado a ir mais longe deixando qualquer coisa pelo caminho, outros terão outra opinião, é assim. Quando os FX se tornam uma personagem excessiva é como ter uma vedeta humana que tenta roubar as cenas aos outros actores.

Para mim um filme que funciona e tem FX seria o Dark Knight só para dar um exemplo de um filme recente, outro seria o "Moon"...

Eu ainda hei-de dar outra oportunidade ao Avatar mas no estado em que está não gostei.
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Re: Avatar (2009) - James Cameron

Post by Samwise »

Victor Melo wrote:E logo à minha esquerda é desferido um argumento feminino.

“Olha, isto a mim cheirou a plágio. Geralmente temos ‘boy meets gil', aqui é ‘blue boy meets blue girl', porque de resto tudo assenta numa fórmula repetida. Olha para o enredo do «Pocahontas» e vê lá se não encontras semelhanças na maioria dos aspectos”
Argumento feminino ou não, é a mais pura das verdades. :mrgreen:

Gostei do Avatar pela vertente técnica e pelas cenas de "acção" e torci o nariz a quase tudo o resto, mesmo sabendo da caldeirada infindável de referências que o Cameron conseguiu reunir, e das metáforas à exploração imperialista/capitalista. Há maneiras e maneiras de "construir" essas referências. O Cameron faz algumas coisas melhor que ninguém, mas para outras é algo básico. Personagens, situações e diálogos, no Avatar, são quase para esquecer.
«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.

«One is starved for Technicolor up there.» - Conductor 71 in A Matter of Life and Death

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