Cruella (2021) - Craig Gillespie

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Ludovico
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Cruella (2021) - Craig Gillespie

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O universo Disney muito funciona em explorar temáticas e personagens já feitas em outros anos e combinadas e desenvolvidas por outros autores.
Pois bem, estamos na presença de uma variação menor já de outros autores, de outro anos que já de si eram menores com resultados menores.
Neste caso, uma das atrizes americanas mais versáteis e de futuro da geração mais nova americana é explorada de uma forma inconsequente, cabisbaixa, e sem alma, sem a mínima relevância cinéfila o que não deixa de ser sentida uma sensação de desolação e pena mas também uma sensação de infeliz conduta de quem esteve por detrás do projeto, nomeadamente do realizador que já nos tinha surpreendido muito positivamente com Margot Robbie em "Eu Tonya" à pouco tempo onde imperou uma noção de drama de costumes muito bem orquestrada e orientada.
Pois bem, em "Cruella" tudo foi ao lado, saiu tudo ao contrário de tudo o que seria imaginável, infelizmente.
Se na componente técnica o filme é um regalo puro, no conteúdo o filme é um verdadeiro e inesperado flop em que tudo o assessório é um brinde e tudo aquilo que é importante, relevante, e digno de realce é tratado com uma ligeireza narrativa de bradar ao céus que arruínam este filme muito cedo e muito lamentavelmente desagua num todo errático, descabido e inconsequente.
Assem sendo, "Cruella", tenta ser uma exploração séria do material pré-existente, o que de si não é mau de ser visto e explorado mas, neste caso, o realizador não teve a estaleca ou o arrojo na construção do guião. não teve ou não lhe deram as ordens as opções de conteúdo para ele desenvolver como deve ser toda a construção da narrativa deste filme. É que é uma pálida variação de um filme para toda a malta jovem, dos mais novos para se divertiram com uma noção de bonomia que por vezes falha na elaboração da construção do espetáculo Disneyano que nos deve ou deveria ser sempre apresentado quando é propriedade da Disney que deve ser a marca da qualidade instituição de entretenimento.
Em primeiro lugar, deve-se dizer que Emma Stone é a menos culpada da falhanço qualitativo de conteúdo que é o filme no global.
O desempenho é, seguramente, um dos melhores aspetos a realçar da obra, porque ela consegue ser brincalhona e empática de uma forma genuína sem ser uma espalhafatosa, em primeiro grau, que é o que poderia acontecer se fosse outra atriz no lugar dela.
Ela foi muito bem escolhida e transborda uma energia cómica repleta de bonomia que é uma satisfação completa de assistir.
Que ela é seguramente o futuro de Hollywood não tenho qualquer dúvida quanto a isso e depois de ver este filme mais consciente disso tenho eu como seguro para muito tempo. Não é de falsos overactings ou desempenhos excessivamente cómicos ou dramáticos. É uma mistura, uma fusão de doçura com comicidade e mesmo de beleza que o espetador fica logo ligado e afeiçoado ao papel em que ela está a vestir. Assim, para mim, ela é das melhores atrizes da nova geração para muito tempo. Oxalá seja inteligente na escolha de papeis como tem sido nos últimos anos.
Pois bem, se ela não é culpada, quem é o responsável pelo falhanço enorme deste "Cruella"?.
Para mim, foram os produtores.
Para mim, deram rédea curta ao realizador e argumentista no desenvolvimento geral da história e na construção no guião, da história, da forma como nos é apresentada ao espetador. O que dá dó e pena é que se tivessem dado o resultado final teria sido um filme em que deixaria o espetador regalado, como está, é um filme verdadeiramente irregular e muitíssimo excessivo. Porque, umas vezes, o espetáculo é engraçado e divertido ora outras tenta ser um dramalhão muito vincado cheio de nuances a piscar de olho a públicos maia adultos."Cruella" é assim um filme excessivamente irregular no conteúdo, não sabendo bem ter uma ordem narrativa e espessura no esqueleto narrativo em que quer emparelhar e no que quer dizer.
Ora, demasiado cómico, ora demasiado controlado sério e triste. É mesmo uma sensação de espetáculo excessivo e de desorientação das ordens do estúdio para quem criava narrativamente o filme que origina o resultado final irregular. Do que nos mostrado sempre com grande vigor técnico e estilístico. É um filme que tecnicamente deixa marcas positiva mas em que o doseamento com o conteúdo esbarra com a forma grosseira com que não deram as condições todas ao realizador e argumentista para ser um global espetáculo devidamente doseado e empenhado.
É um filme demasiado pragmático e centrado em Cruella e pouco noutras personagens de relevo, é mono- pessoal o que não está certo, além do mais, não é suficientemente denso nem profundo, é demasiado ligeiro, simples o que dececiona aqueles que querem algo mais robusto e completo.
Assim, é uma sensação de frustração em que tão bons técnicos e artificies foram impedidos de criarem um filme para toda a família que fugisse ao arquétipo de qualidade impessoal da marca Disney. É uma visão banalmente positiva, narrativamente demasiado sintética para ter altos voos de qualidade vistosa e empenhada que todas as obras Disney deviam ter mas só algumas é que conseguem ter na verdadeira aceção da palavra.

Nota:5/10
"Sempre as horas,as horas,as horas......"
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