Francesco, giullare di Dio (1950) - Roberto Rossellini

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JoséMiguel
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Francesco, giullare di Dio (1950) - Roberto Rossellini

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https://en.wikipedia.org/wiki/The_Flowe ... t._Francis
http://www.imdb.com/title/tt0042477/

Excerto



Sinopse

Adaptação cinematográfica da literatura medieval acerca do São Francisco de Assis, fundador da Ordem Religiosa dos Frades Franciscanos, por um cineasta fundador do Neo-realismo italiano, em que os actores que protagonizam os frades, são mesmo genuínos frades franciscanos, que após o filme recusaram salário e apenas pediram ao realizador um fogo de artifício na vila italiana de Maiori onde fica o convento deles.

Comentários anteriores no DVD Mania

viewtopic.php?f=11&t=47498&p=597970&hil ... io#p597970

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Essencialmente em Fevereiro de 2014, o Nimzabo viu o filme e foi o primeiro a comentá-lo aqui no fórum, em seguida eu fiquei intrigado e confuso com o que ele escreveu, altura em que coloquei este filme na minha watchlist (a versão restaurada esteve sempre no You Tube e ainda lá está), depois o Paupau, que já havia visto o filme comentou também. Só agora é que eu vi finalmente este filme.
JoséMiguel
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Re: Francesco, giullare di Dio (1950) - Roberto Rossellini

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Um filme surpreendente - Parte I

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Eu adorei este filme na primeira visualização, sem saber nada dele, e sem antes nunca ter visto nenhum filme do realizador italiano Roberto Rossellini (mas logo a seguir vi mais 3 filmes do Rossellini).

Irei contar a minha reacção pessoal ao ver este filme agora, pela primeira vez, e em seguida a minha surpresa estupefacta ao ler informações sobre o filme no Wikipedia.

Ao ver o filme fiquei deliciado com o que julguei ser cinema de intervenção social contra o Clero (Igreja Católica no cinema europeu ou Protestantismo puritano anglicano em Hollywood), que impunha uma feroz censura religiosa-moral no Cinema, por um realizador ateu.

Surpresa, surpresa... depois de ver o filme, fui ao wikipedia aprender que este filme é fortemente recomendado pelo Vaticano, que o incluiu em 1995 (45 anos após a sua estreia) na lista dos melhores 45 filmes jamais feitos "In 1995 the Vatican listed the film as one of the forty-five greatest films ever made."

http://decentfilms.com/articles/vaticanfilmlist
https://en.wikipedia.org/wiki/The_Flowe ... _reception

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Epá! Eu sou um ateu que não gosta nada de nenhuma religião, que nasceu depois do 25 de Abril e que felizmente cujos últimos tiros de canhão da Igreja Católica portuguesa contra a liberdade de Cinema em Portugal, que vivi (na altura não soube disso, foi o Rui Santos que me ensinou), foram meramente aparecer um Bispo ou Cardeal a condenar a exibição do filme japonês "Ai no Korida/ O Império dos Sentidos" na RTP, da década de 1980. Esse malandro devia julgar que ainda estava no Salazarismo em que a Igreja Católica portuguesa era um aliado político do Fascismo, tal como a Igreja Católica Espanhola foi aliada política do psicopata assassino do Franco.

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O protagonista do filme é o imbecil e atrasado mental do São Junípero, seguidor do maluco do São Francisco de Assis, estilo a carneirada das massas zombies a seguir o líder popular, como os apóstolos que seguiam Jesus, incluindo o pescador Simão, chamado de Pedro por Jesus, só naquela, Epá! não curto o teu nome Simão e passas a chamar-te Pedro.

É curioso que eu aqui tenho "Carte Blanche" para comentar honestamente o filme, sem receios de ofender nenhum leitor católico, graças ao Papa João Paulo II, que em 1995 incluiu este filme numa lista de filme aconselhados pela Igreja Católica. Hehehe...

Quando eu escrevo "O protagonista do filme é o imbecil e atrasado mental do São Junípero, seguidor do maluco do São Francisco de Assis" não estou a ofender o Catolicismo, pois são os próprios big bosses do Vaticano que defendem estes termos e veneram este Santo por essas características mentecaptas. Aliás isto está no wikipédia com sinónimos muito próximos, por exemplo em italiano os religiosos utilizam o termo deficiente mental.

