Vice (2018) - Adam McKay

[mansildv]

Realizador: Adam McKay
Elenco: Christian Bale, Amy Adams, Steve Carell, Sam Rockwell, Alison Pill, Lily Rabe, Jesse Plemons, Tyler Perry.

The story of Dick Cheney, an unassuming bureaucratic Washington insider, who quietly wielded immense power as Vice President to George W. Bush, reshaping the country and the globe in ways that we still feel today.

Trailer



IMDb / Wikipedia / Rotten Tomatoes

[mansildv]

Vice - 6.5/10

O tom satírico, a maneira quase não-linear como constroem a história que nasce muito por aqui a nossa envolvência nela, uma forma talvez não tão critica mas sempre bastante in your face consegue-se superior q.b. ás restantes biopics do género que já nada acrescentam. Ainda que não se consegue transcender, e com um Bale que pessoalmente achei-o em bastante piloto automático, tem sempre ali algo interessante de se seguir. Ainda que o melhor do filme é claramente a cena dos pós-créditos. Um belo resumo daquilo que é muito a nossa sociedade actual.

[mansildv]

Expõe, e explica, muito bem os factos, com muito detalhe e com um excelente desempenho do Christian Bale! A montagem já não é novidade (The Big Short) mas aqui já achei demasiado frenética e, em certos momentos, parecia que estava a ver um filme de propaganda! Os actos cometidos pelos personagens retratadas já são de tal forma hediondos que não era preciso usar uma abordagem tão unilateral! - 7/10

[Samwise]

No geral gostei do filme e não dou o meu tempo como perdido, mas fiquei um bocado dividido...

Achei as metáforas demasiado literais, demasiado intrusivas (são esfregadas na nossa cara com alguma insistência), e demasiado enfatizadas pelo processo de edição - em particular as três mais evidentes (a da "pesca" - com o aguardar do momento certo para fisgar a "truta maior", a da pilha de chávenas de porcelana em equilíbrio precário, e a do tipo sem coração...). O processo de edição é mais ou menos cópia do modelo que Oliver Stone usou no JFK, há vinte e tal anos atrás, com as manipulações de informação incluídas, mas aqui a narrativa que encaixa em cima desse modelo encontra personagens que são caricaturas algo enfadonhas, no caso Cheney acentuada pelas máscaras e maquilhagem colocadas em cima do Bale. Não achei a interpretação dele nada por aí além, até porque em parte fica escondida (ou protegida ) e atenuada por essa camada espessa da máscara. O melhor que posso dizer é que a pose e os gestos me parecem pelo menos bem estudados - se calhar demasiado estudados ao ponto de saírem da naturalidade. Também considero que o McKay se deixou encantar para lá do suportável pela meta-narrativa proporcionada pela edição, resultando nalgumas gorduras que não faziam falta nenhuma ao filme (como por exemplo a parte do Ricardo III, a sequência com um happy ending e génerico final, e uma ou outra cena em que o Bale fala directamente para a câmara).

Apesar de tudo, e apesar do espesso lamaçal de podridão humana em que as personagens navegam (e que parece não ter um fundo), o filme segue-se com algum interesse - porventura devido a estas mesmas características que o tornam repelente.

[José]

Não é que não tenha apreciado a espaços, mas esperava algo mais e melhor. A história é por si só muito boa, mas o filme parece satisfazer-se em ser um prodígio de montagem mais do que qualquer outra coisa. Ao início, a sátira e a acidez agradaram-me, mas rapidamente foram levadas ao mais elevado grau e isso não ajudou à qualidade própria da narrativa, acabando por se tornar factores de distracção e por enjoar passado algum tempo. Há também ali momentos a resvalar perigosamente para os sketches do "Saturday Night Live" que me retiraram do filme e do seu ritmo, isto apesar do esforço global do elenco. Tudo e todos são demonizados ao máximo, não há nada de redentor para contrabalançar, nenhum lampejo de humanidade à flor da pele, e isso acaba por enquadrar o todo numa aura de demagogia baratíssima e a cheirar a panfleto bafiento.

