Big Eyes (2015) - Tim Burton
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Big Eyes (2015) - Tim Burton

http://www.imdb.com/title/tt1126590/?ref_=nm_flmg_dr_3A drama about the awakening of the painter Margaret Keane, her phenomenal success in the 1950s, and the subsequent legal difficulties she had with her husband, who claimed credit for her works in the 1960s.
http://en.wikipedia.org/wiki/Big_Eyes
TRAILER
Estreia hoje em Portugal.
Re: Big Eyes (2015) - Tim Burton
Estreia hoje.
in http://maquinadeescrever.org/2015/02/26 ... m-falhado/A pintora e a inveja desmedida de um falhado
O novo filme do realizador de “Sweeney Todd” e “Marte Ataca” só tem alguma excentricidade na história bizarra e verídica que relata, já que, de resto, não encontramos ali muitos dos ingredientes habituais no imaginário de Tim Burton.
Há em Tim Burton uma faceta que poucos parecem reconhecer, ou que não tem sido devidamente valorizada na sua filmografia: a de um retratista dos solitários, dos génios criativos, ou até daqueles que têm só a ideia de que são geniais. Todos eles cabem no universo Burtonesco, sejam inspirados em pessoas de “carne e osso”, sejam puras criações do realizador. E em Olhos Grandes, encontramos tanto a mulher talentosa que se esconde do mundo, como o homem que quer ser aclamado graças ao trabalho dos outros – e, ao que parece, são ambos figuras reais.
É a continuação de uma trademark reconhecível. Burton está muitas vezes preocupado não só em recuperar figuras estranhas e obscuras recordadas pela cultura popular (relembremos Ed Wood, que é ainda o seu melhor filme), como também em criar as condições necessárias para as personagens conseguirem adquirir o seu próprio espaço, físico e psicológico, dentro da aparente normalidade conformada do quotidiano (vale a pena rever Eduardo Mãos de Tesoura, e a luta de alguém, que a comunidade toma por “aberração”, por conseguir integrar-se no meio que o acolhe).
Podemos ainda mencionar o Willy Wonka de Charlie e a Fábrica de Chocolate, personagem excêntrica que esconde, entre tantas manifestações do seu ego e do seu império achocolatado, dilemas e traumas do passado que nunca conseguiu resolver. Olhos Grandes segue a linha desses filmes e de tantos outros ao pegar numa figura fechada em si mesma, mas que encerra no seu percurso uma história surpreendente, que ilustra bem o poder da fama e do mediatismo – quando são atribuídos a quem não os merece. Mas não há nada na abordagem visual, nem da estrutura da história, que nos faça pensar em Tim Burton.
É uma narrativa mais convencional, daquelas que começam logo por nos avisar que estamos prestes a contemplar uma história baseada em factos verídicos. Num mundo fofinho, a protagonista (Amy Adams) perde a inocência e a timidez perante a sociedade ao ser vítima de uma fraude arquitetada engenhosamente pelo seu marido (Christoph Waltz). É isso que Olhos Grandes aborda em primeiro lugar: a relação atribulada entre estas duas personagens, através das manobras egoístas do homem, e da incapacidade da mulher talentosa de abandonar aquele espaço fechado, em que pinta quadros para ficarem, depois, sob a assinatura de uma outra pessoa.
Mesmo que não pareça ter a marca de Tim Burton, Olhos Grandes só poderia ser por ele realizado. Pelas características psicológicas e também pela oposição que é vincada entre o mundo alegre das aparências e o outro lado, o da perda da inocência e do domínio do “mal”. E Amy Adams é não só deslumbrante neste papel (um dos melhores que interpretou nos últimos anos), como também adequadíssima para ele mesmo. Já que falamos de olhos quando lembramos a pintura de Margaret Keane, é interessante notar como o olhar da atriz nos transmite tudo, fazendo grande parte do conteúdo emocional do filme. Um olhar perdido, desesperado, tímido, e que é o único elemento necessário para conseguirmos entender toda a evolução da personagem.
