Não é meu habito entrar em polémica sobre assuntos que não domino totalmente, mas, ó Rui, sinceramente esta tua afirmação parece-me no mínimo bastante "redutora" e sobretudo profundamente injusta relativamente à qualidade do trabalho da Cinemateca de Bolonha que é uma instituição pioneira na área do restauro de filmes, prestigiada em todo o mundo, e com um trabalho merecedor do respeito dos cinéfilos (e realizadores) que vai muito mais além disso que escreves...
HD, Full HD, 4K e agora 8K em menos de 20 anos?
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Re: HD, Full HD, 4K e agora 8K em menos de 20 anos?
Last edited by technicolor on September 22nd, 2019, 8:30 pm, edited 1 time in total.
Re: HD, Full HD, 4K e agora 8K em menos de 20 anos?
Provavelmente ninguem sabera ao certo em que ponto do processo as coisas falham, mas reconhece-se imediatamente um restauro Bolonha ou Eclair: amarelo para o primeiro e azul para o segundo.
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Re: HD, Full HD, 4K e agora 8K em menos de 20 anos?
Não estou a dizer mal de Bolonha mas do processo que tomam em vários filmes e que já lhes deu má fama. Tanto o The Good, The Bad and The Ugly como o Profondo Rosso como outros filmes foram alterados drasticamente... Pelo que sei, a Arrow conseguiu desfazer o estrago para a sua edição em bluray, mas o filme do Leone, por mais que a Lino alterasse, não conseguiu mudar grande coisa.
http://www.dvdbeaver.com/film/DVDCompar ... _ugly_.htm
O restauro do Once Upon a Time In America é outro exemplo. Alteraram drasticamente a fotografia do filme para uma amarelice desmesurada... Eu vi uma cópia do filme da época da sua circulação original (na cinemateca) e o DVD e bluray anteriores estão mais próximos do look original do que esse suposto "director's cut" que anda por aí e tornou a distribuição do filme num caos absoluto.
http://www.dvdbeaver.com/film/DVDCompar ... _ugly_.htm
O restauro do Once Upon a Time In America é outro exemplo. Alteraram drasticamente a fotografia do filme para uma amarelice desmesurada... Eu vi uma cópia do filme da época da sua circulação original (na cinemateca) e o DVD e bluray anteriores estão mais próximos do look original do que esse suposto "director's cut" que anda por aí e tornou a distribuição do filme num caos absoluto.
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Re: HD, Full HD, 4K e agora 8K em menos de 20 anos?
Volto a referir que sou apenas um "curioso" nesta matéria e peço antecipadamente desculpa por algum erro no texto que se segue .
Considerando que o processo de restauro de um filme antigo é algo que pode ser bastante complexo de gerir com imensas variáveis ao longo da sua duração e que na sua globalidade só poderá ser avaliado na base do gosto pessoal de cada um de nós, é sem dúvida muito mais do que correcção /reposição da cor original (mas afinal qual será a cor original : a que terá sido registada pelo director de fotografia durante a rodagem, a que foi processada pelos laboratórios de revelação do filme, a que foi produto do "etalonamento" leia-se (etalonagem) na fase de pós produção, (não o processo digital mas o que se fazia em laboratório com recurso a filtros de gel colorido e contratipagem óptica sequência a sequência ou plano a plano.)
https://www.uv.es/uvweb/master-contenid ... 5952549547
https://www.commentfaireunfilm.com/etal ... pour-quoi/
...a que ficou registada na produção de cópias para distribuição (no caso dos série B feitas em material mais barato e com perca de qualidade), ou mesmo a que temos de memória de uma vizualização antiga de uma dessas cópias em película mas que com o tempo terá sofrido um inevitável efeito de fading na cor pela sua exposição intensiva a fontes de luz de alta intensidade?