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Wikipedia em português, acerca do São Junípero, com ênfase num episódio imbecil, recriado neste filme:
Muitas histórias sobre S. Junípero em Florilégio de São Francisco (I Fioretti di San Francesco) ilustram sua generosidade e simplicidade.[2] Uma das mais famosas é o conto do pé de porco.

Enquanto visitava um irmão doente, Junípero perguntou-lhe se poderia fazer-lhe algum serviço. O irmão pediu a ele simplesmente por uma refeição de pé de porco, então ele pegou uma faca de cozinha e correu para o mato, onde encontrou um grupo de porcos se alimentando. Ele rapidamente cortou fora o pé de um deles e correu de volta para cozinhar a refeição para o irmão doente, deixando o porco para morrer.

Este ato deixou o pastor dos porcos furioso, que reclamou para São Francisco e os outros franciscanos, chamando-os de ladrões e recusando reembolso. S. Francisco então confrontou o irmão Junípero, repreendendo-o e pedindo que se desculpasse e fizesse as pazes. Junípero lhe respondeu: "É verdade, doce pai, que eu cortei o pé do porco. Eu te contarei o motivo. Fui por caridade para com um irmão que estava doente." Não compreendendo porque o dono do porco estaria irado por um ato tão caridoso, ele foi até ele e contou alegremente sua história, como se tivesse lhe feito um favor.

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Quando o homem reagiu com raiva, Junípero pensou que ele não o tivesse compreendido, então simplesmente repetiu a história com grande zelo, abraçou-o e implorou ao homem que lhe desse o resto do porco para a caridade. Este, vendo a "caridade, simplicidade e humildade"[3] no coração de Júniper, perdoou-lhe e entregou o resto do porco para os irmãos.

É um exemplo da chamada loucura por Cristo.

A história de Junípero e o pé de porco apareceu no filme Francesco, giullare di Dio (1950) de Roberto Rosselini.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Jun%C3%ADpero
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A corrente cinematográfica do Realismo tem muito "má fama" de estar associada ao Comunismo e Ateísmo, isso é muito esquisito e não faz sentido, pois para mim, o verdadeiro Realismo é apenas a precisão e exactidão do Cinema que se opõe ao Artificialismo, Amadorismo e Incompetência do conceito de Cinema de Hollywood. Na verdade este realizador Roberto Rossellini tinha grande admiração pela moral do Catolicismo e fez este filme para promover essa moral e a bondade humana. Este filme por estar bem feito, não permite ao espectador decifrar qual a posição religiosa do realizador.

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Eu depois tentarei escrever a 2ª parte do meu comentário e reacção pessoal.
JoséMiguel
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Re: Francesco, giullare di Dio (1950) - Roberto Rossellini

Post by JoséMiguel »

Um filme surpreendente - Parte II

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Pois... isto é assim... eu gostei bastante deste filme. Por causa dele andei a pesquisar e a aprender muita informação histórica no Wikipedia. Este é um filme que me fez pensar... não se trata de ficção científica inteligente a debater temas poderosos filosóficos do futuro (o meu tema predilecto), mas eu a seguir à ficção científica, adoro o tema da História. E sinceramente, a nível de Cinema, este filme só mostra que os europeus estavam muito mais à frente do que os norte-americanos (dominantes após a 2ª Guerra), a nível de evolução social e liberdade de expressão e pensamento nas artes.

Com isto pretendo dizer que ao ver este filme (que o Vaticano aprova), estranhei a liberdade italiana de 1950 versus o fanatismo religioso do Production Code do cinema de Hollywood, pois há muita coisa neste filme que seria proibida pelos puritanos religiosos norte-americanos (os donos dos estúdios americanos criaram o Production Code, à imagem da comunidade puritana de Massachusetts responsável pelo enforcamento das bruxas de Sálem, para poderem contornar a lei normal e secular americana, e imporem fanatismo puritano religioso sobre o povo. O governo norte-americano nunca toleraria, em decreto-lei, o fanatismo religioso do cinema de Hollywood até 1968, por violar os princípios da Constituição, por isso os donos dos estúdios engendrarem esse esquema privado do Production Code, que foi uma vergonha para o mundo).

