Desabafos... (Off-TopiC)

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José
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by José »

mansildv wrote: July 9th, 2020, 10:18 pm Parece que há um exemplar do filme na FNAC do Chiado yes-)
salut-) yes-) yes-) Irei tratar disso o quanto antes, para que mo reservem e mo direccionem para a minha loja habitual. Obrigado, mansildv yes-)
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by mansildv »

José wrote: July 10th, 2020, 9:33 am
mansildv wrote: July 9th, 2020, 10:18 pm Parece que há um exemplar do filme na FNAC do Chiado yes-)
salut-) yes-) yes-) Irei tratar disso o quanto antes, para que mo reservem e mo direccionem para a minha loja habitual. Obrigado, mansildv yes-)
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by José »

mansildv wrote: July 10th, 2020, 2:46 pm
José wrote: July 10th, 2020, 9:33 am
mansildv wrote: July 9th, 2020, 10:18 pm Parece que há um exemplar do filme na FNAC do Chiado yes-)
salut-) yes-) yes-) Irei tratar disso o quanto antes, para que mo reservem e mo direccionem para a minha loja habitual. Obrigado, mansildv yes-)
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by Samwise »

Desculpem-me o off-topic - e o facto de não comentar o essencial desta conversa - mas adorei o The Congress.vi-o há poucos meses e foi uma das grandes surpresas cinéfilas dos últimos tempos (vão escasseando...). Sei que não é filme para todos, mas caiu-me no goto!
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by rui sousa »

technicolor wrote: July 9th, 2020, 9:35 pm Bom começando então pelos livros...
eu ainda sou do tempo... em que, começando a descer o Chiado a logo à direita havia a Livraria do Diário de Notícias,...
Sim, eram outros tempos... estava mais a referir que o estado desolador que o sector vai viver será o mesmo da crise anterior. São poucas livrarias que resistem tanto tempo (a Barata ainda lá está assim como outras que referiste), mas felizmente, outras têm surgido (Ler Devagar, Distopia, Tigre de Papel, Tantos Livros - que é basicamente as livrarias da Europa América com outro nome). Pobre de mim que o que sei que é uma sala grande de cinema é a do São Jorge. Não tive a oportunidade de entrar no primeiro Monumental ou no Império ou em tantos outros cinemas que só conheço pelas fotografias. Mas há ainda algumas coisas boas que resistem e que não podem ser abandonadas (no caso do cinema as pequenas salas independentes, no caso dos livros as várias livrarias - em Lisboa há muitas e em todo o país há algumas muito giras, o site da RELI é um bom itinerário). Até acho que o caso das livrarias nem é tão desolador como os cinemas, porque têm sempre aparecido algumas enquanto fecham outras. E no meu entender, e apesar de não ter vivido os fulgurantes tempos de edição dos anos 80/90, acredito que hoje a edição literária está excelente - nunca houve tanta variedade e tanta coisa boa para nos levar à falência. Se o negócio mudou? Sim, e muito. Mas também graças a isso conseguiste coisas boas. Durante décadas tinhas livros russos, japoneses, checos, etc, traduzidos a partir de versões condensadas em francês ou inglês, e agora isso já não acontece (pelo menos na maioria dos casos). Apesar de muitos livros serem caros tens outros a preços acessíveis (como os livros de bolso - hoje comprei um do Yukio Mishima nesse formato!).

O que não mudou (e é uma realidade desde sempre - era isto que também tinha querido salientar mas acho que não me expliquei bem) é o facto dos portugueses não serem grandes leitores, algo que se agravou com o crescente número de estímulos que nos rodeiam. Daí que eu próprio também precise de ler em papel: olhar para mais um ecrã leva-me a distracções que não vão ao encontro do prazer da leitura concentrada e sem adereços à volta a chatear (mas isto sou eu, que não tenho kindles, só tentei ler no telemóvel e custa-me ler o jornal dessa forma).
Rui, escutei com muita atenção o podcast ...
Desculpa ter insistido neste ponto, mas é que acho que o Hugo fez um ponto de situação até surpreendente, referindo que um dos grandes grupos editoriais que sorveu o mercado até à exaustão é que sairá mais prejudicado disto. E tal como outras editoras que se calhar deram um passo maior que a perna devido a várias razões. Já outras editoras de renome (como a estimada Relógio de Água, por exemplo) têm conseguido manter-se.

Continua a haver hipótese de negociar e publicar obras fantásticas inéditas em português. Olha o excelente trabalho da E-Primatur em divulgar obras de autores desconhecidos (como Victor Serge, Patrick Voss, etc) e de outras editoras. Há mesmo muita coisa boa a sair.

