L'Ombre des Femmes (2015) - Philippe Garrel
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L'Ombre des Femmes (2015) - Philippe Garrel

http://www.imdb.com/title/tt3651326/?ref_=fn_al_tt_1
Pierre and Manon are a pair of poor documentary makers, who scrape by with odd jobs. When Pierre meets young trainee Elisabeth, he falls for her, but wants to keep Manon at the same time. But the new girl in his life finds out that Manon has a lover. When she tells Pierre, the time comes for difficult decisions all round.
TRAILER
«L'Ombre des Femmes» (À Sombra das Mulheres) por Duarte Mata
Para quem viu Ciúme, o anterior filme de Philippe Garrel, apercebeu-se que o cineasta quebrava parcialmente a fórmula que vinha seguindo há mais de uma década, na medida em que o seu protagonista, ao confrontar-se com o desespero, escolhia viver e não sucumbir ao suicídio. Admirasse-se ou não essa (belíssima) obra, a questão ficava: estaria Garrel, após tantos filmes magoados e tétricos, a tornar-se esperanço, isto é, a deixar os seus protagonistas encontrarem uma chance na redenção? À Sombra das Mulheres, o seu mais recente trabalho, era, portanto, imprevisível. E, de facto, trata-se de um objeto tão singular na carreira do cineasta francês que chega a ser uma rutura quase total dos seus últimos trabalhos, onde, para além de não ter qualquer momento improvisado, já nem há vestígios do experimentalismo dos anos 70, nem o derrotismo das histórias convencionais que se lhe seguiram. Agora é possível a reconciliação, a morte ao serviço do amor, e não o contrário.
A intriga envolve um realizador de documentários, Pierre, e a sua esposa, Manon, que o assiste. São pobres e estão a fazer um filme sobre um membro da Resistência francesa. Pierre começa a trair a sua mulher sem qualquer remorso. Até que provará do seu próprio veneno.
O elenco é fabuloso, Stanislas Merhar vem substituir Louis Garrel (aqui presente como narrador) que tinha vindo a ocupar o papel principal nos filmes do seu pai e faz todo o sentido que assim seja. Merhar transporta ao longo da hora e pouco de filme um rosto apático, próprio da misoginia e incapaz de nutrir qualquer paixão, ao contrário da faceta de Louis que mostrava genuína dor e ternura. Mas é Clotilde Courau o centro de gravidade do filme, representando na perfeição a ingenuidade e o engano da esposa. É ela, nesse misto entre ternura e aleivosia, que define os contornos da sombra feminina do título, atormentando gradualmente o narcisismo do protagonista masculino.
A expressividade visual, felizmente, mantém-se. À Sombra das Mulheres é belo, demasiado belo, indo ao cerne dos sentimentos pelos pequenos quadros que vai criando num preto-e-branco de majestosa melancolia. Puro e sincero, trata-se do filme de Garrel mais terno e feminista. E depois? Depois há aquele final, que só nos relembra o Viagem a Itália de Rossellini: na guerra de infidelidades (pois as personagens espiam-se por trás de prédios, como soldados prestes a atacar), o amor é quem resiste.
O melhor: A rutura total à fórmula que o realizador tem seguido nos últimos anos, dando um filme surpreendente e inesperado.
O pior: nada a apontar.
**** em *****
http://www.c7nema.net/critica/item/4504 ... -mata.html#
Filme que estreou no nosso país no passado dia 31 de Março.