http://www.imdb.com/title/tt0066730/?ref_=nv_sr_3
Filme baseado em fatos reais de um serial killer que habitava em Nothing Hill no pós WWII, um excelente representante deste género de filme e do género horror.
Apesar de Fleischer ter feito vários filmes da temática do fantástico, um dos destaques deste filme é a sua abordagem realista e fatual ao tema, estilo pão pão, queijo queijo. Vários fatores contribuem para isto: as filmagens em exteriores do beco Rillington Street são reais, on location na rua e incluindo a fachada da casa real onde ocorreram os crimes, o que acrescenta logo um ingrediente horripilante à coisa.
Os desempenhos e os aspetos técnicos do filme não incluem grandes floreados, é tudo bastante direto e trabalhado para ser o mais natural possível e aqui reside muito do poder do filme, a calma e a posse de gentleman da personagem do Richard Attenbourough em quase todos os momentos são de arrepiar, elevando-o ao panteão dos grandes vilões neste género de filme. Hurt também está excelente no papel de jovem ileterado e ingénuo/pouco inteligente que acaba por ser sugado pelos acontecimentos e sem qualquer preparação para contrariar o desenlace.
Esta calma e naturalidade da narrativa nota-se claramente no ritmo lento do filme, boa parte da duração prende-se com as rotinas dos habitantes do prédio, a parte criminal é sempre abordada de forma séria, ou seja, nada de gore ou exploitation. No fundo, o filme decorre quase como um documentário dos fatos, não são procuradas respostas nem avançadas explicações, as coisas simplesmente vão acontecendo. Tudo no filme é bastante contido, o que aumenta bastante o seu efeito em quem não for simplesmente atrás do gore, esses vão ter as expetativas goradas (olha o belo do pun não intencional). Como li no imdb acho, é como comparar o Psycho com o Frenzy.
Acrescenta ainda a importância do caso, que lançou uma moratória de 5 anos na pena de morte e acabou por ser decisivo para a abolição da pena de morte na Inglaterra. É difícil não ficar perturbado com as sequências de tribunal e a forma como o caso é (mal) conduzido pelo Estado.