Utamaro: Yume to shiriseba (1977) - Akio Jissoji
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Utamaro: Yume to shiriseba (1977) - Akio Jissoji
Utamaro: Yume to shiriseba

Título internacional inglês: Utamaro's World
Título original: 歌麿 夢と知りせば
Título original com transliteração para o alfabeto romano: Utamaro: Yume to shiriseba
Data de lançamento: 20 de Fevereiro de 1977
Realizador: Akio Jissoji
Género(s): Biográfico, Histórico, Drama
Duração: 140 min
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0076864/
Wikipedia: Não disponível
Nota: No wikipedia não existe nenhuma entrada ocidental, à excepção de um esboço em japonês. Situação muito grave, indicadora da obscuridade deste filme no ocidente.
Sinopse:
Obra biográfica-histórica acerca do artista japonês (pintor e escultor de impressão gráfica em série) Kitagawa Utamaro (1753-1806), muito conceituado quer no Japão, quer até na Europa, onde influenciou a arte europeia do séc. XIX. Durante a vida do pintor existe uma mudança política no "shogunato" do Japão, que proíbe as artes, por receio de intervenção e caricatura política anti-regime. Os teatros e casas de imprensa são fechados, os trabalhos queimados, e os artistas presos.
O manto da opressão e censura cai sobre o Japão...
Excerto criado por mim, com grande elegância de cinematografia. Não existe nenhum trailer ou até um excerto no You Tube, pesquisei até com os hieroglifos japoneses. Situação alarmante! Este será porventura o primeiro excerto no You Tube:
Curiosidades:
Biografia do artista no wikipedia:
http://en.wikipedia.org/wiki/Utamaro
Exemplo de uma impressão em série do artista do séc. XVIII, que sobreviveu até aos tempos de hoje:

O filme é todo passado na capital do Japão, que na altura se chamava Edo (mudou de nome para Tóquio no séc. XIX). Criei um excerto com uma reconstituição fantástica da capital do Japão, feita no filme. Mas antes de o mostrar encontrei uma imagem insólita da cidade, fotografada em 1866 por um europeu, com uma técnica especial, e colorizada recentemente:

Capital do Japão por volta de 1866. Imagem com cerca de 150 anos!
Info da fotografia e versão em alta-extrema resolução (É mesmo uma janela no tempo, nunca vi algo assim):
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:E ... ochrom.jpg
Já agora, em 1721 esta era a cidade com mais habitantes do mundo inteiro, tinha 1 milhão de habitantes, tal como a Lisboa actual.
Agora o meu excerto do filme que pretende fazer a reconstituição histórica, desta mesma cidade, mas no final do séx. XVIII:
Em relação à impressão gráfica em série japonesa do séc. XVIII, antes de existirem impressoras laser e a jacto de tinta.... Todos conhecemos a impressão de texto do famoso Guttenberg, mas a impressão gráfica de imagens e desenhos era conforme este filme mostra, em mais um excerto que criei no You Tube (nunca fiz tantos excertos para um filme, mas esta obra-prima do cinema merece):
Opinião e crítica:
A elaborar mais tarde, em mensagem separada...

Mas enquanto não escrever a crítica, adianto já que a minha classificação será de 10/10, pois esta obra-prima e obra de arte é dos melhores filmes que já vi de todo o mundo.
Até lá fica ainda mais um excerto, que apresenta luta de espadas entre samurai e ladrão ao início, e reconstituição histórica de teatro na 2ª parte:

Título internacional inglês: Utamaro's World
Título original: 歌麿 夢と知りせば
Título original com transliteração para o alfabeto romano: Utamaro: Yume to shiriseba
Data de lançamento: 20 de Fevereiro de 1977
Realizador: Akio Jissoji
Género(s): Biográfico, Histórico, Drama
Duração: 140 min
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0076864/
Wikipedia: Não disponível
Nota: No wikipedia não existe nenhuma entrada ocidental, à excepção de um esboço em japonês. Situação muito grave, indicadora da obscuridade deste filme no ocidente.
Sinopse:
Obra biográfica-histórica acerca do artista japonês (pintor e escultor de impressão gráfica em série) Kitagawa Utamaro (1753-1806), muito conceituado quer no Japão, quer até na Europa, onde influenciou a arte europeia do séc. XIX. Durante a vida do pintor existe uma mudança política no "shogunato" do Japão, que proíbe as artes, por receio de intervenção e caricatura política anti-regime. Os teatros e casas de imprensa são fechados, os trabalhos queimados, e os artistas presos.
O manto da opressão e censura cai sobre o Japão...
Excerto criado por mim, com grande elegância de cinematografia. Não existe nenhum trailer ou até um excerto no You Tube, pesquisei até com os hieroglifos japoneses. Situação alarmante! Este será porventura o primeiro excerto no You Tube:
Curiosidades:
Biografia do artista no wikipedia:
http://en.wikipedia.org/wiki/Utamaro
Exemplo de uma impressão em série do artista do séc. XVIII, que sobreviveu até aos tempos de hoje:

O filme é todo passado na capital do Japão, que na altura se chamava Edo (mudou de nome para Tóquio no séc. XIX). Criei um excerto com uma reconstituição fantástica da capital do Japão, feita no filme. Mas antes de o mostrar encontrei uma imagem insólita da cidade, fotografada em 1866 por um europeu, com uma técnica especial, e colorizada recentemente:

Capital do Japão por volta de 1866. Imagem com cerca de 150 anos!
Info da fotografia e versão em alta-extrema resolução (É mesmo uma janela no tempo, nunca vi algo assim):
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:E ... ochrom.jpg
Já agora, em 1721 esta era a cidade com mais habitantes do mundo inteiro, tinha 1 milhão de habitantes, tal como a Lisboa actual.
Agora o meu excerto do filme que pretende fazer a reconstituição histórica, desta mesma cidade, mas no final do séx. XVIII:
Em relação à impressão gráfica em série japonesa do séc. XVIII, antes de existirem impressoras laser e a jacto de tinta.... Todos conhecemos a impressão de texto do famoso Guttenberg, mas a impressão gráfica de imagens e desenhos era conforme este filme mostra, em mais um excerto que criei no You Tube (nunca fiz tantos excertos para um filme, mas esta obra-prima do cinema merece):
Opinião e crítica:
A elaborar mais tarde, em mensagem separada...

Mas enquanto não escrever a crítica, adianto já que a minha classificação será de 10/10, pois esta obra-prima e obra de arte é dos melhores filmes que já vi de todo o mundo.
Até lá fica ainda mais um excerto, que apresenta luta de espadas entre samurai e ladrão ao início, e reconstituição histórica de teatro na 2ª parte:
Last edited by JoséMiguel on March 18th, 2017, 1:01 pm, edited 1 time in total.
Re: Utamaro: Yume to shiriseba (1977) - Akio Jissoji
Só uma pequena sugestão... em vez de escreveres "Título original com transliteração para o alfabeto romano: Utamaro: Yume to shiriseba" porque não usas um termo oficial que é muito mais simples do que esse palavreado todo?
Podias simplesmente escrever "título em romanji".
Era mais simples. Sei que há muita gente que desconhece o significado do termo "romanji", mas se não se sabe ficavam a saber depois.
Como disse, é apenas uma sugestãozita. Fica ao teu critério, claro.
Podias simplesmente escrever "título em romanji".
Era mais simples. Sei que há muita gente que desconhece o significado do termo "romanji", mas se não se sabe ficavam a saber depois.
Como disse, é apenas uma sugestãozita. Fica ao teu critério, claro.

