Título original: De vliegende Hollander Título brasileiro: O Holandês Voador Título inglês: The Flying Dutchman Data de lançamento: 11 de Maio 1995 (Holanda ou "Países Baixos") Realizador: Jos Stelling Género(s): Drama, Aventura, Histórico Duração: 140 min IMDB:http://www.imdb.com/title/tt0114864/ Wikipedia (italiano): http://it.wikipedia.org/wiki/L%27olande ... nte_(film) Sinopse:
Filme da corrente intelectual e artística do correspondente pólo de cinema da Europa Ocidental, sem qualquer relação com as lendas históricas do Holandês Voador. Enredo semi-épico acerca de duas gerações de filhos bastardos, numa Europa do séc. XVI com a respectiva imundice, sofrimento, miséria e injustiça do povo, acompanhada pela opressão espanhola sobre os povos protestantes da Holanda.
Excerto:
Prémios:
"Silver Frog" International Film Festival carrier-art "Kamerimidzh" (Edge Giltay)
Special Prize of the International Film Festival carrier-art "Kamerimidzh" (Gert Brinkers, Anne Verhoeven, Luc van Kleemput)
Curiosidades:
Co-produção internacional entre a Holanda ("Países Baixos"), Itália e Bélgica, com envolvimento de oito anos por parte do realizador Jos Stelling. Um dos filmes mais caros de sempre da Holanda ("Países Baixos").
Last edited by JoséMiguel on July 30th, 2013, 4:54 am, edited 2 times in total.
Se estão intrigados por eu ter utilizado o termo merda no título, basicamente é necessário, adequado e apropriado a uma crítica a este filme. O trovador italiano usa muito a palavra merda durante o filme, julgo que o termo já venha do tempo dos romanos, e não é uma expressão ofensiva para ninguém. O filme usa vários idiomas, e merda é ouvido muitas vezes... Mas ainda que eu utilizasse o termo escrementos, conforme o comentador do IMDB, que diz que o filme glorifica os escrementos, ia dar ao mesmo. O enredo envolve uma fossa ao ar livre, com um tesouro lá escondido...
Mas este é um filme muito elegante, que com a ajuda da música fantástica, transforma uma cena no meio da merda em pura poesia audiovisual cinematográfica, ver para crer!
Este não é um blockbuster de Hollywood, e acreditem ou não, não encontrei um único trailer, por isso fiz 4 excertos. Um dos excertos é longo (4 minutos), que usei na ficha técnica, mas os outros três são muito curtos (cerca de 60 segundos), por isso não hesitem em espreitar, quando os usar no meio deste texto, para terem melhor percepção do filme.
O primeiro excerto é este, com tracking shot e POV:
A história do filme é mesmo muito triste, trágica e deprimente. Existe algum humor ao estilo dramático do filme "A Vida é Bela", mas comédia não existe. É um filme muito bonito e ao mesmo tempo muito triste...
Não sou fã de cinema europeu intelectual-artístico, mas deste filme gosto.
Aqui não existe aquela pseudo-intelectualidade dos filmes aborrecidos premiados em Cannes, em que nada acontece, com a agravante de actores não credíveis. Este filme tem enredo, embora não mostrado facilmente in your face ao espectador. Suponho que seja o limiar ou ponte entre dois estilos de cinema antagónicos...
Mas este não é um filme de acção, no entanto possui aventura ao estilo do Conde de Montecristo, com evasões da prisão, até com o mesmo truque da saca do homem morto...
No clip seguinte podem ver o castigo na prisão, de enfiar o desgraçado pelo poço abaixo:
Para mim é muito importante o facto do filme ter lógica geral, apesar de por vezes tentar fugir para o pseudo-intelectualismo.
É muito difícil abordar e comentar este filme, devido à sua originalidade. É certo que existem problemas, mas feitas as contas, o que vale é o que cada pessoa "sente" ao ver o filme... Eu adorei e fiquei fascinado.
No meu último excerto, destaco a tristeza do menino bastardo:
A prisão mostrada no filme existiu mesmo, chama-se "Rasphuis". Era uma combinação de gulag soviético e campo de concentração nazi. O seu único propósito era a raspagem do pau-brasil português, cuja serradura era utilizada para tingir tecidos de luxo, como o veludo.
