The Majestic (2001) - Frank Darabont

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JoséMiguel
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The Majestic (2001) - Frank Darabont

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https://en.wikipedia.org/wiki/The_Majestic_(film)
http://www.imdb.com/title/tt0268995/

Descrição

O enredo é demasiado complexo e rico para permitir uma sinopse, mas a história envolve um argumentista de Hollywood em 1951, que inicialmente é forçado a escrever enredos para atrasados mentais (ver nota abaixo com justificação e screenshot com legenda portuguesa), pelos produtores do estúdio e que depois é acusado de ser comunista e banido pelos estúdios de Hollywood.

O filme muda de rumo uma primeira vez quando ele perde a memória e é confundido com um soldado desaparecido em combate numa pequena vila rural, o que será o segundo tema do filme.

Um outro tema será a House Committee on Un-American Activities e o Macartismo...

Nota:

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O argumentista de Hollywood é forçado a aceitar que os donos dos estúdios trucidem os argumentos dos filmes deles, injectando a fórmula previsível de Hollywood, que ele considera ser para idiotas.

Trailer



Curiosidades - Realizador e Produtor

https://en.wikipedia.org/wiki/Frank_Darabont

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Frank Darabont
Frank Árpád Darabont (born Darabont Ferenc Árpád; January 28, 1959) is a French-Hungarian-American[1] film director, screenwriter and producer who has been nominated for three Academy Awards and a Golden Globe Award. In his early career he was primarily a screenwriter for horror films such as A Nightmare on Elm Street 3: Dream Warriors, The Blob and The Fly II. As a director he is known for his film adaptations of Stephen King novels such as The Shawshank Redemption, The Green Mile, and The Mist.

(...)Darabont was born in a refugee camp in 1959 in Montbéliard, Doubs, France. His parents fled Hungary after the 1956 Hungarian Revolution. When he was still an infant, his family moved to the United States, settling in Chicago. When Darabont was five the family moved to Los Angeles.[1] Darabont was inspired to pursue a career in film after seeing the George Lucas film THX 1138 in his youth.[2] Darabont graduated from Hollywood High School in 1977 and did not attend college.[3] His first job after finishing school was working at the famed Hollywood Egyptian Theater at the concession stand and as a seat finder, watching movies for free. (Wikipedia)
JoséMiguel
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Re: The Majestic (2001) - Frank Darabont

Post by JoséMiguel »

Um filme com duas histórias

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Esta obra é super interessante, original e insólita na medida em que combina duas histórias de tons completamente diferentes, que normalmente não se juntam num só filme, chamada de atenção para a sua duração de 152 minutos, que permite desenvolver ambas as histórias.

Trata-se de um filme muito comercial, como são todos os filmes deste realizador Frank Darabont, mas feito sem fórmula cliché de Hollywood. Além de realizador e produtor, o Frank Darabont é também argumentista e não gosta de fórmulas, ele escreveu o argumento para os filmes "Saving Private Ryan" e "Mary Shelley's Frankenstein", este último é a única adaptação fiel e digna ao livro de ficção científica "Frankenstein", produzido a pedido do Francis Ford Coppola.

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A história número 1 denuncia a podridão do sistema de estúdios da dita "Golden Age" do cinema americano (a meu ver a única Era Dourada desse período eram os lucros fabulosos e não a qualidade do cinema que ainda estava na primeira Idade das Trevas em muitos aspectos, alguns até mesmo criminosos, como a ideologia racista de extrema direita) e a Caça às Bruxas do Macartismo, num período negro em que os EUA não eram um país livre.

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Em contraste à seriedade da primeira história, o grosso do filme é dedicado à história número 2, num período intermédio em que o argumentista (personagem principal do filme) sofre de amnésia. Aqui o tom é mais ligeiro, lamechas e bonitinho a fazer lembrar o filme "The Green Mile", outro filme deste realizador.

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A propósito, eu diria que o factor de entretenimento deste "The Majestic" não é tão alto como no "The Green Mile" ou o "The Shawshank Redemption", os filmes mais famosos do realizador, mas vê-se logo que o realizador é o mesmo pela qualidade geral do filme e sua fácil acessibilidade e agradabilidade (cinema muito comercial). Por outro lado este é o filme com aspectos mais sérios e com mensagem mais importante dos três, embora a abordagem seja ligeira.