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Re: Utamaro: Yume to shiriseba (1977) - Akio Jissoji
Katório, muito obrigado pela tua sugestão inteligente. Já aprendi qualquer coisa.
À primeira vista neste termo "romanji" salta logo à vista romano+kanji, mas eu não conhecia o termo e acho que quem estiver fora do contexto da nossa discussão técnica, ficará à nora.
Já fui investigar o wikipédia e este é um termo português, de orgulho histórico nacional:
http://pt.wikipedia.org/wiki/R%C5%8Dmaji
(Portugal é também referido e reconhecido na versão inglesa desse artigo)
Mas no artigo, que desconfio que seja brasileiro, tal como 99% do conteúdo "português" do wikipedia, o termo chama-se "Rōmaji"
Independentemente da forma de como se escreve o termo, a romanização da escrita japonesa, foi feita por portugueses e para a fonética portuguesa. Os ingleses não gostam disso porque usam outra fonética. Assim agora há outra versão da transliteração para o alfabeto romano, mais amiguinha do povo inglês.
Continuando a divagar e a desabafar (não tem a ver com tua sugestão válida simples e prática), eu realmente tenho tido imensas difuiculdades e dores de cabeça a criar fichas técnicas para filmes invulgares, de países que nem existiam, quando eu estudei geografia na escola, como os vários países da ex-jugoslávia ou as ex-repúblicas soviéticas. Por isso qualquer comentário construtivo é benvindo.
A minha última crítica foi dum filme da Mongólia, onde fiquei aborrecido pelos russos imporem desnecessariamente o alfabeto cirílico ao povo mongol, que já tinha um alfabeto verdadeiro com consoantes e vogais, equiparado ao nosso alfabeto (não usa hierogliofos egípcios, chineses e japoneses). O Windows Vista foi o primeiro O.S. a suportar a revivalização do alfabeto Mongol, mas até hoje, nem o Windows 8 suporta esse alfabeto correctamente.
A minha próxima crítica será de um filme espectacular de um país chamado "Montenegro", candidato actual à U.E., na altura foi feito num país chamado Jugoslávia, com várias línguas, umas em alfabeto cirílico e outras em alfabeto romano. O filme foi candidato aos Óscares de Hollywood, mas no wikipedia servio diz que o idioma do filme é servio, no wikipedia croata, diz que o idioma do filme é croata, no wikipedia ingles diz que o idioma do filme é servo-croata, e tal não pode ser porque uma das linguas usa cirilico e outra o alfabeto romano. A complicação é que o filme não é servio nem croata, mas sim de montenegro, um outro país. Ainda não sei como irei lidar com este stress.
Agora os filmes japoneses já não são obscuros no ocidente, e aposto que em qualquer fórum de animé, já toda a gente conhece o termo "Rōmaji". Mas é um termo técnico! Eficaz, mas obscuro, para um fórum geral de cinema como o DVD Mania. Eventualmente poderia usar o termo técnico, e na linha abaixo escrever uma nota a definir o termo, mas iria dar ao mesmo....
Suponho que a tua sugestão venha a ter grande importância no futuro, caso haja uma normalização, com regras, do formato da ficha técnica deste fórum, por exemplo o pessoal criar um botaozinho que auto-escreva o formato base de uma ficha tecnica aqui no editor de mensagens. Pessoalmente prefiro o palavreado todo a explicar a transliteração, para evitar mal entendidos, e é muito raro eu fazer críticas a filmes asiáticos (já nos filmes em cirílico sou oposto a qualquer transliteração, mas nos filmes japoneses é mesmo obrigatório).
Para terminar numa atmosfera de paz e serenidade, deixo um video, com crianças a cantarem a canção do alfabeto, versão Russo-Japonesa, com ambas as escritas japonesas e russas, lado a lado, ao estilo canção da Rua Sésamo (famosa melodia do "Twinkle Twinkle Little Star", usada na canção do alfabeto da Rua Sésamo). Sem nenhuma mensagem em particular, a não ser que se calhar, ao contrário da música e matemática, o alfabeto romano não é assim tão universal...

À primeira vista neste termo "romanji" salta logo à vista romano+kanji, mas eu não conhecia o termo e acho que quem estiver fora do contexto da nossa discussão técnica, ficará à nora.
Já fui investigar o wikipédia e este é um termo português, de orgulho histórico nacional:
http://pt.wikipedia.org/wiki/R%C5%8Dmaji
(Portugal é também referido e reconhecido na versão inglesa desse artigo)
Mas no artigo, que desconfio que seja brasileiro, tal como 99% do conteúdo "português" do wikipedia, o termo chama-se "Rōmaji"
Independentemente da forma de como se escreve o termo, a romanização da escrita japonesa, foi feita por portugueses e para a fonética portuguesa. Os ingleses não gostam disso porque usam outra fonética. Assim agora há outra versão da transliteração para o alfabeto romano, mais amiguinha do povo inglês.
Continuando a divagar e a desabafar (não tem a ver com tua sugestão válida simples e prática), eu realmente tenho tido imensas difuiculdades e dores de cabeça a criar fichas técnicas para filmes invulgares, de países que nem existiam, quando eu estudei geografia na escola, como os vários países da ex-jugoslávia ou as ex-repúblicas soviéticas. Por isso qualquer comentário construtivo é benvindo.

