Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

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JoséMiguel
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Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Os_Crimes_de_Diogo_Alves

Citações abaixo retiradas da wikipedia.

Descrição
Os Crimes de Diogo Alves é um filme mudo português de curta-metragem da autoria de João Tavares (realizador), a segunda obra de ficção do cinema português. Estreou a 26 de Abril de 1911 no Salão da Trindade, entrando em cartaz na sala O Paraíso de Lisboa a 19 de Maio do mesmo ano. O filme foi apresentado em "versão falada", com vozes por trás da tela, e acompanhado com música executada pela orquestra da Guarda Nacional Republicana, dirigida pelo maestro Artur Fão.
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Sinopse
O filme ilustra a vida de Diogo Alves, um espanhol que veio viver para Lisboa e que, entre 1836 e 1839, perpetrou vários crimes hediondos, muitos deles instigados pela sua companheira Parreirinha.
Filme completo ajustado por mim

- Corrigi o framerate de 25 fps para 18 fps. Quem restaurou o filme não teve em conta as diferentes velocidades usadas no equipamento da época (1911).

- Criei uma banda sonora completa, ajustada cena a cena, conforme a acção e ambiente. Utilizei como fonte, um leque de dezenas de músicas disponíveis no You Tube, com diversos ajustes meus.

Esta portanto será a versão portuguesa "Zé da Adega" de Maio de 2017, estou a planear criar também uma versão inglesa, com novos intertítulos (em substituição dos intertítulos originais portugueses de 1911).



A versão oficial não possui som e tem a velocidade errada de 25 fps. Está aqui se quiserem comparar com a "minha" versão completa modificada:

https://www.youtube.com/watch?v=45ZhMDI8-iM

Enquadramento histórico

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Diogo_Alves

http://www.historiadeportugal.info/o-ul ... -portugal/

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JoséMiguel
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

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Análise e comentário

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Este filme é extraordinário no contexto do cinema mundial, por vários motivos, um deles é a existência de diálogos. "O filme foi apresentado em "versão falada", com vozes por trás da tela, e acompanhado com música executada pela orquestra da Guarda Nacional Republicana, dirigida pelo maestro Artur Fão." O acolhimento do público excedeu toda a expectativa e, de 1911 a 1914, em múltiplas reposições, o filme foi chorudo negócio".

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Sendo assim os intertítulos deste filme, não são as habituais legendas do cinema mudo, mas sim o enquadramento histórico biográfico de cada cena.

Este filme foi concebido de uma maneira que permite até dobragem, com tecnologia que não existia na época, conceito esse que desde há muitos anos eu gostaria de ver aplicado num filme mudo. Não sei se o argumento original que continha as falas dos actores ainda existe...

Seja como for, de entre 1911 a 1914, o público de Lisboa incluindo o povo teve acesso a um filme com características futurísticas de diálogos falados, combinados com uma banda sonora da orquestra da Guarda Nacional Republicana. "Apesar do sucesso, a empresa Nandim de Carvalho suspendeu as sessões, por temer que afastasse a acostumada frequência burguesa."

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Um aspecto muito interessante é a restauração das tintagens originais de 1911, elemento que faz toda a diferença num filme monocromático, cuja "tecnologia" não seria possível numa transmissão televisiva da RTP até 1980 (sinal a preto e branco), e até mesmo após o advento da cor em Portugal, a RTP continuava a transmitir versões feias e trucidadas a preto e branco de filmes como o "Nosferatu", quando o original já possuía um bonito leque de três cores monocromáticas como este filme português, com diferentes efeitos de noite e dia, exterior e interior.





Aqueduto das Águas Livres

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Na imagem acima vemos o local de onde o assassino psicopata Diogo Alves atirava as suas vítimas, incluindo crianças, trata-se do arco central com 65 metros de altura sobre o actual Eixo Norte-Sul.
De todos os catorze arcos em ogiva destaca-se o Arco Grande. O maior arco da imponente arcaria foi a parte de mais difícil execução neste troço, e talvez de toda a obra. Mede 65 metros de altura e dista 29 metros entre pegões, sendo o maior arco ogival do mundo. Teve de assim ser concebido devido à passagem da ribeira de Alcântara entre os seus pegões. Em caso anteriores da História, optou-se por uma solução mais simples — a sobreposição de arcos — com o objectivo de vencer vãos tão grandes como este; neste caso tal não foi opção, pois destoaria da restante arcaria que atravessa o vale e ao mesmo tempo dá à obra um ar monumental e grandioso. De cada um dos lados do passeio existem duas placas iguais com a seguinte inscrição: Arco Grande/Altura do rio ao passeio/Em palmos: 296,75 - Em metros:65,29/Largura entre Pegões/Em palmos: 131 - Em metros:28,86.

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Actualmente, debaixo destes arcos passam diversas vias de comunicação. Sob o Arco Grande passa a Av. Calouste Gulbenkian com seis vias de trânsito (3x2). Em 1887 foi inaugurada a linha de caminho-de-ferro, entre as estações de Campolide e Alcântara-Terra, passando por de baixo de um dos arcos; desde 1999 passa por aí também a linha de comboio que atravessa a Ponte 25 de Abril. Também o Eixo Norte-Sul, acabado em 1997, com seis vias (3/sentido) aí passa; devido à insuficiente largura entre pegões, a via está dividida em dois, passando cada um dos sentidos debaixo de arcos consecutivos.
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É curioso que há mais de 100 anos atrás, os lisboetas chamavam de "arcos" ao aqueduto. No filme nunca surge a palavra "aqueduto" e é sempre usado o termo "arcos".