Há tanto de comédia como de tragédia nesta história, se bem que nem uma nem outra conseguem ser muito bem trabalhadas. São os atores que salvam o dia, não só Adams e Waltz, como também toda a série de secundários que os rodeiam. E Tim Burton consegue impor as suas marcas através de uma realização que capta, com o auxílio de alguns engenhos criativos, pequenos pormenores do espaço cénico e narrativo.
O final é repentino, mas o filme, apesar de tudo, consegue ter alguma inspiração, e não estar sempre subjugado às intenções massificadas e convencionais do argumento. E além de uma inacreditável história de oportunismo e da incredulidade dos media, Olhos Grandes analisa levemente a noção de arte e a banalização industrial que se pode proporcionar com os objetos artísticos, que se tornam “produtos” de mercado devido às exigências gananciosas de alguns indivíduos. É uma obra à la Tim Burton sem aparentemente mostrar indícios disso, e que não está, felizmente, “ao nível” dos seus piores filmes.
3/5
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Re: Big Eyes (2015) - Tim Burton
Sem identidade
JORGE MOURINHA 26/02/2015
O novo filme de Tim Burton desbarata uma história intrigante num objecto anónimo e funcional.
Cinema Olhos Grandes 1 estrela em 5
Seria legítimo esperar que, com o seu regresso a um cinema de escala mais pequena e intimista, Tim Burton reencontrasse alguma da chama que lhe sentíamos perdida em objectos de “piloto automático” como Alice no País das Maravilhas (2010) ou Sombras da Escuridão (2012).
Olhos Grandes
Realização: Tim Burton Actor(es): Amy Adams,Christoph Waltz,Krysten Ritter,Jason Schwartzman
Ainda por cima, há muito em Olhos Grandes – escrito por Scott Alexander e Larry Karaszewski, os argumentistas de Ed Wood (1994) – que parece “à medida” de Burton. É a história verídica de Margaret Keane, pintora americana que era a verdadeira autora de uma série de quadros de imensa popularidade na América dos anos 1950 mas que o marido, Walter, artista frustrado mas incansável auto-promotor, fez passar como seus. É também a história de uma sensibilidade “diferente”, “descentrada”, subalternizada ou ridicularizada por uma sociedade formatada e conformista – a “estranheza” da arte de Margaret apenas foi aceite, e mesmo assim com reservas, por ser assinada por um homem e vendida por um homem – e uma parábola dos primeiros tempos do poder dos mass media.
Precisamente por Olhos Grandes ser tão “à medida” de Burton, custa sentir tão pouca alma, tão pouca chama na sua concretização – como se a sensibilidade peculiar do realizador (que já de si se tem diluído ao longo dos anos) se limitasse aqui à exibição de um ou outro traço para “marcar o ponto”, pelo meio de um funcionalismo puramente ilustrativo que nem sequer consegue tornar convincente a relação entre Margaret e Walter, mesmo com actores de talento comprovado como Amy Adams ou Christoph Waltz. Essa talvez seja a maior oportunidade desperdiçada: que um filme sobre a reclamação por Margaret Keane da identidade artística que lhe foi negada seja um objecto anónimo, sem identidade própria, arrastando-se penosamente por uma auto-estrada sem sequer ter vontade de percorrer os seus caminhos mais esconsos. Olhos Grandes é uma das grandes desilusões do cinema americano recente – e depois disto, receamos já nada mais haver a esperar de Tim Burton.
http://www.publico.pt/culturaipsilon/no ... de-1687281
E deixo mais uma critica portuguesa, do Portal Cinema, de António Pascoalinho
Nota: O Portal Cinema não me deixa fazer copy/paste direto mas sempre posso meter o link