A minha última crítica foi dum filme da Mongólia, onde fiquei aborrecido pelos russos imporem desnecessariamente o alfabeto cirílico ao povo mongol, que já tinha um alfabeto verdadeiro com consoantes e vogais, equiparado ao nosso alfabeto (não usa hierogliofos egípcios, chineses e japoneses). O Windows Vista foi o primeiro O.S. a suportar a revivalização do alfabeto Mongol, mas até hoje, nem o Windows 8 suporta esse alfabeto correctamente.
A minha próxima crítica será de um filme espectacular de um país chamado "Montenegro", candidato actual à U.E., na altura foi feito num país chamado Jugoslávia, com várias línguas, umas em alfabeto cirílico e outras em alfabeto romano. O filme foi candidato aos Óscares de Hollywood, mas no wikipedia servio diz que o idioma do filme é servio, no wikipedia croata, diz que o idioma do filme é croata, no wikipedia ingles diz que o idioma do filme é servo-croata, e tal não pode ser porque uma das linguas usa cirilico e outra o alfabeto romano. A complicação é que o filme não é servio nem croata, mas sim de montenegro, um outro país. Ainda não sei como irei lidar com este stress.
Agora os filmes japoneses já não são obscuros no ocidente, e aposto que em qualquer fórum de animé, já toda a gente conhece o termo "Rōmaji". Mas é um termo técnico! Eficaz, mas obscuro, para um fórum geral de cinema como o DVD Mania. Eventualmente poderia usar o termo técnico, e na linha abaixo escrever uma nota a definir o termo, mas iria dar ao mesmo....

Suponho que a tua sugestão venha a ter grande importância no futuro, caso haja uma normalização, com regras, do formato da ficha técnica deste fórum, por exemplo o pessoal criar um botaozinho que auto-escreva o formato base de uma ficha tecnica aqui no editor de mensagens. Pessoalmente prefiro o palavreado todo a explicar a transliteração, para evitar mal entendidos, e é muito raro eu fazer críticas a filmes asiáticos (já nos filmes em cirílico sou oposto a qualquer transliteração, mas nos filmes japoneses é mesmo obrigatório).
Para terminar numa atmosfera de paz e serenidade, deixo um video, com crianças a cantarem a canção do alfabeto, versão Russo-Japonesa, com ambas as escritas japonesas e russas, lado a lado, ao estilo canção da Rua Sésamo (famosa melodia do "Twinkle Twinkle Little Star", usada na canção do alfabeto da Rua Sésamo). Sem nenhuma mensagem em particular, a não ser que se calhar, ao contrário da música e matemática, o alfabeto romano não é assim tão universal...

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Re: Utamaro: Yume to shiriseba (1977) - Akio Jissoji
Um dos melhores filmes que já vi... uma obra-prima do Cinema

Entro a matar nesta crítica, pois este é dos melhores filmes que já vi até hoje. Na minha definição de obra-prima, o filme tem de ser excelente a todos os níveis, o que é o caso. Mas muito para além de obra-prima do Cinema mundial, obra de arte e golpe de génio, é também um filme que avança a Sétima Arte, não apenas num ou noutro aspecto, mas em vários aspectos em paralelo e em simultâneo.
Atrevo-me a dizer quer este filme japonês de 1977, é sobejamente superior a qualquer trabalho do conhecido realizador Akira Korusawa, com a mais valia de uma cinematografia magnífica, polida e elegante, de fazer inveja até aos mestres cinematográficos da Europa de Leste e Rússia.

O leitor perguntará e bem, se o filme é assim tão magnífico, porque motivo nunca ouviu falar dele?
Em meu entender a resposta tem haver com algumas cenas de teor erótico, muito à frente do seu tempo, que na década de 1970 causaram conflito moral, quer nos estúdios japoneses (o filme teve de recorrer a financiamento independente no Japão), quer das distribuidoras de filmes europeias.
Por isso o filme é ainda praticamente desconhecido no mundo ocidental, mas quase quatro décadas depois, e após a queda de muitos tabús de cinema, é a altura desta obra ser finalmente conhecida e reconhecida.

Não posso evitar em falar do erotismo, porque para mim, essa é a única justificação plausível, para a falta de reconhecimento deste magnífico filme. Mas o filme não é do género erótico... as cenas eróticas são de extrema qualidade, plausíveis e perfeitamente integradas no filme, de tal forma que apenas o enriquecem. Não existe aqui qualquer semelhança a um filme de exploitation italiano ou filme erótico europeu.
Afinal este é um filme histórico e biográfico acerca de um desenhador conceituado japonês, que desenhava imagens eróticas. Ele preferia trabalhos mais técnicos e académicos, como ilustrações de insectos e fenómenos da natureza, mas na época foi obrigado a desenhar erotismo, para ganhar dinheiro para sobreviver.