O filme foi mesmo filmado no aqueduto, e a técnica utilizada foi levantar a vítima no ar, cortar a filmagem, retomar a filmagem com um manequim no ar, que era atirado do aqueduto. Hoje tal não poderia ser feito, pois os manequins iriam atingir automóveis a circular no Eixo Norte-Sul e causar acidentes.



É suposto a menina se rir na cena, pois ela era muito pequena e não se apercebeu de que iria morrer, a criança terá julgado que o Diogo Alves estaria a brincar com ela ao colo. Segundo um intertítulo terá sido o único caso em que o psicopata sentiu remorsos, não por a vítima ser uma criança, mas pela inocência de não saber que iria morrer de forma horrorosa.

O filme foi filmado em apenas três semanas, apesar do seu grande valor histórico em muitos aspectos, haveria muito que podia ter sido feito de forma melhor com mais tempo e trabalho, nomeadamente poderiam ter contratado um ilusionista de profissão, para preparar as cenas do aqueduto, com ensaios e técnicas do ilusionismo de palco, da mesma forma que poderiam ter construído manequins com a mesma densidade de peso de um ser humano.

Do ponto de vista dos actores, estes são actores profissionais teatrais portugueses duma corrente artificial que não corresponde ao realismo das artes. Aqui deveria ter sido feito um casting a não-actores.

Não era objectivo do realizador criar uma obra-prima do Realismo ou um filme de autor, mas esta não deixa de ser uma boa obra pioneira do cinema comercial.

Cena cortada pelo realizador que eu achei muito interessante.



Na minha versão corrigida para 18 fotogramas por segundo, a duração do vídeo é de 30m33s, mas esta versão restaurada já inclui "deleted scenes" no final, no caso do meu vídeo de 18 fps, o filme original termina aos 24m23s, sendo os restantes 7 minutos compostos de "deleted scenes" ou planos não aproveitados pelo realizador.

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À excepção da cena mostrada acima, todas as restantes são o primeiro take de cenas que correram mal, que depois o realizador filmou novamente para a versão final.

Eu gostei bastante da cena cortada que apresento, pois fico intrigado com o porquê da cena e acho fascinante as caretas de "mau" do actor Alfredo de Sousa, que aqui permitem um "close-up" da sua cara, que nunca se vislumbra bem na versão final, devido à câmera fixa, à distância para enquadrar o cenário. Fariam falta uns zooms ou close-ups à americana.

Em termos cinematográficos o filme consiste em "takes" longos sem cortes (à excepção do corte recorrente para atirar manequins do aqueduto e da cena do assalto por um buraco entre andares), quem viria a usar muito este método foram os países do Leste Comunista, durante a Guerra Fria a partir de 1950, mas aí eles possuíam câmeras móveis. Com apenas uma câmara fixa em 1911, a opção dos "takes" longos não foi a mais adequada, e teria sido preferível o realizador João Tavares ter utilizado o "método americano" (https://en.wikipedia.org/wiki/Film_editing#See_also) de cortes e montagens, com a câmera posicionada em locais diferentes em cada "take" da mesma cena, o resultado desta "encenação soviética" de "takes" longos é que não se vê bem a cara dos actores.

Estou a usar terminologia que não existia em 1911, no tempo dos pioneiros. Não sou nenhum entendido no assunto, mas penso que conseguirão entender bem a minha descrição da "cinematografia" do filme.

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Um segundo motivo pelo qual considero este filme como sendo extraordinário no contexto do cinema mundial (o primeiro motivo é a existência de diálogos falados), é o seu conteúdo e género.

Este é um filme muito sério, numa época em que se fazia muita "coboiada" e "palhaçada". Não estou de forma alguma a menosprezar os géneros acção e comédia, mas eu sei bem que nessa altura o cinema era visto como uma atracção de feira. Este filme destaca-se em vários níveis, tal como o filme dinamarquês Häxan de 1922, em que escrevi:
JoséMiguel wrote: September 28th, 2016, 12:16 am Häxan (1922)

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Um dos melhores filmes que já vi até hoje, a minha classificação pessoal é a de 100%, sem hesitar.



https://pt.wikipedia.org/wiki/H%C3%A4xan

Resumindo este filme numa frase, isto é equiparável à serie de divulgação científica "Cosmos", apresentada pelo cientista Carl Sagan, fruto também de pesquisa rigorosa e feito também com a mesma dedicação e vontade em melhorar o mundo, através da luz do conhecimento e da razão; aliado a este factor cuja importância já em si não pode ser menosprezada, temos um visual encantador, fascinante e lindíssimo a nível artístico, na encenação cinematográfica de como os povos ignorantes da Idade Média imaginavam o diabo.

Este é o primeiro filme mudo que me deixou de tal forma cativado, que nem senti que estava a ver um filme mudo. Vi no You Tube (há uma versão com legendas em português e com banda sonora apropriada) mas também existe uma versão restaurada pela Criterion (que adorava ver).

Recomendação máxima da minha parte. yes-)
Os Crimes de Diogo Alves não será decerto tão importante como a obra dinamarquesa de 1922, não possui qualidade equiparável e não é do mesmo género e corrente. O seu valor e importância histórica devem-se a outros factores.