https://unwritten-record.blogs.archives ... imes-pink/
Descarto obviamente nesta última a qualidade do equipamento de projecção ( tipo de projector, tempo de vida da lampada, qualidade da tela,etc. considerando isso pouco relevante)
Eu não sei responder à pergunta acima mas, regressando ao tema da qualidade dos restauros, nomeadamente no que refere à cor. Pessoalmente vejo o restauro de alguns filmes, com todos os defeitos que lhe possamos atribuir, como que quase um verdadeiro "milagre" tecnológico mas também produto de um conjunto de tomadas de decisão dos responsáveis pelo trabalho mediante o tipo de materiais disponíveis para esse mesmo trabalho de restauro, que podem variar de uma cópia feita a partir de filme technicolor (o melhor no sentido que sofre pouco fading) e conservada no cofre de uma grande produtora ou na Library of Congress até a um internegativo cheio de pó e riscos encontrado algures num obscuro armazém por mero acaso ou mesmo umas quantas cópias de exibição provenientes de diversas partes do mundo muito corroídas pelas reacções químicas provocadas por má conservação e até por vezes amputadas pela(s) censura(s)
Mas o meu caso de referência nesta delicada matéria da cor (e das dominantes cromáticas) e restauro é sem dúvida o do Dersu Uzala do mestre Kurosawa: Vi-o no aquando da sua estreia (em película) e ficou-me na memória uma impressão maravilhosa das cores registadas na taiga siberiana. Tentei recuperar essa emoção mas as edições em DVD (incluindo a da Criterion) não ma devolveram (nem mesmo num sistema Oppo ligado a um display Bang & Olufsen de um amigo mais bem equipado) e ansiei muito por um restauro para standard Blu-Ray que só chegaria às minhas mãos em 2017 via itália (depois de muita especulação sobre se seria possível restaura-lo e quem o deveria fazer, se a Mosfilm (apoiada tecnicamente por Bologna) ou a mítica Criterion. Confesso que fiquei um bocadinho desiludido com o que visualizei no meu sistema de entrada de gama (Sony) e até admito que se um dia tiver oportunidade de o rever num OLED ou QLED com Dolby Vision a coisa me poderá parecer bem diferente (melhor ou pior) mas mesmo assim a versão restaurada está incomparavelmente melhor do que as medíocres versões DVD quer da RUSCICO quer da conceituada Criterion
https://www.google.com/search?q=dersu+u ... e&ie=UTF-8
Concretamente e dos trabalhos feitos pela Cineteca de Bologna o que me agradou menos terá sido sem duvida o do Il Gattopardo do Visconti (que nunca vi em sala) mas... compreendo a dificuldade que tiveram e aprecio o resultado na sua globalidade embora reconheça que possa não ser perfeito.
Incluo uma explicação possível (mais detalhada) para as indesejadas dominantes cromáticas (tintagens)
Pela minha parte presto pois uma homenagem ao trabalho dessa gente que se dedica com paixão ao restauro de cinema antigo.
Nota de rodapé:
Relativamente ao final cut do Apocalipse Now estou agora extremamente curioso sobre o que vai ser exibido em Outubro no CCB.
Considerando que o processo de restauro de um filme antigo é algo que pode ser bastante complexo de gerir com imensas variáveis ao longo da sua duração e que na sua globalidade só poderá ser avaliado na base do gosto pessoal de cada um de nós, é sem dúvida muito mais do que correcção /reposição da cor original (mas afinal qual será a cor original : a que terá sido registada pelo director de fotografia durante a rodagem, a que foi processada pelos laboratórios de revelação do filme, a que foi produto do "etalonamento" leia-se (etalonagem) na fase de pós produção, (não o processo digital mas o que se fazia em laboratório com recurso a filtros de gel colorido e contratipagem óptica sequência a sequência ou plano a plano.)
https://www.uv.es/uvweb/master-contenid ... 5952549547
https://www.commentfaireunfilm.com/etal ... pour-quoi/
...a que ficou registada na produção de cópias para distribuição (no caso dos série B feitas em material mais barato e com perca de qualidade), ou mesmo a que temos de memória de uma vizualização antiga de uma dessas cópias em película mas que com o tempo terá sofrido um inevitável efeito de fading na cor pela sua exposição intensiva a fontes de luz de alta intensidade?