O realizador Roberto Rossellini criou este filme em boa fé, em homenagem aos valores tradicionais e culturais italianos, sendo que a religião católica fazia parte da sociedade italiana, em termos culturais (mas não mágicos! cuidado e atenção a esta atitude do realizador). Em concreto, o realizador tinha grande apreciação pela moral do Catolicismo e fez este filme como homenagem à ética do Catolicismo. Aliás os capítulos que ele escolheu, dentro dos inúmeros constantes lá nas escrituras católicas acerca do santinho, foram escolhidos para enaltecer os valores morais que ele apreciava e respeitava.

Aconselho esta entrevista (em duas partes), que faz parte do DVD do filme:



Existe toda uma diferença no mundo, entre um filme europeu acerca do santinho do São Francisco de Assis, criado por um pioneiro do Neo Realismo, e uma cagada de propaganda religiosa de Hollywood como esta:



https://en.wikipedia.org/wiki/Francis_of_Assisi_(film)

Até fiquei mal disposto quando esse filme surgiu nas sugestões do You Tube, começando pelo screenshot do You Tube, com aspecto artificial Technicolor, e acabando nos comentários do IMDB, em que o comentador diz que na história de amor, os personagens comportam-se como extra-terrestres vulcanos do planeta Vulcan do Star Trek (propaganda religiosa puritana de Hollywood a dar cartas, pois os extraterrestres de Vulcan não possuem emoções).

Realmente o fanatismo religioso de Hollywood, aliado ao seu amadorismo e artificialismo, deixam-me muito enojado. Ainda estou traumatizado com o tópico que criei acerca do milagre de Fátima, onde analisei um filme americano desonesto, que recorria a mentiras elaboradas para dar apoio moral e ético ao Salazar, porque Deus apoia o ditador Salazar e castiga a União Soviética (enredo do filme).

Mas este filme italiano "religioso" de 1950 não insulta a inteligência do espectador nem faz propaganda religiosa ou política, e por isso tenho de tirar o meu chapéu na presença dele, em sinal de respeito.

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Na série "Os Simpsons" existe o personagem Ned Flanders, que é um fanático religioso vizinho do Homer Simpson... Esta personagem é mais papista que o papa e nem o "Minister" da Igreja protestante de Springfield o atura.

Curiosamente nenhum dos personagens do filme é assim, porque felizmente o realizador Roberto Rossellini não era nenhum pau mandado dos estúdios de Hollywood, nem as escrituras católicas sobre o santinho e seus seguidores zombies o são. Já em relação ao filme posterior de Hollywood de 1961, o Vaticano não tem culpa nenhuma dos donos de Hollywood serem fanáticos religiosos e criarem filmes de propaganda religiosa que ofendem a inteligência do povo europeu.

O que vemos neste filme é um santinho que já não tem paciência para aturar a estupidez e imbecilidade de alguns seguidores seus, como o São Junípero, que estava sempre a aparecer nú, pois dava o hábito de frade aos pobres. O São Francisco não tem paciência e proíbe o Junípero de voltar a dar a sua roupa aos pobres.

Eu pessoalmente gosto do filme, tal como gosto de boas encenações de contos populares e tradicionais do folclore do povo do antigamente...

A nível ético não tenho nada contra este grupo de hippies medievais, que me parecem ser boas pessoas, com enorme coração e bom carácter, mas a nível científico isto é um perigo e uma ameaça para o progresso da ciência, e como tal coloca em xeque o avanço da medicina, como a descoberta da penicilina, antibióticos, etc.

Existe um mundo de diferença entre um grupo de pessoas, como estes seguidores de São Francisco, serem apenas sujeitos de bom carácter e de bom coração, e depois fazerem evangelização cristã com as petas das magias e proibições da verdade por ser heresia, que contribui para bloqueio e estagnação científica, e que causa milhões de mortos pelo atraso de séculos na descoberta da penicilina, devido à ciência contradizer o dogma religioso. Para o realizador Roberto Rossellini estes homens (São Francisco e seus seguidores) era admiráveis, mas para mim são palermas inimigos da lógica, verdade, ciência e medicina.

