Orlando (1992) - Sally Potter

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JoséMiguel
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Orlando (1992) - Sally Potter

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https://en.wikipedia.org/wiki/Orlando_(film)
http://www.imdb.com/title/tt0107756/

Sinopse

Adaptação literária do livro homónimo de 1922, da escritora Virginia Woolf. Trata-se de um conto do género fantástico, acerca de um personagem imortal, que vive 400 anos (entre os séculos XVI e XX) e que muda de sexo.

Trailer original



Prémios
Orlando (1992)
- Venice Film Festival: Audience prize for Best Film
- Catholic International Critics' Prize for Best Film
- Elvira Notari Award
- Festival International du Cinema au Feminin: Best Film
- Festival du Film Britannique de Dinard: Audience prize for Best Film

- International Thessaloniki Film Festival:
Golden Alexander for Best Film, Best Artistic Contribution – Sally Potter, International Critics' Prize – Sally Potter

- San Francisco International Film Festival: 1st Satyajit Ray Award – Sally Potter

- St. Petersburg International Film Festival:

Critics' Prize, Audience Prize, Special Prize

- Durban International Film Festival:
Best Film, Public's Choice

- Festival Internacional de Cinema Fatastic de Sitges: Best Film
- International Festival of Films Directed by Women: First Prize
- European Film Academy Awards: Felix for Best Young European Film – Sally Potter
- Women in Film & Television Awards: Rank Film Laboratories Award for Creative Originality – Sally Potter
- Sitges - Catalan International Film Festival: Best Film

Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Sally_Potter
Realizadora


Sally Potter (1949 - )

https://en.wikipedia.org/wiki/Sally_Potter
Early life[edit]

Potter was born and raised in London. Her mother was a music teacher and her father was an interior designer and a poet.[1] Her younger brother Nic became the bassist for the rock group Van der Graaf Generator.[2] When asked about her background, which influenced her work as a filmmaker, she responds, "I came from an atheist background and an anarchist background, which meant that I grew up in an environment that was full of questions, where nothing could be taken for granted."[3]

Career[edit]
Potter began making amateur films, at age 14, with an 8mm camera given to her by an uncle.[4] She eventually dropped out of school at age 16 to pursue filmmaking. From 1968–1970 she worked as a kitchen worker and a picture researcher for BBC in order to support herself and her work. She had joined the London Film-Makers' Co-op and began making experimental short films, including Jerk (1969) and Play (1970). She later trained as a dancer and choreographer at the London School of Contemporary Dance.
Co-produção internacional

Este filme é efectivamente uma insólita co-produção ente a União Europeia e a União Soviética, com o aspecto muito peculiar da produção do filme incluir e abarcar simultaneamente o Tratado de Maastricht (Fevereiro de 1992) e a desintegração da URSS (Dezembro de 1991), em que a a C.E.E. muda de nome para "Comunidade Europeia" e do meio do nada surge um novo país chamado "Uzbequistão", algures na União Soviética, onde a realizadora estava a filmar o filme.

Mas tenham em conta que esta obra é puro cinema de autora, com a visão pessoal da realizadora inglesa Sally Potter, e por isso o que está em discussão nesta secção é meramente o financiamento privado e público da Europa Ocidental, com algum apoio técnico do estúdio soviético Lenfilm ao serviço e sob o comando da realizadora londrina, ambos necessários para concretizar um filme muito difícil desta envergadura, qualidade e custo financeiro.

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Esta estranha configuração ainda não tinha surgido nas fichas técnicas que fiz até agora, mas comecemos pelo princípio:
The novel had previously been considered impossible to adapt for the screen, because it took place over 400 years and followed a character whose sex changes from a man to a woman. Funding the feature proved difficult, and Orlando took seven years to complete.[3] Filming and editing took 20 weeks. Preparation for the film, including adapting the novel, funding the film, scouting locations, etc., took four years.[6]

Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Sally_Potter
O problema aqui é que a história se passa ao longo de 400 anos, começa com o personagem vestido com a mesma roupa do Vasco da Gama, no século XVI, e termina em Londres no ano de 1992. Só em termos de guarda-roupa para mostrar todas as épocas, é preciso muito dinheiro. Em seguida este é um filme tecnicamente muito bem feito, sem artificialismo de estúdio e sem truques (vigarice) de Hollywood, onde a realizadora andou anos a fazer "location scouting" e a angariar investidores para o filme.

