Predestination (2014) - The Spierig Brothers

[waltsouza]

http://www.imdb.com/title/tt2397535/?ref_=nv_sr_1

The life of a time-traveling Temporal Agent. On his final assignment, he must pursue the one criminal that has eluded him throughout time.

TRAILER




Dos realizadores de Undead (2003) e Daybreakers (2009)

[PanterA]

Este filme melhor trabalhado podia ser qualquer coisa. Até porque, bastava meia dúzia de argumentos para o botar literalmente abaixo tendo em conta as inconsistências não explicadas que foram deixando ao longo do filme. No entanto, e para quem sempre gostou desta temática, foi sem dúvida alguma uma boa 1h30 bem passada.

E aquele "grande" final não me surpreendeu como a muitos, porque bastava estar atento e juntar 1+1 para lá chegar facilmente.

7/10

[Grande Guru]

Há comparações com o Looper? achei-o um nadinha confuso e por isso me desinteressei do filme a páginas tantas, este é do mesmo estilo?

[Gaspar Garção]

Este é baseado num conto clássico do Robert A.Heinlein (Stranger in a Strange Land, The Puppet Masters), etc.

O Looper é muito superior, e embora tenha a temática das viagens no tempo, as semelhanças (acho) que param por aí, o Looper tem mais a ver com escolhas pessoais e moralidade, aqui (e o título diz tudo), nada se pode mudar e está tudo assente em pedra, é mais a forma como as "peças" assentam no puzzle que provoca interesse.

Gostei muito das interpretações, e a atriz australiana que tem o papel principal é genial, ela é uma excelente atriz e muito bonita, e o trabalho que tiveram de a passar por homem é de valor, e a maneira como ela se tranfigura também.

Destes realizadores, o primeiro filme, o Undead, é muito interessante, e o Daybreakers, aquele sobre vampiros, também com o Ethan Hawke, acho que é mais conseguido que este (acho que não é tanto uma questão do Predestination ser um filme mais ambicioso e se espalhar, acho é que o conto original (e o filme, por extensão) são muito "inteligentes", muito perfeitos, e o espetador começa, como foi referido e bem, a perceber o que se vai passar, e começa também a fartar-se de tantos loops e rodriguinhos,e os realizadores ainda complicam desnecessariamente a história com uma montagem e uma cronologia maradas, e com o tal acrescento do bombista).

O que achei interessante, á posteriori, foi achar que algumas coisas estavam exageradas, mas depois, ao ler a sinopse do conto original, percebi que eles foram muito fiéis à adaptação, só incluíndo a parte do tal bombista ao filme.

Ufa, consegui falar sobre o filme sem fazer nenhum spoiler, espero eu!!! :)

Para quem já viu o filme, e para perceber como segue o argumento (quase á risca), aqui está a sinopse do All You Zombies:

http://en.wikipedia.org/wiki/All_You_Zombies

[PanterA]

Há comparações com o Looper? achei-o um nadinha confuso e por isso me desinteressei do filme a páginas tantas, este é do mesmo estilo?

Se achaste o Looper confuso, este é capaz de ter confundir um bocado mais. Além que como disse, ao contrário que muita gente diz, basta estares com atenção que apanhas o enredo facilmente.

Um dos problemas do filme até foi mesmo esse. Ser muito directo e descritivo sem qualquer necessidade. Parece que estão a fazer um filme para um puto de 5 anos, quando não havia essa necessidade. Quase que nem deixa o espectador pensar e deixar-se levar por um tema tão complicado como as viagens no tempo.

Mas força nisso. Quando o vieres depois diz qualquer coisa. :)

[hsintra]

Vi este fim de semana o filme...gostei. Mas poderia ser muito muito melhor...estava ali uma excelente ideia, que bem trabalhada, poderia ter dado um filme marcante.
Gostei bastante da temática e do conceito do filme...os actores também estiveram bem, grande trabalho da Sarah Snook (e eu que tenho um fraquinho por ruivas), Ethan Hawke já fez muito melhor.

No entanto, apesar da boa história, o filme não pode ser levado demasiado a sério, porque há demasiado paradoxos que deitam a história logo ao tapete...e quanto mais se pensar (e eu gosto de "pensar" na sequência de alguns filmes), pior...é mesmo melhor levar na desportiva ;)

Por exemplo:

Como aparece a "Jane" da primeira vez, na primeira linha temporal? Cria-se logo ali um paradoxo sem solução que deita a história toda abaixo.

Mas dava pano para mangas. E a temática das viagens no tempo, nunca foi um tema fácil sem gerar diversos paradoxos sem solução.

Foi uma tarde bem passada.

Nota: 7/10

[JoséMiguel]

Eu entrei em delírio completo com este filme, que aconselho ao Lorde x.