Essencialmente 96% do filme é da corrente do realismo cinematográfico, com lógica impecável, interpretações credíveis e fantásticas, encenação e cinematografia brutais e à frente do seu tempo, com um argumento espectacular e fascinante.
Depois temos o sal e pimenta, para tempero.
O factor pimenta será o conjunto de 2% de cenas eróticas, e o factor sal será o conjunto dos outros 2% de lutas de espadas, que são feitas de forma artística, em contraste com os 96% do filme da corrente credível-realística.
Para o efeito, criei um excerto de um combate artístico no filme:
Pelo que li, por alto, acerca do realizador Akio Jissoji, este sal e pimenta, são as duas imagens de marca dele. Parece que ele gostava de incluir uma ou outra cena, em que puxava a câmara para trás, para mostrar o cenário do filme, conforme o excerto acima, e gostava de apimentar os filmes com cenas eróticas de natureza do sado-masoquismo.
O único filme que conheço dele, é este. E neste caso tenho a dizer que ambos os factores sal e pimenta, apenas enriquecem um filme, que seria também obra-prima sem eles, mas que neste caso concreto melhoraram o filme, pela excelente integração com lógica, técnica e com arte.

Este filme é obra-prima, sob qualquer abordagem que eu faça. O efeito final é muito superior à soma das partes. O filme é excelente do ponto de vista artístico, é excelente do ponto de vista de edição e montagem, é excelente do ponto de vista de história e argumento, é excelente do ponto de vista de cinematografia, que até é superior à cinematografia soviética, por ter um visual polido, refinado e elegante, superior ao cinema que se faz hoje. Até as tais cenas eróticas ou dos combates artísticos (não realísticas) são também excelentes....

Termino com o meu excerto final, com três componentes por ordem (luta de espadas artística, cena de interiores, e cena ao ar livre com uma fotografia lindíssima do Japão feudal):

Entro a matar nesta crítica, pois este é dos melhores filmes que já vi até hoje. Na minha definição de obra-prima, o filme tem de ser excelente a todos os níveis, o que é o caso. Mas muito para além de obra-prima do Cinema mundial, obra de arte e golpe de génio, é também um filme que avança a Sétima Arte, não apenas num ou noutro aspecto, mas em vários aspectos em paralelo e em simultâneo.
Atrevo-me a dizer quer este filme japonês de 1977, é sobejamente superior a qualquer trabalho do conhecido realizador Akira Korusawa, com a mais valia de uma cinematografia magnífica, polida e elegante, de fazer inveja até aos mestres cinematográficos da Europa de Leste e Rússia.

O leitor perguntará e bem, se o filme é assim tão magnífico, porque motivo nunca ouviu falar dele?
Em meu entender a resposta tem haver com algumas cenas de teor erótico, muito à frente do seu tempo, que na década de 1970 causaram conflito moral, quer nos estúdios japoneses (o filme teve de recorrer a financiamento independente no Japão), quer das distribuidoras de filmes europeias.
Por isso o filme é ainda praticamente desconhecido no mundo ocidental, mas quase quatro décadas depois, e após a queda de muitos tabús de cinema, é a altura desta obra ser finalmente conhecida e reconhecida.

Não posso evitar em falar do erotismo, porque para mim, essa é a única justificação plausível, para a falta de reconhecimento deste magnífico filme. Mas o filme não é do género erótico... as cenas eróticas são de extrema qualidade, plausíveis e perfeitamente integradas no filme, de tal forma que apenas o enriquecem. Não existe aqui qualquer semelhança a um filme de exploitation italiano ou filme erótico europeu.
Afinal este é um filme histórico e biográfico acerca de um desenhador conceituado japonês, que desenhava imagens eróticas. Ele preferia trabalhos mais técnicos e académicos, como ilustrações de insectos e fenómenos da natureza, mas na época foi obrigado a desenhar erotismo, para ganhar dinheiro para sobreviver.