O actual Uzbequistão (na altura ainda parte da URSS) foi a opção da realizadora para reconstituir a cidade de Constantinopla, a capital do Império Romano Oriental, mostrada após a sua conquista pelos turcos otomanos. Eu suponho que por volta de 1990, Istanbul (a cidade verdadeira na Turquia) não serviria para reconstituir o passado, e encontrou uma mesquita islâmica antiga, em território soviético que foi estalinizado, que é esta:

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Outra imagem filmada no Uzbequistão, que não seria possível de obter na Turquia (por esta estar modernizada):

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Para outras épocas e países temos imagens deslumbrantes como esta:

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Este é portanto um filme que procura o realismo de locais, em países diferentes e que requer certos meios financeiros e técnicos, para ser executado.

Em 1990, a realizadora cria uma empresa de produção a meias com o Christopher Sheppard, chamada "Adventure Pictures", que ainda está no activo e podem consultar o historial aqui: http://adventurepictures.co.uk/about

Esta co-produção internacional inclui fundos privados de França, Itália (Mikado Film) e Holanda, em combinação com fundos governamentais do Reino Unido, Comunidade Europeia, e por último fundos e apoio técnico soviético, pela Lenfilm (estúdio público de Leninegrado pertencente ao governo soviético em pleno colapso).

Mas feitas as contas, o que temos aqui é uma autora de Cinema muito talentosa e original, que põe do seu bolso o pouco dinheiro que pode, e anda muitos anos à procura de investidores para o seu filme não-comercial e totalmente subversivo e antagónico à doutrina ideológica e económica de Hollywood.
JoséMiguel
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Re: Orlando (1992) - Sally Potter

Post by JoséMiguel »

Trailer criado por mim

Eu gostei muito deste filme, que merece a nota de 10/10. Fiz um "trailer" que supostamente tenciono colocar no final do meu comentário pessoal ao filme, quando o escrever, pois irá ilustrar alguns elogios e comentários que lhe farei. Como agora não tenho tempo de comentar o filme, aqui vai de qualquer forma. Sempre dá para perceber um pouco mais a onda do filme:



Censura puritana norte-americana

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Este é um screenshot que eu tirei da versão europeia do filme, com nudez frontal. No site oficial da Sony Pictures eles têm lá a versão americana com censura moral puritana-religiosa, e podem tomar atenção ao quadro que diz "PG-13" no canto inferior direito do poster:

http://www.sonyclassics.com/orlando/

Como sabem, a classificação americana PG-13 corresponde ao período do fascismo de Portugal e Espanha, durante o Salazarismo e Franquismo, onde não era permitida nudez. Actualmente Espanha utiliza +7 (maiores de 7 anos para filmes com nudez frontal, exemplo: http://www.rtve.es/alacarta/videos/cuen ... 28/881125/), não sei como está Portugal agora, mas para os americanos meterem PG-13 neste filme, é porque o censuraram de várias formas. Portanto quem quiser ver este filme, que procure uma versão europeia (por exemplo a realizadora inglesa vende o filme em streaming por 6,41 € aqui: http://sallypotter.com/film/1198/Orlando).
Samwise
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Re: Orlando (1992) - Sally Potter

Post by Samwise »

