Murder on the Orient Express (2017) - Kenneth Branagh

[Evil_Djinn]

http://www.imdb.com/title/tt3402236/




Apesar do elenco de luxo duvido muito que este remake supere a versão do Sidney Lumet.
O que vos parece?

[JoséMiguel]

(...)Apesar do elenco de luxo duvido muito que este remake supere a versão do Sidney Lumet.
O que vos parece?

Tu perguntas e eu respondo...

Ora bem, sobre este filme nada sei e só o descobri graças ao teu post, mas com o cineasta Kenneth Branagh não se brinca, pois ele é um dos meus heróis do cinema norte-americano, pelo seguinte:

Antes de eu responder directamente ao assunto, terei de dar uma explicação para os colegas do fórum, para que possam entender o alto patamar em que eu coloco o Kenneth Branagh. Esta explicação terá a ver com os meus gostos meramente pessoais e subjectivos, e serei muito duro, agressivo e ofensivo contra a esmagadora maioria das "massas", pois o que se passa é assim:

Durante o primeiro século de cinema, nos EUA, uns cineastas macacos, ao serviço de produtores macacos, que só olhavam à cifra do dólar e que se estavam cagando para a 7ª Arte, deram cabo da literatura clássica no "Cinema" de Hollywood, ao estupidificarem grandes obras clássicas da literatura como o "Dracula" ou o "Frankenstein", livros inteligentes e geniais que foram massacrados e adulterados pelos americanos de Hollywood, para ganhar um dólar rápido com o público imbecil e atrasado mental.

Como todos aqui no fórum devem já saber, os cineastas do "Regime" (Máfia poderosa de Hollywood) trucidam todo o bom livro que apanham, ao alterar o argumento, para uma fórmula previsível e repetitiva para o público-alvo, que compra os bilhetes. Este público-alvo, não é mais do que os putos adolescentes muito vulneráveis ao "glamour" da montagem audiovisual de Hollyood. Eu também já fui puto adolescente e adorava então as macacadas de Hollywood. O problema desta opção (calculada matematicamente em Excel) em estupidificar o argumento, para agrado do "comon denominator", é que dá muito lucro, mas cria filmes sempre iguais e formulaicos, para adolescente pouco inteligente ver no cinema. Já o meu falecido pai dizia e muito bem, que "quem paga a banda é que escolhe a música"! Neste caso, quem paga a banda são os adolescentes norte-americanos que compram bilhetes de cinema, e se a maioria dos adolescentes não devem muito à inteligência (e pela tenra idade não possuem ainda grande cultura), o enredo dos filmes não deverá ser minimamente inteligente de forma a não antagonizar a massa de imbecis.

Mas a certa altura o produtor Francis Ford Copolla disse "Basta!" e que parem com a bardamerda da trucidação de Hollywood aos livros "Dracula" e "Frankenstein". O homem pagou do bolso dele as primeiras adaptações fiéis e com dignidade dos dois livros... o Dracula de 1991 foi "realizado" por ele e o Frankenstein de 1994 por este grande Kenneth Branagh, assunto deste tópico.



Eu vi uma entrevista em que o Coppola diz que o trabalho dele foi andar armado em polícia a despedir os técnicos zombies de Hollywood, que queriam fazer macacadas com fórmula imbecil no filme dele "Dracula", o Coppola não encontrou pessoal disposto a fazer o filme "à moda antiga" e despediu-os a todos, depois meteu o filho dele a fazer o trabalho. Três anos mais tarde no "Frankenstein", o Coppola foi buscar este Kenneth Branagh para fazer o excelente trabalho de adaptar o livro de ficção científica do século XIX, como deve ser e como mandam os livros, sem a estupidez da malta que defende "liberdade criativa do cinema", como alibi para as centenas de versões imbecis e macacas do Dracula e Frankenstein.



E por último o elenco de luxo, comentado pelo Evil Djin, é mesmo a imagem de marca desta onda do Coppolla e Keneth Branagh, no Dracula tínhamos o Anthony Hopkins e o puto surfista do Breakpoint e Speed, e já no Frankenstein tínhamos o Robert de Niro a fazer de Criatura.

[lud81]

Porque é que puseste realizado entre aspas quanto ao Coppola e o Dracula? Por causa do "meteu o filho dele a fazer o trabalho"? Eu tenho o DVD do Dracula e não me lembro de o Coppola não ser o realizador.