Comentário/curiosidade não abordada no filme

Quando estava a pesquisar o background histórico dos acontecimentos deste filme, tropecei no famoso São Domingos (temos a freguesia de São Domingos de Benfica em Lisboa, São Domingos de Rana, para os lados de Carcavelos, etc.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Domingos_de_Gusm%C3%A3o

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c. 1208. Esta pintura do século XV por Pedro Berruguete mostra a lenda de São Domingos de Gusmão e seu opositor albigense disputante jogando seus livro no fogo. O de são Domingos teria, miraculosamente pulado do fogo.

No século XII, existiam outras correntes cristãs (antecessoras do Protestantismo, que só foi resolvida com a violência da espada e da tortura da inquisição) como o Catarismo no sul de França.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Catarismo

A história da Igreja Católica é bastante semelhante ao nazismo, neste episódio de mais uma bela merda do Vaticano, assistimos a mais um genocídio e extermínio de fazer inveja ao Hitler e às suas SS, em nome da Santa Sé, eu sinceramente nem faço grandes comentários...
Teria sido perguntado a Arnaud Amalric como distinguir católicos de cátaros entre os habitantes da cidade. Sua resposta, registrada por seu colega cisterciense Caesarius de Heisterbach trinta anos depois, teria sido: Caedite eos. Novit enim Dominus qui sunt eius ("Mate-os. Pois Deus sabe quem são os seus.").[72][73] As portas da igreja de Santa Maria Madalena foram derrubadas e os refugiados nela foram arrastados e massacrados. Segundo os registros, pelo menos 7 000 homens, mulheres e crianças foram mortos pelos cruzados.

Em outro ponto da cidade, outros milhares foram mutilados e mortos. Prisioneiros eram cegados, arrastados por cavalos e usados como alvos.[74] O que restou da cidade foi consumido pelo fogo. Arnaud Amalric escreveu para o papa Inocêncio III: "hoje, sua santidade, 20 000 heréticos foram passados a fio de espada, não importando sua classe, idade ou sexo."[75][76] "A população permanente de Béziers na época provavelmente não era superior a 5 000, mas os refugiados em busca de abrigo podem ter feito esse número aumentar para 20 000."[77]

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Catarismo
Nota: Ainda fica a faltar um 3º comentário meu sobre o filme.
nimzabo
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Re: Francesco, giullare di Dio (1950) - Roberto Rossellini

Post by nimzabo »

Gostava de comentar mas infelizmente já não me lembro quase do filme.
Desse episódio do pé de porco cortado não conhecia o fundamento histórico.
No Angel
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Re: Francesco, giullare di Dio (1950) - Roberto Rossellini

Post by No Angel »

José, não leves a mal a minha pergunta, mas pra ti qualquer pessoa que tenha uma religião é estúpida, atrasada mental ou fanática? Eu sou agnóstico e acho que se deve respeitar a crença das pessoas. Acho muito bem que se critiquem os podres da igreja como instituição, eu sou o primeiro a faze-lo, mas não estás a cruzar uma linha ao julgar qualquer pessoa religiosa?

Sabes com certeza que muitos cientistas eram relgiosos, acreditavam em deus. A religião não anula a razão nem a capacidade de raciocínio, não convém generalizar dessa forma.

Espero que não leves este comentário como provocação, porque não é.
Samwise
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Re: Francesco, giullare di Dio (1950) - Roberto Rossellini

Post by Samwise »

JoséMiguel wrote: December 6th, 2017, 3:12 am
Surpresa, surpresa... depois de ver o filme, fui ao wikipedia aprender que este filme é fortemente recomendado pelo Vaticano, que o incluiu em 1995 (45 anos após a sua estreia) na lista dos melhores 45 filmes jamais feitos "In 1995 the Vatican listed the film as one of the forty-five greatest films ever made."

http://decentfilms.com/articles/vaticanfilmlist
https://en.wikipedia.org/wiki/The_Flowe ... _reception
Desconhecia esta lista, que é muito curiosa, não só por ter no URL um quase falso-preâmbulo que indica filmes "decentes", mas também porque depois apresenta algumas obras e autores que nunca pensei que pudessem ser consideradas pelo Vaticano. Mas lendo o texto, fico com ideia de que há por um grupo de "irmãos sectários" fortemente cinéfilos, e que o bom senso se sobrepôs a qualquer intenção/tentação mais "evangelizadora" (quer dizer, até uma "coboiada" com o John Wayne está na lista... :-))) ).