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Falarei um bocadinho da história nº2 (Amnésia), aqui o género é o melodrama e suspense, o argumentista que perdeu a memória num acidente é um sósia de um soldado desaparecido em combate, na 2ª Guerra Mundial. O protagonista é acolhido pelo pai do soldado desaparecido, que era dono do cinema em ruínas lá da vila, e que tinha perdido o gosto pela vida, numa bela interpretação do Martin Landau já envelhecido (o comandante Koenig do Espaço 1999).

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Juntos começam a restaurar e a arranjar o velho cinema "Majestic", num sub-plot que evoca o "Cinema Paraíso"...

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O que é interessante notar é que ambas as duas histórias do filme são sobre Cinema, quando o protagonista tem memória é feita crítica aos argumentos para atrasados mentais (no filme é usado o sinónimo idiota) impostos pelos donos dos estúdios e crítica da caça aos comunistas/bruxas. Na parte da amnésia temos uma história da restauração de um cinema.

Este filme é um trabalho de amor ao cinema, por um realizador cujo primeiro emprego em rapazinho foi andar com uma lanterna a dirigir os espectadores para as suas cadeiras, numa sala de cinema, para poder ver filmes de borla. Este Frank Darabont é um homem muito diferente de um empresário engravatado de Hollywood, esse para mim é um vilão e inimigo da 7ª Arte, que vê o Cinema como um negócio e um filme como um produto.

Sobre este assunto, irei mostrar agora um excerto deste filme para educar os leitores mais distraídos do DVD Mania, de como os executivos de Hollywood se reúnem numa sala e dão ordens para criar filmes para atrasados mentais. Eu fui recentemente criticado neste fórum por dizer as verdades, e parece-me que possa existir algum desconhecimento do funcionamento de Hollywood por estas bandas:



Esta situação de 1951 ainda persiste hoje em dia, por exemplo na Paramount onde os executivos "engravatados" despediram toda a enorme equipa que escrevia histórias do Star Trek e contratou o realizador J.J. Abrams.

Mas este "The Majestic" não é um filme de um "grande estúdio" (que eu considero vilões) de Hollywood, porque foi produzido pelo próprio realizador e a Warner Bros. apenas agiu como distribuidora e financiadora, mas confesso que não sou grande entendido nessa confusão de produtores e associações de estúdios, e possa estar a cometer aqui alguma gaffe.

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https://en.wikipedia.org/wiki/McCarthyism

O aspecto mais poderoso do filme é a denúncia do Macartismo e seu efeito no Cinema norte-americano, embora o filme não seja pesado e aparentemente sério, esta obra não tolera o que foi feito em Hollywood nos anos 50, quando o Cinema era usado como uma arma de propaganda contra a União Soviética e contra o próprio povo americano.

Todos devemos aprender com os erros passados dos outros países, e nunca esquecer para que a história não se volte a repetir com o "Patriot Act" do presidente George W. Bush e a caça ao homem Edward Snowden. O crítico Roger Ebert foi um dos poucos críticos profissionais que elogiou este filme e lhe deu uma nota muito alta, quando as massas dos críticos e do público andavam a dizer mal deste filme.

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Eu atribuo essa confusão na crítica profissional, ao tom ligeiro de um filme que aborda o tema sério da suspensão da liberdade constitucional, mas tal como o Ebert eu aprecio o alcance que um filme ligeiro comercial, com uma história romântica, possa ter em fazer chegar a mensagem às massas, que de outra forma não iriam ver um filme sério e pesado sobre o mesmo tema importante.

Vou mostrar um excerto do protagonista (argumentista na black list de Hollywood) a defender-se da famigerada caça às bruxas na House Committee on Un-American Activities, onde poderão constatar que o personagem se comporta como o herói Edward Snowden, que não aceita ver o seu país a atravessar um estado policial, em que a constituição é suspensa ou contornada.



Para concluir, quero dizer que recomendo muito este filme, que é um exemplo de bom cinema norte-americano inovador e original.

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