O Frankenstein não tenho o DVD mas também acho um grande filme.

Quanto ao Kenneth Branagh, é inglês, não americano. E tem sempre feito bons filmes, incluindo o primeiro Thor.

Mas este filme, não duvidando de que certamente é um bom filme, não me desperta muito interesse em ver, até porque vi o antigo do Lumet na Cinemateca há poucos anos.

[JoséMiguel]

Porque é que puseste realizado entre aspas quanto ao Coppola e o Dracula? Por causa do "meteu o filho dele a fazer o trabalho"? Eu tenho o DVD do Dracula e não me lembro de o Coppola não ser o realizador.

Boa observação muito atenta! Eu coloquei as aspas para ver se pescava algum leitor inteligente e atento como tu, e passo a explicar:

A edição portuguesa do DVD tem entrevistas e/ou comentários do Coppola, para além disso existem também entrevistas do Coppola acerca do Dracula, no You Tube.

Não me lembro em qual das modalidades a vi, mas na entrevista, o Francis Ford Coppola assume claramente que não era realizador e apenas produtor, ele explica que só aparecia nas filmagens para ralhar com os técnicos por não gostar da versão/cena de teste que tinha visto no seu cinema privado. Para eu explicar melhor este conceito de qual o papel exacto que o Coppola fez no filme Dracula usarei o modelo do cinema soviético, que é muito fascinante por não existirem produtores, nem nenhuma intenção de obter lucro.

A teoria comunista soviética do Cinema pode ser muito bonita e engraçada, mas o que se passou com o filme "Dracula" do Francis Ford Coppola foi a mesma coisa que sucedeu com as super-produções épicas soviéticas. Ou seja, o Francis Ford Coppola assumiu a função de Líder do Soviete Supremo da União Soviética. Vou tentar explicar:

Na URSS (anterior à Perestroika dos anos 80) não era permitido por lei estúdios de Cinema privados, nem a obtenção de lucros nos filmes. Mas como aquilo era uma ditadura militar, o Líder Supremo era o De Facto produtor de todos os filmes, seja o Estaline ou o Brejnev. Neste filme "Dracula", a função do Francis Ford Coppola foi exactamente a mesma do José Estaline, ou seja ele era o gajo que mandava e que não fazia nada. A diferença é que o Estaline, que mandava fuzilar cineastas, não metia o nome dele nos créditos como realizador. O facto do Dracula ter o Coppola listado como realizador é uma perfeita cagada saída da ditadura estalinista, pois o gajo apenas pagou o filme e foi manda-chuva igual ao Estaline que andava a vigiar e a dar ordens sobre os filmes russos.

Na prática os realizadores efectivos seriam os chefes de equipa a quem o Copolla delegava o trabalho. Se vires a entrevista dele sobre o filme Dracula, irás perceber o que eu digo.

[JoséMiguel]

Entretanto fui espreitar o trailer do "Murder on the Orient Express" (2017), que está neste tópico e surge um homem negro a fazer de médico no comboio, o que é muito esquisito, tendo em conta a época... é tão esquisito como ver um actor português a fazer de imperador Montezuma dos Aztecas. Fui ao Wikipedia investigar e neste filme quem paga a banda é a 20th Century Fox:

On 16 June 2015, 20th Century Fox hired Kenneth Branagh to direct and star as Poirot in a new film adaptation of the story

Assim sendo, o Kenneth Branagh é um peão e pau-mandado ao serviço dos malucos e manientos donos da 20th Century Fox, e não haverá a dignidade da produção independente do Coppola de 1994.

[Samwise]

José Miguel, és capaz de gostar de ler esta crítica ao Crime no Expresso do Oriente, uma vez que reproduz quase verbatim muitas das tuas queixas ao estado do cinema actual em terras do tio Sam:

http://observador.pt/2017/11/09/um-crim ... dulterada/

--

A respeito do Coppola, e não estando nada por dentro do assunto sobre o que sucedeu no Drácula, para já, e sem ter olhado para o "body of evidence", recuso-me liminarmente a acreditar que ele tenha sido um "mero produtor". Daquilo que conheço dele, as produções em que participa (como realizador) são bastante participadas e partilhadas com os seus familiares mais chegados, o que implioca uma delegação de tarefas não muito comum no grosso de tudo o que é cinema, o que não singifica que ele não seja de facto o realizador. Mas fiquei pelo menos curioso para saber o que realmente se passou. Não vi o documentário que indicas e gostava de ver. Algum local "público" onde possa ser consultado?