Alguns dos exemplos que dás são muito interessantes e eu desconhecia-os. Mas a questão é: já na altura compensavam essas grandes tiragens? Desde 2016 que a Porto Editora oferece livros da antiga Vampiro na feira do livro, e desde 2013 que vejo esses livros em múltiplas feiras de livro de rua. Não será que foram as tiragens excessivas (algumas talvez feitas para agradar certas negociatas?) um erro para muitas editoras? E que continuam a ser hoje, quando decidem imprimir 50 mil exemplares ou mais do "livro da moda" daquela semana em que por isso vende para aí 30 mil, e que, na outra, já não vende nem um exemplar?
Destaco ainda duas coisas que ouvi e que na minha opinião marcaram a entrevista (já com 2 meses quando o optimismo era maior); o "panorama horroroso" que se avizinha e "o desaparecimento de 40 a 60% de editoras e livrarias" palavras ditas pelo Hugo Xavier mais ou menos a meio da conversa. Certo que o tempo das grandes editoras em Portugal (com elevadíssimos custos fixos) passou, excepção para os grupos editoriais com várias chancelas, mas então agora quem vai arriscar-se a editar as grandes obras actuais?
Os consumidores/leitores retraem-se perante preços de 15 euros para cima. Bom, com tiragens pequenas de 1000 exemplares ou às vezes menos não há como contornar isso, os custos de produção por exemplar são obviamente mais altos, mesmo recorrendo a linhas de impressão digital para livro que recebem os ficheiros de um lado e fazem sair o livro encapado completo do outro extremo na quantidade pretendida. Mas são equipamentos caros adquiridos em leasing e cujo custo tem que ser amortizado o mais rápido possível e isso reflecte-se no preços praticados pelas gráficas que as possuem.
Mas as tiragens pequenas de 1000 exemplares são facilmente vendáveis, isto se a editora tiver criado um público de nicho que se interesse sempre pelo que vai saindo no seu catálogo (como a Antígona, por exemplo). Nesse caso consegues criar uma rede sustentável feita por 1000 pessoas que conseguem sempre gastar 15 euros por cada livro que compram. No entanto, lançar em 2020 o "Noites Brancas" do Dostoievski (conto de 40 páginas para aí) ao mesmo preço que um romance recente, sobre o qual pagaste direitos... acho só um pouco abusado.
Resta-nos o Brasil que ainda consegue fazer e vender edições na ordem das dezenas de milhar mas... existe muita relutância em ler em português BR. Eu não tenho esse preconceito, nunca tive, e também leio com alguma facilidade em castelhano, não tudo é claro. O inglês, desde que não seja Shakespeariano vai dando para despesa. Mas quem não aceitar estas "soluções" fica muito limitado nas opções.
Mas olha que o Brasil teve a crise da Livraria Cultura e o sector lá parecia estar pior que o nosso antes do Covid. As edições inglesas são muito baratas e compensam.
Das edições de cinema em português nem quero falar mais. Há já 19 anos que visito regularmente Madrid 1 a 2 vezes por ano para "abastecer" mas a coisa por lá também começa a dar sinais significativos de crise pois apesar de trabalharem para um mercado muito maior, a Espanha e eventualmente toda América latina (500 milhões de consumidores) a crise é global.
Sim, nesse campo esquece. Nem dá sequer para apostar. Ou daria, até, se houvesse sempre tanta gente interessada como a que participou no crowdfunding para https://ppl.pt/ozu.
Quanto à parte final estamos de acordo só que o ditador agora em vez de Hitler ou Estaline chama-se "capitalismo liberal" ...
Epá, só porque não convém esquecermos que a humanidade sempre foi capaz do pior. E que apesar dos contornos do futuro estranho que nos espera serem incertos, mais vale tentarmos apostar em alguma serenidade em vez de enlouquecer totalmente. yes-)
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by rui sousa »

Uma nota que me esqueci de referir: hoje fui à FNAC do Chiado e, apesar da loja estar muito diferente (parece em parte um delírio neon cor de laranja e com alcatifa), constatei com agrado que a secção dos filmes não diminuiu substancialmente. Continua é a falta de variedade e qualidade que procuro - acabei por não trazer nada.
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by mansildv »