Não vi este Francesco, mas vi o Evangelho Segundo S. Mateus, de Pier Paolo Pasolini, um dos tais autores que não pensei possível de figurar numa lista destas, por efeitos de alguns filmes polémicos que realizou (e por causa da sua orientação sexual, para falar a verdade). O Evangelho não é um desses filmes, pelo contrário, é provavelmente a versão mais calma e "apagada" sobre a vida de Cristo que conheço. Não me ficou na memória, mas entendo a escolha.
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Re: Francesco, giullare di Dio (1950) - Roberto Rossellini

Post by JoséMiguel »

Antes de responder aos comentários, muito educados (estava com medo que se pusessem a ralhar comigo, queria dizer que eu não estou muito satisfeito com o texto que escrevi e estava a pensar editá-lo numa revisão (versão 2), mas ainda não o fiz. Se o fizer chamo-lhe "revisão 2" em local bem visível.

Admito que puxei o assunto para dar na cabeça ao artificialismo cinematográfico/artístico de Hollywood, e ao fanatismo doentio religioso dos donos dos estúdios mais importantes de Hollywood em particular em filmes como o Ben-Hur, que é um excelente filme, de que eu sempre gostei desde criança, onde tolero o fanatismo religioso do apresentador da Overture e do final com a mãe e irmã leprosas a serem curadas por magia do tipo X1 (Catolicismo/Protestantismo/Judaísmo/Islamismo). Precisamente para um dia em que eu queira comentar o Ben-Hur, preciso imenso de filmes como este Francesco, giullare di Dio (1950) - Roberto Rossellini, para mostrar como se faz um filme acerca de um tema religioso, sem fanatismo doentio e sem magia infantil (vigarice para enganar o povo analfabeto da Idade Média).

Eu poderei ter errado nesse aspecto e esta emenda poderá ser ainda pior que o soneto.

Também puxei o assunto para dar na cabeça à Instituição do Vaticano, com a história do São Domingos, que viveu na mesma época do São Francisco. Indiquei claramente que não estava relacionado com o filme.

Epá! Eu não tenho o mesmo jeitinho que o cientista Carl Sagan tinha, como criador e apresentador da série Cosmos dos anos 80, para dar na cabeça ao Vaticano de forma diplomática. Peço desculpa se ofendi algum católico crente.

Antes de responder ao No Angel, quero dizer ao Samwise que essa história do Vaticano ter este filme na lista recomendada, desde 1995, embora esteja escrita no wikipedia do filme e naquele artigo que citei, deixa-me de pé atrás, na ausência de um URL de um site oficial do Vaticano. Repara que esse pessoal que se dá ao trabalho de criar web sites religiosos, são na sua maioria psicopatas doentes que escrevem mentiras e manipulam as escrituras da Bíblia, para os seus próprios fins. Esses malucos mentirosos perigosos, agem de má fé, e não têm nada a ver com o Catolicismo ou com o Protestantismo, que são instituições antigas com alguma seriedade (é a malta das seitas terroristas que comete suicídios em massa).