[Cabeças]

Mais uma opinião:

http://www.c7nema.net/critica/item/4744 ... alves.html

[Samwise]

Porque é que puseste realizado entre aspas quanto ao Coppola e o Dracula? Por causa do "meteu o filho dele a fazer o trabalho"? Eu tenho o DVD do Dracula e não me lembro de o Coppola não ser o realizador.

Boa observação muito atenta! Eu coloquei as aspas para ver se pescava algum leitor inteligente e atento como tu, e passo a explicar:

A edição portuguesa do DVD tem entrevistas e/ou comentários do Coppola, para além disso existem também entrevistas do Coppola acerca do Dracula, no You Tube.

Não me lembro em qual das modalidades a vi, mas na entrevista, o Francis Ford Coppola assume claramente que não era realizador e apenas produtor, ele explica que só aparecia nas filmagens para ralhar com os técnicos por não gostar da versão/cena de teste que tinha visto no seu cinema privado.

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Na prática os realizadores efectivos seriam os chefes de equipa a quem o Copolla delegava o trabalho. Se vires a entrevista dele sobre o filme Dracula, irás perceber o que eu digo.

Após uma brevíssma pesquisa e deambulação pelo youtube - e foi mesmo breve - não vislumbro qualquer sinal daquilo que estás dizer, nem do Coppola assumir que não foi realizador ou que via as cenas no seu cinema privado.

Pelo contrário, os quatro ou cinco documentário, entrevistas e trechos que vi no youtube sobre o filme, e com o Coopola, mostram-no ultra envolvido no processo total (várias vertentes do projecto), e em muitas sequência a dirigir as filmagens atrás da câmara, a dizer "cut" em variadíssimos trechos e a mandar sugestões paralelas em voz alta para os actores ao mesmo tempo que estavam a filmar. O Roman Coppola está identificado num desses trechos como "2nd unit director" (o que é normal no grosso das produções - haver várias unidades a filmar em conjunto)

Tudo isto contradiz a tua ideia. Não poderás estar a fazer confusão com outro caso qualquer? (ou com o Coppola a propósito de outro filme?)

[rui sousa]

Eu vi uma entrevista em que o Coppola diz que o trabalho dele foi andar armado em polícia a despedir os técnicos zombies de Hollywood, que queriam fazer macacadas com fórmula imbecil no filme dele "Dracula", o Coppola não encontrou pessoal disposto a fazer o filme "à moda antiga" e despediu-os a todos, depois meteu o filho dele a fazer o trabalho. Três anos mais tarde no "Frankenstein", o Coppola foi buscar este Kenneth Branagh para fazer o excelente trabalho de adaptar o livro de ficção científica do século XIX, como deve ser e como mandam os livros, sem a estupidez da malta que defende "liberdade criativa do cinema", como alibi para as centenas de versões imbecis e macacas do Dracula e Frankenstein.

Independentemente de serem fiéis aos livros ou não, há muita imaginação - e coisas revolucionárias, para a época - em vários dos filmes de Monstros que a Universal fez durante os anos 30 e 40. Os dois Frankenstein são prova disso. E se não houvesse uma mínima ligação à história original, no segundo filme (Bride of Frankenstein) não se teriam dado ao trabalho de colocar a autora, o marido e o Lorde Byron a falar sobre o romance (que o primeiro filme adapta) e a recriar uma possível continuação, muito bem conseguida!

[Samwise]

Fui ver a adaptação do Sidney Lumet (não me recordava já de nada) e não achei grande espingarda. Tem um naipe de actores que seria o sonho de qualquer realizador para qualquer projecto de cinema, mas, tal como imagino que deve suceder nesta nova versão, a grande quantidade de personagens obriga a um compactar do tempo de cada uma, com o resultado de quase todos parecerem meros figurantes, em papeis de espessura mínima, com margem nenhuma de manobra. E é essa a tragédia principal do filme - não a da narrativa em si, mas a do pouco tempo de que dispõe para a encenar, e que por ter de ser tão curto corta também as pernas ao Poirot e ao espectador, que entre o crime a sua resolução não têm tempo para respirar ou pensar. Resumidamente, a história divide-se em três partes: o antes do crime (o filme aqui arrasta-se um bocado, sem grandes vantagens narrativas), um depois do crime com as cenas dos interrogatórios (todas a despachar - três ou quatro perguntas a cada suspeio e está a andar) e uma terceira parte em que o detective expõe a solução do crime na presença de todos (aqui, são tantas as piruetas na história que uma pessoa perde-se rapidamente na teia de factos e ligações). O Albert Finney esforça-se, mas aquele Poirot não me lembra nada a personagem dos livros. 5/10

