Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Discussão de filmes; a arte pela arte.

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mansildv
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Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

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Call Me by Your Name

Realizador: Luca Guadagnino
Elenco: Timothée Chalamet, Armie Hammer, Michael Stuhlbarg, Amira Casar, Esther Garrel, Victoire Du Bois.

In Northern Italy in 1983, seventeen year-old Elio begins a relationship with visiting Oliver, his father's research assistant, with whom he bonds over his emerging sexuality, their Jewish heritage, and the beguiling Italian landscape.
Trailer



IMDb / Wikipedia / Rotten Tomatoes
mansildv
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by mansildv »

Here’s why all your criticisms of Call Me By Your Name are wrong

http://www.gaytimes.co.uk/culture/96851 ... ame-wrong/

http://www.gaytimes.co.uk/wp-content/uploads/2017/08/call-me-by-your-name-armie-timothee.jpg
José
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by José »

Faltam-me palavras para descrever o brilhantismo deste Call Me By Your Name... Dos vários filmes falados para a próxima temporada de prémios, este é, sem sombra de dúvida, o mais assombroso e marcante! O realizador Luca Guadagnino encerra de forma magistral a sua "Trilogia do Desejo", cujos tomos anteriores são "I Am Love" e "A Bigger Splash", ambos excelentes. Call Me By Your Name advém do romance escrito por André Aciman há cerca de uma década e o argumento tem a assinatura do ilustre James Ivory. Confesso que não li o livro, apesar de estar a par de algumas liberdades criativas tomadas por Guadagnino e Ivory; aliás, liberdades essas aprovadas pelo próprio Aciman, que até já admitiu publicamente gostar mais do final do filme do que aquele que consta no seu próprio livro.

A história passa-se em 1983, no Norte de Itália: Elio (Timothee Chalamet, uma revelação absoluta!) é um jovem de 17 anos que está a passar férias de Verão na casa rural da família, uma elegante mansão do século XVII. Elio passa os dias a ler, a nadar, a transcrever música para piano e guitarra e a divertir-se na companhia dos amigos locais. Todos os anos, durante algumas semanas, o seu pai, que é professor de arte greco-romana, recebe um estudante que o auxilie nas pesquisas arqueológicas que desenvolve na região. Nesse ano a tarefa cabe a Oliver (Armie Hammer, brilhante e subtil), um norte-americano de 24 anos, confiante e carismático, intelectual e sociável. A princípio a interacção entre Elio e Oliver é revestida de bastante fricção e picardia, é um jogo de observação e análise de personalidades. Mas aos poucos, ao se conhecerem durante as semanas desse Verão inesquecível, algo irá acontecer que mudará o rumo das suas vidas para todo o sempre.

Guadagnino confirma a sua aura de grande classicista com um filme que, ponto por ponto, subverte todas as convenções dramáticas e narrativas que filmes com esta temática costumam acarretar. Aqui está um belo exemplo de uma narrativa hipnótica desde o primeiro momento, que se coloca debaixo da nossa pele e que não recorre a grandes peripécias dramáticas mas que, no entanto, causa um impacto brutal no espectador. Não existe um verdadeiro antagonista no filme, tal como Guadagnino já várias vezes referiu, nem há a sombra da morte ou de uma possível doença que interfira na trajectória dos protagonistas. Ausente está também a questão da discriminação social e de eventuais olhares culpabilizadores. É um filme com um apelo universal, sobre o doloroso processo de auto-descoberta, as armadilhas do primeiro amor e o desamparo existencial de se ficar nas mãos com um coração despedaçado que urge ser reconstruído. É algo em que toda a gente se pode rever, independentemente da sua identificação ou orientação sexual. O grande vilão do filme, se é assim que o podemos chamar, é o tempo: desde o início sabemos que a narrativa irá decorrer durante as seis semanas daquele Verão lânguido; ainda assim, deixamo-nos seduzir pela interacção entre os personagens e destes com os cantos e recantos daquele lugar tão estival e mágico que aos poucos vão descobrindo. Nesse sentido, Call Me By Your Name trouxe-me à memória o impacto emocional do magnífico As Pontes de Madison County, filme em que as personagens vivem algo intensamente romântico também durante um curto espaço de tempo, sabendo que, mais tarde ou mais cedo, esse idílio poderá ter um fim assinalado.