José wrote: July 10th, 2020, 3:37 pm
mansildv wrote: July 10th, 2020, 2:46 pm
José wrote: July 10th, 2020, 9:33 am

salut-) yes-) yes-) Irei tratar disso o quanto antes, para que mo reservem e mo direccionem para a minha loja habitual. Obrigado, mansildv yes-)
Sempre às ordens salut-) :-))) Só espero que não seja um erro de stock nails-)
No problem, dá no que der! :-D Obrigado uma vez mais. salut-)
salut-) Depois diz se conseguiste :wink:
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by technicolor »

rui sousa wrote: July 11th, 2020, 12:02 am
O que não mudou (e é uma realidade desde sempre - era isto que também tinha querido salientar mas acho que não me expliquei bem) é o facto dos portugueses não serem grandes leitores, algo que se agravou com o crescente número de estímulos que nos rodeiam.
A primeira coisa e a mais significativa que te que posso dizer Rui Sousa é que nos anos 70, 80 e até ao aparecimento dos dispositivos digitais se lia muito (em papel) em Portugal: Jornais, revistas, livros de bolso, livros de grande formato... era muito comum ver nos comboios da periferia de Lisboa ao final do dia imensa gente regressar a casa debruçada sobre um livro ou até mesmo um dos três "matutinos" da cidade (A Capital, O Diário Popular, e o Diário de Lisboa, jornais elaborados durante parte da madrugada e manhã, com "fecho" por volta do meio dia e que por volta das 15/16h estavam à venda nos muitos quiosques das ruas das cidades os quais vendiam também muitos livros de bolso (edições semanais) com destaque para os da Coleccção Vampiro que alternava semanalmente com a Argonauta nas bancas (se não estou em erro). Nos quiosques das estações (Rossio, Cais do Sodré e Santa Apolónia) era habitual verem-se pilhas destes livros (10 a 20 exemplares) que desapareceriam nos dois a três dias seguintes e esses pequenos livros que se liam em dois ou três dias vendiam-se por todo o país, daí as tiragens referidas (12 000) não serem exageradas. Mas também havia muita gente agarrada a grande "calhamaços" principalmente do Círculo de Leitores com a capa forrada com papel de fantasia para os protegerem dado que depois de lidos ocupariam o seu lugar nas estantes das casas. Mas lia-se também bastante nas esplanadas dos cafés, nas praias à volta da cidade, nos jardins em dias de sol... etc . Um exemplo; a 1ª tiragem de um livro de Jorge Amado, formato +/-15x23 geralmente nunca era inferior a 25.000 exemplares que esgotavam por vezes numa semana ou duas seguindo-se outras 7 a 10 tiragens (ou mais) de 5000 a 7000 exp. E a rede de vendas estava espalhada por todo o país desde as grandes livrarias da capital à velha papelaria/tabacaria "Costa& Filho" em Monção ...ou outra semelhante em Vila Real de Sto António, um pouco por todo o lado. Esta é minha memória desses tempos, hoje estou afastado de Lisboa e não sei bem se esses hábitos ainda persistem mas duvido, imagino sim muita gente nos comboios debruçada sobre os seus smartphones a cuscar no Twitter ou Instagram. Não sou grande fã de redes sociais pelo que desconheço o valor cultural e (in)formativo desses conteúdos, apenas comento o que vou ouvindo sem grande conhecimento.

Alguns dos exemplos que dás são muito interessantes e eu desconhecia-os. Mas a questão é: já na altura compensavam essas grandes tiragens?
A própria literatura portuguesa tinha mais best-sellers, alguns até com venda para tradução em linguas estrageiras: A Casa do Pó do Fernando Campos, Adeus Princesa da Clara Pinto Correia, Coca-Cola Killer do Vitorino de Almeida, Memorial do Convento do Saramago, O Que diz Molero do Dinis Machado, Equador do Miguel de Sousa Tavares, O Amor é Fodido do Miguel Esteves Cardoso, ou o esquecido Walt do Fernando Assis Pacheco, para só falar de alguns, vendiam muitas dezenas (em alguns casos centenas mesmo) de milhares de exemplares ... bom mas tudo isso acabou e espero que alguns desse títulos sejam recuperados pelas novas pequenas editoras para prazer das novas gerações.

No entanto, lançar em 2020 o "Noites Brancas" do Dostoievski (conto de 40 páginas para aí) ao mesmo preço que um romance recente, sobre o qual pagaste direitos... acho só um pouco abusado.
São considerados produtos de elite, com reduzidas tiragens cujo preço que tem reflectir todos os (outros) custos. Os direitos normalmente nem são muito caros pois alem do pagamento inicial o restante é pago sobre exemplares vendidos.


o Brasil teve a crise da Livraria Cultura e o sector lá parecia estar pior que o nosso antes do Covid. As edições inglesas são muito baratas e compensam.
Mesmo assim... a industria editorial brasileira sempre foi muito mais pujante e o mercado potencial é muito maior; dois exemplos de editoras brasileira cujos livros eram vistos com regularidade nas montas da antiga Livraria Portugal na Rua do Carmo: A Nova Fronteira e a Companhia das Letras... a preços normais. Mas tenta agora adquirir uma edição brasileira de algo não editado cá, é incomportável para o leitor médio :shock: o preço final é brutal.
Um exemplo, o romance Um Defeito de Cor de Ana Maria Gonçalves. Compara os preços em Portugal e no Brasil da mesmíssima edição.
No Brasil na Saraiva R$ 99,90 = €16,63 https://www.saraiva.com.br/um-defeito-de-cor-197523/p
Em Portugal via marketplace Fnac.pt €79.00 https://www.fnac.pt/Um-defeito-de-cor-G ... IA/a742036

..............