Por eu não ter conseguido localizar essa dita lista no site oficial do estado do Vaticano, apesar de muito esforço meu, temo que se trate de alguma mentira de um fanático psicopata religioso, mentiroso e de mau carácter. Mas ainda que seja falsa a lista, não põe em causa o que escrevi sobre a atitude do realizador Roberto Rossellini em enaltecer a moral desta história do catolicismo, pois basta ter em conta que o filme foi lançado em Itália no ano de 1950, sem qualquer oposição do Vaticano. Agora tem em conta a reacção do Vaticano com o filme Ai no Korida, no ano de 1991 em Portugal:

viewtopic.php?f=11&t=50621&p=614163

Artigo excelente desenterrado pelo Rui Santos:

https://www.publico.pt/2013/01/16/jorna ... a-25900180

No Angel, tu andas muito desatento e distraído ao que eu escrevo. Nós os dois já tocámos antes neste tema, e a certa altura eu expliquei que até aos meus 19 anos de idade achava que qualquer pessoa que acreditasse em deus era um atrasado mental, mas aos 19 anos tive o seguinte professor e padre a ensinar-me Relatividade Restrita de Einstein, Mecânica Quântica, criação do Universo natural com a explosão do Big Bang, na cadeira de História das Ideias em Física no IST:

https://www.publico.pt/2010/06/11/socie ... us-1441451

Perante um professor meu de Mecânica Quântica e Relatividade, que era padre, finalmente vi um crente religioso mais inteligente do que eu (eu desisti desse curso no 2º ano, por falta de inteligência minha). Eu já tinha falado deste meu professor de Física aqui no fórum, e até o Rui Sousa comentou que conheceu o João Resina Rodrigues, como padre a dar missa na Igreja da Avenida de Berna em Lisboa.

O Albert Einstein era crente em Deus (ele era judeu) e disse "Deus não joga aos dados" para deitar abaixo a Mecânica Quântica. Conhecem o famoso Paradoxo do gato de Schrödinger?

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https://en.wikipedia.org/wiki/Schr%C3%B ... experiment
Note that the charge of gunpowder is not mentioned in Schrödinger's setup, which uses a Geiger counter as an amplifier and hydrocyanic poison instead of gunpowder. The gunpowder had been mentioned in Einstein's original suggestion to Schrödinger 15 years before, and Einstein carried it forward to the present discussion.
O Kepler que descobriu as leis matemáticas da Mecânica Celeste era muito religioso e achava que as observações astronómicas estavam erradas por os planetas não girarem em torno do sol, em órbitas circulares perfeitas, como mandava a doutrina Católica (o problema ali tinha sido a destruição quase total pelo Vaticano, dos livros científicos avançados da Era Greco-Romana). Mas apesar de religioso, o Kepler era um cientista inteligente que mandou às urtigas o dogma da Igreja, quando se rendeu à verdade das leis da Física, e optou pela verdade, em detrimento do dogma religioso.

O Isaac Newton era um puritano religioso, todo atrofiadito. Se eu entrasse numa máquina do tempo não seria capaz de me sentar numa taverna inglesa a conversar com esse homem, por diferenças ideológicas entre nós que me deixariam arreliado. Ao mesmo tempo eu idolatro a visão científica do Newton, que a meu ver causou o maior avanço científico na História da Humanidade, pela sua descrição matemática global da Natureza. A nave Apolo que levou o Neil Armstrong à Lua, usou a matemática do Newton para todos os cálculos.

Sabem o que o meu professor (o padre Resina) disse numa aula em que nos ensinava a Relatividade de Einstein? Nunca esquecerei as expressões que ele utilizou...

O professor/padre Resina disse "As leis de Newton são suficientemente boas para a malta passear no nosso sistema solar".

Ele utilizou mesmo o termo "malta"... :lol: O contexto desta frase, nessa aula, tinha a ver com o seguinte:

Os efeitos da Relatividade só se fazem sentir a velocidades próximas dos 300.000 km/s ou cerca de mil milhões de quilómetros por hora, por isso as leis de Newton são usadas pela NASA, para mandar naves para o espaço e não se aplica a fórmula mais correcta de Albert Einstein, por ser desprezável a baixas velocidades, menos de cem milhões de quilómetros por hora é considerada uma baixa velocidade.