Tal como no filme, os nobres visitavam o Rasphuis para observar o castigo e sofrimento das vítimas/criminosos, nalgumas vezes levavam os filhos mal comportados para lhes mostrar o que lhes acontecia, caso se continuassem a portar mal. Existia também uma secção onde as pessoas pagavam para meter lá os familiares malucos ou inconvenientes.
Perante isto alguma da componente pseudo-intelectual do filme, relacionada com comportamentos idotas por parte de algumas personagens, acaba por ter fundamento histórico válido e autêntico.
Em relação ao roubo de estátuas e ícones, era um movimento protestante denomidado de Beeldenstorm:
Estão-me a perguntar, no You Tube, onde se pode comprar o DVD deste filme (na Europa). Eu já andei à procura e não encontrei nada. Queria colocar o link para algum site oficial que venda o DVD deste filme, na descrição dos meus clips no You Tube.
Se alguém puder ajudar, agradeço.
Nota: Este filme até pode estar fora de circulação/comercialização, se acharem que é esse o caso, deem um lamiré.
Esse último link, traduzi com o Google Chrome do holandês e diz lá "esgotado".
Mas fiquei esclarecido e irei explicar a situação, ao indivíduo holandês que estava a perguntar no You Tube.
Além do filme estar indisponível em venda oficial (pelo que parece), também está indisponível em streaming. No ano passado o filme completo estava no You Tube, mas sei que não foi removido por nenhum problema de direitos de autor, porque os clips que criei não têm nenhuma indicação nesse sentido (normalmente aparece uma mensagem a dizer que o clip pertence à empresa x, e eu clicko "ok, tudo bem").
Custa-me ver um filme tão bom ficar inacessível a quem o pretenda ver ou comprar...
Este é um dos melhores filmes que já vi na minha vida, que melhora a cada visualização e conforme a progressiva quantidade de informação histórica europeia que eu aprendo.
Basicamente este filme é semelhante ao "Pianista" do Roman Polanski, temos uma história do sub-género cinematográfico "Survival", vista pelo protagonista, que é vítima do regime em que vive. No filme do Polanski o regime é o da Alemanha Nazi, e aqui o regime é o imperialismo militar e religioso de Espanha e de Portugal.
A história do filme situa-se na Flandres, durante o domínio filipino sobre Portugal. É muito conveniente para os professores de História do ensino secundário português, empurrarem esse período da História de Portugal (1580-1640) para debaixo do tapete, do estilo "Ah e tal, Portugal estava sob administração espanhola, e por isso vamos censurar a História de Portugal nesse período".
O problema da versão estudantil da História de Portugal é que omite os nobres portugueses que eram governadores da Flandres e de principados de Itália. Este é o famigerado e negro período do Santo Ofício e Inquisição Católica, em que o regime político do Vaticano andava de mãos dadas com os reis de Portugal e Espanha no apoio à tortura e matança de "hereges" (protestantes), pela ganância da obtenção de poder militar e político.
A diferença entre "O Pianista" do Polanski e este "O Holandês Voador" do Jos Stelling, é que o holocausto nazi é cultura geral internacional, ao passo que as atrocidades que os espanhóis e portugueses cometeram na Holanda, é apenas conhecimento regional de países como a Bélgica, Países Baixos, Itália, Espanha e França. Em Portugal nem um piu se fala nisto, na disciplina de História até ao 9º ano de escolaridade.
Devido à nossa ignorância académica e histórica, enquanto portugueses, o enredo do filme até poderá parecer intelectual ou esquisito, à primeira vista, mas os factos que o filme mostra são genuínos e lógicos.
Criei um "trailer", onde escolhi algumas cenas a dedo (mostro elegância cinematográfica no depósito de fezes humanas e de porcos; não existiam esgotos), seleccionei um acompanhamento musical barroco do Johann Christian Schickhardt "Concerto for flute, 2 oboes, strings in G minor":
Este é um filme estilo "Vinho do Porto", que melhora a cada visualização, consoante o avançar da idade do espectador e o conhecimento de pormenores diversos da História da Europa, durante o século XVI, como por exemplo o tema das "workhouses" que 300 anos mais tarde, o escritor Charles Dickens denunciou.