[drakes]

Achei o filme bem irregular, até o primeiro final foi bem, mesmo o discurso da Sra Cheney como as razões dela não poder alçar maiores voos, achei ótimo, mas depois da campanha em diante achei muitas forçações, talvez pelo tempo de ainda ter muito a contar, faltou desenvolver pelo menos um coadjuvante para melhorar a história. - 7/10

[Ludovico]

Um filme verdadeiramente prodigioso!!!.Arrisco-me a dizer que é dos melhores dramas políticos feitos em largos,em muitos anos,vindos de Hollywood.É um filme verdadeiramente completo,maduro e autêntico como poucos fazem atualmente nos Estados Unidos.Tem desempenhos absolutamente memoráveis de todo os atores.Cristian Bale faz um desempenho inacreditavelmente perfeito.Parece o que DeNiro fez em Um Touro Enraivecido em 1980.É uma transfiguração verdadeiramente irreal e para mim a melhor interpretação de sempre da carreira dele e mesmo uma das melhores atuações de um ator em Cinema.É certo que a maquilhagem ajuda mas mesmo assim é um desempenho de uma credibilidade e intensidade arrebatadora.Ele como Dick Cheney entra para o panteão de outros grandes atores que se diluíram no personagem,o mesmo posso dizer Amy Adams que faz o mesmo no campo feminino.Vice é uma obra prima cinematográfica incrível o que me surpreendeu.Adam Mackay fez anteriormente o notável A Queda de Wall Street mas não esperava que no seu filme seguinte fizesse um filme tão extraordinário como é Vice.Vice é talvez o que JFK foi para o inicio da década de 90 mas sem qualquer conspiração no seu interior.É um filme vivido,com toda a componente técnica verdadeiramente extraordinária estar ao serviço do que está a contar e nunca isto está acima do que deve ser.Vice é narrativamente perfeito também.Retrata a vida adulta de Cheney desde jovem e como isso influenciou a carreira politica dele.O retrato pessoal é tão assombroso como o retrato politico.É um filme com humor ácido e sólido.Todos os secundários estão brilhantes como o casal principal.Sam Rockweel está um Bush filho exemplar de tão real que parece e os diálogos entre os personagens ao longo do filme são tão extraordinários que parecem ter saído das bocas dos próprios personagens reais.Vice também é um filme denso na narrativa,tem várias camadas dentro dele e todas elas são incrivelmente escritas e realizadas por Mackay.Um assombro feito em cinema que é obrigatório para compreender a politica americana no século XXi com olhos de ver.É um filme para quem gosta de politica em geral mas também para aqueles que querem ver dramas históricos atuais filmados com uma sagaz noção de espetáculo intimista com atuações que roçam a perfeição cinematográfica.Um verdadeiro regalo cinematográfico é que eu penso deste filme tão extraordinário.
Nota:9 em 10

[Rui Santos]

Gostei muito do filme, a minha opinião é mais no sentido da do Ludovico... espanta-me a forma crua como uma personagem destas é exposta...

O problema do filme é que eu vivi estes momentos... eu vivi esta história e enoja-me a manipulação que fomos sujeitos. Por mais que desconfiássemos... fica ali exposto... como somos por vezes "ratinhos" numa experiência.
Produzido pelo Brad Pitt... irra que este tipo tem os tomates no sitio.

Fica-me a dar a volta:
Aquecimento Global vs Mudança climática (a expressão tão na moda, climate change)
E Imposto sucessório vs Imposto da morte...

E um par de citações retiradas do imdb:
¨The following is a true story. Or as true as it can be given that Dick Cheney is known as one of the most secretive leaders in history. But we did our fucking best."
"The Orange Cheeto" ... em referência ao presidente Trump.

Deixo a cena final | que fica em spoiler embora não estrague rigorosamente nada. Pois é apenas uma "discussão" que é um bom resumo de como somos "ratinhos" ou se preferirem, são imagens de uma reunião de condomínio.

Vale muito a pena ver, sobretudo para quem se interesse por política.
8/10 | Deu ontem no canal hollywood por isso está acessível a todos.

E fale-se o que se quiser dos americanos... mas só eles... meia dúzia de anos depois tem a documentação da presidência toda aberta para ser lida... | e fazem filmes a autocriticarem-se como ninguém.
Dá que pensar... que apesar de terem acesso a toda a informação... não a sabem usar... isso seria uma excelente tese... de como o acesso à informação não dá "inteligência"...