Spec Ops: The Line, a minha análise.

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Glorioso
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Spec Ops: The Line, a minha análise.

Post by Glorioso »

Ocasionalmente aparecem jogos que, sem se dar por isso, são mesmo bons. Spec Ops: The Line é um desses casos, e a 2K parece ser perita neste tipo de partidas, ao criar um shooter que tem pouco de tradicional, com um história que move a acção e embrenha o jogador do primeiro ao último suspiro da narrativa. Spec Ops: The Line é negro, duro e violento, um verdadeiro jogo de escolhas e de descobertas, de descobertas sobre nós próprios, sobre a negritude humana, sobre o que de melhor e pior existe em cada um de nós.



O protagonista é o Capitão Martin Walker, líder de um trio de Deltas que entra num Dubai devastado e abandonado, numa missão de salvamento. Sem imaginarem bem naquilo que se vão meter, ou encontrar, a historia desenvolve-se (e envolve-nos), a partir de um início simples e limpo, acabando num final negro, duro e violento. Sem querer comprometer experiências, fiquem só cientes que irão ter muito mais do que aquilo que estarão à espera, pois não raras vezes me senti na pele de Martin Sheen, em pleno Vietname, quando procurava Marlon Brando.



A jogabilidade é a de um típico TPS (terceira pessoa), com um sistema de cobertura colado a Gears of War, que peca pela falta da simplicidade e eficácia. Na verdade, aliado aos impiedosos inimigos, também o sistema de cobertura é um adversário a ter em conta, com Walker a ficar muitas vezes desprotegido no calor das batalhas. Mesmo assim, depois de se aprender a contornar essa limitação, pode-se então iniciar todo um contexto de ação, de armas, de explosões, de estratégias e manhas, que se revelam vitais para o sucesso. Aí há que confiar nos companheiros para sobreviver aos eminentes massacres, com a possibilidade de se designarem alvos a abater, ao mesmo tempo que se utiliza o cenário como principal aliado. Disparar em objectos explosivos, ou em vidraças, ou até atirar contra muralhas de areia, para eliminar inimigos, são opções que muitas vezes se revelam mais eficazes do que uma longa troca de tiros.



Se o Unreal Engine já deu provas de excelência, especialmente sempre que surge aliado à Xbox 360, aqui brilha, até escuro. Os jogos de luz, os reflexos da água, as tempestades de areia, tudo é tratado com muita eficácia, mesmo considerando que as explosões e os jogos de partículas poderiam ainda ser melhores. À escolha existem três filtros para a imagem, o Normal, o Vívido, e o Vintage, com o último a parecer o mais adaptado à realidade do jogo, e o mais imersivo. No restante, toda a apresentação é harmoniosa, com um bom narrador de fundo e uma banda sonora forte, os dois a proporcionarem excelentes ligações entre as várias missões e os vários objectivos.



O arsenal à disposição é rico, simples e eficaz, com as várias classes de armas a possuirem Conquistas associadas, e a escolha das duas a transportar em cada missão a revelar-se um acto importante, muitas vezes vital. A arma base do arsenal é a eficaz M4A1, mas se optarem por ir rodando irão perceber que usar uma Desert Eagle é satisfatório, mesmo a médio alcance, ou que uma AA-12 é praticamente uma Sniper quando usada com perspicácia.



O modo multijogador parece ter sido "enxertado" no jogo, neste caso um enxerto rejeitado. É algo de estranho que não encaixa no produto final. Num jogo que se baseia em escolhas, no pior que há em cada um de nós, num terror e temor sempre presente, é complicado chegar ao multijogador e ter um simples e corriqueiro Deathmatch, 4 para 4, que desilude e não precisa mais do que um punhado de tentativas para se perceber o vazio que é. A "imposição" que existe para que todos os jogos tenham uma componente multijogador por vezes dá nisto. Era preferível terem apostado em modos cooperativos, baseados ou não na história, em vez de criarem uma vertente competitiva sem alma, sem interesse.



Spec Ops: The Line é um jogo de escolhas, para se perceber que não existe escolha, por mais tentativas que se façam. Um jogo que explora a relação com Lugo e com Adams, nos bons e maus momentos, na cumplicidade e nos conflitos, evoluindo à medida que as personagens evoluem e se tornam negras e impiedosas. Nas 6 a 8 horas da campanha, em que se tenta colocar ordem na cidade, a cada minuto que passa perde-se mais o controle de tudo, de nós, da cidade, e dos companheiros. São momentos em que se tem de optar, opções duras e impossíveis, para se perceber que por mais que se escolha o mundo acaba sempre por escolher em primeiro lugar, deixando sempre livre o caminho mais duro e negro. Aí, Spec Ops: The Line tem o condão de deixar para o fim o desatar de todos os nós, oferecendo nessa altura a percepção da moralidade das escolhas feitas, e isso não é algo fácil, nem usual na maioria dos jogos.

http://www.xboxteamportugal.com/games/d ... s-the-line
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DarkPhoenix
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Re: Spec Ops: The Line, a minha análise.

Post by DarkPhoenix »

Esta não é "a minha análise", mas sim a minha análise.

Acabei ontem o "Spec Ops: The Line" ( X360 )

Dubai, num futuro próximo.
Tempestades de areia colossais enterram a cidade e devolvem o território ao deserto ( de onde nunca deveria ter saído, na minha opinião ).
A evacuação em massa provoca milhares de mortos e desaparecidos, as ruínas da outrora espalhafatosa meca do esbanjamento e ostentação encontram-se cercadas por uma cortina quase impenetrável de areia, como uma redoma.
Uma transmissão de emergência é captada, uma pequena equipa das forças especiais com 3 elementos é enviada para investigar.