Por isso, No Angel, quédate tranquilo, no pasa nada :-) E digo-te mais... eu conheci mesmo um frade franciscano português que jantava em minha casa (era irmão de um amigo do meu pai), e em criança eu assistia ao sobrinho dele (que acho que era ateu, mas não sei bem) a desafiá-lo com discussões de teologia, filosofia e política. Lembro-me que fiquei boquiaberto quando descobri que esse senhor era um frade franciscano, pois ele parecia um peixe na água, naquelas longas jantaradas dos meus pais, onde se fumava muito, bebiam-se "cognacs" e se falava muito de filosofia e política. :-)

Olhando para trás, eu cresci num ambiente onde se questionavam as coisas, se calhar é por isso que sou um bocado subversivo... sei lá... :o
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Re: Francesco, giullare di Dio (1950) - Roberto Rossellini

Post by Samwise »

JoséMiguel wrote: December 12th, 2017, 3:51 am Antes de responder ao No Angel, quero dizer ao Samwise que essa história do Vaticano ter este filme na lista recomendada, desde 1995, embora esteja escrita no wikipedia do filme e naquele artigo que citei, deixa-me de pé atrás, na ausência de um URL de um site oficial do Vaticano. Repara que esse pessoal que se dá ao trabalho de criar web sites religiosos, são na sua maioria psicopatas doentes que escrevem mentiras e manipulam as escrituras da Bíblia, para os seus próprios fins. Esses malucos mentirosos perigosos, agem de má fé, e não têm nada a ver com o Catolicismo ou com o Protestantismo, que são instituições antigas com alguma seriedade (é a malta das seitas terroristas que comete suicídios em massa).

Por eu não ter conseguido localizar essa dita lista no site oficial do estado do Vaticano, apesar de muito esforço meu, temo que se trate de alguma mentira de um fanático psicopata religioso, mentiroso e de mau carácter. Mas ainda que seja falsa a lista, não põe em causa o que escrevi sobre a atitude do realizador Roberto Rossellini em enaltecer a moral desta história do catolicismo, pois basta ter em conta que o filme foi lançado em Itália no ano de 1950, sem qualquer oposição do Vaticano. Agora tem em conta a reacção do Vaticano com o filme Ai no Korida, no ano de 1991 em Portugal:

viewtopic.php?f=11&t=50621&p=614163

Artigo excelente desenterrado pelo Rui Santos:

https://www.publico.pt/2013/01/16/jorna ... a-25900180
Não creio que seja um artigo fictício. Apesar da surpresa perante alguns títulos e cineastas, a conversa, o contexto e o enquadramento parecem todos fidedignos. E não encontras na net, por outro lado, nenhuma acusação ou indicação a denuncia que é uma lista falsa, ou fabricada. Dá-me ideia que o própro Vaticano já teria alertado para a situação caso não fosse verdade, até porque há nomes importantes na hierarquia que são ali mencionados, e a quem são atribuídos comentários de relevo. Acho que podemos ficar relativamente descansados quato a isso.... Just sayn'

Perante um professor meu de Mecânica Quântica e Relatividade, que era padre, finalmente vi um crente religioso mais inteligente do que eu (eu desisti desse curso no 2º ano, por falta de inteligência minha). Eu já tinha falado deste meu professor de Física aqui no fórum, e até o Rui Sousa comentou que conheceu o João Resina Rodrigues, como padre a dar missa na Igreja da Avenida de Berna em Lisboa.

O Albert Einstein era crente em Deus (ele era judeu) e disse "Deus não joga aos dados" para deitar abaixo a Mecânica Quântica. Conhecem o famoso Paradoxo do gato de Schrödinger?

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https://en.wikipedia.org/wiki/Schr%C3%B ... experiment
Note that the charge of gunpowder is not mentioned in Schrödinger's setup, which uses a Geiger counter as an amplifier and hydrocyanic poison instead of gunpowder. The gunpowder had been mentioned in Einstein's original suggestion to Schrödinger 15 years before, and Einstein carried it forward to the present discussion.
Não tem a ver com a discussão, mas a propósito do gato, lembrei-me de um título que de FC que o Gaspar recomendou há uns tempos atrás, já não sei em que tópico, e que se servia deste "conceito quantico" para sustentar e instalar a sua a narrativa, o Coherence (http://www.imdb.com/title/tt2866360/?ref_=nv_sr_1). Não posso dizer que fiquei encantado com o filme, mas tem o seu quê de interessante e desafiador.
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