[mansildv]

'Murder on the Orient Express' Sequel in the Works

https://www.hollywoodreporter.com/news/ ... ks-1060513

[Cabeças]

Sempre gostei muito do ">Morte no NIlo" e do "Morte ao Sol", que vi em criança o Cinema com o meu pai. Gostei sempre muito do Peter Ustinov como Poirot. Desta série falta-me ainda ter o "Appointment with Death", para grande pena minha.

O "Murder on the Orient Express" tenho-o em snapper, tenho quase a certeza que o vi na TV, mas já não me recordo nada dele, é um filme a rever.

Este recente do Kenneth Branagh quanto a mim vê-se bem, sem ser propriamente extraordinário. Tem um grupo de actores famosos, paisagens e uma fotografia muito boa, é um filme bem apoiado na tecnologia recente. Entra a Daisy Ridley, gostei de a rever. Gostei bastante do Hercule interpretado pelo Kenneth. É um filme de dá para "matar saudades" de outro tipo de filmes e de outros tempos.

O steelbook é de edição nacional, a qualidade de imagem é como era de supor fabulosa. A minha nota mais importante vai para os extras, de grande qualidade também, nomeadamente quase meia-hora de um biografia de quase meia-hora que achei muito interessante sobre a Agatha Christie.

Agora vou atrás da "Morte no Nilo" do Kenneth, penso que vou gostar de ver esta nova versão, pois como referi apreciei o Kenneth como Poirot. E a "Morte no Nilo" tem também a Gal Gadot como actriz...

[siroco]

Boa dica!

Na altura que saiu anotei, mentalmente, que era a comprar, e nunca mais me lembrei...

Graças ao teu post já comprei, e no fim de semana vamos fazer uma sessão familiar, (cá casa gostamos todos de whodunits ), curiosamente (re)vimos recentemente o Knives Out e o Gosford Park, o que nos deixou com vontade de ver mais alguns do género.

Quando era miúdo também vi as versões com o Peter Ustinov, e com o Albert Finney, e gostei moderadamente, prefiro os livros, tenho a coleção toda da Vampiro Gigante que me foram sendo oferecidos, conforme iam saindo, por um tio que era fã da Agatha. Por falar nisso, já era altura de de os reler, os 40....

[Cabeças]

Boa dica!

Na altura que saiu anotei, mentalmente, que era a comprar, e nunca mais me lembrei...

Graças ao teu post já comprei, e no fim de semana vamos fazer uma sessão familiar, (cá casa gostamos todos de whodunits ), curiosamente (re)vimos recentemente o Knives Out e o Gosford Park, o que nos deixou com vontade de ver mais alguns do género.

Quando era miúdo também vi as versões com o Peter Ustinov, e com o Albert Finney, e gostei moderadamente, prefiro os livros, tenho a coleção toda da Vampiro Gigante que me foram sendo oferecidos, conforme iam saindo, por um tio que era fã da Agatha. Por falar nisso, já era altura de de os reler, os 40....

Viva, espero que gostem, eu como referi achei bastante giro e gosto do Hercule do Kenneth Branagh
Já com a personagem do Finney, nunca consegui simpatizar... Mas o Hercule do Ustinov sim, ficou-me mesmo na memória, talvez por o ter visto muito novo e ter gostado muito dos filmes e da personagem construída por ele.

Quanto à Agatha, devemos ter muitas das mesmas obras os dois... eu tenho a coleção da RBA editores, que fiz há imensos anos... 48 livros que me deram muito gosto colecionar e que no total me custaram o balúrdio.

Deves conhecer esta coleção, a foto não é minha (os meus estão no fundo de um móvel em 2ª fila) mas é só para veres como são:

[siroco]

Conheço sim, não vou por foto dos vampiros gigantes porque de certeza que conheces, quem tem os argonautas todos também deve estar familiarizado com os vampiros.

Julgo que é mesmo o integral dela, os volumes são duplos, logo equivalem a 80 títulos, embora haja muitos contos curtos, gosto particularmente dos de Tuppence e Tommy, que tiveram um adaptação televisiva muito interessante com a ainda mais interessante Francesca Annis.