Southpaw (2015) - Antoine Fuqua

Discussão de filmes; a arte pela arte.

Moderators: waltsouza, mansildv

Post Reply
User avatar
waltsouza
Moderador
Posts: 3698
Joined: March 19th, 2005, 8:26 am
Location: Sobreda, Terra dos cães e dos gatos
Contact:
Southpaw (2015) - Antoine Fuqua

Post by waltsouza »

Image
A boxer fights his way to the top, only to find his life falling apart around him.

http://www.imdb.com/title/tt1798684/?ref_=nv_sr_1
http://en.wikipedia.org/wiki/Southpaw_%28film%29


TRAILER



Sinceramente o trailer não me entusiasmou. A história parece já demasiado vista, pai com problemas perde custódia da filha e usa o boxe para lutar por ela. Onde é que já vi isto? Não ponho em causa a experiência de Fuqua, nem tão pouco as credenciais de Jake Gyllenhaal mas eu questiono-me tivesse isto um realizador menos conhecido e um ator com menos tarimba e se alguém diria que devemos estar em presença de um "grande" filme? A menos que o filme valha muito mais que o trailer (e para não variar o trailer destapa boa parte do filme).

Estreia a 31 de Julho nos E.U.A
Evil_Djinn
Fanático
Fanático
Posts: 614
Joined: November 28th, 2006, 1:40 pm
Re: Southpaw (2015) - Antoine Fuqua

Post by Evil_Djinn »

Image

Boa preparação física do Gyllenhaal, acredito que esteja a ser um filme trabalhoso.
Não sei o que pensar do filme, aparentemente já tem uma formula bem gasta, por outro lado eu nunca dei grande valor aos trailers, basicamente ou mostram demais ou de menos.
50 Cent entra no filme e aposto 50 cent é que ele vai fazer mais um papel dele mesmo.
User avatar
waltsouza
Moderador
Posts: 3698
Joined: March 19th, 2005, 8:26 am
Location: Sobreda, Terra dos cães e dos gatos
Contact:
Re: Southpaw (2015) - Antoine Fuqua

Post by waltsouza »

TRAILER 2


User avatar
waltsouza
Moderador
Posts: 3698
Joined: March 19th, 2005, 8:26 am
Location: Sobreda, Terra dos cães e dos gatos
Contact:
Re: Southpaw (2015) - Antoine Fuqua

Post by waltsouza »

«Southpaw» por José Raposo


Image


Primeiro Round. Nova Iorque. Billy Hope. Boxista, Campeão do Mundo em Pesos-Leves. Um recorde, motivo de rivalidade, inveja, sangue: 43 vitórias, nenhuma derrota - zero. A Musa: Maureen, a mulher que o tem levantado, um passado em comum que se estende aos tempos de vida conjunta sob o teto do mesmo orfanato. Jordan Mains, o agente de dentes afiados que dispõe das peças no tabuleiro. Já sabemos: nem a máquina do espetáculo nem os números da fortuna podem parar. Dinheiro? Muito, mas cada vez mais difícil. No derradeiro combate de Billy o coração será mais sanguíneo, batendo-se com a cólera negra daqueles a quem a Justiça traiu. Começa (e acaba) tudo ali, onde a esperança morre e a tragédia mata, naquele momento fatal em que Maureen lhe morre nos braços à conta de Escobar, o rival com ciúmes da fama

Segundo Round. Southpaw, um melodrama ambientado no mundo do boxe, realizado por Antoine Fuqua (Dia de Treino) a partir de argumento de Kurt Sutter (Sons of Anarchy), é apesar de tudo, uma tímida aproximação à mitologia do boxe, com escassos traços de uma memória cinematográfica capaz de fazer coincidir o espaço do ringue com uma dimensão privilegiada para o drama. O verdadeiro combate de Hope (Jake Gyllenhaal) é consigo mesmo: transformado no seu pior inimigo, terá que arrepiar caminho na espiral de consumo de drogas e álcool se quiser voltar a ter custódia de Leila, filha única do seu casamento com Maureen (Rachel McAdams). Fuqua com algum sucesso mas com pouca chama criativa, mobiliza a atenção do espectador no sentido de o envolver emocionalmente num desfecho com final feliz. Vistas assim as coisas, fica-se com a sensação do jogo estar viciado logo à partida: mais do que contar uma história a partir das possibilidades intrínsecas do género, fazendo do boxe uma porta de entrada para um universo psicológico rico e complexo, testemunhamos antes a consagração de um artefacto ideológico em função de um desporto. Que ideologia é essa? A do herói inquebrável, fenomenal, e imparável, como a certa altura Eminem, na banda sonora, nos faz questão de recordar. Southpaw foi inclusive inicialmente pensado para Marshall Mathers, partindo de experiências pessoais do rapper, readaptando-as à realidade do boxe. Não deu nisso, mas a força de redenção que popularmente se associa ao rapper atravessa todo o filme.

Terceiro Round. Cabe a Tick Wills (Forest Whitaker), o treinador responsável pela recuperação física e emocional de Hope, ser o pilar moral da narrativa, apresentando as suas falhas e erros passados como forças de um carácter capaz de inspirar os outros. Utilizando o desporto como ferramenta de reabilitação social, Wills vê em Hope uma hipótese para dar um sentido de justiça à sua própria vida. O percurso de ambos cruza-se e confunde-se, dando origem a uma narrativa comum, que é no fundo o arco temático que dá razão de ser ao filme. Daí que a vingança justa, se é que é disso que se trata, possa ser encarada como a grande matriz de Southpaw, ainda que Fuqua e Sutter não a tematizem de forma exaustiva. Esta abordagem ligeira encontra para além disso expressão em Mains (Curtis "50 cent" Jackson), figura puramente ornamental e próximo da caricatura, com uma presença amoral e conflituosa que se acaba por perder no meio de tanto cliché (não ajuda que o desempenho de 50 cent seja sofrível a todos os níveis e em todos os momentos, com graves lacunas na dicção do texto, postura, etc, etc).

Knock Out. A encenação dos combates, com os logotipos da HBO Boxing a cercar o grande ecrã, anuncia uma situação mediática que nos permite traçar uma panorâmica entre deporto, espetáculo e cinema. Fuqua, que contratou a equipa da HBO para filmar e coreografar os combates, comentou numa entrevista que o propósito passava por conseguir um registo da intensidade e violência que se vive no ringue mais realista e imediato. A descaracterização do espaço do ringue enquanto sistema de representação corresponde à erosão de um discurso cinematográfico, que aqui dá lugar (de forma bastante literal) a um realismo patrocinado pela televisão. É por isso que os planos subjetivos, onde seguimos o combate a partir da perspectiva dos lutadores, pouco contribuem para o esboço de uma coreografia dos corpos no espaço, sinalizando apenas o domínio do espetáculo televisivo. Sejamos, por isso, claros: quando a energia dos combates é contagiante e faz vibrar, isso resulta acima de tudo do desempenho de Gyllenhaal, um ator com uma versatilidade assinalável e que leva o filme aos ombros.

O melhor: Jake Gyllenhaal.
O pior: A narrativa, previsível e formatada.

** 1/2 em *****

- See more at: http://www.c7nema.net/critica/item/4415 ... aposo.html

Post Reply