Assim começa um dos grandes jogos dos últimos tempos, uma desconcertante, surpreendente viagem ao inferno da humanidade, que testará os limites, as noções de bem e mal, certo ou errado.
Obviamente baseado no clássico "Heart Of Darkness" de Joseph Conrad ( como já acontecera com o inigualável "Far Cry 2" ), este Spec Ops é o mais corajoso jogo do seu estilo.

Em termos técnicos, é perfeito.
Todos os ambientes estão magistralmente recriados, algo que é indispensável num jogo onde os cenários são praticamente uma personagem em si, tal é a expressividade que emana dos mesmos.
A areia é outro dos componentes chave, e a física que acompanha as suas várias interacções está muito bem conseguida.

"Spec Ops: The Line" é uma experiência.
Tenho que referir que o jogo se acaba em 7 ou 8 horas.
Perfeitamente ajustado ao que se propõe, mas é algo que penso ser justo referir.
Eu terminei-o em 2 dias, mas já regressei para uma segunda investida em Hard.
E espero em breve terminá-lo em FUBAR ( very hard ).

Começa promissor, evolui rapidamente para uma intensidade raramente vista e vivida num videojogo.
Sendo assim tão guiado pela história, aqui não há sandbox para ninguém, o caminho a seguir é o único possível.
Esta prisão de movimentos é necessária para que o argumento funcione, evita a dispersão e a distracção.
No entanto, algumas das decisões que seremos forçados a tomar em cenas chave da história, são das mais difíceis que já vi.

É difícil escrever acerca de um jogo, quando queremos evitar a todo o custo que demasiada exposição diminua o seu impacto nos demais.
Eu apercebi-me bem cedo do potencial, uns boatos daqui e dali... e não me enganei, "Spec Ops" é tudo o que eu esperava... e mais!

Não tenho quaisquer dúvidas em recomendá-lo a quem procura nos videojogos algo que mais nenhuma arte pode oferecer: experiências limite, em que somos parte integrante da história.
É como estar a ver um bom filme, mas tendo algum controlo sobre o mesmo, viver dentro do mesmo.

Se a sua curta duração for um problema para o adquirirem ( foi uma pechincha na Amazon ), comprem usado, aluguem, peçam emprestado,..... mas por favor joguem-no.
É um jogo único, ficará na história dos "grandes jogos que ninguém jogou".

10/10
Glorioso
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Re: Spec Ops: The Line, a minha análise.

Post by Glorioso »

DarkPhoenix wrote:Esta não é "a minha análise", mas sim a minha análise.

Acabei ontem o "Spec Ops: The Line" ( X360 )

Dubai, num futuro próximo.
Tempestades de areia colossais enterram a cidade e devolvem o território ao deserto ( de onde nunca deveria ter saído, na minha opinião ).
A evacuação em massa provoca milhares de mortos e desaparecidos, as ruínas da outrora espalhafatosa meca do esbanjamento e ostentação encontram-se cercadas por uma cortina quase impenetrável de areia, como uma redoma.
Uma transmissão de emergência é captada, uma pequena equipa das forças especiais com 3 elementos é enviada para investigar.

Assim começa um dos grandes jogos dos últimos tempos, uma desconcertante, surpreendente viagem ao inferno da humanidade, que testará os limites, as noções de bem e mal, certo ou errado.
Obviamente baseado no clássico "Heart Of Darkness" de Joseph Conrad ( como já acontecera com o inigualável "Far Cry 2" ), este Spec Ops é o mais corajoso jogo do seu estilo.

Em termos técnicos, é perfeito.
Todos os ambientes estão magistralmente recriados, algo que é indispensável num jogo onde os cenários são praticamente uma personagem em si, tal é a expressividade que emana dos mesmos.
A areia é outro dos componentes chave, e a física que acompanha as suas várias interacções está muito bem conseguida.

"Spec Ops: The Line" é uma experiência.
Tenho que referir que o jogo se acaba em 7 ou 8 horas.
Perfeitamente ajustado ao que se propõe, mas é algo que penso ser justo referir.
Eu terminei-o em 2 dias, mas já regressei para uma segunda investida em Hard.
E espero em breve terminá-lo em FUBAR ( very hard ).

Começa promissor, evolui rapidamente para uma intensidade raramente vista e vivida num videojogo.
Sendo assim tão guiado pela história, aqui não há sandbox para ninguém, o caminho a seguir é o único possível.
Esta prisão de movimentos é necessária para que o argumento funcione, evita a dispersão e a distracção.
No entanto, algumas das decisões que seremos forçados a tomar em cenas chave da história, são das mais difíceis que já vi.

É difícil escrever acerca de um jogo, quando queremos evitar a todo o custo que demasiada exposição diminua o seu impacto nos demais.
Eu apercebi-me bem cedo do potencial, uns boatos daqui e dali... e não me enganei, "Spec Ops" é tudo o que eu esperava... e mais!

Não tenho quaisquer dúvidas em recomendá-lo a quem procura nos videojogos algo que mais nenhuma arte pode oferecer: experiências limite, em que somos parte integrante da história.
É como estar a ver um bom filme, mas tendo algum controlo sobre o mesmo, viver dentro do mesmo.

Se a sua curta duração for um problema para o adquirirem ( foi uma pechincha na Amazon ), comprem usado, aluguem, peçam emprestado,..... mas por favor joguem-no.
É um jogo único, ficará na história dos "grandes jogos que ninguém jogou".

10/10
De acordo, é daqueles shooters que qualquer amante do género simplesmente não pode perder, a história intensa (Apocalypse Now?) e sempre em crescendo deixa-nos agarrados!!! Infelizmente ainda não regressei mas mantenho-o aqui em espera de segunda volta.
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