http://www.portal-cinema.com/2015/02/cr ... -2014.html
Duas criticas que vão em caminhos quase antagónicos. De um "Mau" para um "Muito Bom".
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Re: Big Eyes (2015) - Tim Burton
Cabeças wrote:Ainda não vi o filme, mas o Mourinha começa a irritar-me.
Não vale a pena. Até porque ele tem todo o direito de ter a opinião que bem entender, mesmo que seja do "contra".

O que vejo naquelas duas criticas é aquilo que acontece com alguma frequência, de duas pessoas que parece que viram filmes diferentes.
Eu não sei se verei este filme mas cabe-te a ti ver onde te enquadras, no meio destas opiniões. Se mais para o lado de Mourinha (cruz credo, pensas tu


Re: Big Eyes (2015) - Tim Burton
Eu gostei do filme, acho que o Tim Burton conseguiu manter um bom ritmo longo de todo o filme muito ajudado por excelente actor que é Christoph Waltz que mais uma vez esta bastante bem.
Re: Big Eyes (2015) - Tim Burton
É isto que eu não entendo...waltsouza wrote:Cabeças wrote:Ainda não vi o filme, mas o Mourinha começa a irritar-me.
Não vale a pena. Até porque ele tem todo o direito de ter a opinião que bem entender, mesmo que seja do "contra".![]()
O que vejo naquelas duas criticas é aquilo que acontece com alguma frequência, de duas pessoas que parece que viram filmes diferentes.
Eu não sei se verei este filme mas cabe-te a ti ver onde te enquadras, no meio destas opiniões. Se mais para o lado de Mourinha (cruz credo, pensas tu) ou se acabas por ser influenciado por alguma critica mais positiva e já partes, no teu consciente, para dizer bem do filme (mesmo antes de o ver).
Quer dizer, um critico de cinema tem todo o direito de ter/dar uma opinião sobre um filme qualquer, mas aparentemente qualquer um de nós não pode ter o direito de nos irritarmos com o gajo.
Mas afinal que liberdade de expressão é esta??
Será isto a Democracia??
E depois há ainda estas disparidades entre "criticos", estes gostos extremos que fazem com que as pessoas fiquem mas é confusas e perdidas da cabeça.
Tal como disse num outro post, ler estas criticas é como contar as gotas da chuva.
Os meus 200 filmes inesquecíveis :
http://www.imdb.com/list/ls077088728/?s ... s077088728
http://www.imdb.com/list/ls077088728/?s ... s077088728
Re: Big Eyes (2015) - Tim Burton
Mourinha para a fogueira!!!
THX, penso que estás ver mal a coisa.
Alguém disse que não tínhamos o direito de nos irritarmos com os críticos?
Alguém tirou a liberdade de expressão a outrém?
As regras de democracia mudaram de alguma forma com esta troca de mensagens?
Não. Não. Não.
Disparidades entre críticos houve sempre e haverá sempre. As pessoas só ficam "confusas da cabeça" se não tiverm capacidade para pensarem por sí próprias, mas contra isso nem o fuzilamento de todos os críticos de cinema pode ajudar.

THX, penso que estás ver mal a coisa.
Alguém disse que não tínhamos o direito de nos irritarmos com os críticos?
Alguém tirou a liberdade de expressão a outrém?
As regras de democracia mudaram de alguma forma com esta troca de mensagens?
Não. Não. Não.
Disparidades entre críticos houve sempre e haverá sempre. As pessoas só ficam "confusas da cabeça" se não tiverm capacidade para pensarem por sí próprias, mas contra isso nem o fuzilamento de todos os críticos de cinema pode ajudar.