JoséMiguel wrote: December 14th, 2017, 3:00 am
Como sabem, a classificação americana PG-13 corresponde ao período do fascismo de Portugal e Espanha, durante o Salazarismo e Franquismo, onde não era permitida nudez. Actualmente Espanha utiliza +7 (maiores de 7 anos para filmes com nudez frontal, exemplo: http://www.rtve.es/alacarta/videos/cuen ... 28/881125/), não sei como está Portugal agora, mas para os americanos meterem PG-13 neste filme, é porque o censuraram de várias formas. Portanto quem quiser ver este filme, que procure uma versão europeia (por exemplo a realizadora inglesa vende o filme em streaming por 6,41 € aqui: http://sallypotter.com/film/1198/Orlando).
José Miguel, quero acredidar que isto é apenas uma provocação e que tu sabes distinguir entre "censura" e "alerta parental", e quero também acreditar que sabes distinguir entre um contexto de nudez sem conotação sexual e outro que envolve sexo, e ainda outro que é pornográfico (isto para dizer que esta questão não é simples - não chega pensar na exibição de nudez toda da mesma forma).

O PG-13, nos Estados Unidos não significa nada que o "censuraram de várias formas". PG significa Parental Guidance (como acho que sabes) e serve apenas de guia para os pais e para filtrar o acesso de menores às salas de cinema (como é normal). Isto não tem nada a ver com a censura durante o período de fascimo em Portugal e Espanha - são situações e contextos diferentes.

O "+7" para nudez em Espanha varia com o contexto, tal como no resto dos países todos onde há um "Guia Parental". Já discutimos esta situação noutro tópico: viewtopic.php?f=11&t=18902

Por mim estou bem com o que há em Portugal neste momento, significando que concordo com este guia sugerido pelo estado e deixando a decisão final quanto à autorização de assistência a cargo dos pais dos menores. Não considero que isto seja uma censura - por nenhum ponto de vista. E não tenho qualquer influência religiosa a orientar esta posição. :wink:

---


Quanto ao Orlando, fiquei curioso para ver - parece muito interessante. Vi o último filme da Sally Potter há uma semana, o The Party, e achei bom. Mas vi outro há uns anos que achei fraco: o The Man Who Cried.
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Re: Orlando (1992) - Sally Potter

Post by JoséMiguel »

Um filme muito original

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Eu irei dar a nota máxima de 10/10 a este filme por três motivos:

1) Originalidade do filme
2) Conceitos filosóficos acerca da emancipação da mulher
3) Qualidade técnica cinematográfica impecável e excelente

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Eu sempre adorei o género fantástico, mas sou da corrente da ficção científica dura, com enorme fundamentação na ciência de ponta, e com questões e reflexões filosóficas do arco da velha, acerca do futuro da humanidade.

Este filme não tem nada a ver com isso...

Quando vi este filme pela primeira vez, há um ano ou dois, não tinha acesso à internet para espreitar o wikipedia, não sabia em que ano tinha sido feito, nem qual o realizador, mas na altura o meu instinto dizia-me que era filme de 1980-1995 e que tinha sido feito por uma mulher.

Só agora é que estive a rever algumas cenas e a ler no wikipedia informação sobre o filme.

Estamos perante uma abordagem que tresanda a feminismo, acerca de um tema insólito (pessoa imortal, ao longo de 400 anos), normalmente reservado à ficção científica escrita por homens.

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Na prática este é um bonito (e muito caro) filme, muito bem executado com guarda-roupas a abrangerem 400 anos da História europeia, que inclui embaixadores Russos a visitarem Inglaterra, e roupa igual à que Vasco da Gama vestia, nas gravuras dos meus livros portugueses de História.

É claramente um filme poético em múltiplas vertentes, começando pela protagonista recitar poesia, passando pela poesia audiovisual do filme (música lindíssima a acompanhar cinematografia e fotografia lindíssimas), e culminando na poesia dos dizeres e questões filosóficas da procura da igualdade da Mulher ao longo dos séculos.

