Westworld (1973) - Michael Crichton

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Pedro Pereira de Carvalho
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Westworld (1973) - Michael Crichton

Post by Pedro Pereira de Carvalho »

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Westworld - O Mundo Do Oeste

https://en.wikipedia.org/wiki/Westworld_(film)
http://www.imdb.com/title/tt0070909/combined

Nota: o trailer é um resumo do filme com spoilers, portanto ficam avisados


Com o recente lançamento nacional da série Westworld em DVD, aproveitei para ver o filme original "Westworld - O Mundo Do Oeste" que tem passado no canal Cinemundo.
Estranhamente, e não sei bem porquê pois na altura via tudo o que era Fição Científica, nunca tinha chegado a ver o filme. Provavelmente era muito novo para a classificação do mesmo. Sempre ouvi falar dele como um filme de culto e sucesso e tinha alguma curiosidade. Infelizmente, fiquei bastante desiludido. Deve ser um daqueles casos em que teria de ter visto na altura que saiu, mas realmente não sei.

O argumento parte de uma ideia inteligente, ou não fosse o realizador um escritor de sucesso. Dele surgiram os argumentos, por exemplo, para as série ER e The Andromeda Strain, os filmes Jurassic Park, Rising Sun e Coma. É claro que temos de ter em conta que se trata do seu primeiro filme e foi filmado em 30 dias sem um grande orçamento. O actor Yul Brynner (a melhor parte do filme) só participou por um salário modesto porque na altura necessitava de dinheiro e homenageou-se a sua personagem no filme Os Sete Magníficos - "The Magnificent Seven".

Os inícios dos anos 70 e finais dos anos 60 foram prolíferos em bons filmes de Fição Científica (F.C.): 2001 - A Space Odyssey, Omega Man, Soylent Green, Planet of the Apes, Logan’s Run, Rollerball.
Com o sucesso do seu argumento para o filme A Ameaça de Andrómeda - "The Andromeda Strain", Michael Crichton convenceu a MGM a deixá-lo realizar um filme, mas a condição do estúdio era que tinha de ser F.C., embora ele sempre diga que o filme era na realidade uma fantasia e não F.C. pura.

O resultado foi um filme influente e que inspirou personagens como o Exterminador Implacável e Michael Myers de Halloween, entre outros.
Foi também um filme pioneiro na introdução de imagens processadas digitalmente (CGI) com uma sequência de 2 minutos que apresenta a visão do androide pistoleiro e será talvez a ideia original do nome vírus informático numa das cenas que faz analogia com os vírus biológicos, o que não é de estranhar sendo o autor médico de formação.

Inspirado pela Disneylândia, no filme surgem parques temáticos, em que a tecnologia foge ao controlo dos seus criadores (sim a mesma ideia que seria aprimorada no Parque Jurássico, mas que já provém de Frankenstein).

O parque de Delos tem três áreas respectivamente o Império Romano, A Idade Média e o Oeste Selvagem que são basicamente os temas dos mais bem sucedidos filmes dos tempos áureos iniciais do cinema. No entanto ao invés da Disneylândia no filme os parques temáticos tem uma componente mais adulta, com violência e sexo à disposição dos visitantes praticada em androides. Não há grandes cenas de sexo é mais sugeridos e ao que parece algo censurado das filmagens originais (indicado na autobiografia de Yul Brynner) com cenas nunca recuperadas.

Nota: utilizo o termo androide em vez de robot, pois androide é um robot que simula a aparência humana.

Com esta premissa o filme podia ser algo extraordinário, mas acaba por passar muito rapidamente por cima das questões filosóficas e morais para se tornar num filme de acção. O realizador não ficou muito contente com a primeira versão não editada (que tinha cerca de 3h e que achou aborrecida) e cortou muitas das cenas para ficar com um filme com cerca de metade dessa duração. Pergunto-me se não teria sido melhor aproveitar algo mais pois o filme parece-me algo "leve" de mais, mas considerando o que vi até pode ser ficasse bem pior. Sempre deixa esssas questões para a recente série televisiva com o mesmo nome.

Com excepção do Yul Brynner (e mesmo este é uma presença monocórdica, com poucas falas), a prestação dos restantes actores não é famosa. O argumento está cheio de inconsistências, mas poderia ser ignorado se nos agarrasse às personagens, mas estas são personagens simplistas com as quais não sinto grande empatia, de tal modo que
a morte de um dos actores principais é quase indiferente

O filme teve uma sequela, algo que não conhecia, o filme Futureworld, mas sem o sucesso do primeiro.

Por curiosidade segue um link com algumas considerações do realizador a propósito do filme
http://www.michaelcrichton.com/westworld/
Pedro Pereira de Carvalho - 56 anos - Lisboa
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Re: Westworld (1973) - Michael Crichton

Post by Samwise »

Partilho da tua opinião a 100%. Disseste tudo o que de relevante havia para dizer. Em resumo, um punhado de grandes ideias com um potencial enorme que foram todas desperdiçadas, mal exploradas e castradas em detrimento de um enredo de acção sem grande interesse e muito pouca emoção. Safou-se alguma inconografia que ficou na história, e no "long run" a coisa acabou por valer a pena, pois o legado permitiu uma série de bons aproveitamentos e sobretudo uma excelente revisitação das ideias na série recente, essa sim, apostada em explorar a fundo as grandes questões filosóficas e metafísicas que apenas tinham ficado no ar no filme.
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