Um desses factores é a reconstituição histórica dos eventos macabros ocorridos entre 1836-1841. O realizador poderia ter optado pelo artificialismo de estúdio, mas montou mesmo a sua câmera no alto do Aqueduto das Águas Livres. Existem muitos realizadores (alguns até aclamados e apelidados de "mestres") cuja ideia pessoal e profissional de Cinema é o tele-teatro (ou filme de estúdio), mas não é o caso aqui.

O rigor histórico aqui, pode não conseguir passar o meu critério pessoal exigente, porque existem discrepâncias (erros) sistemáticos nos detalhes e pormenores, mas o filme está muito acima da média quando comparado com o conceito de filme histórico no Cinema actual.

Dois exemplos de erros:
Junto ao cadafalso, Diogo Alves quis confessar-se, pediu para ser o primeiro executado. O Celeiro proferiu algumas invocações religiosas e expirou. Tinham dado duas horas e a irmandade da misericórdia conduziu os dois cadáveres à morada derradeira.

A Revolução de Setembro, 20/2/1841.
No filme existem três e não dois enforcados.

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Diogo Alves manieta atrás das costas a menina, e lhe prende as mãos aos pés, e comprimindo-lhe o peito com os joelhos, coisa horrível para dizer-se, dobrando-a para as costas, estalando-a a matou.

A Revolução de Setembro, 3/8/1841.
No filme, o método para assassinar a filha adolescente do Dr. Andrade, está errado.

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Mas reparem que a nível geral, a acção e enredo do filme são muito rigorosos, por exemplo o filme respeita a descrição abaixo:
Porém, certa vez, nas sombras do aqueduto, um dos assaltados resistiu-lhe, ameaçando-o com uma pequena pistola. O assaltante teve de fugir, mas foi reconhecido. Entretanto, as autoridades aperceberam-se de quanto andavam enganadas com a origem dos cadáveres e proibiram o trânsito pelo aqueduto, cerraram os acessos, o que se manteve praticamente até aos nossos tempos. E começou a caça ao homem.
Diogo Alves constituiu, então, uma quadrilha e mudou de método. Mesmo deixou de assassinar lançando as suas vítimas do alto, passando a asfixiá-las. Ele «raras vezes roubava que não matasse».
Andando envolvido com uma taberneira, conhecida pela alcunha de Parreirinha, o ladrão dependia bastante das vontades desta. E isto acelerou a sua perdição, tanto mais que foi uma filha de dez anos da amante que prestou o mais importante depoimento contra ele. É que à miúda nada era escondido e ela de tudo sabia. A mulher, Gertrudes Maria, natural de Mafra, estava separada do marido e estabelecida com balcão e pipos na azinhaga de Águas Boas, a Palhavã. Diz-se que, num momento crucial, teve a noção da perigosidade do testemunho da filha e propôs-se matá-la.

Fonte: http://www.esferadocaos.pt/pt/docs/EDC_ ... _06015.pdf
Temos portanto um filme histórico de 1911, com bastante mais rigor do que a esmagadora maioria dos filmes históricos existentes, o que para mim é o segundo motivo, pelo qual considero este filme como sendo extraordinário no contexto do cinema mundial. O filme possui discrepâncias nos pequenos detalhes, mas a sua narrativa bate certo com o que li acerca dos factos, podendo várias das suas cenas serem aproveitadas por um documentário.



Opinião final

Gostei muito deste filme, e recomendo-o bastante. Foi por isso que criei uma banda sonora (a partir de músicas existentes no You Tube, que editei) e corrigi o "framerate" do filme. Como sabem eu tenho experiência em criar trailers musicais de filmes e sou apreciador de uma boa banda sonora (por exemplo tenho grande admiração pela banda sonora do "Conan, The Barbarian"). A minha banda sonora resulta de um esforço sério da minha parte, e não se trata de nenhuma brincadeira para me entreter. Espero que gostem...

Last edited by JoséMiguel on June 1st, 2017, 4:41 am, edited 1 time in total.
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

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Adicionados comentário e análise à mensagem anterior. :-)
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by JoséMiguel »

Algumas estatísticas do You Tube das primeiras três semanas

Isto é muito engraçado de vermos que países andam a espreitar o mais antigo filme português existente, aqui está a lista de países, ordenada por número de visualizações (Não aparece a Índia em destaque, pois o filme não contém cenas de nú ou sexo, os indianos apenas aparecem em massa, a visualizar os meus vídeos eróticos, mas podem observar a anomalia da Índia a destoar dos restantes países na coluna do tempo de visualização, ainda espreitaram o filme, mas fugiram logo por não ser Bollywood ou conter nudez/sexo).

Podem também observar que o Brasil e Portugal não surgem em primeiro lugar, mas logicamente tiveram um tempo de visualização maior (a culpa é minha de não ter criado ainda legendas inglesas, nem ter feito uma vídeo introdução histórica em inglês):

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Na imagem abaixo, a Rússia surge em primeiro lugar. Apenas um gajo russo viu o filme, mas o gajo russo sozinho viu o filme até ao fim, e portanto a Rússia (com apenas 1 participação) é o único país com 100% de percentagem de visualização, pois a maior parte da malta vai apenas dar uma espeitadela e não vê o filme todo, por acaso preciso mesmo de criar uma versão inglesa do filme, com legendas dos intertítulos e com uma introdução prévia (do pioneirismo de cinema e dos factores históricos do serial killer galego).