A riqueza das personagens é profundíssima, e nenhuma é descurada, nem mesmo as secundárias. Mas é claro que o foco incide nas personagens principais: Oliver é tudo aquilo que Elio gostaria de ser mas ainda não é, até porque pela sua idade ainda está num processo de construção de identidade. Ainda assim, Elio é mais seguro, corajoso e assertivo do que aquilo que pensa. Já Oliver não é afinal o poço de segurança e auto-confiança que quer fazer crer, recorrendo sempre a um aparentemente arrogante "Later!" quando quer fugir de algum assunto ou situação que lhe cause um mínimo de desconforto. Sempre elegante, erudito e cheio de nuances afectivas, o realizador consegue criar um filme de uma grande complexidade psicológica. Apetece dizer "filme de pequenos e delicados gestos e pleno de grandes emoções". Tudo se conjuga na perfeição, de tal forma que o filme flui de uma maneira tão agradável que as suas 2h15 de duração passam a voar, quase parece que estamos a assistir a um documentário; dá a sensação de que nós próprios andamos a cirandar por aquela localidade tão simpática e prazerosa. As canções que Sufjan Stevens compôs para o filme (a pedido de Guadagnino) - Mystery Of Love e Visions Of Gideon - para além de belíssimas, ajudam a pontuar a narrativa, são como que uma narração musicada que intervém no momento certo. A fotografia é deslumbrante e evocativa, trazendo à tona aquele sentimento que todos preservamos, penso eu, daqueles Verões mais ou menos idealizados em que vivemos livremente algo que nos marcou muito; aquele conjunto de experiências enquanto crescemos que, sendo boas ou menos boas, fazem parte da nossa evolução identitária e que remetemos automaticamente para um determinado período temporal, guardando-as para sempre na nossa memória e coração.

Destaque muito especial ainda para a composição de Michael Stuhlbarg, no papel de pai de Elio; lá mais para o fim do filme, o actor tem a hipótese de, em breves minutos, conceder um dos mais maravilhosos monólogos que já vi em Cinema, a personificação mais pura do amor paternal, sem concessões, barreiras ou recriminações, um discurso lindo sobre a auto-aceitação e o não nos censurarmos nem àquilo que carregamos connosco, na nossa alma. E que dizer daquele close-up final, em que uma miríade de emoções vem à superfície enquanto se pensa nostalgicamente em tudo o que foi vivido tão intensamente? Apenas que se fecha o filme com chave de ouro, de forma original e comovente, mais uma prova do talento interpretativo de Chalamet; ficamos durante os créditos finais e, no fim de contas, o filme acompanha-nos muito tempo depois da sessão ter terminado. Enfim, desculpem o texto alongado, mas as palavras são poucas para um filme que é uma obra-prima absoluta!!
No Angel
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by No Angel »

Já eu achei o filme bem chato, um aborrecimento de morte... diálogos idiotas que chegam a dar vontade de rir, cenas sem sentido pra história e que nem sei o que lá estão a fazer... enfim, acho que vai ser o filme sobrevalorizado do ano, assim como o ano passado tivemos o "La la Land" que foi uma chachada e adoraram aquilo. Não me vou alongar muito mais, achei o filme fraco mesmo. 4/10
FelipePT
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by FelipePT »

José wrote: January 18th, 2018, 7:05 pm Faltam-me palavras para descrever o brilhantismo deste Call Me By Your Name... Dos vários filmes falados para a próxima temporada de prémios, este é, sem sombra de dúvida, o mais assombroso e marcante! O realizador Luca Guadagnino encerra de forma magistral a sua "Trilogia do Desejo", cujos tomos anteriores são "I Am Love" e "A Bigger Splash", ambos excelentes. Call Me By Your Name advém do romance escrito por André Aciman há cerca de uma década e o argumento tem a assinatura do ilustre James Ivory. Confesso que não li o livro, apesar de estar a par de algumas liberdades criativas tomadas por Guadagnino e Ivory; aliás, liberdades essas aprovadas pelo próprio Aciman, que até já admitiu publicamente gostar mais do final do filme do que aquele que consta no seu próprio livro.

