Manchester by the Sea (2016) - Kenneth Lonergan
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Manchester by the Sea (2016) - Kenneth Lonergan

http://www.imdb.com/title/tt4034228/?ref_=nv_sr_1
Enfim estreou um dos filmes mais aguardados da temporada, e que filme este! Tal como o trailer mostra, Lee Chandler regressa à sua cidade natal pois fica encarregue da custódia do seu sobrinho. No início do filme a personagem é alguém desleixado com o seu trabalho, antisocial e envolvendo-se em rixas de bares. Alguns flashbacks irão explicar como ele se tornou assim e o homem que hoje vemos é o resultado de uma enorme tragédia pessoal.
Tirando o sobrinho garanhão de liceu, todas as personagens do filme são pessoas que foram destroçadas pela vida pelas mais variadas razões.
O filme vive sobretudo de um guião brilhante e de interpretações assombrosas, com destaque evidente para Casey Affleck, que a não ganhar o Óscar será o maior roubo de igreja em anos. Mas Michelle Williams também está impecável, a última cena em que os dois aparecem juntos é de quebrar o coração e deve ser das coisas mais bem escritas que vi em muito, mas mesmo muito tempo.
As personagens do filme são (muito) imperfeitas e o guião também segue isso, aparecem apontamentos que muito raramente vemos nos filmes, mas que ajudam a dar a riqueza que o filme possui e a densidade narrativa e psicológica como o Lee esquecer onde estacionou o carro enquanto conversa com o sobrinho, a forma como brincam com uma bola numa rua inclinada, etc...
É um filme pesado que lida com a dor e com o luto, mas sempre de forma muito honesta e sem cop outs, chegando a uma conclusão lógica e inivitável
Tenho pensado bastante no filme desde que o vi e apenas a cena com o Matthew Broderick era escusada, sem ela o filme seria basicamente o mesmo. É daqueles que vai fervendo lentamente mas que nos atinge com toda a força na altura devida, fica muito perto/ é obra prima.
CC - 174 MoC - 73 BFI - 21
Re: Manchester by the Sea (2016) - Kenneth Lonergan
Desde que começou a ser anunciado que aguardava com alta expectativa este filme - apesar de não saber quem é o Lonergan (antes deste filme, nunca tinha ouvido falar dele). Ainda assim, não achei o trailer particularmente cativante, mas isso não quer dizer nada. Assim que tiver oportunidade vejo-o para poder comentar.
«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.
«One is starved for Technicolor up there.» - Conductor 71 in A Matter of Life and Death
Câmara Subjectiva
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Re: Manchester by the Sea (2016) - Kenneth Lonergan
Já tinha visto o You Can Count on Me do Kenneth Lonergan há uns anos, mas nem associei quando vi o Manchester by the Sea!
Pelo que vi até agora o Casey Affleck leva mesmo o Óscar, e a Michelle Williams é uma séria candidata. Ambos protagonizam uma das melhores e mais poderosas cenas que vi recentemente!
Pelo que vi até agora o Casey Affleck leva mesmo o Óscar, e a Michelle Williams é uma séria candidata. Ambos protagonizam uma das melhores e mais poderosas cenas que vi recentemente!
Re: Manchester by the Sea (2016) - Kenneth Lonergan
Já vi. Desilusão parcial. Estava à espera de muito melhor. Os trailers, apesar de esconderam os factos narrativos mais relevantes (e ainda bem, porque foi tudo praticamente surpresa para mim), acabam por reflectir em boa medida as tonalidades emocionais que se vão desenrolando. Desagradaram-me essencialmente duas coisas: 1. a mistura mal medida entre o "humor light" que preenche uma boa parte da relação entre tio e sobrinho e o desespero negro, agonizante e colossal da dor que depois se revela em duas ou três situações específicas (uma delas com um acompanhamento sonoro "clássico" que nos atinge como um martelo no coração); 2. três personagens a quem me apetece dar um par de estalos. E depois repetir a dose uma série de vezes. As interpretações estão bastante boas em geral, mas detestei estas três personagens: tio, sobrinho, e mãe do sobrinho. Passei o filme a rogar pragas aos dois primeiros. O Casey Affleck tem uma boa interpretação (e vai levar o Oscar, é certinho), mas não achei o "tão, tão, tão" que por aí se proclama - é ele a fazer dele próprio, como na maioria dos filmes em que participa, naquele estilo meio tímido e ausente, com a voz irregular e engasgada, e aqui numa personagem mesmo à medida das suas características - pareceu-me que não lhe custou nada entrar no papel.
É inegável que tem bons momentos, e bons momentos dramáticos, mas soube-me, no final, a sopa "mal lavada", que no aprofundamento da tal dor colossal se fica apenas pelo vazio da cara do Affleck, pela paisagem "marítima" da povoação, e por duas ou três frases de situação muito bem encaixadas no contexto.
7/10
É inegável que tem bons momentos, e bons momentos dramáticos, mas soube-me, no final, a sopa "mal lavada", que no aprofundamento da tal dor colossal se fica apenas pelo vazio da cara do Affleck, pela paisagem "marítima" da povoação, e por duas ou três frases de situação muito bem encaixadas no contexto.
7/10
«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.