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O único gajo que não gostou do filme português foi um norte-americano... Grr:-)

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Mas vá lá! Porque um outro norte-americano fez um "like" ao filme e o país consegue safar-se por um fio. Agora na brincadeira... É que já sabem que eu gosto de cinema russo e não curto muito Hollywoodismos, e ao ver nas estatísticas que um russo viu o filme até ao fim e que um americano fez um "dislike", até seria um caso engraçado para eu "mandar umas bocas"... :lol:

Mas estou apenas na brincadeira, porque as pessoas são livres de fazerem likes e dislikes por razões pessoais, que nada têm a ver com os países deles, e estas estatísticas apenas ainda vão na 3ª semana... (neste momento o filme tem apenas 5 likes e o tal dislike do americano) ;-)
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by rui sousa »

Este é daqueles filmes que deveria ser mais divulgado e conhecido mesmo no que diz respeito à historiografia do cinema português. Felizmente a cinemateca está agora a criar uma linha de restauro e comercialização desses filmes que era preciso (lançaram dois filmes do Rino Lupo e para breve sairá "Lisboa, Crónica Anedótica"). Espero que este seja um dos próximos!
JoséMiguel
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by JoséMiguel »

Aproveitando a primeira participação no tópico, pergunto ao Rui Sousa, que sei ser um "Chaplinista" o que ele tem a dizer desta vergonha da malta profissional e oficial (como a emissora nacional RTP) ter transmitido filmes mudos filmados com equipamento a 12 ou 18 frames por segundo, a um ritmo acelerado de 24 FPS, para fazer pouco do trabalho dos pioneiros do cinema, estilo a RTP passar curtas do Charlot com o homem a correr acelerado a 24 fps, nos anos 80!?

A anormalidade, estupidez, ignorância e incompetência dos senhores donos da RTP e de grandes grupos empresariais norte-americanos é de tal ordem, que no espaço de 80 anos (1937-2017) massacraram os clássicos do cinema mudo, ao acelerar a película para poupar uns tostões no equipamento projector, não adaptado para velocidade variável, ao ponto do "Zé Povinho" de Portugal ou dos EUA, achar que os operadores de câmera de 1900-1920 eram idiotas que não sabiam dar à manivela, e mais grave ainda que os filmes mudos seriam parvoíce para analfabetos atrasados mentais se rirem ao verem gajos a andar depressa.

A versão oficial restaurada deste mais antigo filme Luso, estava acelerada a 25 fps, e eu tive de a corrigir com o Movie Maker! Eu não recebi nenhum dinheiro para o fazer, mas de certo algum idiota palerma da elite cultural (com cunhas políticas) portuguesa, recebeu algum bom dinheiro, proveniente de fundos comunitários europeus para a cultura, para ter feito esta bela merda a 25 fps a gozar com o mais antigo filme português existente...

Epá! Isto é muito triste...

Então andam os povos estrangeiros de todos os países da UE, a pagarem impostos para que Portugal possa ter um fundo cultural, com verbas da UE, para que depois apareça um cromo político português, que não sabe nada de cinema, a fazer uma restauração a 25 frames per second, a gozar com a História do Cinema Português? Que bela merda vem a ser esta, pergunto eu?

Eu até nem sei se esta restauração idiota de palhaçada com "gajos a andarem depressa" foi financiada pela UE, se não foi, então o sujeito que que a fez, que venha aqui explicar porque meteu o filme acelerado a 25 fps, se não lhe faltar vergonha na cara... é que eu tive de corrigir o framerate com o Movie Maker, para o mundo inteiro poder ver o filme com a velocidade correcta, pela primeira vez. :o

PS: É muito importante que todos os membros do DVD Mania tenham atenção que em todo o mundo, os donos dos estúdios aceleraram os filmes mudos de 12 e 18 fps, para 24 ou 25 fps, quando os vendiam às empresas de TV, como a RTP, é um flagelo que já dura há mais de 80 anos.

O motivo foi simplesmente os donos dos estúdios acharem que os espectadores são atrasados mentais e carneirada, e que "comem toda a porcaria que lhe dão" (tal como os lisboetas comem a pior carne portuguesa, pois a malta do norte manda a carne mais rija para os talhos de Lisboa, porque os lisboetas comem a porcaria toda). Um dia isso irá acabar! Um dia um lisboeta poderá comprar carne macia no talho e um espectador poderá ver um filme mudo a 12 ou 18 fps na TV. Grr:-)
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by rui sousa »