A história passa-se em 1983, no Norte de Itália: Elio (Timothee Chalamet, uma revelação absoluta!) é um jovem de 17 anos que está a passar férias de Verão na casa rural da família, uma elegante mansão do século XVII. Elio passa os dias a ler, a nadar, a transcrever música para piano e guitarra e a divertir-se na companhia dos amigos locais. Todos os anos, durante algumas semanas, o seu pai, que é professor de arte greco-romana, recebe um estudante que o auxilie nas pesquisas arqueológicas que desenvolve na região. Nesse ano a tarefa cabe a Oliver (Armie Hammer, brilhante e subtil), um norte-americano de 24 anos, confiante e carismático, intelectual e sociável. A princípio a interacção entre Elio e Oliver é revestida de bastante fricção e picardia, é um jogo de observação e análise de personalidades. Mas aos poucos, ao se conhecerem durante as semanas desse Verão inesquecível, algo irá acontecer que mudará o rumo das suas vidas para todo o sempre.

Guadagnino confirma a sua aura de grande classicista com um filme que, ponto por ponto, subverte todas as convenções dramáticas e narrativas que filmes com esta temática costumam acarretar. Aqui está um belo exemplo de uma narrativa hipnótica desde o primeiro momento, que se coloca debaixo da nossa pele e que não recorre a grandes peripécias dramáticas mas que, no entanto, causa um impacto brutal no espectador. Não existe um verdadeiro antagonista no filme, tal como Guadagnino já várias vezes referiu, nem há a sombra da morte ou de uma possível doença que interfira na trajectória dos protagonistas. Ausente está também a questão da discriminação social e de eventuais olhares culpabilizadores. É um filme com um apelo universal, sobre o doloroso processo de auto-descoberta, as armadilhas do primeiro amor e o desamparo existencial de se ficar nas mãos com um coração despedaçado que urge ser reconstruído. É algo em que toda a gente se pode rever, independentemente da sua identificação ou orientação sexual. O grande vilão do filme, se é assim que o podemos chamar, é o tempo: desde o início sabemos que a narrativa irá decorrer durante as seis semanas daquele Verão lânguido; ainda assim, deixamo-nos seduzir pela interacção entre os personagens e destes com os cantos e recantos daquele lugar tão estival e mágico que aos poucos vão descobrindo. Nesse sentido, Call Me By Your Name trouxe-me à memória o impacto emocional do magnífico As Pontes de Madison County, filme em que as personagens vivem algo intensamente romântico também durante um curto espaço de tempo, sabendo que, mais tarde ou mais cedo, esse idílio poderá ter um fim assinalado.

A riqueza das personagens é profundíssima, e nenhuma é descurada, nem mesmo as secundárias. Mas é claro que o foco incide nas personagens principais: Oliver é tudo aquilo que Elio gostaria de ser mas ainda não é, até porque pela sua idade ainda está num processo de construção de identidade. Ainda assim, Elio é mais seguro, corajoso e assertivo do que aquilo que pensa. Já Oliver não é afinal o poço de segurança e auto-confiança que quer fazer crer, recorrendo sempre a um aparentemente arrogante "Later!" quando quer fugir de algum assunto ou situação que lhe cause um mínimo de desconforto. Sempre elegante, erudito e cheio de nuances afectivas, o realizador consegue criar um filme de uma grande complexidade psicológica. Apetece dizer "filme de pequenos e delicados gestos e pleno de grandes emoções". Tudo se conjuga na perfeição, de tal forma que o filme flui de uma maneira tão agradável que as suas 2h15 de duração passam a voar, quase parece que estamos a assistir a um documentário; dá a sensação de que nós próprios andamos a cirandar por aquela localidade tão simpática e prazerosa. As canções que Sufjan Stevens compôs para o filme (a pedido de Guadagnino) - Mystery Of Love e Visions Of Gideon - para além de belíssimas, ajudam a pontuar a narrativa, são como que uma narração musicada que intervém no momento certo. A fotografia é deslumbrante e evocativa, trazendo à tona aquele sentimento que todos preservamos, penso eu, daqueles Verões mais ou menos idealizados em que vivemos livremente algo que nos marcou muito; aquele conjunto de experiências enquanto crescemos que, sendo boas ou menos boas, fazem parte da nossa evolução identitária e que remetemos automaticamente para um determinado período temporal, guardando-as para sempre na nossa memória e coração.