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Depois de espreitar o wikipedia, li que isto foi uma adaptação de um livro feminista de 1922, do género fantástico, de uma tal de Virginia Woolfe. Para eu ser sincero (e visto já não termos senhoras ou meninas no fórum DVD Mania), eu já tinha ouvido falar dessa tal escritora Virginia Woolfe, que sempre associei a "coisas chatas, que só interessam a gajas".

Eu nunca iria ler um livro de gajas como esse, pois não gosto muito de ler livros (como entretenimento, mas se forem livros de ciência ou engenharia, a questão é outra) e prefiro a dramatização da TV/Cinema. Se eu quisesse ler algum livro de ficção, seria sci-fi dura e filosófica por algum mestre e nunca um livro com "sensibilidades emocionais de gaja" e desrespeito às leis da Física, como este Orlando de 1922. :lol:

Mas reparem que é apenas um pequeno detalhe, este filme feminista ter sido feito por uma mulher, com base num livro escrito por outra mulher, perante o prazer que eu tive em ver um excelente trabalho tão original como este, em que o enredo não é previsível, possui um tema estranho e peculiar, e ao mesmo tempo o filme tem pés e cabeça (não é pseudo-intelectual com simbolismos).

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Este filme já era um 10/10 só pela originalidade e qualidade cinematográfica, mas fiquei muito interessado no aspecto de intervenção social do livro de 1922, que utilizava a mudança de sexo (por magia e contra a minha apreciação de hard sci-fi nails-) :doubt: ) como argumento e alibi para discutir a futura emancipação da mulher.

Neste tema da emancipação da mulher, que no fundo é o tema fulcral do livro de 1922, temos pano para mangas para enormes e excelentes debates sobre o filme, com os não-existentes membros femininos do Fórum DVD Mania. Eu pessoalmente sou 100% a favor da igualdade dos sexos, acho que as mulheres também têm de ir à guerra ou então serem presas ou fuziladas como os homens, elas só não podem é "ter o bolo e comê-lo ao mesmo tempo", ou uma coisa ou outra. Igualdade dos sexos, Sim Senhor! Feminismo Não, obrigado!

A URSS foi o país percursor da igualdade dos sexos em 1917, 5 anos antes da senhora gaja escritora Virginia Woolfe escrever estas fantasias...

Primeiro Batalhão Feminino de Petrograd (a cidade mudou de nome para Leninegrado e actualmente chama-se São Petersburgo), acampado em 1917:

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Segundo Batalhão feminino da morte de Moscovo:

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https://en.wikipedia.org/wiki/Women%27s_Battalion

"Bruxas da Noite" - Mulheres que pilotavam caças soviéticos contra a Luftwaffe Nazi, durante a 2ª Guerra Mundial:

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http://blog.hangar33.com.br/bruxas-da-n ... 2a-guerra/

Conclusão

Filme excelente, muito original, artisticamente muito bonito e que aborda temas sociais de relevo.

A minha classificação: 10/10

Vejam ou revejam o trailer feito por mim:

JoséMiguel
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Re: Orlando (1992) - Sally Potter

Post by JoséMiguel »

Resposta ao Samwise

Eu apenas alertei para o facto das edições americanas deste filme terem "controle parental" (como tu lhe chamas) PG-13.

Se tu chamas "Controle Parental" e eu chamo-lhe censura religiosa fascista da era do Franco e Salazar, isso é outro assunto ideológico e filosófico a debater.

Eu tive um grande trabalho em procurar um poster original e bonito para a ficha técnica deste filme, visto o wikipedia apenas ter uma capa manhosa e enganosa juvenil de VHS ou DVD, que poria em causa o meu comentário ao filme.

O primeiro poster oficial que encontrei foi na distribuidora americana Sony Pictures, e tinha lá escrito PG-13, uma autêntica vergonha aos olhos de qualquer cinéfilo europeu.

Por amor de Deus! Ó Sam! Tu sabes o que significa um PG-13 nos EUA!?????