Obviamente aceito e admito que os tempos e os hábitos mudaram e que a actividade editorial também foi forçada a acompanhar a mudança para continuar a existir. As pequenas editoras continuam a lutar como podem e a trazer ao mercado belos livros de autores actuais e algumas reedições de coisas antigas ainda muito interessantes de se lerem ou relerem. A forma de comercialização também mudou, as velhas livrarias estão a ser derrotadas pelas vendas online com a "conivência dos leitores e estarão condenadas a desaparecer. Tal como as salas de cinema com avanço para 8K e o embaratecimento do projectores domésticos e da generalização do 5G (e do 6G? etc). Admiro a coragem e a persistência de pessoas como o Hugo Xavier e apoiarei na medida do possível como comprador. O facto é que tal como tu nunca me habituei aos e-books (ou mesmo aos audio-livros que também cá se fizeram alguns). O velho livro em papel ainda continua a ser um objecto de "design" excelente, prático para se usar em qualquer situação, resistente a qualquer queda, dispensa energia para aceder ao seu conteúdo...


E os velhos grandes cinemas de Lisboa (e não só) eram como "templos" de fieis adoradores da fascinante 7ª arte; uns ao domingo de manhã iam à igreja assistir à missa e outros à tarde iam ao cinema com as namoradas(os) ou amigos.

Hoje o streaming e o outros conteúdos online em geral, dominam ...e com isto da pandemia "terão ganho ainda mais terreno".

Bom o que é evidente nesta interessante troca de ideias é que ela se passa entre pessoas de gerações diferentes, com interesses comuns, mas com perspectivas diversas; as vossas, Rui e José, mais actuais, que imagino que sejais bastante mais jovens do que eu, e este "velho do restelo" ainda teimosamente agarrado a um passado já "obsoleto" (?) Citando os Xutos " o passado foi lá atráz... um pouco de fé"

......
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by Samwise »

Tecnhicolor, eu estou solidário com o vosso sofrimento, sinceramente, mas o meu coração e a minha cabeças estão completamtente plantados nas possibilidades do "novo mundo digital". Tenho pena que alguns velhos hábitos mais físicos, alguns modelos de negócio, alguns comerciantes e tipos de comércio cultural venham a desaparecer, mas pessoalmente não sofro com isso. Sofro apenas por vos ver a vocês sofrer - tenho alguns grandes amigos aqui no fórum, e percebo o que significa esta quebra com o passado.

Acho não é novidade que eu não ligo nada ao formato físico, e que tiro o mesmo prazer de ler um livro em papel do que ler um livro no e-reader, ou até pela via "audio" (que tem os seus encantos particulares - a entoação e as "vozes" do "leitor" erguem novas camadas de textura às personagens). Quanto a filmes, deixei mesmo de ir ao cinema por conta do Covid, mas mesmo que considere que nada bate a experiência de ver um filme em sala, não sofro particularmente por vê-lo no meu pequeno ecrã do PC de 24" (não tanto na Sony Trinitron que tenho na sala, e que a cada dia que passa vai ganhando mais pó). Continuo a valorizar imensamente mais a possibilidade de apreciar as obras em si, e de as ter disponíveis, do que o meio em que são divulgadas - e acho me posso apelidar de cinéfilo, e a mesma coisa em relação à literatura.