https://unwritten-record.blogs.archives ... imes-pink/
Descarto obviamente nesta última a qualidade do equipamento de projecção ( tipo de projector, tempo de vida da lampada, qualidade da tela,etc. considerando isso pouco relevante)
Eu não sei responder à pergunta acima mas, regressando ao tema da qualidade dos restauros, nomeadamente no que refere à cor. Pessoalmente vejo o restauro de alguns filmes, com todos os defeitos que lhe possamos atribuir, como que quase um verdadeiro "milagre" tecnológico mas também produto de um conjunto de tomadas de decisão dos responsáveis pelo trabalho mediante o tipo de materiais disponíveis para esse mesmo trabalho de restauro, que podem variar de uma cópia feita a partir de filme technicolor (o melhor no sentido que sofre pouco fading) e conservada no cofre de uma grande produtora ou na Library of Congress até a um internegativo cheio de pó e riscos encontrado algures num obscuro armazém por mero acaso ou mesmo umas quantas cópias de exibição provenientes de diversas partes do mundo muito corroídas pelas reacções químicas provocadas por má conservação e até por vezes amputadas pela(s) censura(s)
Mas o meu caso de referência nesta delicada matéria da cor (e das dominantes cromáticas) e restauro é sem dúvida o do Dersu Uzala do mestre Kurosawa: Vi-o no aquando da sua estreia (em película) e ficou-me na memória uma impressão maravilhosa das cores registadas na taiga siberiana. Tentei recuperar essa emoção mas as edições em DVD (incluindo a da Criterion) não ma devolveram (nem mesmo num sistema Oppo ligado a um display Bang & Olufsen de um amigo mais bem equipado) e ansiei muito por um restauro para standard Blu-Ray que só chegaria às minhas mãos em 2017 via itália (depois de muita especulação sobre se seria possível restaura-lo e quem o deveria fazer, se a Mosfilm (apoiada tecnicamente por Bologna) ou a mítica Criterion. Confesso que fiquei um bocadinho desiludido com o que visualizei no meu sistema de entrada de gama (Sony) e até admito que se um dia tiver oportunidade de o rever num OLED ou QLED com Dolby Vision a coisa me poderá parecer bem diferente (melhor ou pior) mas mesmo assim a versão restaurada está incomparavelmente melhor do que as medíocres versões DVD quer da RUSCICO quer da conceituada Criterion
https://www.google.com/search?q=dersu+u ... e&ie=UTF-8
Concretamente e dos trabalhos feitos pela Cineteca de Bologna o que me agradou menos terá sido sem duvida o do Il Gattopardo do Visconti (que nunca vi em sala) mas... compreendo a dificuldade que tiveram e aprecio o resultado na sua globalidade embora reconheça que possa não ser perfeito.
Incluo uma explicação possível (mais detalhada) para as indesejadas dominantes cromáticas (tintagens)
Nota de rodapé:
Relativamente ao final cut do Apocalipse Now estou agora extremamente curioso sobre o que vai ser exibido em Outubro no CCB.
Last edited by technicolor on September 30th, 2019, 8:58 am, edited 2 times in total.
Re: HD, Full HD, 4K e agora 8K em menos de 20 anos?
Os restauros são sempre fundamentais, mas não é muito difícil não distorcer completamente a fotografia de um filme... basta não colocar apenas aquele filtrozinho, que no caso do TGTBTU não estava lá (vi esse restauro na Festa do Cinema Italiano e fiquei abismado com a quantidade de coisas que ficavam quase invisíveis por causa daquele amarelo).
Outro caso curioso é o do filme A Árvore dos Tamancos, uma das raras ocasiões em que uma edição Criterion não é o melhor tratamento (a Criterion tem a mania de colocar um filtrozinho azul...).
http://www.dvdbeaver.com/film6/blu-ray_ ... lu-ray.htm
Outro caso curioso é o do filme A Árvore dos Tamancos, uma das raras ocasiões em que uma edição Criterion não é o melhor tratamento (a Criterion tem a mania de colocar um filtrozinho azul...).
http://www.dvdbeaver.com/film6/blu-ray_ ... lu-ray.htm
Re: HD, Full HD, 4K e agora 8K em menos de 20 anos?
O filtrozinho azul e tendencia do laboratorio Eclair...
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Re: HD, Full HD, 4K e agora 8K em menos de 20 anos?
rui sousa wrote: ↑September 29th, 2019, 11:30 am
Outro caso curioso é o do filme A Árvore dos Tamancos, uma das raras ocasiões em que uma edição Criterion não é o melhor tratamento (a Criterion tem a mania de colocar um filtrozinho azul...).
http://www.dvdbeaver.com/film6/blu-ray_ ... lu-ray.htm
Esse filtro azul (às vezes um azul esverdeado) foi precisamente o mesmo que o L'Immagine Ritrovata colocou no restauro recente que fizeram ao La Religieuse do Rivette. Aparentemente, já têm "cadastro" de estragos anteriores em restauros.
http://www.dvdbeaver.com/film/DVDReview ... lu-ray.htm
Cito um user:
Ritrovata are a company that consistently perform restorations for great films then aggressively regrade the colour scheme in yellow and teal tones. Every movie they "restore" ends up with more or less the same colour scheme regardless of who directed it, shot it and when it was made. Needless to say this is a serious issue considering they're botching the process of preserving each film as it's meant to look, and instead seem to be intentionally revising the appearance to look the same as one another, effectively creating a ritrovata brand instead of caring for artistic preservation.
In short, they're doing extremely bad work on great films and making decisions not based on love of movies, but a love of their own company above all else and a desire to create an instantly recognisable "ritrovata look". Poor form, as always.
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Re: HD, Full HD, 4K e agora 8K em menos de 20 anos?
can i burn 4k content on bluray disk in dvd writer?