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Eu até tirei o screenshot acima com nudez frontal, da versão original europeia, para demonstrar que ocorreu censura moral e religiosa nos EUA, e até o comprovei com o link oficial para o site da Sony Pictures, como prova irrefutável da destruição deste filme nos EUA, por motivos de fanatismo religioso:

http://www.sonyclassics.com/orlando/

Eu fiz isto como um serviço e alerta para os cinéfilos do DVD Mania não serem engrupidos a comprarem ou verem uma versão censurada pelos palermas religiosos dos norte-americanos (atenção que eles não censuram apenas nudez, mas também muita ideologia europeia que entra em conflito com os ideias norte-americanos).

Não sei porque estás a implicar comigo e a acusar-me de ser provocatório, quando eu apenas digo as verdades e presto um serviço informativo acerca da versão americana censurada por religião a eventuais compradores do DVD do fórum, que já sabem que devem evitar a censura americana.

Claro que se eu faço comparações entre a censura norte-americana e a censura do fascismo ibérico (Salazar e Franco), é porque eu ando a ver a série Cuenta-me como passo no site da TVE, acerca do fascismo e censura fascista moral e religiosa no cinema e tv em Espanha. Mas acho que não invento nada nem digo mentiras... :-(
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Re: Orlando (1992) - Sally Potter

Post by Samwise »

José Miguel, vamos por partes, que há aqui muitas particularidades para esmiuçar. Mas por favor não fiques zangado comigo por contestar aquilo que estás a dizer e o modo como estás a dizer. De facto não considero que tenhas razão nas queixas que apontas.
JoséMiguel wrote: December 20th, 2017, 6:06 am Resposta ao Samwise

Eu apenas alertei para o facto das edições americanas deste filme terem "controle parental" (como tu lhe chamas) PG-13.

Se tu chamas "Controle Parental" e eu chamo-lhe censura religiosa fascista da era do Franco e Salazar, isso é outro assunto ideológico e filosófico a debater.

Por amor de Deus! Ó Sam! Tu sabes o que significa um PG-13 nos EUA!?????
Eu chamo-lhe Controlo Parental porque é mesmo o significado quase literal de PG. Parental Guidance.

Está aqui uma breve explicação sobre o alcance de tal atribuição nos Estados Unidos (tanto agora, actualmente, como na altura em que o Orlando foi lançado no mercado).

https://www.parentalguide.org/movie-ratings/

https://www.thoughtco.com/how-does-a-mo ... ng-2423408

Today any movie commercially released in America features a rating. The rating is comprised of the rating symbol (G, PG, PG-13, R, or NC-17) along with a brief description of why the film received that rating. Common reasons cited are violence, language, nudity, sexuality, drug use, and adult situations, but that list is far from comprehensive. The intent is to allow parents to make a good decision about which movies are appropriate for their family based on the content of the movies. For example a parent may feel comfortable letting their child watch a movie that is PG 13 for adult situations and language, but not one rated the same for violence and sexual context.

Não entendo e não concordo com a associação que fazes entre este sistema de classificação etária de filmes (que serve essencialmente de GUIA PARA OS PAIS), que é praticamente igual ao que temos em vigor neste momento, e desde o 25 de Abril em Portugal (com algumas diferenças nas idades sugeridas), e a censura ao cinema no tempo de Franco e Salazar, em que cortavam cenas dos filme para não serem exibidas, ou proibiam mesmo a realização ou exibição dos próprios filmes.

É que não tem nada a ver uma coisa com a outra e é completamente descabida a comparação.
Eu tive um grande trabalho em procurar um poster original e bonito para a ficha técnica deste filme, visto o wikipedia apenas ter uma capa manhosa e enganosa juvenil de VHS ou DVD, que poria em causa o meu comentário ao filme.

O primeiro poster oficial que encontrei foi na distribuidora americana Sony Pictures, e tinha lá escrito PG-13, uma autêntica vergonha aos olhos de qualquer cinéfilo europeu.
Mas qual vergonha? Vergonha porquê?