JoséMiguel wrote: June 23rd, 2017, 12:53 am Aproveitando a primeira participação no tópico, pergunto ao Rui Sousa, que sei ser um "Chaplinista" o que ele tem a dizer desta vergonha da malta profissional e oficial (como a emissora nacional RTP) ter transmitido filmes mudos filmados com equipamento a 12 ou 18 frames por segundo, a um ritmo acelerado de 24 FPS, para fazer pouco do trabalho dos pioneiros do cinema, estilo a RTP passar curtas do Charlot com o homem a correr acelerado a 24 fps, nos anos 80!?
era a ignorância perante o assunto que havia na época. Mas o Chaplin lidou muito bem com isso - tanto que fez versões com música nova de alguns clássicos (The Kid, Gold Rush) com esse factor acelerado. Mas a 24 ou a 12/18 frames irá sempre ficar "estranho" para nós, espectadores do século XXI.
A anormalidade, estupidez, ignorância e incompetência dos senhores donos da RTP e de grandes grupos empresariais norte-americanos é de tal ordem, que no espaço de 80 anos (1937-2017) massacraram os clássicos do cinema mudo, ao acelerar a película para poupar uns tostões no equipamento projector, não adaptado para velocidade variável, ao ponto do "Zé Povinho" de Portugal ou dos EUA, achar que os operadores de câmera de 1900-1920 eram idiotas que não sabiam dar à manivela, e mais grave ainda que os filmes mudos seriam parvoíce para analfabetos atrasados mentais se rirem ao verem gajos a andar depressa.
Não culpes os portugueses por fazerem isso, que os clássicos mudos mundiais não eram de cópias portuguesas, mas compradas internacionalmente.
A versão oficial restaurada deste mais antigo filme Luso, estava acelerada a 25 fps, e eu tive de a corrigir com o Movie Maker! Eu não recebi nenhum dinheiro para o fazer, mas de certo algum idiota palerma da elite cultural (com cunhas políticas) portuguesa, recebeu algum bom dinheiro, proveniente de fundos comunitários europeus para a cultura, para ter feito esta bela merda a 25 fps a gozar com o mais antigo filme português existente...
ou talvez não. Se o filme for inserido na nova linha da Cinemateca será corrigido (como o fizeram para os filmes do Rino Lupo). Felizmente, têm saído restauros cada vez mais fiéis aos filmes originais.

Mas sabes um flagelo ainda maior do que esse? Terem colorizado milhares de filmes a preto e branco, uma moda que começou nos 80s e continua até hoje! grr-)
O motivo foi simplesmente os donos dos estúdios acharem que os espectadores são atrasados mentais e carneirada, e que "comem toda a porcaria que lhe dão" (tal como os lisboetas comem a pior carne portuguesa, pois a malta do norte manda a carne mais rija para os talhos de Lisboa, porque os lisboetas comem a porcaria toda). Um dia isso irá acabar! Um dia um lisboeta poderá comprar carne macia no talho e um espectador poderá ver um filme mudo a 12 ou 18 fps na TV. Grr:-)
Eish, vai começar a revolução! :twisted:

O quer falta à maioria da humanidade é um par de óculos escuros, como no filme do Carpenter - if you know what I mean. como?-)
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by JoséMiguel »

rui sousa wrote: June 23rd, 2017, 12:45 pmEish, vai começar a revolução! :twisted:

O quer falta à maioria da humanidade é um par de óculos escuros, como no filme do Carpenter - if you know what I mean. como?-)
Eu odeio política e não gosto de nenhum partido ou ideologia, não tenho nenhuma pretensão de activismo contra o Sistema (corrupto). O teu comentário acerca dos óculos escuros do filme sci-fi do John Carpenter "Eles Vivem", é um dos comentários mais inteligentes que eu já li neste fórum, desde que sou cá membro. Muitos parabéns Rui Sousa.

Mudando de assunto:

Execução portuguesa no Pelourinho

Fiquei intrigado com o enforcamento português mostrado neste filme de 1911 e chamo a atenção para o enforcamento do nazi Amon Göth, director do campo de concentração polaco de Cracóvia.

Image

https://pt.wikipedia.org/wiki/Amon_G%C3%B6th

Vídeo do enforcamento, retirado do filme "A Lista de Schindler":



O que é que se passa neste filme português de 1911?

Na versão original do You Tube (sem som e com framerate errado), um comentador estrangeiro comenta que o enforcamento parece ser uma filmagem real. De facto a cena do filme português está muito bem feita com os outros enforcados a girar de forma natural com a corda ao pescoço.

O que o estrangeiro não sabe é que em 1911 era proibida a pena de morte em Portugal, e sendo este um filme histórico acerca de eventos do século XIX, altura em que a pena de morte existia em Portugal, não tinha sido ainda inventada a câmera de filmar.

No wikipedia:
Portugal foi o primeiro Estado soberano moderno da Europa a abolir a pena de morte. Antes de Portugal a pena de morte foi abolida no Grão-Ducado da Toscana (1786).

Índice

1 Cronologia
2 Últimas execuções
3 Lei atual
4 Referências

Cronologia

1852: Abolida para crimes políticos (artigo 16º do Ato Adicional à Carta Constitucional de 5 de Julho, sancionado por D. Maria II).
1867: Abolida para crimes civis, exceto por traição durante a guerra, em julho em 1867 (Lei de 1 de julho de 1867). A proposta partiu do ministro da Justiça Barjona de Freitas, sendo submetida à discussão na Câmara dos Deputados, onde teve oposição do deputado Manuel Carvalho. Transitou depois à Câmara dos Pares, onde foi aprovada. Mas a pena de morte continuava no Código de Justiça Militar. Em 1874, quando o soldado de infantaria nº 2, João Borda, assassinou o alferes Manuel Bernado Beirão, levantou-se grande discussão sobre a pena a aplicar.
1911: Abolição para todos os crimes, incluindo os militares.
1916: Readmitida a pena de morte para traição em tempo de guerra.
1976: Abolição total.