Essencialmente 96% do filme é da corrente do realismo cinematográfico, com lógica impecável, interpretações credíveis e fantásticas, encenação e cinematografia brutais e à frente do seu tempo, com um argumento espectacular e fascinante.
Depois temos o sal e pimenta, para tempero.
O factor pimenta será o conjunto de 2% de cenas eróticas, e o factor sal será o conjunto dos outros 2% de lutas de espadas, que são feitas de forma artística, em contraste com os 96% do filme da corrente credível-realística.
Para o efeito, criei um excerto de um combate artístico no filme:
Pelo que li, por alto, acerca do realizador Akio Jissoji, este sal e pimenta, são as duas imagens de marca dele. Parece que ele gostava de incluir uma ou outra cena, em que puxava a câmara para trás, para mostrar o cenário do filme, conforme o excerto acima, e gostava de apimentar os filmes com cenas eróticas de natureza do sado-masoquismo.
O único filme que conheço dele, é este. E neste caso tenho a dizer que ambos os factores sal e pimenta, apenas enriquecem um filme, que seria também obra-prima sem eles, mas que neste caso concreto melhoraram o filme, pela excelente integração com lógica, técnica e com arte.

Este filme é obra-prima, sob qualquer abordagem que eu faça. O efeito final é muito superior à soma das partes. O filme é excelente do ponto de vista artístico, é excelente do ponto de vista de edição e montagem, é excelente do ponto de vista de história e argumento, é excelente do ponto de vista de cinematografia, que até é superior à cinematografia soviética, por ter um visual polido, refinado e elegante, superior ao cinema que se faz hoje. Até as tais cenas eróticas ou dos combates artísticos (não realísticas) são também excelentes....

Termino com o meu excerto final, com três componentes por ordem (luta de espadas artística, cena de interiores, e cena ao ar livre com uma fotografia lindíssima do Japão feudal):
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Re: Utamaro: Yume to shiriseba (1977) - Akio Jissoji
Actualização dos vídeos e acréscimo do excerto erótico
Como sabem, no ano passado perdi a minha conta principal do You Tube, porque mudou o director geral de um estúdio polaco, que não respeitou o comunicado de imprensa prévio do seu antecessor, que autorizou o uso de excertos no You Tube.
Este tópico de 2013 foi o filme para onde criei mais excertos (seis), que os tive agora a recarregar no Vimeo, se fosse hoje teria feito apenas um trailer.
Existia um sétimo vídeo que contém sado-masoquismo explícito, que há quatro anos mostrei noutro tópico, onde pedi autorização para o fazer, mas não o tinha chegado a colocar neste tópico oficial do filme.
Farei-o agora:
Esta cena tem importância não só para entender a obscuridade deste filme de 1977, pois nem todos as distribuidoras estariam à vontade com este título, e onde a escolha do título hispânico "El Mundo Erotico de Utamaro" poderá ter afastado o potencial público-alvo.
Outra importância mundial desta cena num filme com tamanha qualidade, é o estudo da evolução histórica da queda do pudor e censura no cinema, um eventual tópico de que eu estaria interessado em mais tarde criar. Esta cena será uma peça fundamental dessa História da Queda da Criminalização (Censura/Proibição) no Cinema...
Como sabem, no ano passado perdi a minha conta principal do You Tube, porque mudou o director geral de um estúdio polaco, que não respeitou o comunicado de imprensa prévio do seu antecessor, que autorizou o uso de excertos no You Tube.
Este tópico de 2013 foi o filme para onde criei mais excertos (seis), que os tive agora a recarregar no Vimeo, se fosse hoje teria feito apenas um trailer.
Existia um sétimo vídeo que contém sado-masoquismo explícito, que há quatro anos mostrei noutro tópico, onde pedi autorização para o fazer, mas não o tinha chegado a colocar neste tópico oficial do filme.
Farei-o agora:
Esta cena tem importância não só para entender a obscuridade deste filme de 1977, pois nem todos as distribuidoras estariam à vontade com este título, e onde a escolha do título hispânico "El Mundo Erotico de Utamaro" poderá ter afastado o potencial público-alvo.
Outra importância mundial desta cena num filme com tamanha qualidade, é o estudo da evolução histórica da queda do pudor e censura no cinema, um eventual tópico de que eu estaria interessado em mais tarde criar. Esta cena será uma peça fundamental dessa História da Queda da Criminalização (Censura/Proibição) no Cinema...
Re: Utamaro: Yume to shiriseba (1977) - Akio Jissoji
10 anos depois de eu criar este tópico, sustenho que este filme é uma obra-prima mundial do cinema, e considero que apenas não é reconhecido como tal, pela nudez e sexualidade que incomodam os críticos da terra das coca-colas e dos cowboys, que sofrem de pudor.
Aqui vai um trailer longo, feito por mim no ano passado, que mostra o requinte do filme.
Aqui vai um trailer longo, feito por mim no ano passado, que mostra o requinte do filme.
Sou o JoséMiguel.
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