Destaque muito especial ainda para a composição de Michael Stuhlbarg, no papel de pai de Elio; lá mais para o fim do filme, o actor tem a hipótese de, em breves minutos, conceder um dos mais maravilhosos monólogos que já vi em Cinema, a personificação mais pura do amor paternal, sem concessões, barreiras ou recriminações, um discurso lindo sobre a auto-aceitação e o não nos censurarmos nem àquilo que carregamos connosco, na nossa alma. E que dizer daquele close-up final, em que uma miríade de emoções vem à superfície enquanto se pensa nostalgicamente em tudo o que foi vivido tão intensamente? Apenas que se fecha o filme com chave de ouro, de forma original e comovente, mais uma prova do talento interpretativo de Chalamet; ficamos durante os créditos finais e, no fim de contas, o filme acompanha-nos muito tempo depois da sessão ter terminado. Enfim, desculpem o texto alongado, mas as palavras são poucas para um filme que é uma obra-prima absoluta!!
Um belo resumo do filme, que nao mudaria uma vírgula.

O filme é tudo isso e muito mais, é perfeito!
José
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by José »

FelipePT wrote: January 22nd, 2018, 3:21 am
José wrote: January 18th, 2018, 7:05 pm Faltam-me palavras para descrever o brilhantismo deste Call Me By Your Name... Dos vários filmes falados para a próxima temporada de prémios, este é, sem sombra de dúvida, o mais assombroso e marcante! O realizador Luca Guadagnino encerra de forma magistral a sua "Trilogia do Desejo", cujos tomos anteriores são "I Am Love" e "A Bigger Splash", ambos excelentes. Call Me By Your Name advém do romance escrito por André Aciman há cerca de uma década e o argumento tem a assinatura do ilustre James Ivory. Confesso que não li o livro, apesar de estar a par de algumas liberdades criativas tomadas por Guadagnino e Ivory; aliás, liberdades essas aprovadas pelo próprio Aciman, que até já admitiu publicamente gostar mais do final do filme do que aquele que consta no seu próprio livro.

A história passa-se em 1983, no Norte de Itália: Elio (Timothee Chalamet, uma revelação absoluta!) é um jovem de 17 anos que está a passar férias de Verão na casa rural da família, uma elegante mansão do século XVII. Elio passa os dias a ler, a nadar, a transcrever música para piano e guitarra e a divertir-se na companhia dos amigos locais. Todos os anos, durante algumas semanas, o seu pai, que é professor de arte greco-romana, recebe um estudante que o auxilie nas pesquisas arqueológicas que desenvolve na região. Nesse ano a tarefa cabe a Oliver (Armie Hammer, brilhante e subtil), um norte-americano de 24 anos, confiante e carismático, intelectual e sociável. A princípio a interacção entre Elio e Oliver é revestida de bastante fricção e picardia, é um jogo de observação e análise de personalidades. Mas aos poucos, ao se conhecerem durante as semanas desse Verão inesquecível, algo irá acontecer que mudará o rumo das suas vidas para todo o sempre.

Guadagnino confirma a sua aura de grande classicista com um filme que, ponto por ponto, subverte todas as convenções dramáticas e narrativas que filmes com esta temática costumam acarretar. Aqui está um belo exemplo de uma narrativa hipnótica desde o primeiro momento, que se coloca debaixo da nossa pele e que não recorre a grandes peripécias dramáticas mas que, no entanto, causa um impacto brutal no espectador. Não existe um verdadeiro antagonista no filme, tal como Guadagnino já várias vezes referiu, nem há a sombra da morte ou de uma possível doença que interfira na trajectória dos protagonistas. Ausente está também a questão da discriminação social e de eventuais olhares culpabilizadores. É um filme com um apelo universal, sobre o doloroso processo de auto-descoberta, as armadilhas do primeiro amor e o desamparo existencial de se ficar nas mãos com um coração despedaçado que urge ser reconstruído. É algo em que toda a gente se pode rever, independentemente da sua identificação ou orientação sexual. O grande vilão do filme, se é assim que o podemos chamar, é o tempo: desde o início sabemos que a narrativa irá decorrer durante as seis semanas daquele Verão lânguido; ainda assim, deixamo-nos seduzir pela interacção entre os personagens e destes com os cantos e recantos daquele lugar tão estival e mágico que aos poucos vão descobrindo. Nesse sentido, Call Me By Your Name trouxe-me à memória o impacto emocional do magnífico As Pontes de Madison County, filme em que as personagens vivem algo intensamente romântico também durante um curto espaço de tempo, sabendo que, mais tarde ou mais cedo, esse idílio poderá ter um fim assinalado.