Últimas execuções

A última execução conhecida em território português foi em 1846, em Lagos. Remonta a 1 de julho de 1772 a última execução de uma mulher (Luísa de Jesus). Na Primeira Guerra Mundial houve uma execução em França, entre o exército português, ao abrigo do Direito português, do soldado João Ferreira de Almeida, em 16 de setembro de 1917, por traição.[1] A penúltima e última execuções por enforcamento foram as de Manuel Pires, de Vila da Rua - Moimenta da Beira, a 8 de Maio de 1845 e de José Maria, conhecido pelo "Calças", no Campo do Tabolado, em Chaves, a 19 de Setembro de 1845.
Lei atual
Atualmente, a pena de morte é um ato proibido e ilegal segundo o Artigo 24.º alínea 2 da Constituição Portuguesa.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pena_de_morte_em_Portugal
Ok! O que é que se passa neste filme? O problema é a execução à cowboy americano, estilo o western "O Bom, O Mau e O Vilão", onde o criminoso estava apoiado num cavalo, ou a execução à soviético onde o criminoso nazi estava apoiado num banquinho.

É que isto é considerada uma má execução, pois num enforcamento é suposto o criminoso cair de uma altura que lhe parta o pescoço, ao invés de morrer asfixiado lentamente à cowboy.

Por coincidência eu já apresentei o excelente filme biográfico britânico acerca do executor-mor do Reino Unido, que foi mesmo aos Tribunais de Nuremberga, executar em massa os criminosos nazis, e com ele não haviam nenhuns enforcamentos à cowboy ou à soviética:

viewtopic.php?f=11&t=49955&p=607075

Image

Eu ainda não fui investigar o wikipedia em português, para saber se lá está a resposta à minha seguinte dúvida sobre Portugal:

Dúvida: Então mas nos pelourinhos portugueses (em Lisboa há um Largo do Pelourinho ali em Alcântara, ao pé das discotecas Rockline a Alcântara-Mar, não sei os nomes modernos dessas discotecas por já ser um velhote), enforcavam-se criminosos à cowboy americano, puxando um banquinho por debaixo dos criminosos? Ou isso era feito como deve ser à inglesa, com alçapão, de forma a partir o pescoço com a descida?

Eu não fui pesquisar isto, que deixo como trabalho para os outros comentadores do fórum, que estejam interessados neste filme ou no tema, pois não posso ser eu a fazer tudo...
rui sousa
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by rui sousa »

Este tópico está a ser uma autêntica aula de História! :)

Vou sugerir à Cinemateca restaurarem este filme como deve ser!
Telmo R.
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by Telmo R. »

Só para fazer uma pequena correcção que acho pertinente. Este não é de facto "o mais antigo filme português existente", seria mais correcto considerá-lo o mais antigo filme português de ficção existente, já que o mais antigo filme português de ficção O Rapto de uma Atriz de Lino Ferreira de 1907 se encontra desaparecido.

Aquele que é considerado o mais antigo filme português ou um dos primeiros filmes portugueses é então Saída do Pessoal Operário da Fábrica Confiança de Aurélio da Paz dos Reis de 1896.
Aurélio da Paz dos Reis (1862-1931) - Realizador
Aurélio da Paz dos Reis (1862-1931) - Director de Fotografia
Francisco Magalhães Bastos Júnior - Director de Fotografia
Kinetographo Portuguez - Distribuidor
Portugal, 1896
Género: documentário
Duração: 00:00:55, 16 fps
Formato: 35 mm, PB, sem som
AR: 1:1,33
Descrição: Um dos primeiros filmes portugueses, de Aurélio da Paz dos Reis, frequentemente referido como o primeiro realizador de cinema português, mostra a saída dos operários da fábrica Confiança, enquanto na rua passam charretes.
http://www.cinemateca.pt/Cinemateca-Dig ... type=Video
A história do cinema Português começa em 12 de Dezembro 1896. Um ano após a primeira sessão pública em Paris do cinematógrafo Lumiére, Aurélio Paz dos Reis, fotógrafo amador do Porto, projectava no Teatro do Príncipe Real o fruto do seu "Kinetographo Portuguez". Era a primeira sessão portuguesa de cinema com filmes portugueses filmados por um português. O primeiro filme de que se conhece chamava-se «A Saída do Pessoal Operário da Fábrica Confiança», que não era mais do que réplica do primeiro filme da história do cinema, rodado em França pelos irmãos Lumiére, em (1894 – 1895) «La Sortie de l'usine Lumière à Lyon».
O público acede e aplaude e o Kinetographo. De seguida dirige-se para Braga, Porto e depois para o Rio de Janeiro para novas sessões.
Em terras brasileiras e devido sobretudo a falhas técnicas, Aurélio da Paz dos Reis, não consegue fazer singrar o seu trabalho. Desiludido regressa a Portugal a 24 de Janeiro de 1897 e abandona a cinematografia. Mas o importante é que se iniciava assim a história do cinema português.
http://www.dailymotion.com/video/x56vqz ... tugues_fun
http://cinemaportugues.com.pt/?p=38
os filmes que vejo: letterboxd ou mubi | a minha colecção de dvds: cine-dvd collection
JoséMiguel
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by JoséMiguel »

Morte da estanqueira portuguesa

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Intertítulo português de 1911

O que é uma estanqueira? Quais os portugueses que estão vivos que o sabem?

Resposta: Os portugueses fumadores, que fazem 400 km para ir a Espanha comprar tabaco, conhecem muito bem esta palavra portuguesa que desapareceu no nosso país, nos últimos 100 anos. Isto acontece por um questão de necessidade financeira quando um 1 kg de tabaco de enrolar custa 280 euros em Portugal, e 70 euros em Espanha.

