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Valerian, apontamentos soltos de uma desilusão...
Depois de ler a crítica entusiástica e muito bem escrita do Alquimista fiquei com algum sentimento de "culpa" por não ter gostado tanto assim do Valerian mas na verdade e como muito bem diz o siroco o Luc Besson tinha a papinha quase toda feita e uma excelente "papinha" para dar um bom filme ou mesmo um bom
franchise... só que foi "guloso" e quis fazer um
pot-pourri do melhor de todos os álbuns e no meu ponto de vista exagerou um bocado... ou seja visualmente resulta, é hipnótico mas tentar apanhar todos o detalhes é isso é outra coisa ...e LB até poderá ter razão pois se calhar uma boa parte dos espectadores hoje vai ao cinema não tanto pela profundidade dos argumentos mas pelo que de inovador em termos visuais, sonoros ou outros efeitos de carácter imersivo (e inovador) os filmes possam ter... as pessoas querem novas experiências querem sempre ser surpreendidas mais e mais e a tecnologia CGI domina o cinema
maistream actual, quando deveria ser uma ferramenta passou a ser o fulcro da competição pelo dinheiro dos "clientes". Avatar pelo contrário será até básico no argumento mas foi surpreendente em termos tecnológicos terá facturado pipas de dólares
Mas este fenómeno de dificuldade em assimilar vária informação em simultâneo também me aconteceu com o universo de StarTrek por exemplo, depois do primeiro filme comecei a perder o fio à meada e desliguei, deve ser um
handicap meu!? não sei... com o crescimento deixei de gostar tanto de FC fantasia e passei a gostar de FC com um pendor de antecipação científica 2001, Blade Runner, Alien, Solaris (sim eu sou masoquista e gosto do Solaris, levou tempo mas com persistência e uma boa edição BD comecei a gostar) A.I., Minority Report, Tomorrowland, Back to the Future, Gravity, Waterworld, Brazil, Sunshine, Ex Machina...
Super Heróis, Monstros e guerras mundiais com alienígenas
no tankxx.
Mas o filme não está mal, para quem aprecie
space opera é do melhor, eu é que deixei de gostar tanto como já gostei em tempos... e da saga StarWars nem quero falar pois sei que a ser sincero iria ofender os sentimentos de muitos foristas (ou apenas alguns que tivessem a paciência de ler estas "algarviadas" que escrevo)
E considero que é um filme importante para a industria de cinema europeu (francês pois ainda mais ninguém se atreveu), que mostra a Hollywood que aqui no velho continente também se domina a tecnologia CGI (os russos também já fazem umas coisitas) e eles estarão a perder terreno neste negócio muito lucrativo dos sonhos... (movido a capital chinês?)
Bom eu também já não tenho 10 anos e cá por casa só restam 6 volumes da colecção original da méribérica e nem serão os melhores (os outros, infelizmente foram de férias e não voltaram) : Estação Brooklyn..., Armas Vivas, O País sem Estrelas, As Iras de Hypsis, Sobre as Fronteiras e Os Pássaros do Senhor... e o encanto de há quase 40 anos foi-se desvanecendo... ainda gosto de os desfolhar e admirar a riqueza das vinhetas das pranchas, agora aprecio mais o traço algo expontâneo e rústico do Meziéres mas na altura gostava mais do estilo elegante do Carlos Gimenez no seu onírico Dani Futuro e posteriormente do Incal do Moebius que tenho completo.
Voltando ao filme e citando o Eurico de Barros no Observador:
" Era impossível que Luc Besson conseguisse emular de forma totalmente satisfatória a complexidade narrativa e a exuberância gráfica do universo dos agentes espácio-temporais de Mézières e Christian, e “Valérian e a Cidade dos Mil Planetas” é mais feliz no segundo departamento do que no primeiro. Isto embora o argumento (que foi beber a “O Embaixador das Sombras”), muito mais simplista do que qualquer das histórias dos álbuns, contemple vários dos temas constantes na série: a desconfiança para com militares e políticos, as preocupações ecológicas ou a visão muito crítica das ações dos humanos no contexto das relações intergaláticas. O o que não implica que as espécies alienigenas sejam todas idealizadas e pacíficas – longe disso.
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O ritmo mata-cavalos imprimido por Besson a “Valérian e a Cidade dos Mil Planetas” faz com que a acção se desgarre a espaços, a história se emaranhe aqui e ali e a realização se deslumbre pontualmente com a sua própria opulência visual. Mesmo assim, e com as reservas já apontadas (de que a escolha infeliz de Dane DeHaan é a maior), o filme é muito mais potável do que um apreciador da série de BD desde a primeira hora (como é o autor destas linhas) poderia temer, sobressaindo clara e positivamente de entre tudo o que tem sido feito nesta ingrata área das adaptações de BD franco-belga ao cinema. E que é melhor e tem mais personalidade e mais sumo do que 99,9% dos filmes Marvel e DC cujo modelo adota e a que quer dar luta no seu próprio território, isso é tão certo como o sol nascer e se pôr todos os dias.
Basicamente concordo com esta crítica ( EB tem mais de 50 anos de certeza e eu para lá caminho por isso é normal que me identifique com os seus pontos de vista)
Cá em casa querem até voltar a ve-lo (quando estiver disponível no VC do cabo/fibra) para perceberem melhor...ou seja ficaram osfuscados por todo aquele universo fantástico mas não perceberam muito do que estava a acontecer na tela. E já sei que vou ter que participar (como um daqueles dois velhos dos marretas que no final do show estavam sempre a patear e mandar bocas ;)
Bom, depois de toda esta lengalenga bastante desarticulada (mistura de emoção e incapacidade de fazer melhor) em que à semelhança do Besson (passe o pretensiosismo
) quis dizer tudo e acabei por talvez não conseguir fazer passar a minha mensagem acho que vou aproveitar a para rever a minha edição de Il Postino (mais conhecido pel'O Carteiro de Pablo Neruda).