A riqueza das personagens é profundíssima, e nenhuma é descurada, nem mesmo as secundárias. Mas é claro que o foco incide nas personagens principais: Oliver é tudo aquilo que Elio gostaria de ser mas ainda não é, até porque pela sua idade ainda está num processo de construção de identidade. Ainda assim, Elio é mais seguro, corajoso e assertivo do que aquilo que pensa. Já Oliver não é afinal o poço de segurança e auto-confiança que quer fazer crer, recorrendo sempre a um aparentemente arrogante "Later!" quando quer fugir de algum assunto ou situação que lhe cause um mínimo de desconforto. Sempre elegante, erudito e cheio de nuances afectivas, o realizador consegue criar um filme de uma grande complexidade psicológica. Apetece dizer "filme de pequenos e delicados gestos e pleno de grandes emoções". Tudo se conjuga na perfeição, de tal forma que o filme flui de uma maneira tão agradável que as suas 2h15 de duração passam a voar, quase parece que estamos a assistir a um documentário; dá a sensação de que nós próprios andamos a cirandar por aquela localidade tão simpática e prazerosa. As canções que Sufjan Stevens compôs para o filme (a pedido de Guadagnino) - Mystery Of Love e Visions Of Gideon - para além de belíssimas, ajudam a pontuar a narrativa, são como que uma narração musicada que intervém no momento certo. A fotografia é deslumbrante e evocativa, trazendo à tona aquele sentimento que todos preservamos, penso eu, daqueles Verões mais ou menos idealizados em que vivemos livremente algo que nos marcou muito; aquele conjunto de experiências enquanto crescemos que, sendo boas ou menos boas, fazem parte da nossa evolução identitária e que remetemos automaticamente para um determinado período temporal, guardando-as para sempre na nossa memória e coração.

Destaque muito especial ainda para a composição de Michael Stuhlbarg, no papel de pai de Elio; lá mais para o fim do filme, o actor tem a hipótese de, em breves minutos, conceder um dos mais maravilhosos monólogos que já vi em Cinema, a personificação mais pura do amor paternal, sem concessões, barreiras ou recriminações, um discurso lindo sobre a auto-aceitação e o não nos censurarmos nem àquilo que carregamos connosco, na nossa alma. E que dizer daquele close-up final, em que uma miríade de emoções vem à superfície enquanto se pensa nostalgicamente em tudo o que foi vivido tão intensamente? Apenas que se fecha o filme com chave de ouro, de forma original e comovente, mais uma prova do talento interpretativo de Chalamet; ficamos durante os créditos finais e, no fim de contas, o filme acompanha-nos muito tempo depois da sessão ter terminado. Enfim, desculpem o texto alongado, mas as palavras são poucas para um filme que é uma obra-prima absoluta!!
Um belo resumo do filme, que nao mudaria uma vírgula.

O filme é tudo isso e muito mais, é perfeito!
Muito obrigado, FelipePT! Concordo absolutamente: é um filme perfeito! Abraço.
mansildv
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by mansildv »

Call Me by Your Name (2017) - 9.5/10

Para mim, e de forma muito resumida, é um dos melhores filmes do ano. Fabuloso!

De resto, a crítica do José diz tudo o que há para dizer sobre o filme :-))) salut-)
mansildv
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by mansildv »

'Call Me by Your Name' Director Reveals Details of the Planned Sequel

https://www.hollywoodreporter.com/rambl ... el-1077963
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by PanterA »

Que autêntico massacre, cum caraças!! Isto foi tão mau que nem me apetece desenvolver muito o que acabei de ver. Quando metem aquelas metáforas clichés dos romances e corações, epah... simplesmente não.