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Há 100 anos atrás em Portugal um estanqueiro era um indivíduo que trabalhava numa tabacaria (tal como uma peixeira seria uma mulher que vende peixe no mercado). A palavra, que é também portuguesa, nunca caiu no nosso país vizinho, mas em Portugal desapareceu por completo, ao ponto dos cinéfilos portugueses estarem a assistir ao filme Os Crimes de Diogo Alves de 1911 e não saberem ler o intertítulo. Este é o mais antigo filme de ficção português (sobrevivente), mas 100 anos de passagem de tempo, deixam marcas na língua portuguesa, ao ponto de ser necessário um fumador familiarizado com Espanha, explicar este intertítulo.

Resolvi fazer este comentário, porque estava a espreitar as estatísticas do meu canal do You Tube, e reparei que na última semana 75% das visualizações do primeiro filme de ficção português, foram feitas em Espanha (seguidas de Portugal, Brasil, Indonésia e Chile. A Índia apenas surge nos meus vídeos quando existe nudez, por se tratar de um país religioso atrofiado, por isso aqui não aparece).

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Decerto tratou-se de algum cinéfilo espanhol que tropeçou no meu vídeo (filme completo, com música montada por mim e velocidade dos fotogramas corrigida por mim) e que o partilhou nalgum fórum ou blog espanhol. Ainda assim, por este ser um filme português mudo de 1911, fico satisfeito, pois quem terá interesse em ver a minha montagem será sem dúvida um cinéfilo sério, apreciador da História do Cinema.
JoséMiguel
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by JoséMiguel »

Matao o creado

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Em bom português de 1980 (eu não sei essa coisa do acordo ortográfico em que a nossa língua ficou abrasileirada no séc. XXI), pergunto eu o que vem a ser isto do intertítulo de 1911 que diz "Matao o creado". Criado e Creado não levantam problemas, pois foi a "evolução/devolução" da língua portuguesa no intervalo de 100 anos.

Mas eu estou desconfiado de que o sujeito que escreveu os intertítulos deste filme fosse um idiota meio analfabeto, que "escreve como fala", ou seja "eles matam" tem o mesmo som de "eles matao". Uma coisa é a língua portuguesa de 1911 estar obsoleta em 2018, mas isso não serve como "desculpa para tudo", num possível caso de incompetência.

O problema é que mesmo que um membro do fórum seja doutorado em "Português Arcaico", duvido que ele saiba averiguar se em 1911 "eles matam" se escrevia mesmo "eles matao", ou se estamos perante incompetência do cinema português. Mas que venham daí os vossos comentários! :lol: :idea:
JoséMiguel
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by JoséMiguel »

Um agradecimento ao Rui Santos

Na minha qualidade de cinéfilo (entusiasta/amante de cinema) e de autor deste arranjo do mais mais antigo filme de ficção português (se não fosse eu, ninguém no mundo poderia ver o filme com a correcta velocidade de frames per second, visto que existem supostos "profissionais" que recebem dinheiro (por vezes de fundos comunitários) para fazer asneira e merda, onde faltam ao respeito ao cinema mudo, metendo os filmes acelerados porque são idiotas que não sabem que em 1911 os filmes tinham 12 ou 18 fotogramas por segundo), quero fazer um grande agradecimento ao Rui Santos, por pagar do bolso dele este fórum, que continua a ser o único fórum sério português de Cinema. Se não fosse o DVD Mania, eu não poderia ter criado o meu arranjo musical deste filme, nem estar agora aqui a discutir português arcaico de 1911.

Muito obrigado Rui. yes-)

É por causa de tópicos como este, que se pode dar valor ao DVD Mania. Se o DVD Mania não existisse, onde poderia eu partilhar o meu arranjo musical do filme e os meus comentários linguísticos? Era num fórum espanhol ou brasileiro que o faria? :-(

É que eu não suporto os ditos críticos de cinema oficiais, dos jornais portugueses, que são muito bem pagos, mas a meu ver só têm merda na cabeça, e escrevem como robots a lerem um guião, de forma previsível (não vejo os malandros a falarem de filmes jugoslavos dos anos 60). Imaginariam vocês que algum desses caramelos do jornal Expresso, Público, etc. que se auto-intitulam críticos de Cinema, alguma vez perderiam o seu tempo a pegar no mais antigo filme de ficção português, corrigir a sua velocidade e escolher uma música "bacana"/"apropriada" como eu fiz?

Já escrevi o suficiente para "bom entendedor". :-) Não fará falta eu escrever mais...
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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by Samwise »

JoséMiguel wrote: April 21st, 2018, 9:59 pm É que eu não suporto os ditos críticos de cinema oficiais, dos jornais portugueses, que são muito bem pagos, mas a meu ver só têm merda na cabeça, e escrevem como robots a lerem um guião, de forma previsível (não vejo os malandros a falarem de filmes jugoslavos dos anos 60). Imaginariam vocês que algum desses caramelos do jornal Expresso, Público, etc. que se auto-intitulam críticos de Cinema, alguma vez perderiam o seu tempo a pegar no mais antigo filme de ficção português, corrigir a sua velocidade e escolher uma música "bacana"/"apropriada" como eu fiz?

Já escrevi o suficiente para "bom entendedor". :-) Não fará falta eu escrever mais...