Até parece que na Europa, em todos os países da Europa, não há um código de atribuição de patamares etários semelhante. Nalguns casos mais leve, noutros mais apertado, para regulação de conteúdos relacionados com violência e sexo. É o normal. E é como devem ser as coisas.

O Orlando, já agora, tem estas atribuições no imdb:

Argentina:13
Australia:PG
Finland:K-8
France:Tous publics
Germany:12 (f)
Iceland:L
Italy:T
Netherlands:6 (re-rating)
Portugal:M/12 (Qualidade)
Singapore:PG (cut)
Singapore:M18 (2007, re-rating)
South Korea:15
Spain:13
Sweden:7
United Kingdom:PG
United States:PG-13


Qualquer pai deve poder escolher aquilo que quer que os seus filhos vejam no cinema ou na televisão. Até à idade em que atingem a maioridade, devem ser os pais a orientar a edução dos filhos segundo os princípios que defendem. Apenas através de um sistema destes se consegue manter esta ideia.

E repara que não é censura de espécie alguma, porque tu, enquanto pai, se não concordares com a sugestão dada pelo estado (M/12, M/14, M/18, etc), podes autorizar os teus filhos à mesma a verem os filmes no cinema, integralmente, sem nenhuma cena cortada. Enquanto eu, se não concordar, não autorizo. É tão simples quanto isto.

Diz-me lá qual a é "censura" que vês aqui? Eu não interfiro com a tua escolha e tu não interferes com a minha - se assim entenderes, os teus filhos podem ver os filmes todos, mas é uma escolha que deve ser autorizada por ti, e na qual o estado não interfere. Se este sistema não existisse, eu, enquanto pai, teria sérias reservas em deixar os meus filhos verem aquilo que quisessem em certas idades, e teria provavelmente de ver algumas obras antes de autorizar.

Salvaguarda-se o princípio da não interferência com aquilo que os pais consideram adequado para os seus filhos verem. <--- é sobretudo isto que está em causa.

Não percebo é por que razão eu não posso ter direito a essa escolha, como pareces defender, chamando censura a um simples GUIA PARENTAL.
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Eu até tirei o screenshot acima com nudez frontal, da versão original europeia, para demonstrar que ocorreu censura moral e religiosa nos EUA, e até o comprovei com o link oficial para o site da Sony Pictures, como prova irrefutável da destruição deste filme nos EUA, por motivos de fanatismo religioso:

http://www.sonyclassics.com/orlando/
Não percebi. Qual prova irrefutável da destruição do filme nos EUA? O que é que "destruíram" ao certo? Cortaram alguma cena? Proibiram o filme de passar em alguma sala? Condicionaram a realizadora de alguma forma?

Apenas colocaram um rótulo na capa/poster a indicar que tipos de conteúdo o filme contém, para que os pais possam decidir se autorizam os menores a seu cargo a verem o filme. Diz o seguinte: «PARENTS STRONGLY CAUTIONED - SOME MATERIAL MAY BE INNAPROPRIATE FOR CHILDREN UNDER 13. FOR SOME SENSUALITY»

Se isto não é um aviso para os pais, não sei o que é.

Explica melhor o teu ponto de vista, por favor.

Eu fiz isto como um serviço e alerta para os cinéfilos do DVD Mania não serem engrupidos a comprarem ou verem uma versão censurada pelos palermas religiosos dos norte-americanos (atenção que eles não censuram apenas nudez, mas também muita ideologia europeia que entra em conflito com os ideias norte-americanos).

Mas sabes se lançaram alguma versão censurada do filme (isto é, cortada, retalhada, incompleta?) Desconheço e não encontro nenhuma pista ou indicação de que tal tenha sido feito.

Não sei porque estás a implicar comigo e a acusar-me de ser provocatório, quando eu apenas digo as verdades e presto um serviço informativo acerca da versão americana censurada por religião a eventuais compradores do DVD do fórum, que já sabem que devem evitar a censura americana.
Não estou a "implicar contigo", estou a contestar as tuas afirmações, porque considero que são incorrectas - são coisas diferentes.

