HULK BILL MANTLO:
Bill Mantlo: 1980-1985
Números: 245-313 ; Anuais: 10 a 13
O Hulk do Mantlo para mim é como o James Bond do Sean Connery, foi o primeiro que vi e por isso comparo todos os outros com ele e assim fica sempre muito complicado já que este continua a ser, para mim, o melhor Hulk de sempre. Esta versão do herói era uma muito a ver com a ideia de Jeckyl e Hyde, um monstro selvagem e burro com um alter ego calmo e inteligente a contrapor.
Mantlo começou a abordar a paixão do Golias Esmeralda pela alienígena Jarella após a morte da mesma e como ele só queria pegar no corpo dela e levar para o seu mundo tendo para isso que enfrentar para além do costumeiro Glenn Talbot o herói cósmico conhecido como Capitão Marvel. Foi assim que o autor começou também algo que iria marcar muito a sua passagem pela personagem, o constante confronto entre o Verdão e outros heróis da companhia sendo que ao longo dos 5 anos foram muitos os que trocaram socos com o monstro verde devido a desentendimentos provocados muitas vezes pela irracionalidade da personagem. Thor, Coisa, Rom, 3-D Man, X-men, Sabra e tantos outros se cruzaram no caminho deste gigante.
Desses confrontos é de realçar um contra o Surfista em que o mesmo na ânsia louca de quebrar a barreira imposta por Galactus entra em confronto com o herói na sua prancha enquanto cruzavam o espaço, chegando ao ponto de roubar toda a energia gama de Banner num esforço final para quebrar a barreira. Ele consegue mas deixando para isso um Banner inconsciente caindo para a sua morte em pleno espaço sideral. No final o herói cósmico acaba por abdicar da sua liberdade e voltar a dar um pouco da energia para salvar o humano mesmo que assim o condenasse de novo a se tornar o Hulk.
O autor gostava também de mostrar que apesar da sua parte Selvagem e Destruidora, Hulk era quase uma criança por vezes e tinha momentos em que demonstrava afecto por outros ou então emitia comentários que faziam os outros pensarem mais na vida ao seu redor em territórios tão diferentes como o Japão, a União Soviética ou Médio Oriente. A história em que uma criança é morta pela discussão entre 2 facções enquanto partilhava a sua comida é algo que toca o coração de qualquer um. E ele faz sempre coisas assim como quando coloca o gigante em confronto com a heroína Sabra.
Os vilões também marcaram presença e de que forma. Mantlo usava de tudo um pouco desde personagens fantásticos como Glorian a mundanos como o Homem Absorvente passando por um quarteto de alienígenas criados pelo autor chamados U-Foes que foram usados constantemente e terminando no maior inimigo do Golias Esmeralda, o Líder.
Uma das histórias que mais gostei envolvendo vilões foi quando MODOK utilizou outro inimigo habitual do Hulk, o Abominável que na altura tinha um medo irracional do Golias Esmeralda devido às constantes derrotas que tinha nos confrontos com o mesmo e só quando percebe que o Hulk já não é selvagem é que concorda em ir combater com o nosso herói.
Isto foi uma fase importante em que após diversos acontecimentos, Banner consegue controlar a sua transformação em Hulk não ficando limitado apenas à transformação quando se enervava e ainda havia mais, conseguia manter a sua mente enquanto transformado no gigante verde. Isto levou inclusive a que todos os heróis da Marvel se unissem para pedir um perdão ao presidente numa edição histórica e memorável. O nosso herói só voltou ao seu estado "normal" selvagem após ataques constantes do vilão Pesadelo levando o Hulk a um ponto que todos os heróis que tinham pedido o seu perdão tivessem que o enfrentar e a única maneira de o controlar foi pedir ao Dr. Estranho que o enviasse para umas encruzilhadas noutra dimensão dando origem a algumas das melhores histórias do autor com a personagem.
Sal Buscema foi o responsável pela arte e a mesma adequava-se ao tom selvagem e irascível que Mantlo queria implementar na personagem e isso também ajudou a que gostasse muito de toda aquela fase. A viagem pelo mundo, a fase na encruzilhada, o perdão, os confrontos com os heróis e com os vilões e as nuances da vida quer do monstro quer do humano.
Foi Mantlo que colocou de novo o Hulk Cinzento na memória dos leitores e foi o autor que colocou as sementes do pai de Banner ser um monstro que o prejudicou psicologicamente e viria a ser explorado muito mais tarde pelo outro autor presente neste tópico.
Desta fase gostei de quase tudo mas em especial da arte e de alguns momentos em que o Hulk demonstrava gostar de alguém só porque o ajudavam um pouco, como uma bebâda que nem percebia bem o que ele era ou um rapaz que partilhava a sua comida com ele.
O que menos gostei era por vezes coisas um pouco fantásticas demais como o crossover com o Rackoon ou Cactos Falantes
a morte de Jim Wilson de SIDA, o aparecimento do Hulk Inteligente, e claro Futuro Imperfeito e The End (ambas podem ser lidas num trade único). Quase tudo do Peter David foi bom, mesmo a fase de Las Vegas com a má arte do Jeff Purves contem grandes histórias.