«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.
«One is starved for Technicolor up there.» - Conductor 71 in A Matter of Life and Death
Câmara Subjectiva
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Re: Big Eyes (2015) - Tim Burton
Walt: Aqui está a crítica do António Pascoalinho:E deixo mais uma critica portuguesa, do Portal Cinema, de António Pascoalinho
Nota: O Portal Cinema não me deixa fazer copy/paste direto mas sempre posso meter o link
http://www.portal-cinema.com/2015/02/cr ... -2014.html
Duas criticas que vão em caminhos quase antagónicos. De um "Mau" para um "Muito Bom".
Essa história de impedir copy paste, através de métodos informáticos infantis, é um abuso dos princípios de acesso à informação, em que a internet se baseia. Se o site acha que o conteúdo deles é assim tão valioso, eles que vendam disquetes e CD's encriptados à cobrança pelos CTT, em vez de abusarem da internet pública com esses códigos infantis, que um miúdo com 10 anos de idade contorna, e que só causa transtorno a um fórum sério sobre cinema como este.Durante toda a sua carreira, Tim Burton foi sempre fiel ao estilo que o transformou num autor. Universos fantásticos, mais ou menos negros, contrastados, dementes, expressionistas. Para esta sua última obra, dá a ideia de que Burton pode ter encontrado uma espécie de alma-gémea das suas tendências artísticas nas pinturas da pintora Margaret Keane, famosa nos anos 50 pelos seus quadros de crianças e jovens, com olhos exageradamente grandes.
Afinal, que Arte é esta?- pergunta um dos críticos que aprecia os retratos de Margaret numa das cenas do filme. Expressionismo - responde alguém, dando voz à sua autora e também ao realizador do filme. Pois é disso mesmo que trata esta interessantíssima viagem de Tim Burton pelo mundo da Pintura: Arte, uma só, mas em variadas formas.
O naipe de actores escolhido é, como já sabíamos, absolutamente notável: Amy Adams no papel de Margaret Keane, a artista introvertida que comunica com o Mundo através dos seus quadros. Christoph Waltz como Walter Keane, o seu marido irresistível e sedutor, mas também vigarista e pouco escrupuloso. A química entre os dois é evidente, enquanto acompanhamos Walter a funcionar como agente de Margaret e esta a aceitar que seja o marido a brilhar em seu lugar, a bem do bem-estar familiar e do futuro de uma filha do primeiro casamento, que sempre a acompanha ao longo de todo o filme. Os talentos do personagem Walter não passam pela pintura. Mas só ele é capaz de vender a Arte da mulher. E é por este mundo de ilusão que nos deixamos seduzir pelos encantos dele! Porque assim chegamos aos quadros dos olhos grandes. E é esse o nosso maior interesse enquanto espectadores!
Ao contrário de vários outros Burtons, este filme vive de uma paleta cromática alegre e quente (basta ver a sequência onde o casal se conhece, pintando nas margens de um rio, ou os planos da cidade e das viagens, para depararmos com tons azuis-claros, laranjas e amarelos algo inéditos na obra do cineasta). Há alegria na narrativa, charme na apresentação dos quadros, encanto assumido de um Artista (realizador) pela obra de outra (pintora).
A acção atrai-nos, queremos que os quadros tenham sucesso, vamos descobrindo que sim, que o têm, pouco nos importa quem foi o seu autor. A partir de um dado ponto no filme, a Vida sobrepõe-se à Arte e passamos a querer que seja feita justiça. Mas, conseguido o objectivo, podemos voltar a apreciar a Arte, e já de consciência tranquila. É esse o trajecto que fazemos ao visionar este "Big Eyes", uma obra notável que, se olharmos para além do óbvio, tem bem mais aspectos comuns a outros projectos de Tim Burton do que parecia à primeira vista, ou quando lemos as intenções desta produção. Ou não seja Burton um autor, em vez de um simples artesão de indústria!
Classificação - 4 Estrelas em 5
Será que eles acham mesmo que alguém irá ganhar dinheiro a fazer copy/paste de uma crítica deles? "What the fuck were they thinking?" (James Rolfe). Não percebem que apenas estão a antagonizar as pessoas que poderiam divulgar o site deles?

Se eu fosse administrador deste fórum, metia já um ban ao url do site do "Portal Cinema", por motivos ético-morais. Ainda bem que a administração do fórum é bastante mais sensata do que eu.

Observação: Comentário meramente técnico, pessoal e filosófico, sem qualquer relevância acerca do filme em questão.
Re: Big Eyes (2015) - Tim Burton
Não é extraordinário, não é há nada de novo, muito menos é o melhor filme do Tim Burton, mas ainda assim tem competências para ser uma belíssima visualização de 90 minutos. Tudo nas doses certas, incluindo o ritmo, e teve uma história minimamente engraçada e ao mesmo tempo a surpreender (não conhecia a história) com o passar dos minutos.
8/10
8/10