Um último ponto, que torno a reforçar: eu não tenho nada a ver com religião, sou agnóstico, condeno qualquer forma de extremismo (seja religioso ou não), e a minha opinião não tem nada a ver com as "palermices religiosas" a que associas à força este assunto.
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JoséMiguel
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Re: Orlando (1992) - Sally Potter

Post by JoséMiguel »

Samwise,

Eu gosto muito de ler o que escreves, às vezes parece que respondo torto ou fico "melindrado" (como tu uma vez disseste acerca de mim), mas não é por nós, e sim para evitar erros de leitura e interpretação pelo resto da malta do fórum.

Eu tenho andado sem tempo, mas rapidamente e sem pôr em causa o grosso do teu texto (que de resto deve estar bem), quero focar apenas uma questão que achei importante, e que julgo teres reagido de forma equivocada, "penso eu de que"...

A) Este é um filme de 1992. Em 1992 não existia a Internet de agora e ainda não tinham sido inventados os DVD's.

B) Este é um filme europeu que contém uma mulher nua, conforme o screenshot apresentado acima.

C) Este filme europeu (muito importante este pormenor de ser um filme europeu, com uma mulher nua) possui a classificação etária de PG-13 na distribuidora oficial norta-americana.

D) A Classificação etária norte-americana PG-13 proíbe mulheres nuas.

E) Conclui-se que um cidadão norte-americano fica impossibilitado de ver uma versão não censurada do filme europeu, em território norte-americano (antes de existir internet ou DVD's), por motivos de censura moral e religiosa, conforme o que sabemos acerca do histórico do fanatismo religioso norte-americano, como força de censura no cinema, "não fazem" e não deixam que o próprio povo americano possa ver ou ter acesso ao que os europeus fazem, por motivos religiosos do Antigo Testamento.

F) Samwise, qual é a tua confusão com esta lógica de raciocínio? Estás à espera que um cinéfilo americano pague um avião até à Europa, para levar uma TV PAL, um vídeo PAL, um transformador de 230 V / 50 Hz para 115 V / 60 Hz, e uma cassete VHS europeia do filme, para ter o direito a não sofrer com censura religiosa norte-americana, e poder gozar a liberdade de um cidadão europeu? Achas isso bem e viável? Achas que uma TV europeia PAL cabe sequer na bagagem do avião da Europa para os EUA, para que o coitado do povo censurado americano dos anos 90 possa ver o filme?

:lol: :-D
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Re: Orlando (1992) - Sally Potter

Post by Samwise »

JoséMiguel wrote: January 13th, 2018, 2:40 am Samwise,

Eu gosto muito de ler o que escreves, às vezes parece que respondo torto ou fico "melindrado" (como tu uma vez disseste acerca de mim), mas não é por nós, e sim para evitar erros de leitura e interpretação pelo resto da malta do fórum.

Eu tenho andado sem tempo, mas rapidamente e sem pôr em causa o grosso do teu texto (que de resto deve estar bem), quero focar apenas uma questão que achei importante, e que julgo teres reagido de forma equivocada, "penso eu de que"...
Certo. Estou nessa onda do "não melindre" e da partilha de informação útil. Creio no entanto que o equívoco é teu. :-))) Um equívoco que ultrapassa o Orlando enquanto filme "censurado" pela MPAA e se estende de uma forma geral à ideia que fazes a propósito do trabalho desta associação.
A) Este é um filme de 1992. Em 1992 não existia a Internet de agora e ainda não tinham sido inventados os DVD's.

B) Este é um filme europeu que contém uma mulher nua, conforme o screenshot apresentado acima.