No tópico das viagens no tempo escrevi isto:

Já agora uma palestra engraçada do Professor Michiu Kaku, em que ele conta uma história de paradoxos de viagens no tempo:

https://www.youtube.com/watch?v=219YybX ... age#t=2418

Se o link com índice temporal não funcionar, saltem o vídeo para o tempo 0h40m18s.

Quando o protagonista homem, ao ínicio do filme no bar, disse que se chamava Jane quando era mulher, reconheci logo a história e não podia pedir uma adaptação cinematográfica melhor que esta, por ser bastante fiel ao livro dos anos 50.

[Lorde X]

Eu entrei em delírio completo com este filme, que aconselho ao Lorde x.

Boas JoséMiguel. Só agora, depois de o ter visto, é que entrei neste tópico e vi a tua recomendação!
E tinhas razão em mo aconselhar pois adorei-o. Aliás, vi-o quase de seguida ao Looper (dei 7/10) e gostei bem mais deste (9/10).

Nos filmes de viagens no tempo aprecio imenso os paradoxos temporais. Aliás, acho-os inevitáveis neste tipo de filmes, constituindo, para mim, o principal foco de interesse / entusiasmo.
E neste aspecto em particular, o filme é levado até ao limite... Citando-o: "it's like a snake that eats its own tail."

Claro que não está isento de falhas...

Não gostei do facto de a transformação da actriz em homem não estar muito bem conseguida. Não surpreende como no Crying Game. Aliás, fez-me recordar uma transformação vista noutro filme, a do The Color of Night, só que neste último o realizador tentou o mais possível esconder as feições da personagem masculina, usando vários expedientes para o efeito. Como no Predestination isso não era possível, forçosamente devia ter sido escolhida uma actriz que não tivesse feições tão marcadamente femininas, com uma face redonda e lábios grossos.

Por outro lado, achei a cena da confissão no bar demasiado longa

Mas é um filme em que o puzzle de linhas temporais está bem mais complexo do que na maioria dos filmes deste tema (ex: Looper), não obstante, comparativamente com este último,

pudesse ter sido mais desenvolvida a parte final em que ele confronta o seu "eu" futuro e se apercebe que é o Bombista. O Looper explora melhor o confronto entre as diferentes motivações que a mesma pessoa persegue em distintas fases da sua vida, a evolução das sensibilidades, dos seus próprios princípios morais...
No Predestination sabe a pouco aquela cena final que culmina com o tiro. Sabemos o que vai suceder, mas gostava de ter presenciado mais confrontos do Ethan com o seu "eu" futuro, bem como as situações que o iriam levar a essa inversão do seu sistema de valores.

Mas é um filme em que se nota que foi feito o trabalho de casa na escrita do argumento e que muitas eventuais pontas soltas

por exemplo o facto de ela, quando já era ele, não se ter reconhecido ao espelho, o que é explicado com o facto de ter sempre se esquivado a ver o reflexo da sua imagem.

foram trabalhadas e justificadas.

Assim, para mim vale um 9/10 (muito bom!), mas sendo esta nota atribuída estritamente considerando o subgênero a que pertence (aliás, como todas as classificações que dou)

[hsintra]

A mim há um paradoxo do filme que continua a fazer imensa confusão:

Como aparece a "Jane" da primeira vez, na primeira linha temporal? Verifica-se que é um ciclo vicioso, até aqui, muito bem feito...mas o bebé teve que ser gerado alguma vez numa primeira linha temporal...ora, se na primeira linha temporal ainda não existia, quem é que o concebeu?

Claro que podemos aqui aplicar alguns conceitos da física quântica, e alguns dos seus maiores problemas e perguntas sem resposta (já o Einstein e o Bohr discutiam essa problemática paradoxal há mais de 80 aos atrás), que é a das partículas estarem presentes simultaneamente, ao mesmo tempo, nas diversas linhas temporais...ou seja, passado, presente e futuro é tudo igual...

A verdade é que tal paradoxo deixou-me a pensar (e isso até é bom...gosto de filmes que me obrigam a intelectualmente pensar e mentalmente rever), foi o que mais confusão me fez no filme, que de resto até gostei. Fiquei um bocado desiludido com essa parte, porque poderiam ter dado a volta de outra forma mais linear, o que beneficiaria imenso o filme. Mas lá está o que eu tenho andado a dizer...o mundo do sci-fi no cinema abre a porta a mil e uma possibilidades diferentes, e infelizmente, esse mundo não tem sido aproveitado da melhor forma...

[Lorde X]

A mim há um paradoxo do filme que continua a fazer imensa confusão:

Boas HSintra! Mas a ideia dos paradoxos temporais é precisamente essa... São quebra cabeças iresolúveis... A não ser assim, não seriam paradoxos...