3/10
nimzabo
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by nimzabo »

Já tenho visto alguns filmes com homossexuais de que gostei mas ultimamente apanhei com alguns que sinceramente dispensava.
Este viu-se, não é que tenha achado mau, mas ou não ando com paciência para o 'tema' ou é dos filmes em concreto que tenho apanhado.
Os outros foram:

- Quando Se Tem 17 Anos
http://www.imdb.com/title/tt4331970/?ref_=nv_sr_1

- God's Own Country
http://www.imdb.com/title/tt5635086/?ref_=nv_sr_1
(este não vi todo)

P.S. O rapaz do 'Call me by you name' (Timothée Chalamet) está nomeado para o oscar de melhor actor pela participação no filme mas também faz de 2º namorado da 'Lady Bird' e como tal aparece em dois filmes 'oscarizados'.
FelipePT
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by FelipePT »

PanterA wrote: March 1st, 2018, 5:31 am Que autêntico massacre, cum caraças!! Isto foi tão mau que nem me apetece desenvolver muito o que acabei de ver. Quando metem aquelas metáforas clichés dos romances e corações, epah... simplesmente não.

3/10

O Que? Queres desenvolver..?

Se ha coisa que o filme nao tem nem procura é isso que referes.. da próxima vez nao vás bêbado para o cinema pah..
mansildv
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by mansildv »

FelipePT wrote: March 3rd, 2018, 4:07 pm
PanterA wrote: March 1st, 2018, 5:31 am Que autêntico massacre, cum caraças!! Isto foi tão mau que nem me apetece desenvolver muito o que acabei de ver. Quando metem aquelas metáforas clichés dos romances e corações, epah... simplesmente não.

3/10

O Que? Queres desenvolver..?

Se ha coisa que o filme nao tem nem procura é isso que referes.. da próxima vez nao vás bêbado para o cinema pah..
FelipePT, cada um tem direito à sua opinião, tenta ser mais comedido!
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by PanterA »

FelipePT wrote: March 3rd, 2018, 4:07 pmO Que? Queres desenvolver..?

Se ha coisa que o filme nao tem nem procura é isso que referes.. da próxima vez nao vás bêbado para o cinema pah..
O que tem para ti, não tem para mim ou vice-versa. E menos insultos, sff.
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by DarkPhoenix »

O verão de 1983 numa idílica região no norte de Itália.
O jovem Elio apaixona-se por um estrangeiro, convidado a passar algumas semanas na propriedade da família, gente ligada à arqueologia e às artes.
A música, a dança e a poesia, os diálogos em vários idiomas (Italiano, Francês, Inglês, e até um pouco de Alemão), a beleza do que é genuíno e realmente interessa, o amor que acontece, o contacto com a natureza, as tardes a nadar no rio, as refeições no pátio e o calor familiar...
Este contexto absurdamente paradisíaco destila uma sensualidade constante, na forma quente como aborda toda a riqueza sensorial do cenário, mais explícita em sugestivos planos plenos de carga erótica.

Um exemplo do que o bom cinema europeu traz em contraponto ao violento cinema importado dos states, celebração do amor, da tolerância e da multi culturalidade, da liberdade de amar e ser feliz, do aproveitar as oportunidades e viver o minuto.

Banda sonora excelente e variada, realização provocante, fotografia nostálgica, interpretações seguras do elenco.
Impossível deixar de salientar o desempenho de Timothée Chalamet (também presente no também excelente "Lady Bird") que demonstra um talento natural de excepção.

Um filme belo, com todas as letrinhas.

9/10
mansildv
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Re: Call Me by Your Name (2017) - Luca Guadagnino

Post by mansildv »

James Ivory Becomes Oldest Oscar Winner Ever After ‘Call Me By Your Name’ Win

https://theplaylist.net/james-ivory-old ... -20180304/

https://theplaylist.net/wp-content/uploads/2017/12/Call-Me-By-Your-Name-Best-2017-1200x520.jpg
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