Estamos algures num processo de transição para o meio digital, mas não creio que a culpa do desaparecimento do formato físico possa ser atribuída ao "capitalismo liberal" - a esse respeito, acho que praticamente nada mudou na regulação do mercado em que vivemos desde 1975 - continuamos a ter praticamente o mesmo género de economia de mercado como desde então. O que mudou, o que causou a alteração das regras do jogo, foram os avanços tecnológicos. A tecnologia permitiu abrir novas formas de fazer chegar conteúdos aos consumidores, abrir novos canais de negócio, disponibilizar um mercado abrangente ao nível do globo, e expandir exponencialmente a oferta disponível através do "formato" digital. Para uma grande maioria de consumidores, o que há agora não só chega, como sobra fartamente. Isto é, para quem não liga particularmente ao formato físico, e não faz questão de ter o disco, o DVD, ou o livro, vive-se agora muito comodamente no sofá e escolhe-se rapidamente o que se pretende consumir carregando em dois ou três botões. Eu sei que não está tudo disponível da forma que desejamos, mas penso que é uma questão de tempo até um dia podermos ter praticamente todas as obras culturais à disposição como sucede por exemplo com a música no Spotify (era impensável, inimaginável para nós comuns mortais algo desta magnitude e comodidade há 10 anos atrás - para mim um excelente exemplo do que a tecnologia e o progresso podem atingir, até enquanto modelo de negócio). Outro de exemplo, o catálogo da Criterion é uma óptima biblioteca cinéfila online - e a questão das restrições geográficas facilmente contornável.

Mas há outra questão que abordas e acerca da qual não estou não "optimista" - a questão social, e o shift do foco e da atenção para as redes sociais. Sim, isso a mim preocupa-me se calhar na mesma medida do que a ti. As formas de alheamento e embrutecimento sociais estão também muito mais disponíveis por conta desta mesma tecnologia que enalteço...
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by technicolor »

Viva Samwise

Bem vindo a este pequeno debate, e sim pelos vistos partilhamos todos da mesma preocupação sobre como será a sociedade actual afectada por esta pandemia. Mas atenção apesar de eu lamentar o possível desaparecimento de certas actividades sobretudo do âmbito cultural não culpo o capitalismo liberal por isso. O capitalismo liberal é mencionado num contexto de evolução económico-social negativa como sendo responsável pelo agravamento das assimetrias sociais que se constatam um pouco por todo o lado sendo uma a distribuição de riqueza mais injusta.

(Abro esta excepção mas não gosto de discutir política dado que existe a propensão de se colarem rótulos desta ou daquela tendência política de imediato nas pessoas que contestam o capitalismo liberal. E na verdade reconheço que também não tenho grande bagagem cultural para debater ao pormenor as vantagens e desvantagens desse sistema, acho simplesmente que a versão anterior do sistema capitalista, o capitalismo democrático, era mais "humana".)

Também não sou "negacionista" quanto ao valor e importância do desenvolvimento tecnológico, principalmente o digital, na evolução positiva da sociedade humana, não me atrevendo a negá-lo de todo ou sequer em parte. A tecnologia é a "ferramenta" o que com ela é feito é responsabilidade do utilizador. E acho que também concordamos que a possibilidade de publicar tudo o que se quiser na net sem responsabilização pode ter um efeito profundamente pernicioso nas sociedades sem com isto estar a apelar a censura (parece contraditório mas não é). A forma como a www foi criada e foi evoluindo anarquicamente preocupa os próprios cientistas que estiveram na sua origem; parece estar a ficar fora de controlo.

Posto isto e regressando ao tema dos possíveis efeitos da pandemia nas industrias da cultura, quero confessar que também eu utilizo pontualmente os serviços de streaming, também leio muitos documento em PDF ( ou em outros formatos digitais) quando não tenho uma maior ligação afectiva ao conteúdo ou até utilidade posterior, também aceito (sem entrar em contradição) que poderá até haver vantagens ecológicas na redução da utilização de árvores para produzir pasta de papel para imprimir obras literárias de valor duvidoso (e quem determinaria o que tem ou não tem valor para passar a papel?). Resumindo fui criado com livros à minha volta (passava muito tempo nas férias na biblioteca pública), com paixão desde criança pelo cinema (pela música, pela pintura...) que por mais FC que tenha lido e visto por mais ensaios e estudos de antecipação cientifica que tenha lido tenho dificuldade em aceitar o desaparecimento desses suportes físicos. Ainda agora levo um ou dois livros para férias (este ano será o regresso ao D. Quixote). Em resumo sou um "dinossauro", pertenço a uma espécie em vias de extinção.

A terminar fica uma pergunta (armadilhada :wink: ) para ti especialmente:
Samwise tu às vezes não sentes saudades da tua primeira máquina fotográfica analógica? do do processo de ajuste manual da câmera, da colocação do filme, da alavanca de avanço? :mrgreen:. ...da ida ao laboratório e da emoção do abrir do envelope com as fotos ?
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by Samwise »

technicolor wrote: July 11th, 2020, 7:35 pm A terminar fica uma pergunta (armadilhada :wink: ) para ti especialmente:
Samwise tu às vezes não sentes saudades da tua primeira máquina fotográfica analógica? do do processo de ajuste manual da câmera, da colocação do filme, da alavanca de avanço? :mrgreen:. ...da ida ao laboratório e da emoção do abrir do envelope com as fotos ?
Deixo uma resposta explicativa para mais logo, mas para já, e para não pensarem que eu sou um calhau sem pingo de nostalgia, partilho imagens da minha primeira máquina fotografica, coisa em forma de assim obtenível por uma modesta quantia nos primórdios dos anos 80 em qualquer loja de "revelação", e da qual ainda não me desfiz passado este tempo todo:

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Até tem sapata para flash e tudo. Categoria! :-)))
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by technicolor »

Samwise wrote: July 12th, 2020, 4:30 pm
technicolor wrote: July 11th, 2020, 7:35 pm A terminar fica uma pergunta (armadilhada :wink: ) para ti especialmente:
Samwise tu às vezes não sentes saudades da tua primeira máquina fotográfica analógica? do do processo de ajuste manual da câmera, da colocação do filme, da alavanca de avanço? :mrgreen:. ...da ida ao laboratório e da emoção do abrir do envelope com as fotos ?
Deixo uma resposta explicativa para mais logo, mas para já, e para não pensarem que eu sou um calhau sem pingo de nostalgia, partilho imagens da minha primeira máquina fotografica, coisa em forma de assim obtenível por uma modesta quantia nos primórdios dos anos 80 em qualquer loja de "revelação", e da qual ainda não me desfiz passado este tempo todo:

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Até tem sapata para flash e tudo. Categoria! :-)))

Huauuu! agora surpreendeste-me. Bem "jeitosa" a tua primeira máquina, e bem estimada!
E eu que já estava quase a pedir que te fizessem um teste de "Voight-Kampff" :mrgreen:
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by rui sousa »

Eu gosto muito de ter estes debates escritos, mas sinto-me sempre mais à vontade a falar quando é para expor as minhas ideias do que a teclar. Por isso, se o que se segue ficar uma sopa incongruente de temáticas, ficam avisados. :mrgreen:
technicolor wrote: July 11th, 2020, 1:43 pm A primeira coisa e a mais significativa que te que posso dizer Rui Sousa é que nos anos 70, 80 e até ao aparecimento dos dispositivos digitais se lia muito (em papel) em Portugal: Jornais, revistas, livros de bolso, livros de grande formato...
Sim, mas a leitura "física" teve de ficar mais selectiva com o passar do tempo. E mesmo que de vez em quando eu goste de comprar algumas revistas (a Visão História e a Super Interessante, por exemplo - comprei uma das mais recentes sobre a História dos Samurais, tema que me tem interessado muito nos últimos tempos, e irei ler o "bushido" em breve), a migração da imprensa para o digital faz, para mim, parte da evolução natural das coisas. O papel serve mais para "fixar" o que interessará mais do que num dia/semana/mês da nossa vida. Ler o jornal em papel (coisa que de vez em quando faço) para deitar fora dias depois é, de facto, algo que vai deixando de fazer mais sentido à medida que os anos passam - e à medida que a produção de notícias cresce a um ritmo vertiginoso, difícil de acompanhar. Problema desta nova era: por cada dez notícias que lemos, por exemplo, sobre a Covid, só uma é que realmente interessa (e aqui incluo só os meios de comunicação ditos credíveis).

Na livraria (que vende revistas e jornais) fui conhecendo os hábitos dos clientes. É fácil constatar que quem compra jornais é maioritariamente gente mais velha (dos 50 para cima) que mantém o hábito de ler um ou mais títulos diariamente. Pessoas mais jovens ou só compram o jornal a um determinado dia da semana (sexta-feira no caso do Público, por causa do Ipsilon) ou compram revistas. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Mas não vejo nisto uma perda civilizacional. É apenas a evolução dos tempos. Não me choca nem entristece. Entristece-me sim que o digital levou à ainda maior precariedade do sector jornalístico, à falta crescente de qualidade nas publicações (nunca me irei esquecer do Público vir com a notícia da morte de um tal Umberto... Heco na capa!!!), e - paradoxo dos paradoxos - que por mais informação que as pessoas tenham à disposição, parecem que preferem ficar pelo superficial, e não terem critério nenhum. Creio que a falta de mais escolhas e a condicionante monetária de outros tempos levava o consumidor a ser mais criterioso nas escolhas de imprensa e culturais que fazia, porque era obrigado a dar mais valor ao que lia, via e ouvia.
Tal como as salas de cinema com avanço para 8K e o embaratecimento do projectores domésticos e da generalização do 5G (e do 6G? etc). Admiro a coragem e a persistência de pessoas como o Hugo Xavier e apoiarei na medida do possível como comprador. O facto é que tal como tu nunca me habituei aos e-books (ou mesmo aos audio-livros que também cá se fizeram alguns). O velho livro em papel ainda continua a ser um objecto de "design" excelente, prático para se usar em qualquer situação, resistente a qualquer queda, dispensa energia para aceder ao seu conteúdo...
É este para mim o grande problema do futuro no que diz respeito ao acesso às coisas. Para as gerações mais velhas, que estão encantadas com o novo mundo digital, isto pode não ser um problema. Mas para mim, que ainda vivi com um pé no analógico mas um pé maior no digital, e também para as gerações depois da minha que já são 101% digitais, é um problema grande: a capacidade de concentração é afectada pelo uso e abuso das tecnologias. E essas tecnologias afectam também a leitura - quem é que vai mesmo ler livros no telemóvel se pode ter vídeos curtos no YouTube que se adequam à sua fraca capacidade de concentração? Se eu ler livros no telemóvel é como se não os lesse da mesma forma, e sinto que sempre será necessário o prazer "analógico" do livro - porque se podemos ter acesso a toda a informação a toda a hora, não é isso que tornará as sociedades mais inteligentes (já temos casos comprovados com as eleições de trump, bolsonaro, etc). Vejo muita malta nova a comprar livros, a ler os clássicos que, por estarem no domínio público, até podiam ler de borla na net - mas preferem as páginas. Eu também preciso delas. Não me tirem o único prazer cultural que tenho que não envolve olhar para um ecrã! :mrgreen:

Mesmo as salas de cinema podem ter futuro: basta que voltem a ser gigantes! Eu sei que, nos tempos que correm, até a ideia do Cinemascope se tornou vazia com o digital (basta ir ao Final Cut Pro e pegar numa filmagem em 1.85.1 e pôr as barras pretas para ficar Cinemascope), mas é preciso que os realizadores estejam preocupados em fazer filmes para o cinema - e eu não sou fã do Nolan, mas é em pessoas como ele que o futuro do grande ecrã está nas mãos. Pessoas que aliam o grande público à necessidade do cinema/espectáculo.
A própria literatura portuguesa tinha mais best-sellers, alguns até com venda para tradução em linguas estrageiras: A Casa do Pó do Fernando Campos, Adeus Princesa da Clara Pinto Correia, Coca-Cola Killer do Vitorino de Almeida, Memorial do Convento do Saramago, O Que diz Molero do Dinis Machado, Equador do Miguel de Sousa Tavares, O Amor é Fodido do Miguel Esteves Cardoso, ou o esquecido Walt do Fernando Assis Pacheco, para só falar de alguns, vendiam muitas dezenas (em alguns casos centenas mesmo) de milhares de exemplares ... bom mas tudo isso acabou e espero que alguns desse títulos sejam recuperados pelas novas pequenas editoras para prazer das novas gerações.
Aqui tenho de apontar uma pecha: os best-selleres que referes não são de um período dourado do mercado: estão espalhados por vários anos e décadas (desde o final dos 80 até ao princípio dos 2000). Ainda continuam a haver best-sellers, que se calhar até vendem mais hoje dos que citaste (josé rodrigues dos santos, joão tordo, valter hugo mãe, isabel stillwell, só para citar alguns). Mas o problema é que a leitura não se mede pela quantidade de livros vendidos, mas... por quem definitivamente os lê. E isso é muito difícil de avaliar. Mas esses best-sellers são como os blockbusters no cinema: absorvem o mercado todo. No entanto, creio que as novas gerações (como já referi) sentem a urgência maior do livro por causa disso de já estarem tão absorvidos pela tecnologia - repito, talvez seja difícil perceber isto para quem ainda vê só o lado bom da tecnologia, mas quem já foi engolido por ela precisa destas pequenas coisas para escapar.

O mercado livreiro pode ser diferente, mas acho que nunca foi tão interessante. Pena é os preços, claro. :mrgreen: Gostava de ter tido mais francês que inglês na escola, porque quando vejo os preços tão baixos a que eles vendem os livros de bolso...

