THX wrote: ↑March 18th, 2014, 5:05 pm
Vi ontem no cinema o
"August: Osage County" e valeu bem a pena o valor do bilhete.
É um retrato muito realista de uma família que se reencontra após um episódio trágico que vai abalar todos os parentes próximos.
Gostei muito, não só pelo festival das interpretações de TODO o elenco, mas acima de tudo por uma história que deve muito (ou pelo menos um pouco) a qualquer pessoa que...tenha uma família.
Estou seriamente a pensar em abrir um tópico para debater o filme.
nimzabo wrote: ↑May 2nd, 2014, 3:59 pm
Finalmente hoje, acabei de ver o August: Osage County (Um Quente Agosto) com uma atriz que tinha visto há meia dúzia de dias com um papel marcante no filme Rio Gelado.
Misty Upham:
http://www.imdb.com/name/nm1130728/?ref_=tt_cl_t12
Não esperava muito do August: Osage County, até porque não sou grande fã da Meryl Streep, mas no fim até que gostei e achei interessante a personagem dela.
August: Osage County
https://www.imdb.com/title/tt1322269/?ref_=nm_knf_t1
Outro que estava na lista há imenso tempo e que decidi finalmente ver. Gostei bastante, até mais do que aquilo estava à espera, mas tenho pena de um pormenor: que o tom do filme ande para cima e para baixo, como que indeciso, entre a comédia negra (mais negro é impossível) e o drama trágico quase melodramático - a escolher, teria optado pela comédia, essencialmente porque dramas semelhantes há muitos, embora muito poucos tenham a intensidade, crueza e crueldade implacável, sem pontos de apoio para o espectador, que este tem (mesmo que não vá depois muito longe no desenvolvimento de cada situação - isso seria território de eleição para Bergman, que se mexe noutras "dimensões mais elevadas"). Já imaginava que um argumento de Tracy Letts apontaria as baterias para os locais mais sombrios da psique humana, e para tudo aquilo que de alguma forma corrói e destrói as relações entre pessoas de alguma proximidade - tinha ficado evidente em projectos "WTF" como
Bug e
Killer Joe. Aqui a trama foca-se mesmo, mesmo naquilo que é a matéria prima por excelência do seu trabalho: um núcleo familiar disfuncional, com um historial passado de ódios, ressentimentos e afirmações por acertar, e que num momento de reunião solene (porque o patriarca morreu) decide começar um bombardeamento assassino, deitando os seus elementos cá para fora tudo o que lhes vai nas almas. O elenco é luxuoso, estão todos óptimos nos seus papéis, e têm como sustentáculo verbal um texto adaptado, pelo próprio Letts, de uma peça de palco sua que ganhou um Pulitzer. Só por estes predicados o filme valeria a pena visitar. Mas tenham em atenção que isto é o contrário de um "feel good movie", e conta com um tratamento hiperbólico em cima - uma camada de "napalm emocional" derramada sobre as personagens que assegura que quaisquer projectos ou intenções de felicidade futura que possa haver sejam dilacerados e barbaramente espezinhado até final da história. Enquanto espectadores, vamos montados numa bola de neve de agressividade e destruição psicológica, descontrolados pela colina abaixo, e quando achamos que já batemos no fundo eis que chega uma nova inclinação a pique - é uma viagem sem retorno, sem misericórdia e sem qualquer vislumbre de esperança.
Pena a tal indefinição no tom (que vai oscilando sem se decidir, talvez porque o realizador não é alguém com a ferocidade canibal de um William Friedkin), e por uma ou outra sequência que dura mais do que o necessário.
9/10