C) Este filme europeu (muito importante este pormenor de ser um filme europeu, com uma mulher nua) possui a classificação etária de PG-13 na distribuidora oficial norta-americana.
Até aqui tudo certo. Cada um destes pontos é factual, os "meios de prova" foram incluídos por ti nos textos acima, e são facilmente verificáveis.
D) A Classificação etária norte-americana PG-13 proíbe mulheres nuas.

E) Conclui-se que um cidadão norte-americano fica impossibilitado de ver uma versão não censurada do filme europeu, em território norte-americano (antes de existir internet ou DVD's), por motivos de censura moral e religiosa, conforme o que sabemos acerca do histórico do fanatismo religioso norte-americano, como força de censura no cinema, "não fazem" e não deixam que o próprio povo americano possa ver ou ter acesso ao que os europeus fazem, por motivos religiosos do Antigo Testamento.
Aqui as coisas não são tão claras. A começar pelo ponto D). Onde te baseaste para proferir esta afirmação? Este é o ponto essencial neste debate.

E por que razão utilizaste o verbo "proíbe"? (que me parece desadequado e distante face à forma como os critérios de avaliação de um filme são colocados em prática)

Em relação ao ponto E), a "conclusão" que apresentas decorre da veracidade factual dos quatro pontos anteriores, mas falhando o D), e falha de várias formas, a conclusão cai por terra. Um cidadão americano não está impedido de ver o Orlando em versão integral, com o nu, sem censura. Um cidadão americano, ao ver o rótulo PG-13 no cartaz do filme, quando se dirige ao cinema para comprar os bilhetes, pode ponderar se leva os seus filhos de 8 e 10 anos com ele a ver o filme, porque este contém sequências de "sensualidade". Agora, o filme que passa na sala, passa na íntegra. Com a nudez que apresentas no fotograma.

É a minha vez de te colocar a pergunta que me fizeste lá mais para trás (mais ou menos): sabes o que significa um PG-13? Sabes como uma classificação etária é atribuída a um filme?
F) Samwise, qual é a tua confusão com esta lógica de raciocínio? Estás à espera que um cinéfilo americano pague um avião até à Europa, para levar uma TV PAL, um vídeo PAL, um transformador de 230 V / 50 Hz para 115 V / 60 Hz, e uma cassete VHS europeia do filme, para ter o direito a não sofrer com censura religiosa norte-americana, e poder gozar a liberdade de um cidadão europeu? Achas isso bem e viável? Achas que uma TV europeia PAL cabe sequer na bagagem do avião da Europa para os EUA, para que o coitado do povo censurado americano dos anos 90 possa ver o filme?
A minha confusão não é com esse cenário, que obviamente não se coloca. É antes com aquilo que apresentas como sendo o papel (demoníaco) da MPAA - de censura - quando na verdade não há nenhuma censura - nem havia em 1992. Apenas há um sistema muito semelhante ao Europeu de indicações/alerta para os país, sobre ao conteúdo sexual e violento dos filmes que passam nas salas.
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JoséMiguel
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Re: Orlando (1992) - Sally Potter

Post by JoséMiguel »

Aqui tenho de dar razão ao Sam. :oops:

Fui investigar se existe ou não nudez em filmes PG-13 e rapidamente encontrei isto:

http://whatculture.com/film/10-memorabl ... es?page=11

Eles dão o exemplo do filme Titanic de 1997, que sendo PG-13 tem a famosa cena com a Kate Winslet a posar nua.

Assim sendo, "já cá não está quem falou"! :oops:

Eu tinha mesmo ideia (afinal errada) de que a classificação americana PG-13 proibia a nudez.

Mas só uma observação, daqui nada de conclui acerca da edição americana deste filme europeu estar ou não censurada, devido ao historial moralmente duvidoso das distribuidoras americanas de VHS, DVD e Cinema. Apenas se conclui que eu estava errado na minha lógica de pensamento. Isto acaba por ter pertinência para o tópico da censura do cinema, e é útil para outras pessoas que também tenham a mesma ideia errada que eu tinha.

Agradecimentos ao Sam, por detectar o meu erro. yes-)
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