Mas tenta agora adquirir uma edição brasileira de algo não editado cá, é incomportável para o leitor médio :shock: o preço final é brutal.
Mas isso tem a ver com os portes - trazer coisas dos Brasil e EUA é um risco, principalmente no que toca aos livros. É claro que esses preços serão diferentes - mas já há livrarias, como a da Travessa no Príncipe Real, que têm edições do Brasil a preços mais "normais". Nem tudo se perde, só se--- transforma! yes-)
Hoje o streaming e o outros conteúdos online em geral, dominam ...e com isto da pandemia "terão ganho ainda mais terreno".
Sim, bem como o excesso de "conteúdos". Mas não creio que o modelo Netflix durará para sempre (os investidores não vão aceitar sempre a dívida gigantesca que eles têm, e muitas plataformas de streaming não vão durar tanto tempo como se pensa).
Bom o que é evidente nesta interessante troca de ideias é que ela se passa entre pessoas de gerações diferentes, com interesses comuns, mas com perspectivas diversas; as vossas, Rui e José, mais actuais, que imagino que sejais bastante mais jovens do que eu, e este "velho do restelo" ainda teimosamente agarrado a um passado já "obsoleto" (?) Citando os Xutos " o passado foi lá atráz... um pouco de fé"
Não sinto que sejas velho do Restelo. Identifico-me em parte com o que dizes porque encontro alguns dos problemas de hoje e do amanhã, mas por outro lado sinto uma certa nostalgia por um tempo que, afinal, nem mudou assim tanto - ainda há best-sellers, os jornais mudam do papel para o digital, etc. yes-)
Samwise wrote: July 11th, 2020, 3:16 pm Tecnhicolor, eu estou solidário com o vosso sofrimento, sinceramente, mas o meu coração e a minha cabeças estão completamtente plantados nas possibilidades do "novo mundo digital". Tenho pena que alguns velhos hábitos mais físicos, alguns modelos de negócio, alguns comerciantes e tipos de comércio cultural venham a desaparecer, mas pessoalmente não sofro com isso. Sofro apenas por vos ver a vocês sofrer - tenho alguns grandes amigos aqui no fórum, e percebo o que significa esta quebra com o passado.
Não acho que seja quebra com o passado. É a necessidade de olhar o futuro com olhos mais analógicos - será necessário antes que nos insiram um chip na cabeça para só vermos filmes da Disney e vídeos de YouTubers. Já se comprovou que o excesso de informação e a velocidade do quotidiano não ajudam ninguém, e cada vez mais pessoas precisam de "parar" - quer seja a ler um livro, a ver um filme ou a ... ouvir um disco! Sem interrupções, sem notificações, sem chamadas e sem distracções.

Eu uso o streaming na música mas não gosto da compressão (e não sou audiófilo, mas já ouvi cada compressão m*rdosa no Spotify... estou a experimentar agora o Tidal, superior ao Spotify, mas continua a haver o mesmo problema - as músicas são interrompidas por notificações, alguém liga...

Falo com alguns músicos e constatamos que o prazer de ouvir um álbum é diferente às músicas isoladas, e que ouvir música enquanto se fazem mil e uma coisas ao mesmo tempo não ajuda à escuta apropriada dessa música. Daí que não faz mal nenhum olhar para o passado em que cada experiência contava de uma maneira significativa!

A mim acontece-me muito (principalmente se tento ver alguma coisa da Netflix) ficar a escolhar durante 30/45 minutos o que ver, e depois acabar por não ver nada... ou começar a ver algo e ser interrompido...

Não sinto que ver filmes em dvd/bluray, streaming ou ficheiro seja diferente - a experiência é a mesma, o formato é diferente - mas até gosto de não estar dependente da internet para ver o que quero. Mesmo que não haja mais DVDs, espero que haja pirataria para ver os filmes que quero (e se bem que tenho centenas de filmes em suporte físico, também tenho um disco externo com muitos outros filmes).

A concentração do streaming é um problema para a memória do cinema. Veja-se o que a Disney quer fazer ao catálogo da Fox - vai fazer "desaparecer" décadas de História para só render com os 4/5 "suspeitos do costume".

E a experiência é claramente diferente na leitura. Ler em papel, para mim (quase-nativo digital) é diferente. Para quem cresceu e viveu muito no analógico talvez não seja, mas para mim e para a minha geração é, mesmo.
nimzabo
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by nimzabo »

José
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by José »

mansildv wrote: July 11th, 2020, 10:30 am
José wrote: July 10th, 2020, 3:37 pm
mansildv wrote: July 10th, 2020, 2:46 pm

Sempre às ordens salut-) :-))) Só espero que não seja um erro de stock nails-)
No problem, dá no que der! :-D Obrigado uma vez mais. salut-)
salut-) Depois diz se conseguiste :wink:
Não consegui. :-( Estive ontem na FNAC do Alegro Setúbal, o funcionário esteve a ver em sistema e nada de O Congresso. O senhor ainda admitiu que estavam em altura de inventário e que é possível, por vezes, aparecerem títulos como disponíveis quando na verdade não o estão. Como irei a Lisboa em breve, vou aproveitar a dica do Rui Sousa e comprá-lo por lá. Obrigado à mesma, mansildv. yes-) salut-)

Nota: FNAC do Alegro Setúbal cada vez mais paupérrima na oferta de DVD/Blu-Ray... :-(
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