Já que a Wikipédia tem sido mencionada e requerida, aqui está o link: http://pt.wikipedia.org/wiki/Paradoxo_temporal

A definição que nele consta, é algo básica, mas muito clara:

Em ficção científica, o paradoxo temporal é um fenômeno derivado das viagens no tempo para o passado. Quando o viajante do tempo vai para o passado, sua presença perturbadora, na maioria das vezes, gera resultados logicamente impossíveis, ou seja, um paradoxo.

Um clássico exemplo é o paradoxo da causa e efeito: se o viajante altera algum evento passado com o objetivo de mudar o futuro, assim que o fizesse deixaria de existir o motivo original e consequentemente a própria viagem. O motivo da viagem é a sua causa, se ele desaparecer, a viagem, que é seu efeito, também desaparece. Os autores de ficção buscam resolver os paradoxos admitindo a coexistência de universos paralelos possibilitando que as alterações nos fatos passados possam gerar futuros alternativos.

Exemplos:
- Paradoxo do avô - o viajante volta no tempo e mata seu avô na infância, tornando impossível a sua própria existência;
- Paradoxo da duplicação - o viajante volta poucas horas e encontra consigo mesmo, impedindo que faça a viagem no tempo, alterando assim sua própria História e criando uma duplicata permanente;
- Paradoxo final - a pessoa volta ao passado e impede que a tecnologia que o levou ao passado seja inventada.

Julgo que por isso mesmo é que o Stephen Hawking defende que viagens no tempo apenas são possíveis para o futuro e nunca para o passado... Tenho ideia que o ouvi uma vez dizer isso num documentário.

[hsintra]

Sim, confirmo que o Stephen Hawking defende essa teoria, assim o a física "mais clássica" (já o Einstein tinha ideias parecidas).

Claro que os paradoxos essencialmente temporais, são bastante comuns nas discussões de viagens no tempo, principalmente quando aplicadas no cinema (veja-se o melhor exemplo que é o Regresso ao Futuro). O Looper até lidou relativamente bem com algumas das situações, evitando os paradoxos mais clichés (e resolveu mais ou menos a situação de o "eu" futuro não influenciar o "eu" passado...claro que depois correu mal).
O Predestination também fugiu aos paradoxos mais habituais neste tipo de filme, e fê-lo muito bem...até à situação que mencionei...ao evitar todas as outras situações paradoxais, criou um novo paradoxo temporal, que me tem deixado o cérebro em brainstorming. Claro que a definição de paradoxo, à partida, é de não ter solução, o que não quer dizer em que não se pense em possibilidades, até porque a física quântica resolve alguns desses paradoxos (principalmente a partir do momento em que se deixaram de preocupar com a realidade em si, desde que os cálculos batam certo).

Volto a dizer, só o facto de o filme ter levantado esse problema, e ter-me deixado a pensar no assunto, e se tornou até mesmo incómodo, é muito bom.
No entanto, na minha opinião, e face a algumas "falhas" já apontadas (confesso que também já estava a achar a cena do bar um bocado seca...demasiado longa), as quais subscrevo, o filme poderia ter sido melhor, muito melhor.
E aqui volto a entrar no campo que o universo sci-fi está a ser muito mal aproveitado no mundo do cinema...há muito mais por explorar, desde que seja bem feito, claro...o tema das viagens no tempo poderia ser melhor explorado, temas como o presente no Interstellar também, um filme que seguisse a teoria dos universos paralelos ou multiverso, realidades alternativas (que bom terem adoptado o The Man in the High Castle para série...ainda não vi, espero que seja bom), um disaster movie global coerente, e entrando noutros campos, cyberpunk (para quando uma boa adaptação do Neuromancer do Gibson...o Keanu mais novo tinha sido perfeito para o papel), e até space opera (devo confessar que gostei do Guardians of the Galaxy).

Vejamos o que o futuro nos trará...ou o passado...ou será que não existe, e a realidade é igual nas diversas linhas temporais. e o presente é uma ilusão...hehehehe

[pedrojamess]

Adoro filmes sobre viagens no tempo mas tenho de dizer que este "Predestination" revelou-se altamente previsível, para não dizer que chegámos ao fim com uma sensação ambígua de que vimos um filme vazio mas com alguns pormenores interessantes.

[waltsouza]

Realmente somos um país de contrastes, até em estreias cinematográficas. Alguns filmes estreiam primeiro por cá e só depois nos E.U.A, e outros levam imenso, imenso tempo (não contando com aqueles que nem chegam a estrear).

Este Predestination só agora chega aos cinemas portugueses. No próximo dia 30 de Julho. Mais vale tarde que nunca.