T2: Trainspotting (2017) - Danny Boyle

Discussão de filmes; a arte pela arte.

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Samwise
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T2: Trainspotting (2017) - Danny Boyle

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No Expresso:
18 minutos com Irvine Welsh:“‘Trainspotting 2’ não vai ser um filme para putos” . O escritor que inventou “a casa de banho mais nojenta da Escócia” falou-nos de “Trainspotting 2”, a sequela que Danny Boyle, vinte anos depois do filme-matriz, acaba de rodar com o mesmo elenco.

ENTREVISTA
Ele é de Leith, bairro proletário de Edimburgo, teve uma adolescência no fio da navalha, regada a sexo, drogas e rock’n’roll, e tornou-se conhecido por descrever com genuína rudeza o que viu e viveu. Em 1996, atingiu um momento de rara glória cinematográfica quando Danny Boyle adaptou ao grande ecrã o seu best-seller: “Trainspotting”. Escreveu depois uma sequela para Mark “Rent Boy” Renton (Ewan McGregor), Daniel “Spud” Murphy (Ewen Bremmer), Simon “Sick Boy” (Jonny Lee Miller) e companhia. Chamou-lhe “Porno”. As personagens e os lugares continuavam os mesmos, mas o vício da heroína (dos agora desintoxicados) fora substituído pela dependência do sexo e a indústria à sua volta. A latrina mudara de aspeto... O filme, esse, tardou a ser feito. Danny Boyle rodou-o agora, duas décadas depois do original. Vai estrear-se no início de 2017.

Qual foi a sua função em “Trainspotting 2”, além de ser o autor do livro e, digamos, o ‘líder espiritual’ de todo o projeto?
Tive mais do que uma tarefa. Discutimos muito o argumento que o John Hodge [colaborador habitual de Danny Boyle] escreveu a partir de “Porno”. Na discussão, tive o cuidado de não querer impor a minha vontade. Também ajudei a equipa a escolher os locais de rodagem, abri-lhes muitas portas, apresentei-os ao underground atual de Edimburgo, ou o que dele resta. O filme passa-se sobretudo nesta cidade. E também em Glasgow. A rodagem começou em maio.

Qual é a diferença de produção mais saliente entre este e o filme que Boyle rodou há 20 anos?
O dinheiro. Temos muito mais agora, carradas dele se compararmos os dois orçamentos. Eu mudei de estatuto porque agora fizeram de mim um produtor executivo. Meto as mãos na massa. Faço parte da ‘máquina’, participo da promoção do trabalho, essas coisas. Mas o Danny não é pessoa de esbanjar, antes pelo contrário, mais dinheiro na mão significa para ele mais trabalho, mais ideias, mais tempo de rodagem, mais problemas.

“Trainspotting” teve o condão de encapsular como poucos o tempo em que foi feito — os anos 90. Acha que as personagens do filme podem sobreviver fora desse tempo?
Essa é a questão central que me coloquei quando escrevi “Porno” e que surgiu de novo para o filme. É que toda a gente ainda se lembra das personagens. Tinham alcunhas bizarras, “Spud”, “Renton”, “Sick Boy” mas quando as pessoas me encontram no metro em Londres, ainda hoje, vêm-me falar delas como se as tivessem conhecido ontem, como se fossem gente lá de casa.

Acha que o próprio filme acabou por moldar o seu estilo de escrita, influenciando os livros que publicou a partir de 1996, como “Porno”, por exemplo?
Isso é interessante porque quando escrevemos um livro não temos exatamente uma cara para as personagens na cabeça. Só que eu passei a ter... Não posso mais pensar no [Francis] Begbie sem me lembrar da cara do Robert Carlyle. O filme impôs-se no inconsciente de quem o viu e as suas imagens acabaram por influenciar-me.

O que é que diria se lhe pedissem uma sinopse de “Trainspotting 2”? Que filme é este?
É uma história da Edimburgo atual onde o Renton, o Begbie, o Sick Boy e o Spud se reencontram, lançando-se depois na indústria pornográfica de uma forma que, no mínimo, é inovadora...

Cresceu num bairro social dessa cidade. O cinema era importante para si quando era miúdo? Que filmes via?
Ah, sim, havia o futebol e o cinema. Antes de começar a ir ver os jogos do Hibernians, frequentava os cinemas de bairro, que hoje se transformaram em pubs, outros já nem existem. Tenho boas memórias dos James Bond, sobretudo os da fase Sean Connery, que é um herói da cidade. Lembro-me dos filmes de Bruce Lee. E do cinema porno da esquina, que se chamava Classic, e no qual nos conseguíamos infiltrar a partir dos 13, 14 anos, por aí. Não havia um controlo muito rigoroso à entrada.

Quando chegou a adolescência, rumou a Londres...
A minha adolescência coincidiu com os anos 70. E depois veio o punk. Respondi a esse apelo, que foi muito intenso para mim e para as pessoas que tinham crescido como eu. Deixei a Escócia e fui para Londres, claro. O punk era tudo. Uma música com a qual nos identificávamos. Ter uma banda era quase obrigatório. E não era uma coisa de modas, mas sim um espírito, um sentimento muito forte que os filhos de toda a classe média partilhavam. Acho que o cinema nunca conseguiu captar essa energia, aquilo que então vivemos.