Fora o agradecimento ao Rui Santos, que é inteiramente justo e merecido, já sabes que não concordo contigo em nenhuma destas opiniões (para além de considerar, neste comentário em particular, que estás errado num aspecto: eles não se "auto-entitulam" de nada - é mesmo a profissão deles, como os "estanqueiros" de que falas no outro tópico :mrgreen:. não é presunção, é atribuição profissional). Em todo o caso, se tens mesmo interesse em denunciar essa situação que te irrita, seria importante colocares por escrito a questão à Cinemateca Portuguesa, pois residirá aí a "jurisprudência" sobre o assunto, a não junto dos críticos enquanto colaboradores/assalariados nos jornais onde existe esse departamento, e que se debruçam essencialmente, se não completamente, sobre os filmes que são lançados no circuito comercial de cinema.

Gostaria até muito que o fizesses, para poderes conhecer a posição oficial da entidade credênciada para o efeito sobre o modo ou modelo de preservação, tratamento e divulgação destes filmes mais antigos - e porque deliberam preservar a velocidade de passagem das frames. É que acho que não vais encontrar grupo de pessoas com mais amor ao cinema do que aí. Parece-me gratuito, injustificado e simplista atirar para o ar que "só têm merda na cabeça".

Fica a proposta.
«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.

«One is starved for Technicolor up there.» - Conductor 71 in A Matter of Life and Death

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Re: Os Crimes de Diogo Alves (1911) - João Tavares

Post by JoséMiguel »

Samwise wrote: April 22nd, 2018, 1:15 am
JoséMiguel wrote: April 21st, 2018, 9:59 pm É que eu não suporto os ditos críticos de cinema oficiais, dos jornais portugueses, que são muito bem pagos, mas a meu ver só têm merda na cabeça, e escrevem como robots a lerem um guião, de forma previsível (não vejo os malandros a falarem de filmes jugoslavos dos anos 60). Imaginariam vocês que algum desses caramelos do jornal Expresso, Público, etc. que se auto-intitulam críticos de Cinema, alguma vez perderiam o seu tempo a pegar no mais antigo filme de ficção português, corrigir a sua velocidade e escolher uma música "bacana"/"apropriada" como eu fiz?

Já escrevi o suficiente para "bom entendedor". :-) Não fará falta eu escrever mais...

Fora o agradecimento ao Rui Santos, que é inteiramente justo e merecido, já sabes que não concordo contigo em nenhuma destas opiniões (para além de considerar, neste comentário em particular, que estás errado num aspecto: eles não se "auto-entitulam" de nada - é mesmo a profissão deles, como os "estanqueiros" de que falas no outro tópico :mrgreen:. não é presunção, é atribuição profissional). Em todo o caso, se tens mesmo interesse em denunciar essa situação que te irrita, seria importante colocares por escrito a questão à Cinemateca Portuguesa, pois residirá aí a "jurisprudência" sobre o assunto, a não junto dos críticos enquanto colaboradores/assalariados nos jornais onde existe esse departamento, e que se debruçam essencialmente, se não completamente, sobre os filmes que são lançados no circuito comercial de cinema.

Gostaria até muito que o fizesses, para poderes conhecer a posição oficial da entidade credênciada para o efeito sobre o modo ou modelo de preservação, tratamento e divulgação destes filmes mais antigos - e porque deliberam preservar a velocidade de passagem das frames. É que acho que não vais encontrar grupo de pessoas com mais amor ao cinema do que aí. Parece-me gratuito, injustificado e simplista atirar para o ar que "só têm merda na cabeça".

Fica a proposta.
Sam, tu levantas várias questões...

Julgo que estamos de acordo em relação ao meu elogio ao Rui Santos.

Em relação aos críticos profissionais de cinema portugueses, nós nunca iremos chegar a acordo e o nosso debate já tem muitos anos.

Fica a minha dúvida acerca dessa história dos profissionais portugueses receberem dinheiros de fundos europeus comunitários, para depois nem saberem restaurar um filme a 12 ou 18 fps. Ok! Eu não tenho provas nem pretendo meter-me com essa máfia que são sobrinhos de algum ministro. Apenas exijo o direito à liberdade de expressão de dizer que técnicos de cinema portugueses que restauram filmes de 1911 a 24 fps só têm merda na cabeça, são imbecis, palermas e atrasados mentais. :-D

Eu não sou técnico nenhum, mas para mim foi fácil ajustar o frame-rate do filme português de 1911. Qual será a desculpa desse tal técnico da Cinemateca Portuguesa, que se calhar só tem o emprego com uma cunha de merda, à boa maneira portuguesa de corrupção, do nosso triste país, que é tão idiota e otário que não sabe que fez merda em restaurar este filme acelerado para 24 fps? :-)

EDIT: Eu não sou nacionalista nem patriota, o limite do meu dever patriótico será recomendar o queijo amanteigado de Seia a um apreciador estrangeiro ou este filme português de 1911 a um cinéfilo estrangeiro que goste de história do cinema. Esses técnicos portugueses que restauraram este filme com os fotogramas errados, são palhaços, que obtiveram o cargo através de cunhas, que destroem o património português, perante o resto do mundo. Isso eu não aceito e trata-se de mais um caso de alta corrupção política em que algum ministro meteu uma cunha para um sobrinho idiota restaurar filmes portugueses na cinemateca. Por mim tudo bem, pois já tenho a versão com a velocidade correcta para estrangeiro ver, no meu canal do You Tube. Eu não sou idiota nem filho de ministro e sei ajustar um filme mudo para a velocidade correcta.
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