«One is starved for Technicolor up there.» - Conductor 71 in A Matter of Life and Death
Câmara Subjectiva
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Re: Manchester by the Sea (2016) - Kenneth Lonergan
Ganhava claramente se lhe tirassem pelo menos uns 20-25 minutos de filme. A momentos torna-se muito pastelão, quase a chegar ao repetitivo quando a mensagem era bem clara. Sem esse minutos talvez desse uma estrutura mais compacta e sólida onde o drama poderia funcionar muito melhor. Arrastou-se sem qualquer necessidade.
Depois também falha ali um pouco na introspectiva de todos aqueles problemas e feridas graves que nos levam a estar com o actor e com aquilo que ele passou, mas parece que nos deram o inicio o fim disso, mas o meio foi muito vazio. Pouco ligação do que se iam passando à sua volta. Não se consegue tirar ou neste caso absorver tanto quanto se devia.
7/10
Depois também falha ali um pouco na introspectiva de todos aqueles problemas e feridas graves que nos levam a estar com o actor e com aquilo que ele passou, mas parece que nos deram o inicio o fim disso, mas o meio foi muito vazio. Pouco ligação do que se iam passando à sua volta. Não se consegue tirar ou neste caso absorver tanto quanto se devia.
7/10
Re: Manchester by the Sea (2016) - Kenneth Lonergan
Visto à uns dias na box.
Perdi o filme em sala e não merecia.
Na globalidade,muito,muito bom.Estou inteiramente de acordo com o Paupau quase sem tirar nem pôr.
Não é uma obra prima mas anda lá perto.
Lonergan fez "Podes Contar Comigo" que é um bom filme longe de altos voos e também foi ele que escreveu o fabuloso "Gangs de Nova York" para Martin Scorsese.
No caso de Manchester tem um grande,grande trabalho quer de guião quer de diretor de atores.
Casey Afleck tem um notável desempenho e o mesmo se passa com os outros atores.
Affleck transborda e dá à personagem uma repressão tímida,uma furiosa energia contida e quase obsessiva.Uma garra contida que é estupendamente extraída por Lonergan de Affleck.
No global Manchester by the Sea é um filme que devia ser o pão nosso de cada a dia mas infelizmente é cada vez mais raro de acontecer e de filmar.Um notal ensaio sobre a desagregação dos diversos pilares de uma família e como isso alastra a todos os seus elementos seja novos sejam velhos.É essa proeza que Lonergan consegue concretizar de uma forma fabulosa.
Affleck,Williams e o miúdo têm uma relação cheia de "quases" cheia de "nadas" que na prática são tudo que é de importante na relação de uma família. É um filme sobre a família e as diversas peripécias que acontecem quando surpresas repentinas e importantes acabam por surgir de uma forma inesperada e que desencadeiam sentimentos que não pensávamos ser possíveis.Talvez seja muito palavroso às vezes e também não é tecnicamente requintado ou apelativo como devia ser mas isso não diminui o prazer que dá ver esta história.
Fosse mais arrojado em termos formais e talvez fosse perfeito,mesmo assim é um ensaio poderoso, uma reflexão potente sobre o que nos é caro e o que nos diz mais.É um filme sem vilões ou heróis são todos de carne e osso e vários dramas incorporados num só mesmo. É,em certa medida um filme atual,maduro,pertinente um verdadeiro confronto de várias personalidades sobre as nossas perdas pessoais.
Um filme a ser visto sem reservas e altamente recomendado.
Nota:8 em 10
Perdi o filme em sala e não merecia.
Na globalidade,muito,muito bom.Estou inteiramente de acordo com o Paupau quase sem tirar nem pôr.
Não é uma obra prima mas anda lá perto.
Lonergan fez "Podes Contar Comigo" que é um bom filme longe de altos voos e também foi ele que escreveu o fabuloso "Gangs de Nova York" para Martin Scorsese.
No caso de Manchester tem um grande,grande trabalho quer de guião quer de diretor de atores.
Casey Afleck tem um notável desempenho e o mesmo se passa com os outros atores.
Affleck transborda e dá à personagem uma repressão tímida,uma furiosa energia contida e quase obsessiva.Uma garra contida que é estupendamente extraída por Lonergan de Affleck.
No global Manchester by the Sea é um filme que devia ser o pão nosso de cada a dia mas infelizmente é cada vez mais raro de acontecer e de filmar.Um notal ensaio sobre a desagregação dos diversos pilares de uma família e como isso alastra a todos os seus elementos seja novos sejam velhos.É essa proeza que Lonergan consegue concretizar de uma forma fabulosa.
Affleck,Williams e o miúdo têm uma relação cheia de "quases" cheia de "nadas" que na prática são tudo que é de importante na relação de uma família. É um filme sobre a família e as diversas peripécias que acontecem quando surpresas repentinas e importantes acabam por surgir de uma forma inesperada e que desencadeiam sentimentos que não pensávamos ser possíveis.Talvez seja muito palavroso às vezes e também não é tecnicamente requintado ou apelativo como devia ser mas isso não diminui o prazer que dá ver esta história.
Fosse mais arrojado em termos formais e talvez fosse perfeito,mesmo assim é um ensaio poderoso, uma reflexão potente sobre o que nos é caro e o que nos diz mais.É um filme sem vilões ou heróis são todos de carne e osso e vários dramas incorporados num só mesmo. É,em certa medida um filme atual,maduro,pertinente um verdadeiro confronto de várias personalidades sobre as nossas perdas pessoais.
Um filme a ser visto sem reservas e altamente recomendado.
Nota:8 em 10
"Sempre as horas,as horas,as horas......"