“Trainspotting” foi à sua medida uma tentativa de continuar o punk, 20 anos depois?
Houve um momento em que pensámos que tínhamos reinstaurado uma nova cultura marginal. Tínhamos esse filme como emblema, havia novas bandas a dar cartas, íamos ficar finalmente livres do legado de Thatcher. Não nos demos conta de que o filme acabaria por representar antes um requiem para a cultura britânica à beira da globalização.

Essas memórias influenciaram “Porno”?
Não diretamente, mas ainda não pensei nisso. De qualquer forma, “Trainspotting 2” não é uma adaptação rigorosa do livro. Tem a sua própria vida. Os atores ficaram bastante satisfeitos com o argumento, em especial o Ewan McGregor.

Escreveu “Porno” em 2002, seis anos após “Trainspotting”. Mas o filme só aparece agora. Entretanto, muito se escreveu sobre esse atraso. Houve uma fase em que Danny Boyle e Ewan McGregor estavam de costas voltadas. Esta diferença de tempo não influencia tudo?
Influencia muita coisa. E como nós somos teimosos e nos dissemos que o filme não faria sentido se não fosse interpretado pelos mesmos atores, as diferenças são bem visíveis: estão nas caras deles. Nos anos 90 aquelas personagens julgavam-se invencíveis. O tempo, entretanto, tornou-as mais vulneráveis. Eu acho que há sempre um risco quando se faz uma sequela, mas é difícil prever esse risco quando a sequela surge vinte anos depois. Temos de esperar para ver.

Acha que “Trainspotting 2” vai correr bem?
Espero que sim, mas não ponho as mãos no fogo. Sei que a geração de “Trainspotting” cairá em peso nas salas mas... nós somos quantos agora? “Trainspotting 2” não vai ser um filme para putos. Para os putos de agora. Aliás, a piada maior disto tudo vai ser ver a reação dos que nasceram nos anos 90 e que, por causa disso, não têm uma memória dessa década nem uma ligação ao primeiro filme. O que vão pensar? Que nos recusámos a envelhecer? Espero que eles não fiquem com aquela sensação nostálgica de quem está a folhear um álbum de família.
Aproveito o tópico aberto pelo Samwise para dar mais info sobre o filme.

http://www.imdb.com/title/tt2763304/
https://en.wikipedia.org/wiki/T2:_Trainspotting_2

Nota: Mais para a frente farei uma edição mais completa.
«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.

«One is starved for Technicolor up there.» - Conductor 71 in A Matter of Life and Death

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TEASER TRAILER



Estreia prevista dia 27 de Janeiro de 2017 no Reino Unido e dia 3 de Fevereiro nos E.U.A
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TRAILER INTERNACIONAL



Nota: Alterei o título do tópico.
mansildv
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Re: T2: Trainspotting (2017) - Danny Boyle

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Choose life. Choose one of Empire’s four T2 Trainspotting covers

http://www.empireonline.com/movies/news ... re-covers/
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Re: T2: Trainspotting (2017) - Danny Boyle

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T2 Trainspotting: see three world-exclusive new images

http://www.empireonline.com/movies/news ... ew-images/
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Re: T2: Trainspotting (2017) - Danny Boyle

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T2 Trainspotting (2017) - 8.5/10

Como seria de esperar não está ao nível do antecessor (tarefa quase impossível, obra-prima!), mas tem alma que chegue para compensar as falhas e é mesmo uma boa, digna sequela!
Além disso, está muito bem realizado, com a típica montagem/banda sonora do Danny Boyle. Beneficia muito em trazer de volta o mesmo elenco, realizador e argumentista, e estabelece boas ligações com o original.
O efeito nostálgico é brutal, principalmente para quem idolatra o original.
Recomendo sem reservas!
mansildv
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Re: T2: Trainspotting (2017) - Danny Boyle

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Why Danny Boyle Wants a 'Trainspotting' Spinoff Over a Third Film

http://www.hollywoodreporter.com/news/t ... ays-986618
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Re: T2: Trainspotting (2017) - Danny Boyle

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Re: T2: Trainspotting (2017) - Danny Boyle

Post by drakes »

Sobre a continuação, vale principalmente pelas atuações, Ewen Bremner brilhante, mas todas muitas boas até as pontas, roteiro muito amarrado, não apenas é uma continuação, é um novo filme com referências.

Pretendo rever em breve, é um dos tops filmes do ano.
PanterA
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Re: T2: Trainspotting (2017) - Danny Boyle

Post by PanterA »

Vive sobretudo da nostalgia. Consegue sacar algumas cenas porreiras (Raging Spud - desmanchei-me a rir), com um ou outro momento peculiar mas no geral acaba por ser uma reunião sem grande fundamento. Pelo que vi, e para quem leu o livro, referem que passaram ao lado de algo que podia ser quase tão bom como o 1º mas o Boyle preferiu uma abordagem mais simplória e directa. E nota-se que a nível de história aquilo tem ali arcs que parece que foram amarradas a cuspe.
Outra coisa que não gostei mesmo nada, mas aqui já é mesmo opinião pessoal, foi como destruíram o Renton. Como personagem apenas teve o actor e pouco mais, de resto foi algo básico sem os maneirismos e tiques conhecidos. Ok, foi aquela que mais amadureceu no tempo e tudo mais, mas vê-lo desta maneira não sabe nem é a mesma coisa.

Consigo-lhe dar um 7/10, mas é daqueles que com o passar das horas a nota vai sempre descendo. E talvez não desça logo no imediato, porque é algo que não ficou na cabeça para estares a pensar muito nele.
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