The Killing of a Sacred Deer (2017) - Yorgos Lanthimos

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Evil_Djinn
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The Killing of a Sacred Deer (2017) - Yorgos Lanthimos

Post by Evil_Djinn »

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Com inspiração em peças clássicas gregas, especialmente "Ifigénia em Áulide", de Eurípides, este é o quinto filme realizado a solo do também grego Yorgos Lanthimos. Ao contar a história de um cirurgião cardiovascular que se torna mentor de um adolescente órfão de pai que começa a insinuar-se cada vez mais na sua família aparentemente perfeita e o obriga a revisitar o seu passado obscuro, o filme coloca questões sobre o sacrifício e a culpa. No papel principal, como Dr. Steven Murphy, está Colin Farrell, protagonista de "A Lagosta", o filme anterior de Lanthimos e o primeiro do realizador feito em inglês. Contracena com actores como Barry Keoghan, Nicole Kidman ou Alicia Silverstone. "O Sacrifício de Um Cervo Sagrado" venceu o prémio de Melhor Argumento na edição de 2017 do Festival de Cannes. -
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http://www.imdb.com/title/tt5715874/



Já alguem foi ver este filme?
nimzabo
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Re: The Killing of a Sacred Deer (2017) - Yorgos Lanthimos

Post by nimzabo »

Mesmo realizador do 'A Lagosta' e do 'Canino'...
hmmm :|
Evil_Djinn
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Re: The Killing of a Sacred Deer (2017) - Yorgos Lanthimos

Post by Evil_Djinn »

O "Canino" não conheço, mas vi "O Lagosta" e até gostei, mas sou suspeito poque gosto de ideias bizarras...
nimzabo
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Re: The Killing of a Sacred Deer (2017) - Yorgos Lanthimos

Post by nimzabo »

O Lagosta não gostei muito nem sei se percebi.

O Canino ainda achei mais estranho e quando vi não compreendi.
O comentário do Pantera ajudou-me a perceber...
viewtopic.php?f=11&t=44103&p=611361
... mas não deixa de ser muito estranho.
Ludovico
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Re: The Killing of a Sacred Deer (2017) - Yorgos Lanthimos

Post by Ludovico »

O realizador grego Yorgos Lanthimos é um realizador notado por ter feito "Canino" que ainda não vi e que depois fez “A Lagosta”.Devo dizer que detestei “A Lagosta” e fiquei desconcertado como é que reuniu nele grandes atores de Hollywood.Num filme verdadeiramente irrealista e fora de qualquer senso, conseguiu ser nomeado para o Óscar de "Melhor Argumento Original" o que de original,a meu ver,não tem nada e que surreal tem muito.Pois bem, neste “O Sacrifício de Um Cervo Sagrado” a proposta foi outra e melhorou substancialmente. Na primeira hora de duração, Lanthimos esmerou-se ao máximo, porque consegue ser intrigante,enigmático e realizar com grande inteligência toda a história que quer.Colin Farrel e Nicole Kidman durante o filme inteiro estão muito bem e fazem 2 grandes desempenhos e o mesmo se passa com o atores jovens sobretudo o miúdo principal que desencadeia toda a história principal.Acontece, porém, que se na primeira parte o filme é estupendo,para mim, é claro, a segunda hora de filme, é um verdadeiro desastre de surrealismo narrativo de enormes dimensões.Eu pergunto, como é que é possível Lanthimos ter desaproveitado uma grande história por capricho próprio???.Enfim à coisas que não entendo, de facto.A primeira parte de "O Sacrifico…",a primeira hora de filme é, no mínimo, fabulosamente escrita e encenada ao pormenor, parece ter sido feita por Kubrick ele próprio. É nessa hora que um enorme aprendiz de realizador,consegue elevar uma obra à dimensão de um mestre de um oficio.Yorgos,nesse espaço temporal do filme brilha de uma forma cristalina e é por vezes de um virtuosismo a raiar o arrebatador.Elabora o guião como um artífice engendra uma obra única e inclassificável.Dirige com um arreganho impar os desempenhos de Farrel e Kidman.Em Farrel, Lantimos extrai a aparência sisuda e conformada da aparência física e de Kidman consegue extrair a beleza, a inteligência e a sedução plena da atriz.Eles os 2 compõem,pelo menos,a meu ver duas sensacionais,soberbas interpretações e,além disso,com diálogos entre eles e os restantes personagens da história,sobretudo com o miúdo que começa a ferir o casal de protagonistas.Os diálogos são excecionais do melhor do que pode imaginar e esperar.Acontece,porém há uma segunda parte nesta história,só que parece ter sido feita por um outro realizador que não Lanthimos que não sabe nada de cinema de autor.Parece que essa segunda parte da história,foi filmada por outro realizador que não Lanthimos.Porque,nessa segunda parte do filme a criatividade e originalidade deu lugar ao irrealismo e ao exagero feroz e incompreensível. À densidade dos personagens, deu lugar ao irracional,dá uma deriva de situações ilógicas e incompreensíveis.O que motiva os personagens parece que é trabalhado à toa e desenvolvida à nora de tudo que é pertinente e acutilante, incluindo na caracterização do personagem do miúdo que faz um magistral desempenho.Ele não tem culpa que Lanthimos o desbarate de uma forma inconsequente e ridícula.É este o grande paradoxo ao acabar de ver este filme.Percebe-se porque razão atraiu Farrel e Kidman nitidamente e a química entre eles é muito feliz no filme inteiro.É um filme sobre os segredos que afetam famílias, bem estruturadas mas com pequenos e grandes segredos que podem ser quebrados por personalidades indesejáveis e insuspeitas e é nisso que os demónios explodem numa relação feliz,pelo menos,na aparência.A construção narrativa do filme no geral é excelente, é magnifica e o esqueleto dele é notável mas, depois, na segunda hora,o inesperado acontece e a criatividade de Lanthimos esvazia-se de uma forma,incomensurável com muita pena.É, para mim um mistério muito infeliz porque razão Lanthimos na segunda hora se demita de levar a sua criatividade de uma forma consequente ao melhor dos caminhos mas pela 1 hora de filme já o filme merece ser visto e degustado como deve ser mesmo que depois o filme seja bastante fraco.
Nota:7 em 10
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José
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Re: The Killing of a Sacred Deer (2017) - Yorgos Lanthimos

Post by José »

Não é Stanley Kubrick nem Michael Haneke quem quer. As homenagens e as boas intenções de transgressão narrativa estão lá, e eu até acho que Yorgos Lanthimos tem talento, mas o filme redunda num formalismo a dar para o penoso, simplista, que nem a entrega de todo o elenco consegue insuflar qualquer substância minimamente coerente.

É que para mim há mesmo algo na forma de realizar de Lanthimos que acaba por se tornar previsível de filme para filme; falo especificamente na maneira como ele, por tudo e por nada, tem vindo a abusar de uma espécie de rotina de close-ups, seguidos de planos de "voyeur", de "lente de aquário", etc. É uma maneira de se afirmar, de criar um estilo próprio estrutural enquanto autor, nada contra isso. Mas o investimento dramático tem sido pobre e, na minha opinião, drasticamente limitado pelo focar nesse aspecto de querer "encher o olho".
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